quarta-feira, 2 de março de 2016

Porque é que os Bahá’ís fazem jejum?

Por Faraneh Hedayati.


Em verdade vos digo, o jejum é o remédio supremo e a mais grandiosa cura para a doença de ego e da paixão. (Bahá'u'lláh, p. XVII, The Importance of Obligatory Prayer and Fasting)
Este Jejum leva à limpeza da alma de todos os desejos egoístas, à aquisição de atributos espirituais, à atracção das brisas do Todo-Misericordioso, e ao atear do fogo do amor divino... O jejum é a causa da elevação da condição espiritual de uma pessoa. ('Abdu'l-Bahá, Ibid, pp XXVI-XXVII)
No dia 2 de Março, milhões de Bahá'ís, em todo o mundo, vão voluntariamente deixar de comer e beber entre o nascer e o pôr-do-sol durante dezanove dias consecutivos. Porquê?

Durante o jejum Bahá'í, os Bahá'ís abstêm-se de comida e bebida entre o nascer ao pôr-do-sol de cada dia durante o mês Bahá'í de Ala, que compreende os dezanove dias que antecedem o equinócio da primavera. Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá'í, explica que este jejum Bahá'í anual:
... é essencialmente um período de meditação e oração, de recuperação espiritual, durante o qual o crente se deve esforçar para fazer os reajustamentos necessários na sua vida interior, e para refrescar e revigorar as forças espirituais latentes na sua alma. O seu significado e propósito são, portanto, fundamentalmente de carácter espiritual. (Directives from the Guardian, p. 28)
Pode não saber, mas a maioria das religiões têm um período de jejum durante uma época do ano - Cristãos, Judeus, Hindus, Taoistas, Muçulmanos e Jainistas, todos praticam alguma forma de jejum anual. Os Judeus cumpridores jejuam durante seis dias, especialmente no Yom Kippur e Tisha B'Av; os Muçulmanos jejuam entre nascer e pôr-do-sol durante 30 dias no mês lunar do Ramadão; os Católicos jejuam durante a Quaresma e outros dias sagrados; diferentes denominações cristãs jejuam individualmente e voluntariamente; os Hindus jejuam em várias épocas do ano; muitas práticas Budistas também incluem o jejum.

Assim, o jejum tem sido praticado em diferentes formas e épocas ao longo de milénios como parte da vida religiosa, mas o princípio permanece o mesmo - o jejum simboliza desprendimento do mundo físico e do ego. Os Bahá'ís vêem o jejum como um exercício espiritual, mas, recentemente, a ciência lançou uma nova luz sobre o seu papel importante na biologia e fisiologia humana (outro exemplo do acordo entre ciência e religião, um dos princípios básicos Bahá'ís).

De acordo com estudos recentes, o jejum intermitente tem benefícios significativos para a saúde. Promove a saúde física ideal, reduzindo o risco de muitas doenças crónicas, especialmente para quem sofre de obesidade. Com base nas provas existentes de estudos em animais, o jejum tem efeitos consideráveis sobre indicadores de saúde, incluindo uma maior sensibilidade à insulina, níveis reduzidos de pressão arterial, gordura corporal, insulina, glicose, lípidos aterogénicos, e inflamações. O jejum alivia processos de doença e melhora os resultados clínicos em distúrbios, tais como enfarto do miocárdio, diabetes, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer e de Parkinson.

O jejum, com o seu mecanismo geral de desencadear respostas adaptadas ao stress celular, causa um aumento da capacidade para lidar com o stress mais intenso, o que impede processos de doença desde o início. O jejum também protege as células de danos no ADN, suprime o crescimento de células e intensifica a apoptose de células danificadas, facto que, consequentemente, evita a formação e o crescimento de cancros. O jejum ajuda a reduzir a obesidade, a hipertensão, a asma e a artrite reumatóide. Os investigadores já começaram a mostrar que o jejum ainda tem o potencial de retardar o envelhecimento.

Com todos estes benefícios para a saúde, é o jejum difícil? Quem já fez jejum sabe que o corpo se adapta gradualmente a uma nova rotina, e em condições normais pode lidar bem com a falta de alimento durante doze horas. Mas os ensinamentos Bahá'ís dizem que o jejum não pode ajudar o processo de cura, se uma pessoa já está doente. Em alguns casos, tal como os diabéticos, o jejum pode ser prejudicial:
... a oração obrigatória e o jejum ocupam uma posição elevada aos olhos de Deus. É, no entanto, num estado de saúde de que a sua virtude se pode perceber. Em tempos de problemas de saúde não é permissível observar tais obrigações... (Bahá'u'lláh, The Most Holy Book, p. 134)
Os Bahá'ís jejuam desde a idade de maturidade (que os ensinamentos Bahá'ís dizem que começa aos 15 anos) até aos 70 anos de idade. Aqueles que estão doentes, grávidas e mães que amamentam, quem executa trabalhos pesados, e mesmo aqueles que fazem longas viagens estão isentos do jejum.

Gostaria de tentar jejuar durante o jejum Bahá'í deste ano? Pode aumentar a sua saúde física e espiritual, e conseguir um novo despertar:
O jejum é a causa do despertar do homem. O coração torna-se terno e a espiritualidade do homem aumenta. Isto é causado pelo facto dos pensamentos do homem estarem confinados à comemoração de Deus, e através desse despertar e estimulo certamente se seguirão progressos ideais. ('Abdu'l-Bahá, Star of the West, Volume 3, p. 305)
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Texto original: Why Do Baha’is Fast Every Year? (www.bahaiteachings.org)

3 comentários:

Unknown disse...

Excelente este artigo. Há mais de 40 anos faço o jejum bahá´í, que é excelente para desintoxicar o organismo mas, principalmente tornar leve o espírito. São 19 dias de abstenção de alimentos líquidos e sólidos, do nascer ao pôr do sol, quando nos dedicamos mais a leituras de cunho espiritual, monitoramos nossos pensamentos e atitudes e sentimos na pele a dor e o sofrimento dos que passam fome e não têm abrigo. São dias especiais em que as bênçãos do Alto jorram sobre nós. É um privilégio seguir esta lei bahá`í!!!

Anónimo disse...

Eu faço jejum intermitente há anos!

Anónimo disse...

Faço jejum, mas é é pratica espíritual mas desintoxicação alimentar, ou seja aprendi c o minhas doenças, e infelizmente não somos enscinados que mudamos o hormônios do corpo...