terça-feira, 4 de abril de 2006

Jorge Filipe em Lisboa

Foi no final de sexta-feira, que o Jorge recebeu uma visita de uma das tias. "Queres ir passear connosco?". Os seus oito anos eram suficientes para se lembrar de uma promessa antiga: "Tu um dia disseste que me levavas a Lisboa..." "Então vamos a Lisboa!". E começou a euforia.

A viagem a Lisboa tinha sido combinada entre os tios e a mãe. Mas só agora lhe contavam a surpresa. Escusado será dizer que nessa noite. O Jorge mal dormiu. E no dia seguinte o entusiasmo da viagem era maior que o sono. Durante a viagem perguntou insistentemente: "Já estamos a chegar?" Uma viagem de três horas parece interminável para uma expectativa tão grande.

O fim-de-semana era para o Jorge. Durante dois dias brincou com os primos, experimentou os carros de choque e os carrosséis, andou na montanha russa e experimentou vários jogos do centro de diversões, correu pelas alamedas da Expo, e até encontrou uns militares da GNR que o deixaram dar a primeira volta a cavalo. Apesar de toda a excitação e toda a energia, não adormeceu durante a viagem de regresso. Transbordava de felicidade quando chegou a casa. "Não se calava, o miúdo..." dizem os tios.

Não sei durante quanto tempo o Jorge se vai lembrar deste fim-de-semana. Provavelmente, o mundo tão agressivo em que vive encarregar-se-á de lhe ir apagando as recordações. Comigo fica a sensação de o ter ajudado a realizar um sonho e a angústia de saber que ele continua a ser uma criança em risco.











6 comentários:

Elise disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Elise disse...

li os posts anteriores sobre o filipe. bem haja marco, por fazer a diferença na vida desta criança.

Marco Oliveira disse...

Elise,
Será que um dia o Jorge - por ter conhecido outro mundo - não se vai sentir ainda mais frustrado e revoltado com a vida?

O chato disto é que não vejo maneira de ajudar o miúdo.

Dina Domingues disse...

o futuro agora não interessa nada, o que interessa é que o Jorge está felicissimo. momentos felizes podem ser recordados em dias mais chatos e são sempre muito úteis.

Pitucha disse...

E vão sobrar-lhe recordações óptimas!
Beijos

Ouvinte disse...

Vi este blog pela primeira vez, não sei ainda quem é o Jorge ... mas pela cara de felicidade que tem nas fotografias, nota-se que teve uma experiência que para ele será memorável ... um dia será feliz e lembrar-se-á deste momento ... Acredita.