sábado, 15 de março de 2014

Os Ateus dizem que a Religião provoca Ignorância e Ódio

Por David Langness.

Uma série de filósofos, pensadores e comentadores ateus escreveram livros e ensaios influentes ao longo das últimas décadas, afirmando cada um deles que a religião se tornou uma força de ódio, violência e mal no mundo. Escritores como Sam Harris, Christopher Hitchens e Richard Dawkins publicaram manifestos ateus populares. A maioria dos seus livros, como a seguinte citação de O Fim da Fé, contêm alguma variante sobre a ideia da religião como um "mero acidente da história", onde "é considerado normal na nossa sociedade acreditar que o criador do universo pode ouvir as nossas preces, mas considera-se como sintoma de doença mental a convicção de que ele pode comunicar connosco em código morse através do baquetear da chuva na janela do nosso quarto"(p. 78). Na verdade, Harris e outros, equiparam constantemente a religião à loucura, e clamam por uma visão ateísta e racional da realidade baseada apenas nos aspectos mais elevados da natureza humana. Harris afirma que:
Os únicos anjos que precisamos invocar são as da nossa melhor natureza: a razão, honestidade e amor. Os únicos demónios que devemos temer são aqueles que se escondem dentro de todos os espíritos humanos: a ignorância, o ódio, a ganância e a fé, que é seguramente obra do diabo (p.253).
Pode ser surpreendente perceber que, em muitos aspectos - mas não todos - os ensinamentos Bahá’ís realmente concordam com partes importantes desta análise. É claro que, ao contrário dos filósofos ateus, os Bahá’ís acreditam em Deus. No entanto, 'Abdu'l-Bahá exortou-nos a afastarmo-nos completamente de qualquer religião que leve a humanidade à desunião, ao ódio e à guerra:
... os ensinamentos divinos estão destinados a criar um vínculo de unidade no mundo humano e estabelecer as bases do amor e da comunhão entre os homens. A religião divina não é um motivo de discórdia e desentendimento. Se a religião se torna a fonte de antagonismo e conflito, então a ausência de religião é preferível. A religião está destinada a despertar a vida do corpo político; se se torna causa da morte para a humanidade, a sua não existência seria uma bênção e benefício para o homem. (Foundations of World Unity, p. 22)
Na verdade, Bahá’u’llah proclamou os ensinamentos Bahá’ís devido ao declínio profundo e desastroso da religião; porque os ensinamentos das anteriores religiões se tinham corrompido; porque a ignorância, o ódio e a ganância floresceram em nome da religião, por todo o mundo. Os ensinamentos Bahá’ís apelam a uma nova fé, revitalizada em Deus; à compreensão da realidade mística subjacente a todas as coisas; a uma re-dedicação das virtudes espirituais eternas da razão, honestidade e amor. A visão Bahá’í do futuro da humanidade consagra o conceito de iluminação humana através de uma crença positiva e benéfica de que Deus não nos deixou sem orientação:
Depois de cada noite há um amanhecer. Na suprema sabedoria de Deus está decretado que, quando as trevas do ódio e hostilidade religiosa, a obscuridade da ignorância religiosa, a superstição e imitações cegas cobrirem o mundo, o Sol da Verdade levantar-se-á e o espírito da realidade manifestar-se-á e reflectir-se-á nos corações humanos... Em breve, a escuridão terminará por completo, e as regiões do Oriente tornar-se-ão completamente iluminadas; a inimizade, o ódio, a ignorância e o fanatismo não permanecerão; os poderes satânicos que destroem a igualdade humana e unidade religiosa serão destronados, e as nações viverão em paz e harmonia, sob a bandeira desfraldada da unicidade da humanidade. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, pags 440-441)
Em muitos aspectos, os novos ateus salientam o mesmo tópico que Bahá'u'lláh no século 19, e 'Abdu'l-Bahá fez há um século - que os dogmas ultrapassados e rituais antiquados, sistemas de crenças sectários e divisivos, todos se tornam uma aflição colectiva para a humanidade, em vez de um remédio:
A religião deve ser motivo de afecto. Deve ser um portador de alegria. Se se tornar a causa da diferença, seria melhor bani-la. Se se torna fonte de ódio, ou a guerra, seria melhor que não existisse. Se um remédio provoca ainda mais doenças, é melhor descartar remédio. ('Abdu'l-Bahá, Divine Philosophy, p. 82) 
 Não há dúvida que os novos escritores e filósofos ateus descobriram esta verdade auto-evidente da idade moderna, ao perceber que a humanidade tem que descartar as suas crenças antiquadas e encontrar um novo caminho em direcção ao seu destino. Mas essa verdade parcial incide apenas sobre a escuridão do inverno, e ignora a luz da nova primavera. Essa verdade parcial não consegue ter a visão global, nem captar todo o âmbito do ciclo da história humana em que vivemos e lutamos agora. Mais importante ainda, essa verdade parcial deixa de fora o surgimento de Bahá'u'lláh, o portador de uma nova fé para a humanidade.

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Texto Original: Atheists Say Religion Causes Ignorance and Hatred (bahaiteachings.org)

Texto anterior: Religião: o Agente Mais Nocivo neste Planeta? 

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David Langness é jornalista e critico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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