quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Ciência e Religião (12)
É um grande paradoxo que Deus crie o universo, e permita que ele seja, de algum modo, independente. Como poderá reconciliar-se a nossa ideia de um poder criador divino com um universo que existe «por si próprio» e que acaba por produzir vida e seres humanos dotados de uma liberdade que pode até opor-se a Deus?
Estas são questões antigas, mas a ciência recente trouxe-nos agora um novo modo de as encarar. Estudos científicos da evolução e dos fenómenos do «caos» e da «complexidade» mostram que o nosso cosmos, desenvolvendo-se ao longo de um período de cerca de quinze mil milhões de anos, é em grande medida uma realidade autocriadora. Não quero estar aqui a sugerir que a Natureza é a origem única da sua própria existência, mas o universo hoje parece ser tudo menos o produto passivo de uma força divina determinativa. Segundo os cientistas, hoje o mundo é composto por sistemas auto-organizativos. O arranjo sequencial de matéria física em átomos, moléculas, sistemas planetários, estrelas, galáxias e clusters de galáxias, células, organismos, pessoas, sociedades – tudo isto acontece de um modo que parece não carecer de uma manipulação exterior. Mesmo o emergir do universo no momento do big bang parece agora aos físicos ter acontecido «espontaneamente».
John F. Haught, Cristianismo e Evolucionismo, p. 199
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