Apesar dos Bahá’ís serem sérios e focados nos seus esforços persistentes para construir uma civilização em progresso constante, os ensinamentos Bahá’ís também nos pedem para sermos alegres.
De facto, as Escrituras Bahá'ís dão uma grande ênfase à alegria, ao riso e à felicidade:
Os mensageiros divinos vieram trazer alegria a esta terra, pois este é o planeta das tribulações e das tormentas, e a missão dos grandes mestres é afastar os homens destas ansiedades e incutir vida com alegria infinita. (‘Abdu’l-Bahá, Divine Philosophy, pp. 69-70)
Mesmo durante o exílio e o encarceramento, Bahá’u’lláh – o profeta fundador da Fé Bahá’í – instou os Seus seguidores a serem alegres:
Nos primeiros dias da Fé, as condições eram difíceis e dolorosas. Bahá’u’lláh e a Sagrada Família passaram décadas na prisão. ‘Abdu’l-Bahá referiu várias vezes que foram a alegria e o humor dos amigos na prisão que preservaram o seu bem-estar. As condições eram fisicamente e emocionalmente tão terríveis, e era sabido que a força contrária da alegria e do humor era necessária para combater os sentimentos de desespero. Os crentes reuniam-se, em especial à noite, e contavam histórias para se entreterem uns aos outros e em algumas ocasiões Bahá’u’lláh juntava-se a eles. (H. M. Balyuzi, ‘Abdul-Bahá, p. 31)
‘Abdu’l-Bahá era o filho mais velho de Bahá'u'lláh e foi nomeado como Seu sucessor; Ele era o verdadeiro exemplo do que significa ser Bahá’í, e foi uma figura única na história da humanidade. Ficou conhecido pela Sua profunda sabedoria e pelas Suas vastas contribuições para a civilização humana. ‘Abdu’l-Bahá também era conhecido pelo Seu grande sentido de humor. Gostava de rir. Por vezes ria tanto, que o Seu turbante caía e lágrimas de alegria corriam dos Seus olhos. Ele disse:
O Meu lar é o lar da paz. O Meu lar é o lar da alegria e do deleite. O Meu lar é o lar do riso e do júbilo. Quem entra através das portas desta casa, deve sair com o coração feliz. Este é o lar da luz; quem entrar aqui deve ficar iluminado… (Star of the West, Volume 5, p. 40)
Um dia, um Bahá’í estava com ‘Abdu’l-Bahá e perguntou: “…é verdade que Bahá’u’lláh disse que toda a gente deve ir para o paraíso?” (os ensinamentos Bahá’ís dizem que não existe inferno – todas as pessoas prosseguem uma outra forma de existência após a morte). ‘Abdu’l-Bahá respondeu que, pela graça de Deus, toda a gente iria para o paraíso. O homem prosseguiu: “Pensa que o Gengis Khan, o rei mongol que matou milhões de pessoas também irá?” ‘Abdu’l-Bahá disse que sim. “Então, e Napoleão que causou tanta destruição e morte?”; “E o Nasirridin Shah que decretou a execução do amado Báb?” “Eles também vão para o paraíso?” “Se sim, então quem vai para o inferno?” ‘Abdu’l-Bahá sorriu e respondeu: “Aqueles que fazem muitas perguntas.”
O sr. John Bosh, o fundador da Bosh Bahá’í School, no norte da Califórnia, foi a Nova Iorque para visitar ‘Abdu’l-Bahá. Disse a ‘Abdu’l-Bahá que tinha viajado 5000 quilómetros, da Califórnia até Nova Iorque, para O visitar. ‘Abdu’l-Bahá respondeu que Ele tinha viajado 13.000 quilómetros para o ver.
Uma vez, Lady Blomfield, uma escritora e filantropa britânica, co-fundadora da organização humanitária Save the Children, insistia para que ‘Abdu’l-Bahá comesse, apesar de Ele não ter fome. ‘Abdu’l-Bahá riu-se e disse às pessoas que aqueles dois reis da Pérsia e do Império Otomano, não o podiam obrigar a fazer nada, mas que Lady Blomfield o obrigava a comer. (H. M. Balyuzi, ‘Abdu’l-Bahá, p. 35)
As cartas e epístolas de ‘Abdu’l-Bahá mantinham unida a recém-nascida comunidade Bahá’í – e algumas dessas epístolas eram muito engraçadas. Uma vez, alguém contou a ‘Abdu’l-Bahá que uma certa pessoa se havia tornado o vigilante do Centro Bahá’í em Isfahan, na Pérsia. O Mestre enviou-lhe uma carta, dizendo que tinha sabido que ele se tornara o vigilante, e garantindo-lhe que ele estava a fazer um excelente trabalho. Depois a carta pedia ao vigilante que se lembrasse que ‘Abdu’l-Bahá era o servo dos Bahá’ís - e que tivesse cuidado para não ficar com o Seu trabalho, ou seria levado a tribunal.
Diz-se que um homem de Yazd foi visitar ‘Abdu’l-Bahá e Lhe disse que faria tudo pela Fé, mas que não queria ser mártir. Ser Bahá’í na Pérsia durante os primeiros anos era perigoso e muitos Bahá’í perderam a vida em perseguições. O homem sentiu que ‘Abdu’l-Bahá lhe dera a garantia que não morreria por ser Bahá’í. Alguns anos mais tarde, este homem estava no mercado quando alguém o reconheceu como sendo Bahá’í, e uma multidão começou a persegui-lo. E ao fugir, saiu da cidade e correu para as montanhas. Pensou em ‘Abdu’l-Bahá, olhou para o céu e gritou “Prometeste que eu não seria mártir!” Nesse mesmo momento caiu numa pequena vala e a multidão passou por ele sem o ver. Depois de terem passado, ele olhou novamente para o céu e disse “Ainda bem que te lembrei!”
Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í, afirmou que os Bahá’ís não devem ser constantemente sisudos e solenes – qua a alegria e o humor é parte da vida Bahá’í. ‘Abdu’l-Bahá foi um exemplo deste conselho.
-----------------------------
Texto original: Abdu’l-Baha’s Joyous Sense of Humor (www.bahaiteachings.org)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Hussein Ahdieh nasceu em Nayriz, no Irão. Na sua adolescência foi viver para os Estados Unidos, onde mais tarde estudou História da Europa e concluiu um Doutoramento em Educação. Foi um elemento chave na criação da Harlem Preparatory School, de Nova Iorque; foi director do Programa de Estudos Superiores da Universidade de Fordham. É autor dos livros Abdu'l-Bahá in New York, AWAKENING: A History of the Babí and Bahá'í Faiths in Nayriz e de numerosos artigos e ensaios.
Sem comentários:
Enviar um comentário