Aos longo dos anos, várias cidades e vilas nos Estados Unidos têm sido palco de marchas de protesto e manifestações contra a morte de muitos afro-americanos às mãos da polícia.
Muitas destas marchas têm sido pacíficas e produtivas, permitindo que uma ampla diversidade de pessoas expresse livremente as suas opiniões e mostre a sua oposição pública ao racismo e injustiça. Uma ampla cobertura mediática dessas marchas pacíficas mostrou à América que o racismo não é apenas um “assunto de pretos” – porque os protestos incluíam uma significativa diversidade de participantes.
Mas algumas marchas não foram pacíficas, tendo alguns participantes optado pela violência, destruindo propriedades, e agredindo outros participantes e polícias. Por outro lado, algumas marchas pacíficas suscitaram uma resposta policial desproporcionada, hiper-militarizada e violenta.
Assim, qual a nossa posição sobre a participação em marchas em defesa da justiça racial? Quem entre nós já participou numa marcha pacífica? Sentiram que tinham atingido o objectivo pretendido?
De uma perspectiva espiritual, aplicam-se vários princípios Bahá'ís a estas questões importantes:
- Deus ama a justiça e pede-nos que trabalhemos pelo seu aparecimento no mundo: “A mais amada de todas as coisas aos Meus olhos é a justiça; não te afastes dela…” (Bahá'u'lláh, As Palavras Ocultas)
- A unicidade da humanidade é o espírito desta época: “Apagai os fogos da guerra, elevai os estandartes da paz, trabalhai pela unicidade da humanidade e lembrai-vos que a religião é o canal do amor para todos os povos.” ('Abdu'l-Bahá, Selections from the Writings of Abdu'l-Baha)
- Os ensinamentos Bahá'ís pedem a cada pessoa para “derrubar as barreiras” entre as raças: “Rejeitando de uma vez por todas a doutrina falaciosa da superioridade racial, com todos os seus males, confusões e misérias associadas, e acolhendo e encorajando a mistura de raças, derrubando as barreiras que agora as dividem, eles devem esforçar-se, noite e dia, por cumprir as suas responsabilidades particulares na tarefa comum que enfrentam com tamanha urgência” (Shoghi Effendi, The Advent of Divine Justice)
No entanto, os Bahá'ís não se limitam a participar nas marchas e depois vão para casa. Os Bahá'ís tentam fazer muito mais do que isso, com esforços constantes para detectar e destruir a fonte do preconceito nos nossos corações e mentes; com a educação das crianças e jovens sobre a unidade da raça humana; e ao construir comunidades saudáveis e funcionalmente integradas que incluam todos os grupos étnicos e raciais.
Na verdade, muitos comentadores consideram que a Comunidade Bahá'í global constitui o grupo organizado mais diversificado de pessoas no planeta.
Constituída por uma amostra verdadeiramente representativa de toda a humanidade, os Bahá'ís provêm de todos os grupos étnicos na terra. Na comunidade Bahá'í, encontramos pessoas de todas as tonalidades e cores. A Fé Bahá'í não exclui qualquer nacionalidade, grupo étnico, cultura ou classe social. E isto, porque a mensagem essencial de Bahá'u'lláh sobre a unidade acolhe milhões de pessoas de mais de 2100 origens raciais, étnicas e tribais.
Esta abertura e ausência de divisões ou barreiras sociais cria algo especial e único, algo que nunca aconteceu antes na nossa longa história: quem acredita nos ensinamentos de Bahá'u'lláh sobre unicidade da humanidade tem uma oportunidade única de se integrar na mais diversificada comunidade humana que existe hoje no mundo.
Integrar a comunidade mundial Bahá'í dá um sentido de cidadania global a cada Bahá'í, permitindo-lhe encontrar-se com pessoas de todas as origens. Quando isso acontece, os nossos horizontes alargam-se. Encontramos, conhecemos e desenvolvemos amizades com pessoas de diferentes círculos sociais, diferentes grupos raciais e com diferentes perspectivas de vida. Essa experiência enriquecedora, abrangente e civilizadora pode servir como um antídoto natural contra o preconceito:
... há necessidade de um poder superior para ultrapassar os preconceitos humanos, um poder ao qual nada no mundo da humanidade possa obstar e que obscureça os efeitos de todas as outras forças que funcionam no mundo humano. Esse poder irresistível é o amor de Deus. É minha esperança e prece que possa destruir o preconceito desse ponto único de distinção entre vós, e vos una permanentemente sob a sua santificada protecção. Bahá'u'lláh proclamou a unicidade do mundo da humanidade. Ele fez com que várias nações e credos divergentes se unissem. Ele declarou que a diferença de raça e de cor é como a beleza diversificada das flores num jardim. Quando entramos num jardim, vemos flores amarelas, brancas, azuis, vermelhas em abundância e beleza – cada uma radiante por si própria, apesar de diferente das outras, partilhando com elas o seu próprio encanto. As diferenças raciais no mundo humano são semelhantes. Se todas as flores num jardim fossem da mesma cor, o efeito seria monótono e enfadonho para os olhos.
Por isso, Bahá'u'lláh disse que as várias raças humanas dão uma combinação harmoniosa e uma beleza de cor ao todo. Que todos se associem, pois, neste grandioso jardim humano, tal como as flores crescem e ficam lado a lado, sem discórdia ou desentendimentos entre si. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace)
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Texto original: Hands Up, Don't Shoot: Should I Protest? And Then What? (www.bahaiteachings.org)
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