Sinceramente, acho que já há algum tempo que tenho preconceitos em relação aos sauditas. Na verdade, nunca estive na Arábia Saudita, nem conheço pessoalmente nenhum saudita; mas o tipo de notícias nos jornais e reportagens que vamos assistindo na TV começam a criar em mim uma ideia muito feia sobre aquela sociedade. Os jornais descrevem aquele reino como uma sociedade feudal, fechada sobre si própria e profundamente conservadora e intolerante. Várias reportagens na TV mostram um país que trata mal os emigrantes, que persegue minorias religiosas, mostram um país onde as mulheres não têm direitos e as peregrinações a Meca transformaram aquela Cidade Santa num enorme Centro Comercial.
Será a Arábia Saudita mesmo assim? Não consigo responder com toda a imparcialidade a esta pergunta, mas confesso que simpatizo cada vez menos com aquela sociedade. É triste, mas tenho de admitir que tenho preconceitos contra os sauditas: sempre que eles são referidos, lembro-me de uma frase de D.H.Lawrence que dizia admirar os árabes do deserto pela sua honradez e valentia, e detestar os árabes das cidades pela sua corrupção e imoralidade
Sei que posso estar a ser injusto com muitos sauditas, mas no meu sub-consciente a palavra "saudita" é quase um sinónimo de "corrupto" ou de gente com "mentalidade medieval". Para mim, isto é particularmente chato, pois a abolição de todo o tipo de preconceitos é um princípio bahá'í.
Então, vamos lá a tentar ser objectivos e imparciais:
A Sra. Rania al-Baz foi espancada pelo marido, um cantor desempregado. A violência da agressão valeram-lhe múltiplas fracturas na face. Esta senhora, decidiu permitir que os jornais a fotografassem, com o objectivo de chamar a atenção para as imensas situações de violência doméstica a que as mulheres sauditas estão sujeitas. Foi a primeira vez naquele reino que um caso de violência doméstica recebeu atenção dos media.
Passados uns dias, o marido desta senhora foi preso e acusado de tentativa de homicídio (ver BBC e ArabNews).
É verdade que a mediatização deste caso parecem indicar que algo está a mudar naquele reino. Casos de violência doméstica, de violação, de pedofília ou de SIDA têm sido até hoje ignorados pelos media sauditas.
Será isto o início de uma verdadeira mudança de mentalidades? Se sim, então a que velocidade ocorrem essas mudanças? Quanto tempo mais terão de esperar as mulheres sauditas por liberdade e igualdade de direitos? Não desejo que os sauditas abdiquem da sua cultura ou se ocidentalizem; apenas gostava que respeitassem os Direitos Humanos. Será pedir muito?
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