A maioria as pessoas com bom senso não faz generalizações; as generalizações e os preconceitos são uma parvoíce. São ideias pré-concebidas sobre algo ou alguém. Podem ser tão fortes que nos impeçam de ver a realidade. Mas é quase impossível não ter preconceitos sobre qualquer coisa ou sobre alguém. Não falta quem pense (e diga ou escreva!) que todos os americanos são tolos porque existe um americano muito conhecido que é tolo; e isso pode-se passar com qualquer um de nós e em relação a qualquer povo. Eu também tenho a minha quota de preconceitos (esforço-me para a minimizar, mas enfim...)
Sinceramente, acho que já há algum tempo que tenho preconceitos em relação aos sauditas. Na verdade, nunca estive na Arábia Saudita, nem conheço pessoalmente nenhum saudita; mas o tipo de notícias nos jornais e reportagens que vamos assistindo na TV começam a criar em mim uma ideia muito feia sobre aquela sociedade. Os jornais descrevem aquele reino como uma sociedade feudal, fechada sobre si própria e profundamente conservadora e intolerante. Várias reportagens na TV mostram um país que trata mal os emigrantes, que persegue minorias religiosas, mostram um país onde as mulheres não têm direitos e as peregrinações a Meca transformaram aquela Cidade Santa num enorme Centro Comercial.
Será a Arábia Saudita mesmo assim? Não consigo responder com toda a imparcialidade a esta pergunta, mas confesso que simpatizo cada vez menos com aquela sociedade. É triste, mas tenho de admitir que tenho preconceitos contra os sauditas: sempre que eles são referidos, lembro-me de uma frase de D.H.Lawrence que dizia admirar os árabes do deserto pela sua honradez e valentia, e detestar os árabes das cidades pela sua corrupção e imoralidade
Sei que posso estar a ser injusto com muitos sauditas, mas no meu sub-consciente a palavra "saudita" é quase um sinónimo de "corrupto" ou de gente com "mentalidade medieval". Para mim, isto é particularmente chato, pois a abolição de todo o tipo de preconceitos é um princípio bahá'í.
Então, vamos lá a tentar ser objectivos e imparciais:
Nos últimos dias o caso de violência doméstica envolvendo uma conhecida apresentadora da TV Saudita assumiu proporções mediáticas (ver BBC).
A Sra. Rania al-Baz foi espancada pelo marido, um cantor desempregado. A violência da agressão valeram-lhe múltiplas fracturas na face. Esta senhora, decidiu permitir que os jornais a fotografassem, com o objectivo de chamar a atenção para as imensas situações de violência doméstica a que as mulheres sauditas estão sujeitas. Foi a primeira vez naquele reino que um caso de violência doméstica recebeu atenção dos media.
Passados uns dias, o marido desta senhora foi preso e acusado de tentativa de homicídio (ver BBC e ArabNews).
É verdade que a mediatização deste caso parecem indicar que algo está a mudar naquele reino. Casos de violência doméstica, de violação, de pedofília ou de SIDA têm sido até hoje ignorados pelos media sauditas.
Será isto o início de uma verdadeira mudança de mentalidades? Se sim, então a que velocidade ocorrem essas mudanças? Quanto tempo mais terão de esperar as mulheres sauditas por liberdade e igualdade de direitos? Não desejo que os sauditas abdiquem da sua cultura ou se ocidentalizem; apenas gostava que respeitassem os Direitos Humanos. Será pedir muito?
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