quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amin Maalouf e Um mundo sem Regras (3)

A universalidade dos Valores Fundamentais

No livro Um Mundo sem Regras, Amin Maalouf escreve:
Contrariamente à ideia preconcebida, o erro secular das potências europeias não foi terem querido impor os seus valores ao resto do mundo, mas muito exactamente o inverso: terem renunciado constantemente a respeitar os seus próprios valores nas suas relações com os povos dominados. Enquanto este equívoco não for resolvido, corremos o risco de voltar a cair nos mesmos erros.

O primeiro destes valores é a universalidade, ou seja, que a humanidade é uma. Diversa, mas uma. Por isso, é uma falta imperdoável transigir nos princípios fundamentais com o eterno pretexto de que os outros não estariam prontos para adoptá-los. Não há direitos do homem para a Europa e outros direitos do homem para a África, a Ásia ou para o mundo muçulmano. Nenhum povo na Terra é feito para a escravatura, para a tirania, para o arbitrário para a ignorância, para o obscurantismo, nem para a submissão das mulheres. Cada vez que negligenciamos esta verdade de base, traímos a humanidade e traímo-nos a nós mesmos. (p.60-61)

COMENTÁRIO:

Mais uma vez encontro um tremendo paralelismo entre as opiniões de Amin Maalouf e os ensinamentos Baha’is. Nos parágrafos acima encontro esse paralelismo na constatação da unidade e da diversidade da família humana, e na defesa da universalidade dos direitos humanos. Penso que nenhum Bahá’í ficará indiferente a estas palavras do escritor libanês.

Os repetidos elogios de 'Abdu'l-Bahá aos valores da liberdade e da democracia existentes na Europa e nos Estados Unidos, e a referência de Bahá'u'lláh à grande perturbação que o Ocidente tinha lançado no mundo, ecoam naquilo a que Amin Maalouf refere como a hipocrisia do Ocidente que esquece os valores que defende ao relacionar-se com outros povos.

Os direitos humanos não podem estar condicionados por particularidades nacionais e regionais, ou limitados por condicionantes históricas, culturais e religiosas. Cada ser humano possui um conjunto de direitos que podem se deduzidos e enumerados; não são direitos conquistados ou adquiridos; são inerentes à condição humana de cada indivíduo. Além disso esses direitos são inalienáveis, i.e. não podem ser negados ou anulados por outros ou pelo próprio indivíduo.

Sem comentários: