quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ciência e Religião (3)


"Ainda que o altruísmo humano e a religião, tal como as outras formas de vida, tenham emergido no decurso de um processo evolucionário e, por conseguinte, tenham algum continuidade com a sua ascendência evolucionária, o seu estatuto ético e cognitivo tem de ser considerado num contexto diferente da sua pré-história evolucionária. Em qualquer desenvolvimento histórico, o estádio original pode tornar-se crescentemente insignificante. Avaliar algo simplesmente na base da sua origem genética é a «falácia genética».

Assim, por exemplo, a ciência da química é descrita como tendo-se desenvolvido a partir da prática medieval da alquimia; e a astronomia moderna é descrita como tendo as suas origens na astrologia antiga. Porém, ao longo do tempo, a química abandonou tudo o que tinha da alquimia, excepto um interesse geral na mudança da matéria; e a astronomia preservou da astrologia apenas um interesse pelos céus. Em ambos os casos, as origens históricas tornaram-se inconsequentes. Se nos deixássemos guiar pela falácia genética, porém, teríamos de rejeitar a química contemporânea e a astronomia, devido à inferioridade dos seus precedentes históricos."

John F. Haught, Cristianismo e Evolucionismo, p. 67-68

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