sábado, 1 de fevereiro de 2025

O Livro de Inspiração Celestial

Por David Langness.


Existe um Deus; a humanidade é uma só; os fundamentos da religião são um só. Vamos adorá-Lo e louvar todos os Seus grandes Profetas e Mensageiros que manifestaram o Seu esplendor e glória. (‘Abdu’l-Bahá, numa palestra proferida no City Temple de Londres, em 10 de Setembro de 1911, ‘Abdu’l-Bahá in London, p. 19)

Se percorrer uma rua antiga no centro de Londres chamada Holborn Viaduct, acabará por chegar ao imponente e ornamentado City Temple de Londres, uma das igrejas mais grandiosas e mais veneradas de toda a Cristandade. Construída em 1874, a sua congregação remonta aos dias da Reforma Protestante entre os Puritanos, no século XVI. Não muito longe do Museu de Londres e a poucos quarteirões do rio Tamisa, o City Temple é fácil de encontrar, com a sua torre imponente e a sua grandiosa arquitetura formal.

City Temple, Londres
Se entrar no City Temple e pedir delicadamente, poderá ter a hipótese de ver a Bíblia Antiga, propriedade da igreja e da sua congregação desde o início. Quando olhar para o interior da capa dessa Bíblia, verá uma inscrição em persa, escrita por ‘Abdu’l-Bahá a 10 de Setembro de 1911. Nesse dia, ‘Abdu’l-Bahá, recém-libertado de quarenta anos de prisão e exílio e recém-chegado a Londres, falou em público pela primeira vez para um grande público ocidental, a partir do púlpito do City Temple de Londres. A inscrição de ‘Abdu’l-Bahá na Bíblia Antiga do City Temple diz:

Este livro é o Livro Sagrado de Deus, de inspiração celestial. É a Bíblia da Salvação, o Nobre Evangelho. É o mistério do Reino e da sua luz. É a Generosidade Divina, o sinal da orientação de Deus. (‘Abdu’l-Baha in London, p. 17)

Os Bahá’ís vêem as Escrituras Sagradas de todas as religiões desta forma – como inspiração celestial, como o mistério e a luz do Reino, como “o sinal da orientação de Deus”.

É por isso que os ensinamentos Bahá’ís recomendam a leitura diária das Escrituras Sagradas:

Imergi-vos no oceano das Minhas palavras, para que possais desvendar os seus segredos e descobrir todas as pérolas de sabedoria que se escondem nas suas profundezas. (Bahá’u’lláh, Gleanings, LXX)

Recitai os versículos de Deus todas as manhãs e todas as noites. (Bahá’u’lláh, The Most Holy Book, p. 73.)

Entoa, ó Meu servo, os versículos de Deus que foram recebidos por ti, tal como entoados por aqueles que se aproximaram d’Ele, para que a doçura da tua melodia possa acender a tua própria alma e atrair os corações de todos os homens. Quem recitar, na privacidade dos seus aposentos, os versículos revelados por Deus, os anjos do Todo-Poderoso, dispersando-se, espalharão a fragrância das palavras proferidas pela sua boca e farão vibrar o coração de todo o homem justo. Embora, a princípio, possa permanecer inconsciente do seu efeito, ainda assim a virtude da graça que lhe foi concedida deverá, mais cedo ou mais tarde, exercer a sua influência sobre a sua alma. (Bahá’u’lláh, Gleanings, CXXXVI)

Se quiser ler as Escrituras Sagradas das grandes religiões, aqui fica uma breve lista para começar:

As Escrituras Sagradas Hindus: entre outros, leia os Upanishads, os Vedas e o Bhagavad Gita (que significa a Canção de Deus). Os Upanishads, muitas vezes chamados Vedanta, revelam os principais conceitos filosóficos da crença hindu, enquanto os quatro Vedas – o Rigveda, o Yajurveda, o Samaveda e o Atharveda – provêm de antigos sábios. O Bhagavad Gita, vulgarmente conhecido como Gita, faz na verdade parte de um poema épico antigo chamado Mahabharata. O Gita apresenta uma extensa conversa de 700 versículos num campo de batalha entre o Príncipe Arjuna e o seu guia espiritual Krishna – referido no Gita como Bhagavan (o Divino), e geralmente considerado o principal profeta do Hinduísmo.

As Escrituras Sagradas Judaicas: O Tanakh, ou Bíblia Hebraica (aquilo a que os Cristãos chamam o Antigo Testamento), é o livro sagrado central. É composto pela Torá (que significa Ensinamentos), composta pelos primeiros cinco livros de Moisés (Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio); os Nevi’im (que significa Profetas), os capítulos da Bíblia Hebraica que começam com o Livro de Josué; e os Ketuvim (que significa Escrituras), os capítulos que começam com o Livro dos Salmos. Os 45 capítulos ou livros da Bíblia Hebraica ou do Tanakh descrevem a história, os ensinamentos espirituais e as leis do povo judeu antes da época de Cristo.

As Escrituras Sagradas Zoroastrianas
: a religião do Médio Oriente e da Pérsia do profeta Zoroastro possui vários livros sagrados centrais, geralmente reunidos sob o nome de Zend-Avesta, que inclui o Yasna e os Gathas.

As Escrituras Sagradas Budistas
: o livro sagrado Budista mais antigo e mais conhecido vem do Cânone Pali, da escola Theravada do Budismo, e é chamado Tipitaka, que significa Três Cestas: a Vinaya (Cesta da Disciplina), que trata das regras para monges e monjas budistas; o Sutta (Cesta dos Provérbios) composto por vários discursos, na sua maioria atribuídos a Buda, e também de alguns dos seus discípulos; e o Abhidhamma (resumos e listas metafísicas e filosóficas). No Budismo tibetano, o Kangyur de 108 volumes representa os ditos directos atribuídos a Buda.

As Escrituras Sagradas Cristãs: o Antigo Testamento ou Bíblia Hebraica do Judaísmo e o Novo Testamento do Cristianismo combinam-se para produzir a Bíblia Cristã. O Novo Testamento tem 27 livros e Epístolas, e conta a história da vida de Cristo, bem como os ensinamentos da Igreja e dos Apóstolos de Cristo. Embora possa encontrar os ensinamentos directos de Jesus Cristo em todo o Novo Testamento, os quatro livros chamados “Evangelhos” – Mateus, Marcos, Lucas e João – relatam a Sua vida e o Seu martírio.

As Escrituras Sagradas Islâmicas: O Alcorão (que significa literalmente a Recitação) é constituído por 114 capítulos, chamados suras. Os muçulmanos acreditam que o Alcorão, revelado por Deus a Muhammad, durante um período de 23 anos e compilado após a sua morte em 632 d.C., representa a orientação moral do Ser Supremo para a humanidade. O Islão aceita a validade dos livros sagrados abraâmicos anteriores (o Antigo e o Novo Testamento), tal como várias religiões mais recentes aceitam os ensinamentos das mais antigas.

As Escrituras Sagradas Bahá’ís: A Fé Bahá’í tem muitas Escrituras Sagradas, reveladas e escritas pessoalmente por Bahá’u’lláh, o Báb e ‘Abdu’l-Bahá. Incluem livros místicos como As Palavras Ocultas e os Sete Vales; livros de filosofia e religião como o Livro da Certeza; livros de leis e mandamentos, principalmente O Livro Sacratíssimo; inúmeras cartas, epístolas e até poesia mística. Bahá’u’lláh escreveu mais de 100 volumes – o que faz da Fé Bahá’í a única grande religião mundial com Escrituras Sagradas escritas directamente pelo seu fundador.

Estes livros de inspiração celestial – na verdade, são todos capítulos do mesmo livro – vão expandir a sua mente, o seu coração e a sua alma.

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Texto original: The Book of Celestial Inspiration (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA

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