NOTA: entre parentesis rectos [ ] encontram-se referências aos parágrafos da Epístola da Sabedoria.
Nabil-i-Akbar |
Nabil nasceu em 29 de Março de 1829, perto de Birjand, (distrito de Qa'in); o seu pai era um conhecido e influente Mullah; muitos dos seus antepassados eram mujtahids. Seguindo a tradição familiar, desenvolveu interesse por temas religiosos e iniciou os seus estudos de teologia em Mashad. Mais tarde mudou-se para Sabzivar onde estudou filosofia com um dos mais famosos filósofos persas do seu tempo, Ḥaji Mullah Hadi Sabzivari. Cinco anos depois, foi para Najaf (Iraque) estudar jurisprudência; ali teve oportunidade de alargar os seus conhecimentos nas melhores escolas do mundo islâmico da época, tendo conseguido por obter o grau de mujtahid.
Em 1852, no tempo que se viviam as grandes perseguições aos Babis, Nabil estava em Teerão. Um dia foi preso e falsamente acusado de ser Babi; protestou e foi libertado. Mas o incidente fê-lo pensar. O contacto de Nabil com os ensinamentos do Báb só aconteceu pouco antes de ir para Najaf, quando um Babi lhe deu alguns exemplares de escrituras do Báb; no ano seguinte, Nabil aceitou a Fé Babi.(c)
Em 1859, pouco antes de regressar à Pérsia, foi persuadido por um Babi a visitar Bahá’u’lláh em Bagdade. Bahá’u’llah recebeu-o durante alguns dias como convidado. Alguns autores acreditam que Nabil pertence ao grupo restrito dos que reconheceram Bahá’u’llah antes da declaração de 1863(d).
Seguindo instruções de Bahá’u’llah, regressou à Pérsia com o objectivo de divulgar a Fé Babi. Primeiramente foi bem recebido e sabe-se que o governador de Qa’in tinha por ele muita estima e admiração. No entanto, o sucesso das suas actividades missionárias suscitou oposição e hostilidade. Nabil esteve preso e foi torturado durante dois meses numa prisão em Birjand; seguiu-se um período de dois anos em que esteve em prisão domiciliária em Qa’in, tendo sido posteriormente exilado para Mashad, onde permaneceu durante um ano.
Durante o exílio em Mashad, um outro Babi, Mullah Moḥammad-ʿAli Zarandi(e) informou-o que Bahá’u’llah tinha proclamado ser o Prometido anunciado pelo Báb. Como consequência, Nabil escreveu a todos os Babis da região, encorajando-os a aceitar Bahá’u’llah.
Em 1870, Nabil foi exilado para Teerão onde esteve durante mais de três anos. Seguidamente viveu um ano em Akká onde esteve na presença de Bahá’u’lláh. Foi durante essa estadia em Akká que recebeu o título de “Nabil-i-Akbar” e que Bahá’u’lláh revelou a Epístola da Sabedoria em resposta às suas questões. Nesta Epístola Bahá’u’lláh alude aos sofrimentos de Nabil [6] e exorta-o a colocar a sua confiança em Deus para ultrapassar essas dificuldades. Bahá'u'lláh também encoraja Nabil a divulgar e ensinar a Causa com todas as suas capacidades e sabedoria [6, 15, 20]. A Abençoada Beleza também lhe recorda que eloquência e o poder das palavras humanas são factores a ter em conta na divulgação da Causa.
Após um ano na Terra Santa, regressou à Pérsia onde, apesar dos perigos, continuou a ensinar a Fé Bahá’í nas principais cidades do país: Teerão, Tabriz, Isfahan, Shiraz, Yazd, Kerman, Mashad, Zanjan e Qazvin. As ameaças à sua vida sucediam-se e foi preso mais algumas vezes. Em 1890 viajou para Ashkabad onde deu um grande contributo para a expansão e fortalecimento da Comunidade local. Faleceu 6 de Julho de 1892, em Bukara.
'Abdu'l-Bahá designou Nabil como Mão da Causa de Deus e escreveu a seu respeito: "...porque ele era tão firme na sua santa Fé, porque ele guiou almas, serviu esta Causa e espalhou a sua fama, esta estrela, Nabil, brilhará para sempre no horizonte da luz duradoura"(f)
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(a) - Na Epístola, Bahá’u’lláh refere-se a Nabil como Nabil[1, 43] e como Muhammad[2]. Na notação abaj o nome Nabil tem o mesmo valor que Muhammad, o que pode justificar o facto de Bahá'u'lláh se dirigir a Nabil com expressões do tipo "O Muhammad! Dá ouvidos à voz que procede do Domínio da Glória..."
(b) - Pessoa com competência para interpretar a lei divina [sharia] e tomar decisões legais com base em interpretação independente das fontes legais [alcorão e sunnah]
(c) - Adib Taherzadeh, The Reveletion of Bahá'u'llah, Vol I, cap 7
(d) - Adib Taherzadeh cita uma transcrição de uma conversa de Nabil em que a sua enorme reverência por Bahá'u'lláh pode ser entendida como uma forma de reconhecimento da Sua figura como Manifestante de Deus.
(e) - Trata-se de Nabil-i-A'ẓam, o autor do livro Os Rompedores da Alvorada
(f) - Memorials of the Faithful.
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