«Os Zoroastrianos, os Judeus e os Cristãos Iranianos são as únicas minorias religiosas reconhecidas que, dentro dos limites da lei, podem realizar os seus rituais e cerimónias religiosas, e agir de acordo com os seus próprios cânones em assuntos pessoais e de educação religiosa.»Além disto, o artigo 64º da Constituição reconhece o direito dos Zoroastrianos, Judeus e Cristãos a ter os seus representantes no Parlamento Nacional.
Mas será que, na prática, isto tem algum valor?
Um veredicto recente do Ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, que visa restringir os direitos de todas as minorias religiosas, acabou por pôr em causa tanto o texto do Alcorão como a própria Constituição Iraniana.
O texto do veredicto em questão (apresentado na imagem acima) declara o seguinte:
Em nome do AltíssimoHá várias coisas neste veredicto que são preocupantes. Talvez o mais preocupante seja o factos dos Zoroastrianos serem referidos como infiéis [kafar]. Se os Zoroastrianos são explicitamente protegidos pela Constituição Iraniana e pelo Alcorão, são tratados desta maneira e nestes termos, que esperança resta para a Comunidade Bahá'í daquele país?
Submetido à presença do Líder Supremo, o ilustre Grande Ayatollah Khamenei, que a paz esteja com ele!
Se um filho de uma família Zoroastriana que viva sob a lei da República Islâmica se tiver convertido ao credo do Xiismo Jafari do Islão, como é que a divisão da herança se deve efectuar após o falecimento dos pais que são Zoroastrianos, tendo em vista o facto de um dos herdeiros ser Muçulmano? Solicitamos cordialmente a sua opinião.
[segue-se uma linha escrita pela mão de Khamenei]
Na presença de um herdeiro Muçulmano, os infiéis [kafar] estão impedidos de receber uma herança.
[Sêlo do Ayatollah Ali Khamenei e de vários organismo religiosos que processaram o veredicto]
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Fonte: Iran’s Leader Considers Zoroastrians to be Infidels (IranPressWatch)
4 comentários:
Meu caro,
Isto é a prova que o Irão não é um Estado de Direito. É apenas uma região do mundo governada por uma corja de malfeitores.
O Sinédrio, meus amigos. O sinédrio.
João Moutinho,
Importa-se de explicar melhor que quer dizer?
Meu caro GH,
O Sinédrio (Sanhedrim) era a Corte Suprema da lei judia, com a missão de administrar justiça, interpretando e aplicando a Torá (Pentateuco ou Lei de Moisés), tanto oral como escrita. Exercia, simultaneamente, a representação do povo judeu perante a autoridade romana.
De acordo com uma antiga tradição, tinha setenta e um membros, herdeiros, segundo se supunha, das tarefas desempenhadas pelos setenta anciãos que ajudavam Moisés na administração da justiça, além do próprio Moisés.
Na época dos governadores romanos, inclusive na de Pôncio Pilatos, o Sinédrio exerceu de novo suas funções judiciais em processos civis e penais, dentro do território da Judeia. Nesse momento, suas relações com a administração romana eram tensas, e o relativo âmbito de autonomia que lhe foi outorgado estava em consonância com a política romana nos territórios conquistados.
Não obstante, o mais provável é que nesses momentos, a "potestas gladii", isto é, a capacidade de ditar uma sentença de morte, estivesse reservado ao governador romano (“prefectus”), que como era habitual, nesses momentos, teria recebido do imperador romano amplos poderes judiciais, entre eles e os de morte. O Sinédrio, portanto, embora pudesse julgar as causas que lhes eram próprias, não podiam condenar ninguém a morte.
A reunião de seus membros durante a noite para interrogar Jesus foi apenas uma investigação preliminar para definir as acusações que mereciam a pena capital para apresentá-las na manhã seguinte contra Jesus no processo perante o Prefeito romano.
No entanto, a noissa convicção é que os responsáveis pela morte de Jesus foram os membros do Sinédrio, em particular Caifás, e não o Governador Romano.
Tentei fazer um paralelismo entre o que se passou de então com o que se passa no actual Irão. Atendendo ao comportamento das autoridades religiosas.
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