(...)COMENTÁRIO: Concordo quase a 100% com Henrique Monteiro. Na verdade eu preferia que a Universidade convidasse um governante africano eleito democraticamente pelo seu povo, e que fosse um exemplo de boas práticas de governação. Quando uma universidade convida um ditador – e continua a sê-lo, mesmo agora que parece alinhado com interesses Ocidentais! – deve confrontá-lo, como fez Lee Bollinger, o reitor da Universidade de Columbia. (Neste aspecto discordo de Henrique Monteiro; penso que o reitor fez foi apenas confrontar com toda a frontalidade o presidente iraniano com a realidade que se vive no Irão).
Mas já não percebo bem a pertinência de uma Universidade – com o prestígio e a história da Universidade de Lisboa – convidar Khadafi para orador de uma conferência sobre ‘Problemas da Sociedade Contemporânea’. A menos que os promotores tenham da educação a mesma ideia que o reitor da Universidade de Columbia quando insultou o Presidente do Irão, Ahmadinedjad, depois de o ter recebido.
Um dos problemas da sociedade contemporânea (de que nem Khadafi nem os promotores falaram) é esta falta de vergonha que faz com que – a troco de qualquer coisa, e muitas vezes de nada -, se equipare tudo na vida. As universidades tanto ouvem cientistas, investigadores ou criadores de mérito, ditadores e terroristas. Pensarão que isso corresponde a sinais de tolerância e modernidade, mas infelizmente o que revelam é apenas cobardia política, falta de senso e subserviência em relação a personagens que nem dimensão intelectual nem obra têm (se exceptuarmos o ridículo ‘Livro Verde’ que o coronel Khadafi distribuiu pelo mundo).
(...)
E que dizer do encontro com mulheres “representativas da sociedade portuguesa”? Serão mesmo representativas? Se estas mulheres tivessem recebido um convite semelhante do presidente do Botswana ou de Cabo Verde tê-lo-iam aceite? Não pode a sua presença neste encontro ser considerada como um sinal de anuência ao ditador líbio? Veja-se a reportagem da SIC:
Maria de Belém e a senegalesa Simone Sagna (o Senegal possui um regime democrático!) dificilmente conseguirão justificar a sua presença neste encontro. Como é possível que não tenham percebido que foram usadas em mais um golpe de propaganda de Khadafi? São estas as mulheres “representativas da sociedade portuguesa”? Ou representativas da ingenuidade política em alguma sociedade portuguesa? Na minha opinião, tal como a Universidade de Lisboa, a participação destas mulheres neste encontro não é um sinal de tolerância e modernidade; apenas revela cobardia política, falta de senso e subserviência.
5 comentários:
"Long life to Mohamar al Khadafi"
Muito sinceramente não sei até que ponto se pode acusar khadafi de ser não-democrata. Pode a sociedade anglosaxónica dar lições a alguém acerca da democracia?
Pode-se acusar o único lider Líbio vivo a quem impuseram uma red line com um embargo económico por parte dos usa e continuar vivo?
Pode-se acusar Khadafi de vir a Portugal e de se passear por entre os imigrantes africanos, ouvir as suas reivindicações, lamentos e apoios, assim como os seus opositores e, mesmo assim chamá-lo de ditador?
Onde estão as prisões cheias de presos políticos ou religiosos na Líbia? Onde está o Guatanamo líbio?
Por acaso ainda alguém se lembra que os usa bombardearam uma maternidade líbia para apanhar Khadafi quando este se encontrava acampado no deserto líbio?
Líbia confirma a compra de 21 aviões da Airbus
Há 2 dias
PARIS (AFP) — A Líbia confirmou nesta segunda-feira a compra de 21 aviões da Airbus, durante encontro dos presidentes francês, Nicolas Sarkozy, e do dirigente líbio Muammar Kadhafi, no Palácio do Elysée, no primeiro dia de uma visita oficial, constatou um jornalista da AFP.
O primeiro contrato é a confirmação da compra de quatro A-350, quatro A-330 e sete A-320 pela companhia Libyan Airlines.
A quantia do contrato ainda não foi anunciada.
A Líbia confirmou a compra de seis Airbus A-350 pela companhia líbia Afriqiyah.
Este pedido confirma a intenção de compra de aviões da Airbus assinada em junho, no salão da aeronáutica de Bourget (França).
Além desta intenção de compra, a Afriqiyah fez um pedido confirmado de cinco A320. A quantia total (pedido confirmado e intenção de compra) está estimada em US$ 1,6 bilhão.
Sarkozy anunciou nesta segunda-feira que assinaria contratos no valor de US$ 10 bilhões de euros com a Líbia.
Kadhafi chegou nesta segunda-feira à capital francesa para uma visita oficial de cinco dias, que gerou inúmeras críticas.
É que há aqui algo que está errado... então Sarkosy faz negócios destes com um ditador africano?
Então quando a cgtp faz uma manif. às portas do Museu dos coches contra o Tratado Europeu, está a dizer que temos um governo ditatorial?
Há aqui alguém que deve andar Muito confundido com a história recente. E, já agora, algué me explica porque é que 1º ministro britânico não compareceu à assinatura do tratado mas veio para o almoço e para a foto de família?
Elfo,
Quantos partidos políticos há na Líbia? Há liberdade de imprensa na Líbia? Há liberdade de associação? Existe separação de poderes? Na Líbia onde estão os opositores a Khadafi? As repostas a estas perguntas mostram que não só a América, mas qualquer país europeu (excepção para a Bielorrússia), a maioria dos países latino-americanso, muitos países africanos, vários países asiáticos podem dar lições de democracia ao regime líbio.
Há uma enorme diferença entre o ataque à maternidade líbia e os atentados contra os aviões da PAM AM e da UTA. O primeiro resultou de um erro dos serviços de informações; os ataques líbios não foram erros; os aviões civis era mesmo um alvo.
Se Khadafi vem a Lisboa ouvir os lamentos dos emigrantes africanos, porque deixa que os emigrantes africanos que tentam atravessar o Mediterrâneo sejam tão mal tratados pelos líbios?
"Se Khadafi vem a Lisboa ouvir os lamentos dos emigrantes africanos, porque deixa que os emigrantes africanos que tentam atravessar o Mediterrâneo sejam tão mal tratados pelos líbios?"
Então, meu querido amigo Marco, sabes que temos a maior debandada de portugueses para o estrangeiro como já se não via desde os anos 60? Serão esses portugues mal tratados em Portugal?
Em '85 propus-me a ir trabalhar como electricista para a Líbia, depois de ter toda a papelada preenchida é que me lembrei de perguntar qual era o salário que ia auferir e, pasme-se, ia ganhar menos que o que ganhava em Portugal e, que um engenheiro electrotécnico ganhava lá o mesmo que ganhava por cá como electricista.
Pois é, Kadafi até pode nem nem ser o maior dos democratas, mas não nos esqueçamos que tinham saído de três colonizações sucessivas, a saber: Italianos, Ingleses e Norte americanos.
Quando se livraram das potências estrangeiras, a Líbia teve de enfrentar um enorme desafio, que era o de reconstruir um país a partir do nada. Kadafi com uma educação militar britânica tomou as rédeas do poder sem nunca se ter assumido como chefe ou presidente de estado líbio. De todas as individualidades africanas presentes na cimeira eu-ua, era o único que não era nem chefe de estado nem presidente. Veio apenas, e só, em representação da Líbia. Os Ingleses mandaram o ministro dos negócios estrangeiros.
Pergunta o amigo Marco quantos partidos há da oposição líbia? Francamente não sei. Em Portugal também houve durante muito tempo um partido único e que sustinha um "partido da oposição": A Oposição Democrática, e até iam a votos e tudo. Havia até uma corrente liberal de onde daíu Sá Carneiro e outras "ilustres" figuras do antigo regime. Tinham até um jornal de "oposição", o ACTUALIDADES, que era feito pela PIDE/DGS.
Pois, é verdade viviamos numa ditadura de Salazar e Caetano, mas havia uma forte oposição clandestina e outra ainda mais forte no estrangeiro, nomeadamente em França e em Inglaterra, ou seja existia uma forte oposição ao regime no exílio. Onde está a oposição líbia?, quer dentro, quer fora da Líbia?
Quem impôs à Líbia uma "red line"?
Kadafi, quer se goste, quer não é o único lieder vivo que enfrentou os USA e sobreviveu para o contar.
Ó meu amigo Marco, dá lá uma espreitadela no meu http://elfoverde.blog.sapo.pt e verás toda uma bibliografía da Líbia.
Tripoli já não é o que era no tempo de Krommel.
"Long life to Mohamar al Khadafi"
"Há uma enorme diferença entre o ataque à maternidade líbia e os atentados contra os aviões da PAM AM e da UTA. O primeiro resultou de um erro dos serviços de informações; os ataques líbios não foram erros; os aviões civis era mesmo um alvo."
Ó Marco, pelo amor de Deus, por causa de "um erro dos serviços de informações", os USA e os restantes "amigos" ou deveria dizer antes "capangas", invadiram, destruiram, assaltaram, roubaram e instalaram um governo fantoche no Iraque. Infelizmente o resto do mundo já se vai habituando aos:"um erro dos serviços de informações".
Infelizmente!
Olha Marco, não sou advogado nem simpatizante de Kadafi nem do seu regime, mas sei o que é viver num país isolado do mundo e a fazer passar a mensagem de o "império" ia da América à Asia. Pois é, Marco, somos todos tão bons rapazes. Só não percebo é como é que um ditador de um país cujo território é 85% deserto saahariano, consegue vir a Portugal e fazer propostas de negócios no valor estimado de cerca de 100.000.000 de euros ainda antes de começar a cimeira de Lisboa. Os empresários portugueses assinaram contratos com a Líbia para a construção de auto estradas, construção civil e oleodutos num país de regime ditatorial..., pois é, os petroeuros vieram substituir os petrodolares, quer se queira quer não.
Ah, e antes que me esqueça, a Líbia é um dos destinos turísticos mais procurados pelos portugueses, logo a seguir a Cuba. Será que os portugueses têm tantas saudades das ditaduras que preferem ir para este tipo de países?
Afinal parece que aquilo não é assim tão mau como o pintam.
Um abraço.
Ó Marco será que entrámos todos alegremente na ditadura do google?, é que já não consigo entrar aqui a não ser que tenha uma conta no no dito motor de busca. Vê lá a ironia, até eu tive de me submeter ao blog.sapo.pt
Elfo,
Não consegues entrar aqui? Como assim?
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