O destaque feito pelo jornal incide nas respostas à seguinte questão:
Que factores são importantes na definição do que é ser português?
(% respostas Importante + Muito Importante)
Sentir-se português | 94,9 |
Saber falar português | 94,7 |
Ter cidadania portuguesa | 92,5 |
Respeitar leis portuguesas | 92 |
Ter nascido em Portugal | 91,4 |
Viver em Portugal | 89 |
Antepassados portugueses | 83,9 |
Ser religioso | 68,5 |
Algumas destas respostas pre-definidas são subjectivas e dão azo a diversas especulações. Por exemplo, O que se entende por “sentir-se português”? Será isto uma mera identificação socio-cultural? Terá implícito um sentimento nacionalista saudável ou exacerbado? E como se expressa no relacionamento com outros portugueses? E no relacionamento com estrangeiros?
E que se entende por "ser-se religioso"? Estaremos a falar da anuência à doutrina oficial de uma religião (neste caso a Igreja Católica), de uma prática religiosa regular (missa dominical), ou de um qualquer sucedâneo religioso que se manifesta na forma de cultos marianos, posse de imagens de santos e participação em festividades populares (procissões e romarias)?
Mesmo considerando questionável a forma como este estudo foi feito (ou a forma como o jornal o apresenta), tenho de reconhecer que os resultados nos apresentam uma imagem de um certo tipo de portugueses. Para o bem e para o mal, estes são – provavelmente – a maioria dos cidadãos portugueses.
Mas há uma outra questão que merece atenção.
Quais são as principais fontes do orgulho em ser português?
(% respostas Importante+Muito importante)
História | 91,8 |
Desporto | 86,5 |
Literaturas e Artes | 84,8 |
Ciência e Tecnologia | 52,9 |
Forças Armadas | 52,5 |
influência no Mundo | 39,4 |
Democracia | 38,7 |
Tratamento justo dos cidadãos | 35,2 |
Economia | 21,5 |
Segurança Social | 18,9 |
O orgulho patriótico apenas parece ter maior incidência em actos do passado histórico e proezas desportivas, do que no desenvolvimento técnico e científico. A democracia, a justiça a economia e a segurança social não são motivos de grande orgulho. Não será isto um sinal claro de que há muita coisa mal neste país?
A propósito: Para mim não me faz confusão jogadores de futebol como o Deco ou o Pepe serem portugueses e jogarem pela selecção nacional. Muitos portugueses tornaram-se brasileiros, e vejo com naturalidade que também existam brasileiros que se tornem portugueses. O mesmo se passa com angolanos, moçambicanos, guineenses, s. tomenses, cabo verdianos e timorenses.
11 comentários:
Proezas desportivas estas que numa grande parte foram conquistadas pelos estrangeiros se naturalizados em português (adquirir a nacionalidade portuguesa) e ai que vem a questão fundamental de sua pergunta Marco: O que se entende por “sentir-se português”?
Pegando nas palavras da Daniella, lembro que o Eusébio e o Coluna eram moçambicanos, o Jordão não sei... mas o Oceano é Cabo-verdiano.
O Obikwelu é nigeriano e o Nelson Évora nasceu na Costa do Marfim!
Mas aproveito o tema para perguntar ao autor deste blog: és um português baha'i ou um baha'i português?
Ó gh, eu cá se não fosse Bahá'í, era português.
Olha que que nem o dom Afonso Henriques era português... por acaso até era castelhano!
Vocezes desculpem-me lá a mas a raça do Serra da Estrela é única, por isso devemos ter orgulho nela assim como os alemães têm no seu pastor.
Boa pergunta gh mas olha, presta atenção, logo no perfil deste blogue o autor declara, em bom tom em inglês: I am a Portuguese Baha'i
E agora!!!???
a mim também não, mas faz-me impressão que não saibam cantar o Hino
GH
Isso é ima boa questão!
Tenho dificuldade em dizer se sou «português baha’i» ou «baha’i português». Consoante as situações, assim se manifesta o meu lado português ou o meu lado baha’i.
Por exemplo, se um fábrica encerra em Portugal para ser deslocalizada para outro pais onde os salários são mais baixos, o meu «lado português» fica ferido. Mesmo que isso leve benefícios para outros países, é óbvio que é um prejuízo para Portugal. E isso chateia-me. Porque é que não temos outros argumentos para cativar esses investimentos? Porque é que não investimos mais na inovação tecnológica e na capacitação das pessoas?
Por outro lado, se se verificam atropelos à liberdade religiosa em qualquer país do mundo, então é o meu lado baha’i que fala. E este blog está cheio de exemplos de situações dessas.
Elfo,
E o Podengo do Alentejo? Também é uma raça que devemos estimar.
:-)
Marco
Eu do Alentejo só conhecia os rafeiros, mas pronto ainda bem que deste o nome aos cães portugueses, com o Serra da Estrela à cabeça. Como vês por aqui é tudo em grande, até o nosso famoso cão de guarda.
A respeito da questão dos naturalizados na selecção nacional de futebol e em jeito de concordância com o Marco, nunca é demais lembrar que o primeiro almirante português era na realidade um genovês empregue por D. Dinis para organizar a marinha portuguesa.
E, já agora, Afonso Henriques seria, no máximo, castelhano-leonês, mas não estará errado dizer que ele era portucalense - dado o possível local de nascimento - ou mesmo galego, uma vez que Portucale era entendido como uma extensão sul da Galiza, politica e culturalmente.
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