terça-feira, 30 de abril de 2013

Eleição da Casa Universal de Justiça


Os membros recém-eleitos da Casa Universal de Justiça. Da esquerda para a direita:  Paul Lample, Firaydoun Javaheri, Payman Mohajer, Gustavo Correa, Shahriar Razavi, Stephen Birkland, Stephen Hall, Chuungu Malitonga, e  Ayman Rouhani.
Delegados de 157 países elegeram ontem os membros da Casa Universal de Justiça (órgão dirigente da Fé Bahá'í a nível internacional). Os resultados da eleição dos nove membros da Casa Universal de Justiça foram anunciados há poucas horas. Os eleitos para o próximo mandato de cinco anos são Paul Lample, Firaydoun Javaheri, Payman Mohajer, Gustavo Correa, Shahriar Razavi, Stephen Birkland, Stephen Hall, Chuungu Malitonga e Ayman Rouhani.

A eleição decorreu no âmbito da 11ª Convenção Internacional Bahá’í que actualmente decorre em Haifa e coincide com o 50º aniversário da primeira eleição da Casa Universal de Justiça.

A Casa Universal de Justiça é uma instituição foi criada pelo próprio Bahá'u'lláh nos Seus próprios escritos com o objectivo de liderar a Comunidade Bahá’í. Também tem por incumbência exercer uma influência positiva sobre o bem-estar da humanidade, promovendo a educação, a paz e a prosperidade global, e salvaguardando a honra humana e o papel da religião.

Além disso, a Casa Universal de Justiça é ainda responsável por aplicar os ensinamentos Bahá’ís de acordo com as exigências de uma sociedade em constante evolução e legislar sobre assuntos que não estejam explicitamente abordados nos textos sagrados da Fé.

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FONTE: Universal House of Justice elected (BWNS)

sábado, 27 de abril de 2013

Prisioneiro de 67 anos em péssimas condições físicas e psicológicas

Riaz Sobhani, um cidadão Bahá’í de 67 anos de idade, preso desde Junho de 2011, por ajudar financeiramente o BIHE (Bahá’í Institute of Higher Education), encontra-se em terríveis condições físicas e psicológicas, especialmente devido à sua idade, declarou o seu filho à organização ICHRI (International Campaign for Human Rights in Iran). O prisioneiro Bahá’í foi hospitalizado em Maio de 2012 devido a um problema cardíaco grave.

"O Gabinete de Exames Médicos tinha-lhe prescrito dois meses de licença médica para os cuidados e testes médicos, mas os funcionários só concordaram com um seis semanas de licença para o meu pai, que foi concedida uma semana de cada vez, e a minha família teve que solicitar o prolongamento da licença todas as semanas. Felizmente, o meu pai pôde ficar em casa durante um mês e meio e completou os seus testes durante esse tempo. Ele entrou de licença em Março passado e voltou para a prisão no início de Abril. Mas minha família notou durante as visitas dele que as suas condições psicológicas são más e que ele estava mais fraco fisicamente. Aos 67 anos de idade, é muito difícil para ele voltar para a prisão e para suportar aquelas duras condições", disse Naim Sobhani ao ICHRI sobre a situação do seu pai.

"Depois de uma das suas artérias se ter bloqueado no ano passado, o meu pai foi para o hospital em Julho passado e foi operado; após dois dias, foi novamente levado para a prisão e não pôde receber cuidados médicos. A sua condição deteriorou-se diariamente até que Gabinete de Exames Médicos lhe prescreveu dois meses de licença médica", acrescentou Naim Sobhani.

Descrevendo as condições de higiene da prisão Rajaee Shahr em Karaj, o filho de Riaz Sobhani afirmou à ICHRI: "Cada céla foi construída para dois prisioneiros, actualmente tem 4 ou 5 prisioneiros. Em cada uma dessas célas, aparentemente, só há uma cama de metal, e esta cama é dividida entre os prisioneiros, ou a pessoa mais idosa ou doente dorme nela. Cada prisioneiro tem apenas um cobertor, e isso torna as condições muito difíceis para os presos no inverno. Os WC’s e os chuveiros da prisão são imundos e anti-higiénicos. A comida da prisão não tem qualquer qualidade, e não há fiscalização, porque eles não consideram prisioneiros como seres humanos. Naturalmente, isso é muito difícil para um prisioneiro de 67 anos".

Riaz Sobhani era membro da Assembleia Bahá'í em Teerão antes da sua dissolução em 2008, quando sete dirigentes da comunidade Bahá’í foram presos e, posteriormente, condenados a 10 anos de prisão, cada um. "Em Junho, completam-se dois anos desde que meu pai foi preso. Esperamos que ele seja liberado, pois ele já terá cumprido metade da sua pena. Nós só esperamos que os seus advogados e as autoridades possam fazer isso acontecer, pois a prisão é realmente muito difícil para um homem velho e doente e cada dia da sua permanência na prisão torna-o mais fraco. Espero que as autoridades judiciais ouçam as nossas vozes e o libertem", disse Sobhani ao ICHRI.

Sobhani foi julgado em 1 de Outubro de 2011, no Ramo 28 do Tribunal Revolucionário de Teerão, pelo Juiz Moghisseh, sob a acusação de "prestar assistência financeira ao BIHE", e foi condenado a quatro anos de prisão. A sua pena foi confirmada na fase de recurso. O primeiro advogado de Riaz Sobhani, Abdolfattah Soltani, também está actualmente na mesma prisão.

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FONTE: 67-year-old Baha’i Prisoner’s Psychological and Physical Health Suffers (ICHRI)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Mazgani: «Tenho esperança para o Irão e para o mundo»

Nascido no Irão, mas há mais de 30 anos em Portugal, Shahryar Mazgani cresceu em Setúbal depois de a sua família ter deixado o país natal. Seguidores da religião bahá'i, os pais do músico foram obrigados a procurar uma vida melhor fora de um Irão intolerante para com outras crenças após a Revolução Islâmica de 1979.

«Os meus pais decidiram vir para Portugal precisamente por serem bahá'i, uma minoria perseguida de forma muito violenta nessa altura, e que continua a ter a vida muito dificultada nos dias que correm com os jovens bahá'i sem acesso às universidades, por exemplo», explicou Mazgani em entrevista ao tvi24.pt.

O músico, que chegou ao nosso país com apenas 5 anos, é também ele praticante da fé bahá'i. Uma religião fundada na Pérsia do século XIX, e que dá importância à unidade espiritual da humanidade. Mazgani lamenta as «histórias muito dramáticas e difíceis» que continuam a assombrar a população bahá'i num Irão atualmente liderado pelo aiatola Ali Khamenei e pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad.

«Esta realidade que reina neste momento no Irão é uma que me entristece. Imagino que, se as coisas se alterassem de alguma forma, se tornasse para mim uma viagem prioritária, para conhecer melhor [o país]», admitiu Mazgani, que manteve o contacto com a cultura persa através da língua farsi, da música e da literatura, mas que nunca mais chegou a pisar solo iraniano.

Mazgani: «sonho antigo» tornado realidade ao terceiro disco

No entanto, o músico acredita num futuro melhor que leve à mudança de mentalidades no Irão e no resto do mundo. Para Mazgani, as crises combatem-se com muito otimismo.

«Tenho esperança. É uma coisa morosa, com certeza, mas tenho esperança. E tenho esperança para o Irão, e tenho esperança para o mundo e para a humanidade. A palavra é obsoleta, mas sou otimista.»

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FONTE: Mazgani: «Tenho esperança para o Irão e para o mundo» (com vídeo)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Celebrando o 150º aniversário da Declaração de Bahá'u'lláh

Artigo de Shastri Purushotma, publicado no Huffington Post.
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No dia 21 de Abril deste ano, a Comunidade Bahá’í vai celebrar o 150º aniversário do dia em que Bahá'u'lláh, fundador da Fé Bahá'í, anunciou em público pela primeira vez a Sua missão num jardim de Bagdade, dando origem assim à Comunidade Bahá’í que hoje compreende praticamente todos os grupos étnicos humanidade em mais de 200 países e territórios.

Num certo sentido, as festividades globais que envolvem pessoas de milhares de grupos étnicos são uma característica da mensagem central da Fé Bahá'í: chegou um momento de felicidade para toda a raça humana que gradualmente evolui de um estado de adolescência colectiva para uma fase de maturidade e plenitude. "Nós desejamos o bem do mundo e a felicidade das nações", disse Bahá'u'lláh para Edward Granville Browne, o académico da Universidade de Cambridge, que o entrevistou em 1890, "que os laços de afecto e união entre os filhos dos homens se fortaleçam... que mal há nisso?... essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas hão de passar, e a «Mais Grandiosa Paz» virá". Estas palavras apresentam um esboço do objectivo dos ensinamentos de Bahá'u'lláh e do trabalho da comunidade Bahá’í nos dias de hoje.

Mirzá Husayn Ali era um seguidor proeminente da religião Bábí que teve inicio em Shiraz, Pérsia, 19 anos antes; era conhecido pelos membros desta comunidade por "Bahá'u'lláh" (uma expressão árabe que significa "Glória de Deus"). Um dos ensinamentos centrais da religião Bábí era a expectativa do iminente aparecimento de outro Mensageiro Divino que iria cumprir muitas das promessas implícitas na religião - não diferentes das expectativas no Hinduísmo, Judaísmo, Budismo, Zoroastrismo, Cristianismo e Islamismo a respeito de um tempo futuro de cumprimento e realização.

Santuário de Bahá'u'lláh, no norte de Acre, na Terra Santa (clique na imagem para ampliar)

Em 21 de Abril de 1863, quando estava prestes a ser exilado de Bagdade para Constantinopla, Bahá'u'lláh permaneceu durante 12 dias num jardim em Bagdade, conhecido como "Jardim de Ridván (Paraíso)" e foi aqui que Ele deu a conhecer aos membros da comunidade Bábí ali reunida que Ele era o prometido eles aguardavam.

Este foi um momento de grande alegria para o Bábís, que tinham sofrido nos anos anteriores a execução do fundador da sua religião (conhecido como "O Báb") e o massacre de mais de 20 mil membros da sua comunidade. Uma das pessoas presentes no jardim Ridván deixou um relato da cena que descreve o sentimento da ocasião:
"Todos os dias, antes da hora da madrugada, os jardineiros iria colher as rosas que eram alinhadas ao longo das quatro alamedas do jardim, e empilhadas no centro do chão da Sua tenda (de Bahá'u'lláh). Tão grande era o amontoado que quando os Seus companheiros se reuniram para beber o chá da manhã na Sua presença, não eram capazes de se ver uns aos outros através deste."

Bahá'u'lláh descreveu esta ocasião como "O Mais Grandioso Festival", o "Rei dos Festivais", e o "Festival de Deus". Os Bahá’ís comemoram o primeiro (21 de Abril), o nono (29 de Abril) e o último dia (02 de Maio) dos 12 dias do Festival Ridván como dias sagrados e sempre que possível não trabalham nessas ocasiões. O significado de cada um é o seguinte: o primeiro dia de Ridván é quando Bahá'u'lláh entrou no jardim e anunciou a Sua missão; o nono é quando Sua família se juntou a Ele; e foi no décimo-segundo que Ele abandonou o jardim e continuou a viagem de exílio para Constantinopla.

Um "Taj" (chapéu) usado por Bahá'u'lláh (clique na imagem para ampliar)

Nos anos seguintes a este anúncio para um pequeno grupo de Bábís no jardim Ridván, e apesar das limitações impostas por ser um prisioneiro e exilado, Bahá'u'lláh escreveu aos governantes do mundo daquela época e delineou um plano para a paz unificação da raça humana. Foram escritas cartas para Napoleão III de França, o Kaiser Guilherme I da Alemanha, a Rainha Vitória da Inglaterra, o Sultão Abdul-Aziz, o Papa Pio IX e outros. Apesar de ter sido ignorado na época, algumas das ideias nestas cartas foram parcialmente implementadas algumas gerações mais tarde, pelo Presidentes dos EUA Woodrow Wilson e Franklin D. Roosevelt, logo após a Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

É sempre benéfico para pessoas com, ou sem, formação religiosa saber mais sobre os Fundadores de sistemas religiosos do mundo, pois esse conhecimento permite entender melhor as suas próprias crenças, e também relacionar-se com os outros. Os leitores perceberão que aprender sobre Bahá'u'lláh é particularmente fascinante, porque Ele, além de reafirmar os ensinamentos morais essenciais de todas as grandes religiões mundiais, também escreveu sobre questões globais e sociais, actuais e futuras, como a diplomacia, a segurança colectiva, o papel dos meios de comunicação, a língua internacional, os problemas económicos, a vida em outros lugares do universo, a medicina, os sonhos, o meio-ambiente, a energia, a governação global, a agricultura, educação e muitos outros.

Se você nunca leu escrituras de Bahá'u'lláh, talvez possa descobrir que uma maneira muito agradável para passar os belos dias da primavera entre 21 de Abril a 02 de Maio deste ano é saborear um chá da manhã (ou um café ou qualquer bebida matinal à sua escolha), junto a um monte de rosas e com algumas obras de Bahá'u'lláh, para perceber porque é que aquele grupo estava tão entusiasmado em Bagdade, há 150 anos atrás.

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Texto original em Inglês: Celebrating the 150th Anniversary of Baha'u'llah's Declaration
 

sábado, 13 de abril de 2013

Ser Bahá'í no Paquistão

Shobha Das, directora de programas da Minority Rights Group, visitou recentemente Islamabade. Neste texto ela relata um encontro com um membro da comunidade Baha'i que lhe descreveu a sua conversão do islamismo, e as consequências da sua mudança de fé.

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Centro Bahá'í, Islamabade
L. nasceu muçulmano no Baluchistão, filho de uma mãe Baluche e de pai Pashtune. O Baluchistão ocupa a maior massa de território das províncias do Paquistão, mas é o lar de menor população das províncias do país. Embora tenha vastos recursos naturais (petróleo e gás, carvão, entre outros), é extremamente pobre.

Os nacionalistas baluches têm estado envolvidos num conflito com o governo do Paquistão durante décadas devido a abusos de direitos humanos e de partilha de rendimentos; alguns nacionalistas querem nada menos do que a secessão total. Segundo a Amnistia Internacional, Baluchistão sofre de uma "crise de direitos humanos". Todos os dias, grupos de militantes armados põem em perigo a vida de civis, e as forças do governo são, alegadamente, responsáveis por um número crescente e alarmante de assassinatos e sequestros.

L. abandonou o Baluchistão e mudou-se para a capital paquistanesa, Islamabade, devido ao conflito, "Foi por causa dos meus filhos; eu não sabia como mantê-los em segurança lá", afirma. Depois de crescentes desilusões com a forma como o Islão era praticado, L. teve uma série de experiências espirituais muito intensas. Como resultado destas, um dia L. encontrou-se no Centro de Bahá’í de Islamabad. A religião não é proselitista, mas após algumas conversas com outras pessoas no Centro, ele rapidamente se convenceu sobre o valor da religião para lidar com as dúvidas espirituais que o atormentavam. Pouco tempo depois, deu por si trocando o Islão pela Fé Bahá’í.

O que é atraente, afirma ele, é a mensagem da unidade humana. Para ele, isto é a religião que transcende todas as outras, com a sua mensagem de que "Deus é um, o homem é um, e todas as religiões são uma só."

Estrela Bahá'í com símbolos de outras religiões
No tecto do Centro está uma imagem gigantesca em vidro com da estrela Bahá'í e com os símbolos de religiões mais importantes do mundo. L. já aprendeu a ler e escrever persa para melhor aceder aos textos sagrados Baha'is, e vive com a sua família nas instalações do Centro Baha'i, onde cuida orgulhosamente e com sucesso para um jardim florescente ao redor do centro de recursos e da biblioteca.

Há cerca de 200 Bahá’ís em Islamabade, e talvez dois ou três mil em todo o Paquistão. Pergunto-lhe se os 200 de Islamabad usam este centro como local de culto. L. diz-me que os Bahá’ís não costumam rezar em congregação; o seu culto é um acto pessoal de comunhão com o seu Deus.

Em Islamabade, a vida para os Bahá’ís não é difícil, diz-me L. Não há discriminação activa e ele não está preocupado que as pessoas digam que ele é Bahá’í. Aqui, ele usa roupas ocidentais: um camisola grossa para suportar o inverno frio de Islamabad, sapatos fortes e calças para o exterior que poderíamos usar numa caminhada de verão alpino.

Cartaz no Centro Bahá'í
No entanto, quando vai a casa no Baluchistão, ele veste as suas roupas Pathan de salwars e túnicas largas; se usar qualquer outra coisa, afirma, seria pedir mil perguntas e reprimendas, ou pior. Além disso, a sua família no Baluchistão não sabe que ele já não é muçulmano. Também nunca lhes iria dizer, diz ele, porque instantaneamente eles deserdá-lo-iam. Os seus filhos e esposa também são Bahá’ís mas isso nunca é mencionado quando estão no Baluchistão. Quando lá estão, acrescenta, "todos nós fazemos o namaaz e enquadramo-nos na cultura muçulmana. Não há outra maneira. "

Documentos de identidade no Paquistão exigem a declaração da religião do titular. Os documentos de identidade de L. não foram alterados desde a sua conversão; ele ainda é apresentado como um muçulmano. Se ele mudar isso, as viagens de visita ao Baluchistão estarão cheias de riscos de risco - as minorias religiosas no Paquistão estão todas muito conscientes de recentes incidentes com autocarros a ser parado em áreas remotas, sendo pedido aos passageiros os cartões de identificação; os membros das minorias são assim identificados e mortos a tiro. Mas ele gostaria de ter a sua nova religião nos seus papéis. "Tudo a seu tempo", diz ele.

No entanto, diz com orgulho, quando registar os documentos de identidade das crianças, ele vai declará-los como Bahá’ís. Pergunto-lhe se eles vão ser capazes de falar mais livremente das suas crenças religiosas quando forem crescidos. "Inshallah", responde. "Inshallah".

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FONTE: A Pakistani Baha’i’s story

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Entrevista com a Sra Janet Khan

In English, with subtitles in Portuguese.
To skip the introduction go to 0:43.

Programa "A Fé dos Homens", transmitido no dia 28/Janeiro/2013.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

De olho na revolução egípcia: uma perspectiva Bahá'í

O site egípcio Ahram Online perguntou a 10 pessoas que participaram na revolução egípcia de 25 de Janeiro como vêem a actual situação política do Egipto dois anos após a queda de Mubarak. O texto que se segue é a tradução de uma dessas entrevistas com uma jovem Baha’i.
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Natacha Chirazi, uma jovem Bahai jovem criada na Austrália, chegou ao Egipto com vinte e poucos anos para conhecer  o país de onde os seus pais haviam emigrado.

Apesar do desafio do indisfarçável sentimento anti-Bahai, ela ligou-se imediatamente ao país, e ficou no Egipto com seu marido e seu filho Leo, que é um Bahai de sétima geração.

Excertos:

* Eu acredito que uma boa parte do nosso problema hoje é que nós nos tornamos muito envolvidos nos factores de divisão de política que nos afastam da causa da revolução 25 de Janeiro. Compreendo que existam diferenças, mas também acredito - e isso é parte da minha fé como Bahai - que precisamos de encontrar o que nos pode unir. Precisamos de procurar a prosperidade material e espiritual através da nossa unidade.

* Quando cheguei a este país com um passaporte australiano sabia muito bem os problemas relacionados com a obtenção de um cartão de identidade egípcio para os bahais egípcios, e por isso, não votei. Mas para ser honesta, se pudesse votar, teria um problema, porque não estava totalmente convencida por nenhum dos candidatos. Cada um deles parecia estar a afastar-se para longe do apelo à unidade. Eu penso que a melhor coisa da revolução foi o seu apelo à unidade; na verdade, ela encarna a unidade.

* Pessoalmente, não me juntei às manifestações porque como Bahai não acredito necessariamente nas manifestações; mas o que fiz foi juntar-me às multidões que foram à praça Tahrir, no dia 12 de Fevereiro, um dia depois da renúncia de Mubarak, para ajudar a limpar. Nesse dia senti que estávamos todos unidos. Todos pertencíamos a este país e todos nós sentimos que queríamos que fosse um país melhor e mais bonito e cada um de nós, à sua maneira estava a fazer exactamente isso.

* Hoje, quase dois anos depois, apesar da centelha ter desaparecido, a fé ainda lá está e é isso que temos de aproveitar. Não é tarde demais para encontrarmos o que nos pode unir, e para ser honesta, é óbvio. Precisamos encontrar a prosperidade para todos. Eu acho que, independentemente de nossa discordância e até mesmo insatisfação com o desempenho da nova liderança, ainda podemos concordar em muita coisa.

* Eu não diria que a revolução de 25 de Janeiro fracassou porque foi incapaz de acabar com a discriminação que bahais enfrentam em termos de cidadania, pois a revolução ainda terá sucesso em muitas outras frentes para acabar com a discriminação e para cumprir o apelo de justiça e dignidade para todos. Não posso negar que ter um cartão de identidade com um traço na secção de religião é algo que me incomoda; mas ao mesmo tempo não vejo que isso seja muito diferente da discriminação que os pobres enfrentam, quer se goste ou não, quando por exemplo, eles não conseguem dar uma boa educação aos seus filhos.

* Apesar das dificuldades, estou determinada a viver aqui e a educar o meu filho aqui e não noutro lugar. E tenho esperança que quando ele for crescido, ele não tenha que sentir muita discriminação como Bahai pois as coisas terão evoluído de forma a eliminar as disparidades em geral.

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FONTE: Eye on the revolution: Natacha Chirazi, a Bahai view (Ahram Online)