Deve existir uma solução para os problemas sociais e questões económicas baseada na justiça para todos (’Abdu’l-Baha, Star of the West, Volume 6, p. 314.)Na sua recente encíclica sobre a pobreza e o ambiente intitulada Laudato Si ', o Papa refere frequentemente o problemas da corrupção:
…quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objectiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar.. (¶123)A encíclica critica a forma como os métodos e os objectivos da ciência e da tecnologia se tornam um paradigma epistemológico, com um reducionismo em que os produtos tecnológicos acabam por condicionar estilos de vida e moldar possibilidades sociais segundo regras ditadas pelos interesses de certos grupos poderosos. O paradigma tecnológico tornou-se tão dominante que seria difícil viver sem os seus recursos e ainda mais difícil de utilizá-los sem ser dominado pela sua lógica interna. Especialização tecnológica torna difícil ver o panorama geral:
A fragmentação do saber realiza a sua função no momento de se obter aplicações concretas, mas frequentemente leva a perder o sentido da totalidade, das relações que existem entre as coisas, do horizonte alargado: um sentido, que se torna irrelevante. Isto impede de individuar caminhos adequados para resolver os problemas mais complexos do mundo actual, sobretudo os do meio ambiente e dos pobres, que não se podem enfrentar a partir duma única perspectiva nem dum único tipo de interesses. Uma ciência, que pretenda oferecer soluções para os grandes problemas, deveria necessariamente ter em conta tudo o que o conhecimento gerou nas outras áreas do saber, incluindo a filosofia e a ética social. (¶110)Esta referência a uma ciência de "grandes questões" reflecte os apelos da comunidade científica para uma nova ciência da sustentabilidade integrada em todas as disciplinas. Também reflecte os ensinamentos Bahá'ís sobre entendimento básico e equilíbrio necessário entre a ciência e a religião:
Qualquer crença religiosa que não esteja de acordo com provas e investigações científicas é superstição, pois a verdadeira ciência é a razão e a realidade, e a religião é essencialmente a realidade e a razão pura; assim, os dois devem concordar. O ensinamento religioso que estiver em desacordo com a ciência e a razão é invenção humana e imaginação indigna de aceitação, pois a antítese e oposto do conhecimento é a superstição nascida da ignorância do homem. Se dizemos que a religião se opõe à ciência, então não temos conhecimento da verdadeira ciência ou da religião verdadeira, pois ambas se baseiam nos pressupostos e conclusões da razão, e ambos devem passar no seu teste. (Abdu'l-Baha, The Promulgation of Universal Peace, p. 104.)A ampla crítica do Papa à corrupção alarga-se ao sistema económico, e à aceitação fácil de:
...a ideia dum crescimento infinito ou ilimitado, que tanto entusiasmou os economistas, os teóricos da finança e da tecnologia. Isto supõe a mentira da disponibilidade infinita dos bens do planeta, que leva a «espremê-lo» até ao limite e para além do mesmo. (¶106)O poder absoluto do sistema financeiro só vai dar origem a novas crises, diz o Papa:
A crise financeira dos anos 2007 e 2008 era a ocasião para o desenvolvimento duma nova economia mais atenta aos princípios éticos e para uma nova regulamentação da actividade financeira especulativa e da riqueza virtual. Mas não houve uma reacção que fizesse repensar os critérios obsoletos que continuam a governar o mundo. (¶189)
O paradigma tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política. A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em função do lucro, sem prestar atenção a eventuais consequências negativas para o ser humano. A finança sufoca a economia real. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e, muito lentamente, se aprende a lição do deterioramento ambiental… quando parece não preocupar-se com o justo nível da produção, uma melhor distribuição da riqueza, um cuidado responsável do meio ambiente ou os direitos das gerações futuras. … Não temos suficiente consciência de quais sejam as raízes mais profundas dos desequilíbrios actuais: estes têm a ver com a orientação, os fins, o sentido e o contexto social do crescimento tecnológico e económico. (¶109)
As previsões catastróficas já não se podem olhar com desprezo e ironia. Às próximas gerações, poderíamos deixar demasiadas ruínas, desertos e lixo. O ritmo de consumo, desperdício e alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades do planeta, que o estilo de vida actual – por ser insustentável – só pode desembocar em catástrofes, como aliás já está a acontecer periodicamente em várias regiões. A atenuação dos efeitos do desequilíbrio actual depende do que fizermos agora, sobretudo se pensarmos na responsabilidade que nos atribuirão aqueles que deverão suportar as piores consequências. (¶161)Os ensinamentos Bahá'ís concordam e exigem uma solução espiritual para crise económica e para a corrupção:
Nenhum livro religioso dos profetas do passado fala da questão económica, mas este problema foi resolvido completamente nos ensinamentos de Bahá'u'lláh. Algumas leis foram reveladas para garantir o bem-estar de toda a humanidade. Tal como o homem rico gosta do seu repouso e dos seus prazeres rodeado por luxos, o pobre homem também deve ter um lar, dispor de sustento, e não viver carenciado. Enquanto isto não for realizado, a felicidade é impossível. Todos são iguais aos olhos de Deus; os seus direitos são um e não há distinção entre as almas; todos estão protegidos sob a justiça de Deus. ('Abdu'l-Baha, Star of the West, Volume 6, p. 5)
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Texto original: Rooting Out the Corruption in our Economic Systems (bahaiteachings.org)
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Arthur Lyon Dahl foi investigador do Museu de História Natural de Washington e consultor da UNCED (United Nations Conference on Environment and Development). É autor de diversas publicações e actualmente é Presidente do Forum Ambiental Internacional, em Genebra (Suiça)
1 comentário:
não deveria existir dinheiro no mundo...deviamos todos ser livres até nesse ponto.
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