sábado, 2 de janeiro de 2016

Quando a Psicologia e a Espiritualidade se encontram

Por David Langness.


A espada de um carácter virtuoso e uma conduta íntegra é mais afiada do que lâminas de aço. (Bahá'u'lláh, Epistle to the Son of the Wolf, p. 29
Honestidade, virtude, sabedoria e um carácter santo redundam na exaltação do homem, enquanto desonestidade, impostura, ignorância e hipocrisia levam ao seu rebaixamento. Pela Minha vida! A distinção do homem não está nos ornamentos ou na riqueza, mas sim na conduta virtuosa e na verdadeira compreensão. (Bahá'u'lláh, Tablets of Baha’u’llah, p. 57
Ó povo de Deus! Não vos ocupeis com os vossos próprios interesses; deixai que os vossos pensamentos se fixem naquilo que reabilite os destinos da humanidade e santifique os corações e as almas dos homens. Isso pode ser conseguido melhor através de actos puros e santos, através de uma vida virtuosa e um comportamento admirável. (Bahá'u'lláh, Tablets of Baha’u’llah, p. 86)
A ciência da psicologia, desde que surgiu há quase um século, teve dificuldades para reflectir e estudar sobre as virtudes humanas. O "modelo médico" da psicologia e psiquiatria iniciais começou por se focar nas nossas perturbações, doenças e deficiências, ignorando os aspectos positivos do carácter humano. Em vez de estudar o carácter e a moralidade, a psicologia designava os aspectos positivos e as virtudes como "impulsos inconscientes."

Em 2004, as coisas começaram a mudar quando Peterson e Seligman publicaram o livro Character Strengths and Virtues Handbook. Eles mostraram convincentemente que "uma atenção exclusiva naquilo que está errado nas pessoas pode levar-nos a ignorar o que é certo e exclui a possibilidade de que uma das melhores maneiras de destruir a fraqueza de alguém consiste em encorajar as suas forças." (pags 55. -56)

Esta revolução na psicologia realçou toda a área dos atributos, características e virtudes que os seres humanos podem desenvolver; mas além disso, conseguiu fazer uma convergência dos pensamentos mais avançados no estudo da psique humana e da alma humana.

A psicologia positiva e os novos ensinamentos espirituais da Fé Bahá'í reflectem-se mutuamente, salientando que os seres humanos são essencialmente nobres e têm capacidade para reflectir as mais excelentes das virtudes. Podemos desenvolver, com empenho e reflexão, uma realidade interior saudável, estável e radiante, encontrar um caminho para uma vida boa cultivando conscientemente as nossas virtudes espirituais. Além de apresentar conselhos práticos para a felicidade, os ensinamentos Bahá'ís afirmam que o caminhar para atingir as virtudes humanas representa o nosso objectivo fundamental como seres humanos:
O propósito da criação do homem é o alcançar das virtudes supremas da humanidade através da obtenção das dádivas celestiais. ('Abdu'l-Baha, The Promulgation of Universal Peace, p. 4)
Esta nova união entre psicologia e espiritualidade tem profundas implicações na forma como vivemos as nossas vidas. Exige-nos que nos voltemos para o nosso interior e exploremos as nossas almas, para contemplar e desenvolver conscientemente as nossas mais altas e ditosas características e virtudes humanas, para encontrar maneiras de transformar a nossa realidade interior em acção no mundo exterior.

O seguinte excerto das Escrituras de Bahá'u'lláh simboliza esse caminho positivo psicológico e espiritual:
Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio. Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar brilhante e acolhedor. Sê um tesouro para o pobre, um conselheiro para o rico, uma resposta ao pranto do necessitado, e preserva a santidade da tua promessa. Sê recto no teu julgamento e comedido nas tuas palavras. Com ninguém sejas injusto e mostrai toda a brandura a todos os homens. Sê como uma lâmpada para os que caminham nas trevas, uma alegria para o triste, um mar para o sedento, um refúgio para o aflito, um apoiante e defensor da vítima da opressão. Que a integridade e a rectidão distingam todos os teus actos. Sê um lar para o forasteiro, um bálsamo para o sofredor, uma fortaleza para o fugitivo. Sê os olhos para o cego e um farol para os pés dos que se perdem. Sê um adorno para o semblante da verdade; uma coroa na fronte da fidelidade; um pilar no templo da rectidão; um sopro de vida no corpo da humanidade; um estandarte das hostes da justiça; uma estrela sobre o horizonte da virtude; uma gota de orvalho no solo do coração humano; uma arca no oceano do conhecimento; um sol no céu da generosidade; uma jóia no diadema da sabedoria; uma luz radiante no firmamento da tua geração; um fruto na árvore da humildade. (Bahá'u'lláh, Epistle to the Son of the Wolf, p. 93-94)

-----------------------------
Texto original: Psychology and Spirituality Come Together (www.bahaiteachings.org)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

Sem comentários: