Noticias recebidas ontem do Cairo, referem que o Tribunal Administrativo do Cairo adiou pela 5ª vez o veredicto sobre os dois casos de Bahá'ís que estão impossibilitados de obter cartões de identidade devido à sua identificação religiosa. O Tribunal marcou a data de 22 de Janeiro para anúncio da sua decisão final.
Os processos arrastam-se desde 2004, e os juízes vêm argumentando a necessidade de mais estudos e análises dos casos. Lembro que os documentos de identificação no Egipto indicam a filiação religiosa de cada cidadão, mas esta identificação apenas permite o registo de três religiões (Islão, Cristianismo e Judaísmo); os Bahá'ís apenas pretendem escrever o nome da sua religião, ou não preencher este campo.
Como se costuma dizer em português, estes processos “andam de Herodes para Pilatos”. Com a informatização do sistema de cartões de identidade no Egipto, criou-se uma situação que discrimina algumas minorias religiosas. E para reverter a situação, alguma instituição do Estado tem ter a coragem de assumir publicamente que a situação actual é injusta e prejudica as minorias religiosas, nomeadamente os Bahá'ís.
Claro que numa sociedade islâmica, defender publicamente os direitos cívicos dos Baha'is é algo que exige coragem. E enquanto o Presidente, o Parlamento, o Governo, e os Tribunais parecem não ter essa coragem, os Baha’is do Egipto permanecem com um estatuto de não-cidadãos, uma forma de apartheid religioso comum as sistemas ditatoriais e aos tempos medievais na Europa.
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Sobre este assunto:
Bahai trial postponed for fifth time (Daily News Egypt)
Egypt religious freedom cases continued to 22 January (BWNS)
1 comentário:
Uma boa maneira de manter a injustiça é não tomar qualquer decisão...
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