Num pequeno texto publicado no seu site pessoal no passado dia 13 de Setembro, Mohammad Nourizad, conhecido jornalista e crítico do regime iraniano, declarou que “alegar a existência de um Processo incompleto é uma desculpa despropositada” para impedir o acesso de estudantes Bahá'ís ao ensino superior.
Exemplo de uma candidatura com "processo incompleto no site iraniano de candidaturas ao Ensino Superior |
A frase “Processo incompleto” foi usada anteriormente para alguns doutorandos neste ano lectivo, durante as fases preliminares do exame. No entanto, o director do Gabinete de Admissões indicou que a frase “não é, de forma alguma, uma indicação da desqualificação destes estudantes, …[mas]… que estes candidatos não enviaram todos os impressos; após submeter [novamente] e receber a confirmação, podem continuar os seus estudos e não têm que se preocupar.”
Numa entrevista à Mehr News, em 05 de Setembro, o director do Gabinete enfatizou que "aos candidatos que passaram no exame deve ser assegurado que ninguém toma os seus lugares, e que os seus lugares lhes estão reservados. O Gabinete entrou em contacto com eles para lhes pedir que preencham o formulário[*] de qualificações. Eles podem prosseguir os seus estudos após a conclusão do processo."
Embora destas declarações serem optimistas para os estudantes, a frase “Processo incompleto” é um sinal que tudo continua na mesma no que toca à atitude do governo iraniano face à questão dos Bahá’ís no ensino superior. Convém lembrar que o artigo 19º da Constituição da República Islâmica afirma claramente: “Os povos do Irão, independentemente da sua raça e tribo, têm direitos iguais e não serão discriminados com base na sua cor, etnia e linguagem e outras ".
Mas os cidadãos Bahá'ís continuam a ser impedidos de ingressar no ensino superior. E de acordo com a legislação do Conselho Supremo da Revolução Cultural, apenas os seguidores das religiões "divinas" (entenda-se, apenas zoroastrianos, judeus, cristãos e muçulmanos) estão autorizados a prosseguir o ensino superior.
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[*] Este formulário pede aos candidatos, entre outras coisas, que indiquem as suas crenças religiosas. O regime iraniano apenas reconhece quarto religiões: islamismo, judaísmo, cristianismo e zoroastrismo. Quando nestes formulários os candidatos Bahá’ís indicam a sua religião, o governo usa isso como pretexto para os excluir.
TRADUZIDO E ADAPTADO DE: At least 30 Baha’i students taking the University Entrance Exam, faced with the claim of “Incomplete Files”
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