sábado, 7 de janeiro de 2012

A Epístola da Sabedoria (1)

INTRODUÇÃO

Ao longo das próximas semana irei publicar neste blog um conjunto de textos sobre a Epístola da Sabedoria (Lawh-i-Hikmat), revelada por Bahá'u'lláh. O objectivo é encorajar os leitores a ler e a reflectir sobre os temas que Bahá’u’lláh ali aborda. Ao longo dos meus posts farei referência aos parágrafos do texto usando parêntesis rectos [ ]; a Epístola contém 47 parágrafos.

Casa de Abbud, em Akká,
onde foi revelada a Epístola da Sabedoria
Esta Epístola (também referida como a "Epístola da Filosofia") foi revelada por Bahá’u’lláh entre 1883 e 1884, quando Ele residia na casa de Abbud em 'Akka, por ocasião da peregrinação de Nabil-i-Akbar(a), e em resposta às suas questões sobre temas filosóficos e metafísicos. A epístola foi revelada em língua árabe. A tradução integral do texto encontra-se no livro “Epístolas de Bahá’u’lláh reveladas após o Kitab-i-Aqdas”.

Na Epístola da Sabedoria Bahá'u'lláh aborda a importância da filosofia e da ciência, e simultaneamente insiste na validade da religião. Em relação a outras Escrituras Bahá’ís, este texto destaca-se devido às explicações de Bahá’u’lláh sobre o início da criação e a influência do Verbo de Deus sobre a natureza. Outra característica ímpar desta epístola reside no facto de conter citações de historiadores e biógrafos muçulmanos(b) relativas a antigos filósofos gregos, como Sócrates e Platão.

Consequentemente, esta Epístola encontra-se entre os textos de Bahá'u'lláh que já despertaram a atenção de diversos intelectuais e filósofos. Sem dúvida que no futuro será objecto de muitos e diversificados estudos, dando origem a uma vasta biblioteca de obras.

Na Epístola da Sabedoria também podemos encontrar algumas exortações éticas aos povos do mundo[3, 4, 5]. Em alguns parágrafos, Bahá'u'lláh descreve a decadência e a falta de moral no mundo e seguidamente apresenta diversos ensinamentos conducentes à espiritualização do individuo e da humanidade. Este tipo de exortações encontra paralelo noutras Epístolas de Bahá'u'lláh e não será objecto de análise nestes posts.

Como todas as Escrituras Sagradas, este texto não pode ser entendido apenas no seu sentido literal. Para nos ajudar a compreender o sentido dos Seus ensinamentos, Bahá'u'lláh utiliza frequentemente metáforas - figuras de estilo que criam imagens verbais - que comparam um determinado conceito com coisas que conhecemos. Além disso, o leitor pode encontrar múltiplos significados nas palavras e frases das Figuras Centrais.

Para compreender o texto, é também igualmente importante perceber o contexto intelectual e filosófico do mundo islâmico do sec. XIX em que vivia Nabil-i-Akbar.

Sobre a importância desta epístola, o próprio Bahá’u’lláh afirmou que "em cada versículo da Epístola de Hikmat oculta-se um oceano"(c). Na própria Epístola refere-se à importância das explicações apresentadas como "...é um sopro de vida para aqueles que habitam no domínio da criação..."[1] "...Irrefutável e poderosa explicação..." [43]. Também afirma que a Epístola contém o conhecimento de tudo o que existiu e existirá [35].

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(a) - Este não é o mesmo Nabil que escreveu os "Rompedores da Alvorada". Esse era o Nabil-i-Zarandani, também conhecido por Nabil-i-A’zam.
(b) - É o caso do iraniano Sayyid Jamalu'd-Din al-Afghani (f. 1897) e do egípcio Rifa'ah at-Tahtawi (f. 1873).
(c) - Adib Taherzadeh escreve que “numa das Suas Epístolas [ Athar-i-Qalam-i-Ala, vol. 7, p. 113], Bahá'u'lláh afirma que “em cada versículo da Epístola de Hikmat oculta-se um oceano” (Revelation of Bahá'u'lláh vol. 4, 39)

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