sábado, 13 de julho de 2019

Eu sou...


No Evangelho de João, Jesus fala mais de Si próprio do que nos Sinópticos. Existem sete afirmações do tipo “Eu sou…” em que Jesus fala de Si próprio de forma simbólica. Todas estas afirmações descrevem Jesus como um caminho para Deus e para a vida eterna. Existem outros excertos no Evangelho de João em que Jesus afirma simplesmente “Eu sou”.

  • Eu sou o pão da vida (6:35)
  • Eu sou a luz do mundo (8:12)
  • Eu sou a porta (das ovelhas) (10:7,9)
  • Eu sou o bom Pastor (10:11,14)
  • Eu sou a ressurreição e a vida (11:25)
  • Eu sou o caminho, a verdade e a vida (14:6)
  • Eu sou a videira verdadeira (15:1)

É interessante notar que Bahá’u’lláh também Se descreve de forma simbólica. Aqui ficam alguns exemplos:

  • Eu sou o sol da Sabedoria e o Oceano do Conhecimento. Eu animo o débil e revivifico o morto. Eu sou a Luz que guia e ilumina o caminho. Eu sou o Falcão real no braço do Omnipotente. (Tabernacle of Unity, 1.14)
  • Eu sou Aquele Que a língua de Isaías enalteceu, Aquele com Cujo nome a Torá como o Evangelho se adornaram. (The Summons of the Lord of Hosts, ¶164)
  • Eu sou a Fidedignidade, e a sua revelação, e a sua beleza. Recompensarei quem quer que se ligue a Mim, e reconheça a Minha condição e posição, e se segure firmemente à Minha orla. Eu sou o mais grandioso ornamento do povo de Bahá, e a vestimenta da glória para todos os que estão no reino da criação. Eu sou o instrumento supremo para a prosperidade do mundo e o horizonte da confiança para todos os seres. (Tablets of Bahá’u’lláh, p.38)
  • Em verdade, Eu sou Aquele Que exorta com justiça. (Tablets of Bahá’u’lláh, p.78)
  • Nesta condição, se Ele Que é a Personificação do Fim dissesse: “Em verdade Eu sou o Ponto do Princípio”, Ele, de facto, estaria a dizer a verdade. (Gems of Divine Mysteries, ¶40)
  • Eu sou a verdadeira Fé de Deus entre vós. Acautelai-vos para não Me negarem. Deus manifestou-Me com uma luz que envolveu todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra. (Epistle to the Son of the Wolf, p.96)
  • Eu sou a Donzela do Céu, que permanece no centro do coração do Paraíso, oculta por trás do véu do Todo Misericordioso e guardada dos olhos dos homens. (Days of Remembrance, Súriy-i-Qalam, ¶17)

Podemos encontrar uma formulação semelhante nas Escrituras do Báb:

O Senhor, na verdade, inspirou-Me: Em verdade, em verdade, Eu sou Deus, Aquele além de quem não há outro Deus, e Eu sou de facto o Ancião de Dias...” (Selections from the Writings of the Bab, Chapter LVIII)

E sobre estas formas como os Manifestantes De descrevem a Si próprios, Bahá'u'lláh afirma que todas as definições simbólicas são aplicáveis a qualquer um dos Mensageiros de Deus:

Se algum dos Manifestantes de Deus, que abrangem tudo, declarasse: “Eu sou Deus!”, Ele, certamente, diria a verdade, e nenhuma dúvida haveria sobre isso. Pois tem sido repetidamente demonstrado que através da sua Revelação, dos seus atributos e nomes, a Revelação de Deus, os Seus nomes e os Seus atributos, manifestam-se no mundo. Assim, Ele revelou: “Aqueles dardos eram de Deus e não Teus!” E Ele também disse: “Em verdade, os que te prometeram lealdade, prometeram lealdade a Deus.” E se algum deles pronunciasse a frase: “Sou um Mensageiro de Deus,” Ele também teria dito a verdade, a indubitável verdade. (Kitab-i-Iqan, ¶196)

Uma epístola recentemente traduzida pelo Centro Mundial Bahá’í, a identidade de Bahá’u’lláh (e de todos os Manifestantes de Deus) também é repetidamente afirmada num paradoxo místico e poético com recurso à expressão “Eu sou…”:
Ele é.

Ó tu que foste atingido pela dor da separação depois de teres alcançado o teu objetivo! Eu sou Aquele que não hesita em criar o afastamento. Eu sou Aquele que não tem medo de causar a separação.

Se desejas conhecer-Me, sabe que Eu sou Aquele que impede aqueles que anseiam por Mim de alcançarem a Minha santa presença, e os impede de ter acesso ao lugar do Meu trono. Eu sou Aquele que consome os corações dos amantes ardentes no fogo da separação, e os abandona no deserto do mundo. Eu sou Aquele que não responde quando é invocado, e não dá ouvidos quando é chamado à lembrança. Eu sou Aquele que na Sua riqueza não ouve as lamentações dos pobres, e na Sua glória não olha para os fracos e miseráveis. Assim é quando estou sentado no trono do Meu nome, o Que Tudo Subjuga.

Mas quando estou estabelecido no trono do Meu nome, o Todo-Misericordioso, guio os rebeldes para as águas vivas da Minha presença, e faço-os entrar no paraíso da reunião Comigo, de onde nunca os banirei. Eu sou Aquele que admite os pobres no paraíso da Minha riqueza, e os fracos sob o tabernáculo do Meu poder, e os miseráveis na cidade da Minha antiga glória. Eu sou Aquele que responde quando é invocado, e Se lembra quando é chamado à lembrança. Desde toda a eternidade tenho respondido às orações dos necessitados. Eu sou Aquele que responde antes que Ele seja solicitado, e concede dádivas sem olhar ao mérito.

Essa é a Minha natureza. Eu sou Aquele que chora devido às lágrimas daqueles que O amam e Que se aproxima daqueles que d’Ele se aproximam. Eu abri os portais da Minha graça a todos os que estão no céu e na terra. Bem-aventurados os que ali entram!

Ele é.

Ó tu que estás perante o Meu trono! Ouvi o teu clamor e a tua lamentação na tua separação de Mim, e sofri com o que te sucedeu segundo o decreto inescrutável de Deus. Suplicamos a Deus que te permita chegar ao teu lar. Na verdade, Ele é mais misericordioso do que todos os que demonstram misericórdia.