terça-feira, 25 de janeiro de 2005

1918, o ano da ansiedade

Os anos da Primeira Guerra Mundial foram para os baha'is do Ocidente, anos de ansiedade. 'Abdu'l-Bahá vivia na Palestina (que era um província do Otomana); não existiam comunicações com o Ocidente. Apenas se recebiam informações vagas sobre o Mestre. Só havia certeza que Ele corria perigo de vida. Quando Império Otomano (aliado dos impérios Alemão e Austro-Húngaro) começou a dar sinais de evidente fraqueza face aos avanços aliados, as ameaças contra 'Abdu'l-Bahá (que vivia na Palestina) subiram de tom.


'Abdu'l-Bahá, em Haifa, no jardim de Sua casa


No final de 1917 e início de 1918, vários bahá'ís ingleses tentaram interceder junto do governo e do estado-maior inglês para que fizessem todos os esforços com o objectivo de preservar a vida de 'Abdu'l-Bahá. A Sra. Whyte [1], expôs o problema ao seu filho, Frederick Whyte, que era membro do Parlamento britânico. Este por sua vez, escreveu a Sir Mark Sykes, em 25 de Janeiro de 1918:
Recebi uma carta da minha mãe onde ela me diz ter conhecimento que Abdul Baha corre risco de vida em Haifa. O correspondente da minha mãe acredita - como se pode ver na carta em anexo - que podemos fazer alguma coisa para o salvar. Presumo que não necessito de gastar o seu tempo a descrever quem é Abdul Baha, cuja personalidade e trabalho lhe são bem conhecidos. Mas como sabe, ele tem um bom número de seguidores (se lhes podemos chamar assim) neste país; e, em geral, existem várias pessoas, como eu, que estão muito interessadas no seu trabalho e estão preparadas para fazer alguma coisa que garanta que as Autoridades Militares na Palestina estão cientes da sua presença. Sei que em tempos Lord Cruzon ficou muito impressionado com o Movimento Bahai na Pérsia; talvez ele queira interessar-se por este assunto agora[2].

Cartas como esta permitiram tiveram alguma receptividade junto das autoridades britânicas. Uma semana mais tarde a Sra Whyte recebia uma carta do Foreign Office onde se lia:
Recebi instruções do Sr. Secretário Balfour para acusar a recepção da sua carta... e a informar que ele solicitou ao Alto-Comissário do Governo de Sua Majestade para o Egipto que chamasse a atenção das Autoridades Militares Britânicas para a presença de Abdul Baha em Haifa, e pediu-lhes que ele e a sua família fossem tratados com toda a consideração no caso de se dar um avanço das forças britânicas na Palestina.[3]

Entre os bahá'ís do ocidente a ansiedade e a incerteza relativamente ao destino de 'Abdu'l-Bahá manteve-se até Setembro desse ano. Nesse mês, as forças britânicas lideradas pelo general Allenby avançaram na Palestina; em dia 23 de Setembro, tomaram a cidade de Haifa. Encontraram Mestre e a Sua família vivos e bem de saúde. Foi o fim da ansiedade.


Grupo de Cavalaria Indiana entra em Haifa, no final da Primeira Guerra Mundial

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NOTAS
[1] – A Sra Whyte recebera 'Abdu'l-Bahá, em Edimburgo, durante umas das visitas do Mestre à Europa.
[2] – File 16762/W44: FO 3713396, citado em The Bábi and Bahá'í Religions, 1844-1944; Some Contemporary Western Accounts, pag 334.
[3] - Idem.
Sobre os anos da guerra na Palestina ver o post Há 84 anos...

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