Equilibrando estas expressões mais pessoais e individuais de uma revelação geral, Wolfhart Pannenberg, um teólogo protestante contemporâneo, salienta os processos da história enquanto palco para Deus falar à humanidade. A voz de Deus torna-se audível, diz ele, através de uma interacção entre, por um lado a nossa necessidade inata de continuar a procurar e a colocar questões, e, por outro lado, os acontecimentos concretos da história. É como se a nossa procura embutida por um significado mais amplo fosse a antena, e os acontecimentos e pessoas que entram nas nossas vidas fossem as ondas sonoras com as quais Deus se dirige a nós. É um processo contínuo, sem fim, e dirigido ao futuro. E quando olhamos para trás nas nossas vidas podemos sentir, sugere Pannenberg, que existe uma direcção, um movimento orientado, no rumo da história da nossa vida; e, no entanto, o significado pleno de tudo isto está no futuro, no acto final da história. Nesta encenação, falar da presença Divina em toda a história pode ser visto, especialmente, nas religiões mundiais. Para Pannenberg, “a história das religiões é a história do aparecimento do Mistério Divino que é um pressuposto na estrutura da existência humana”[a]. Isto é muito diferente de Barth e dos Fundamentalistas que apenas ouvem um silêncio divino nas [outras] religiões.
Assim, nesta visão cristã das religiões, é certo que Deus fala aos outros crentes através das suas religiões. Quando consideramos o que Deus tem a dizer, este novo modelo torna-se ainda mais positivo. Para estes teólogos evangélicos, esta revelação geral pode tornar os crentes de outras religiões conscientes não só da existência do Divino, mas também de que este Divino é um “Tu” pessoal, amoroso, que nos chama. Além disso, a voz de Deus noutras tradições também lhes pode deixar claro a necessidade de redenção - isto é, que os seres humanos são apanhados pelo seu próprio egoísmo e que se pretendem libertar-se desta prisão, então Deus tem de aparecer. "A necessidade de redenção humana e mundial é um tema de todas as religiões"[b]. Assim, neste modelo evangélico as outras religiões não são apenas "construções humanas" como Barth defendia; em vez disso, são desejadas por Deus, são "representantes" de Deus, "ferramentas" de Deus com as quais Deus executa o plano divino.
[a] – Wolfhart Pannenberg, Revelation as History (1968), p. 3-21; 125-158. Basic Questions in Theology (1971), 2:112
[b] – Carl Heinz Ratschow, Die Religionen und das Christentum in Der chrittliche Glaube und die Religionen (1967), 118-120, 123-124
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Paul F. Knitter, Introducing Theologies of Religions, p. 35
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