Excerto de um artigo publicado no jornal online Pavyand:
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Erfan Sabeti, um Bahá’í Persa e candidato a Ph.D. em Estudos Religiosos na Universidade de Lancaster, tem orgulho na sua fé apesar de ter sofrido por ser expansivo. "Um dia um professor deu-me quatro bofetadas em frente dos meus colegas e chamou-me infiel impuro que poluía o Alcorão", afirma Sabeti. Aos Baha’is como Sabeti que declaram abertamente a sua fé é negada a entrada na universidade no Irão. "O Governo Iraniano restringe o acesso à educação para emudecer e limitar o desenvolvimento da nossa comunidade na esperança de impedir a transmissão de cultura, liderança e herança", declara Sina Mossayeb, um candidato a Ph.D em História na Universidade de Columbia, que está a escrever a sua tese de doutoramento sobre os grupos religiosos minoritários no Irão. Em Maio de 2006, as autoridades prenderam 54 jovens Bahá’ís que estavam a ensinar inglês, matemática e temas não religiosos a crianças desfavorecidas na zona sul da cidade de Shiraz, segundo a Human Rights Watch. Nenhum dos jovens baha'is foi acusado de qualquer crime.
Em 1987 a comunidade lançou um instituição underground designada "Bahá'í Institution for Higher Education". Sabeti frequentou a instituição entre 1994 e 1998 e recorda-se de entregar exames através de um serviço postal amador dirigido por jovens bahá’ís com motociclos. "No meu tempo, tínhamos muitas aulas em casas particulares, mas hoje é mais seguro ter sessões online e correspondência via email", declara Sabeti. Crescer como Baha’i no Irão é comparável a crescer como «intocável» na Índia. "Senti-me discriminado na escola e ainda me recordo das palavras abusivas de outros estudantes", diz Kazim Hakim, que trocou o Irão pela Inglaterra em 1963, e agora vive em Nova Iorque. "A Fé Bahá’í é distorcida porque a maioria das pessoas não pensa por si própria e apenas ouve os mullahs". E, triste, acrescenta: "É tão estranho porque a [Fé] Bahá’í é a religião mais tolerante e receptiva. Os mullahs vêem-nos como uma ameaça."
Todas as instituições administrativas Bahá'ís, nacional e locais, foram banidas pelo governo iraniano, e os lugares sagrados baha'is, cemitérios e propriedades da comunidade foram confiscados, vandalizados ou destruídos, segundo a Comunidade Internacional Baha'i. O Governo continua a negar à comunidade a permissão para actos de culto públicos ou realização de actividades religiosas, conforme o relatório de 2007 da Human Rights Watch. Segundo Lawson, a fé Baha’i é frequentemente vista como uma "conspiração Ocidental", pois muitos Bahá'ís eram considerados como estando no "bolso do Xá" e com ligações sionistas. O Centro Mundial Baha’i situa-se na zona de Haifa/Akká no norte de Israel, o que complica a vida dos baha’is persas, dadas as relações tensas entre o Irão e Israel. "Os Baha’is e o Wahhabis são o trabalho do colonialismo", afirma Khan Madrasehr, que ensina na Escola Teológica Khan de Shiraz, no Irão. "São um dos estratagemas das Super Potências para criar instabilidade e apanhar o peixe em águas agitadas".
No Irão, mais de 200 Bahá’ís foram executados ou mortos, centenas foram presos e dezenas de milhar viram-se privados de emprego, pensões, negócios e oportunidades de educação, de acordo com a Comunidade Internacional Bahá’í. "Nos últimos dez anos a situação deteriorou-se com um aumento de detenções e expropriações", afirmou Aaron Emmel, o porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos dos Bahá’ís dos Estados Unidos. "Foram recentemente divulgadas cartas pessoais sobre a política do Governo de identificar e monitorizar os Bahá’ís, facto que é apenas um dos mais sinistros desenvolvimentos", afirmou. A Amnistia Internacional exigiu publicamente um esclarecimento sobre as cartas. No início deste ano, o Irão condenou três membros da fé Baha’i a quatro anos de prisão por ameaças à segurança e 51 outros a penas suspensas. Apesar da situação dos Bahá’ís se ter deteriorado nos anos recentes, a estigmatização é anterior à Revolução Islâmica de 1979. "Os Bahá’ís sempre foram párias no Irão tal como os Judeus na Europa", afirmou Todd Lawson, professor de Civilizações do Próximo e Médio Oriente na Universidade de Toronto, que tem escrito sobre a Fé Bahá’í. "A política iraniana está tão fracturada que existe um estado de incerteza em os Baha’is são uma bola de arremesso".
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Leia o artigo completo (em inglês): The Baha'is of Iran
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