segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Amin Maalouf e Um mundo sem Regras (6)

Requisitos para um «Governo Global»

No livro Um Mundo sem Regras, Amin Maalouf escreve:
Para que os diferentes povos aceitem a autoridade de uma espécie de «governo global», é necessário que este tenha adquirido aos seus olhos uma legitimidade diferente daquela que é conferida pelo seu poder económico ou militar; e para que as identidades particulares possam fundir-se numa entidade mais vasta, para que as civilizações particulares possam inserir-se numa civilização planetária, é imperativo que o processo se desenrole num contexto de equidade, ou pelo menos de respeito mútuo e de dignidade partilhada. (p.89)

COMENTÁRIO:

A «espécie de governo global», a “entidade mais vasta”, a que se refere Amin Malouf foi referida há 130 anos por Bahá’u’lláh, na Epístola de Maqsud;
"Há de vir o tempo em que se compreenda universalmente a necessidade imperiosa de se convocar uma vasta assembleia de homens – assembleia essa, que a todos abranja. Os governantes e reis da terra devem forçosamente assisti-la e, participando das suas deliberações, considerar aqueles meios necessários e modos que possam lançar entre os homens os alicerces da Grande Paz do mundo. Tal paz exige que as Grandes Potências resolvam, para tranquilidade dos povos da terra, reconciliar-se plenamente entre si. "[Maqsúd 8].


Já aqui referi em posts anteriores que Amin Malouf faz eco de vários princípios e ensinamentos Bahá’ís.

Um sistema de governo global deve ter nos seus objectivos a regulação das relações entre as nações, encorajando essas relações a basearem-se cada vez mais na cooperação, e cada vez menos na confrontação ou na competição selvagem. Isso foi tentado com a Liga das Nações e continua a tentar-se com as Nações Unidas.

Mas que implicações tem isto a nível individual? Como é que um indivíduo, que se identifica com uma família, uma tribo, ou uma nação pode aceitar um poder global? Não teremos necessidade de uma consciencialização da cidadania mundial a uma escala global? E como se desenvolver essa consciência de cidadania mundial baseada no respeito mútuo e na dignidade partilhada?

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