Surgem por vezes nas livrarias alguns livros que relatam as experiências pessoais de quem viveu no Irão sob o regime dos Ayatollahs. Invariavelmente esses livros referem os hábitos paranóicos de um regime que vê inimigos em toda e qualquer pessoa que seja suspeita de ter convicções políticas ou religiosas diferentes daqueles que regem o regime teocrático iraniano.
Recentemente, foi publicado em Portugal mais um desses livros. Trata-se da obra O Preço da Liberdade (Edições ASA), de autoria de Camélia Entekhabifard, uma jornalista iraniana, nascida numa família da alta classe média, que testemunhou em primeira mão as enormes transformações sociais e políticas que se seguiram no Irão após a revolução Islâmica de 1979.
Certos episódios da história recente do Irão merecem alguma atenção especial neste livro: a partida do Xá (alguns membros da família Entekhabifard eram monárquicos), as consequências da guerra com o Iraque sobre a juventude iraniana, a repressão sobre as mulheres, a islamização da vida social e cultural e a demonização de tudo o que pudesse simbolizar o mundo ocidental.
No final da década de 1990, e aproveitando uma relativa tolerância da presidência de Ali Khamenei, Camélia começa a escrever em jornais reformistas, até que foi presa em 1999. Encarcerada na prisão de Towid, foi sujeita a diversas formas de tortura física e psicológica, acabando por trair amigos e família, e confessando uma série de crimes que nunca cometera. Uma oportunidade de fuga e exílio nos Estados Unidos, permite-lhe prosseguir a sua actividade de escritora, poetisa e jornalista, e ainda dar a conhecer ao mundo a sua experiência pessoal sobre o drama que hoje se vive no Irão.
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