sábado, 29 de outubro de 2016

O que é Deus?



Um amigo ateu (a que vou chamar “Maynard”) colocou uma série de perguntas sobre Deus que achei suficientemente interessantes para lhe dar uma resposta.

Questão nº 1: Deus é uma entidade (a) material ou (b) não-material? (ou seja, Deus é feito do mesmo tipo de material como protões, electrões, etc., com propriedades como massa, carga, rotação, etc. tal como qualquer outra coisa existente no universo, ou é feito de algo não-material?)

Ciclicamente, alguém que afirma ser porta-voz de Deus tenta explicar isto à humanidade. Talvez isso seja um bom ponto de partida - a hipótese de um Ser original, uma Primeira Causa. Vejamos o que dizem os Profetas de Deus e os defensores deste conceito:

Todo o universo visível vem do meu Ser invisível. Todos os seres descansam em mim, mas Eu não tenho o Meu descanso neles, e na verdade eles não descansam em Mim. Considera o meu mistério sagrado: Eu sou a fonte de todos os seres, Eu apoio todos, mas Eu não descanso neles. (Krishna, Bhagavad Gita 9: 4)

Como escritora, eu "percebo" o que ele quer dizer. Eu posso dizer que estou "dentro" dos livros que escrevo. Eu criei as personagens e a história a partir da minha imaginação e dos meus pensamentos mais profundos, e as personagens continuam a viver e a crescer na minha mente. Mas eu não estou literalmente dentro livro. Não estou abrangida ou condicionada pela história nas suas páginas, nem tenho que respeitar as regras que estabeleci para o meu universo ficcional. No entanto, existe uma grande quantidade de "mim" nele. O livro reflecte as minhas emoções sobre certas coisas e pessoas; revela os meus processos de pensamento e, em alguns casos, mostram vislumbres de minha vida.

Assim, tal com Krishna, eu posso dizer "Todo o meu universo literário visível vem do meu ser invisível. Todas as personagens têm o seu descanso (e origem) em mim, mas eu não descanso nelas. Na verdade, eles não descansam em mim. Eu sou a sua fonte, e apoio-os a todos ao escrever sobre eles, mas eu não estou dentro eles." Por outras palavras, eu não sou definida por eles ou limitada por eles. Eu não começo nem termino neles, mas transcendo-os. A sua realidade reflecte a minha realidade e o meu intelecto.

Bahá'u'lláh (o fundador da Fé Bahá'í) afirma que Deus está num plano de existência acima da nossa compreensão, tal assim nós estamos acima da compreensão, digamos, de uma personagem fictícia. Deus não está limitado, estritamente falando, pelas leis do universo físico que Ele criou, tal como eu não estou condicionada pelas leis que criei para um mundo de fantasia num dos meus romances.

E sobre isto, Bahá'u'lláh também diz algo mais interessante, que ecoa antigas vozes profética:

"Quem se conheceu a si próprio, conheceu Deus." (SEB, XC)

Nós, seres humanos somos, de alguma forma essencial, criados à imagem de Deus. Krishna diz que o atman (alma) é "o espírito de Deus no homem" e que atman torna o ser humano precioso aos olhos de Deus e leva-nos a procurá-Lo. Bahá'u'lláh escreveu sobre a capacidade da alma humana para reflectir os "nomes e atributos de Deus".

Quando Bahá'u'lláh diz:
"Eu amei a tua criação, e por isso te criei"

Eu sei em certa medida, o que Ele quer dizer. Eu conheço o amor indescritível e profundo que precede os meus próprios actos de criação. Eu sei que as personagens que crio e os mundos que lhes dou para habitar são a expressão desse amor.

Isso não significa que somos pequenos deuses. Um dos maiores problemas no mundo de hoje é que muitas pessoas acreditam verdadeiramente nisso. Penso que é mais correcto reconhecermos a singularidade de nossa própria faculdade racional, e com isso teremos uma pista sobre o tipo de inteligência que os seres humanos reflectem no universo.

Então aqui está uma reviravolta: as escrituras das religiões mundiais dizem-nos que o espírito humano é um reflexo de Deus, que por Sua vez está na origem do Universo. Parece apropriado, portanto, que este espírito nos predisponha a questionar: "Por que estamos aqui?" e "Como chegámos aqui?" (que não são a mesma questão) e esperar seriamente encontrar uma resposta. Podemos empregar essa faculdade racional para chegar à ideia de que existe logicamente um Deus transcendente, não-material.

Como assim? Se postulamos que Deus é, como nós, feito de material cósmico (átomos, etc), então vamos acabar com uma regressão infinita. Ou seja, se Deus faz parte deste universo físico e está sujeito às suas leis, em seguida, a conversa nunca mais acaba. Temos de perguntar o que causou Deus. Na verdade, qualquer que seja a Origem das leis que regem o funcionamento deste universo, ela não pode, em si, estar sujeita às leis universais. Deve ser algo fundamentalmente diferente.

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Maya Bohnhoff é Baha'i e autora de sucesso do New York Times nas áreas de ficção científica, fantasia e história alternativa. É também compositora/cantora (juntamente com seu marido Jeff). É um dos membros fundadores do Book View Café, onde escreve um blog bi-mensal, e ela tem um blog semanal na www.commongroundgroup.net.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Regime Iraniano tenta esmagar minoria Bahá’í

Tradução de notícia da Associated Press divulgada em vários sites noticiosos.
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A Comunidade Internacional Bahá'í declarou esta terça-feira (25/Outubro) que os esforços do Irão para esmagar a minoria religiosa prosseguem e até se intensificaram em algumas frentes, apesar das promessas do presidente Hassan Rouhani para acabar com a discriminação religiosa.

Num relatório de 122 páginas, a Comunidade afirma que o governo de Rouhani intensificou a sua "campanha para incitar o ódio contra os Bahá’ís", inclusive através da divulgação de mais de 20.000 peças de propaganda anti-Bahá’í na comunicação social iraniana.

Segundo o relatório, desde que Rouhani tomou posse em Agosto de 2013 pelo menos 151 Bahá'ís foram presos e pelo menos 388 casos de discriminação económica foram documentados, incluindo ameaças e intimidações para forçar o encerramento de estabelecimentos comerciais.

O relatório também declara que, com Rouhani, milhares de Bahá’ís foram impedidos de frequentar universidades e 28 alunos Bahá’ís foram expulsos.

(…)

Em 2013, líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei emitiu uma fatwa (decreto religioso) incitando os iranianos a evitar todas as relações com os Bahá'ís.

O relatório também afirma que "o governo iraniano está enfrentando pressão em todas as frentes para acabar com a perseguição sistemática dos Bahá’ís que dura há décadas."

Mas, em vez de cumprir as suas promessas para acabar com a discriminação religiosa, prossegue o relatório, "o governo mudou a sua estratégia de opressão, trocando as detenções e prisões, por medidas com menor visibilidade como a exclusão económica e educativa".

Bani Dugal, a principal representante Bahá’í na ONU disse que "ao todo, o que temos visto é uma mudança geral nas tácticas do governo iraniano, aparentemente como parte de uma tentativa de esconder da comunidade internacional os seus esforços em curso para destruir a comunidade Bahá’í como uma entidade viável".

Num âmbito mais alargado, o relatório afirma que, desde o governo anterior de Mahmoud Ahmadinejad começou-se a intensificar a perseguição aos Bahá’ís em 2005; mais de 860 seguidores foram detidos, cerca de 275 foram condenados à prisão, houve 950 incidentes de supressão económica e 80 ataques violentos (fogo posto ou vandalismo) contra empresas ou propriedades Baha'is.

O relatório apela à comunidade internacional para continuar a pressionar o Irão para acabar com a discriminação contra os Bahá'ís.

"O que se conclui do relatório é que a pressão internacional sobre o Irão, seja pelas Nações Unidas, pela comunicação social, por activistas ou até mesmo pelo público em geral, continua a ser um meio essencial de protecção contra um ataque mais amplo que tem como alvo a maior minoria religiosa não-muçulmano do Irão", disse Dugal.

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sábado, 22 de outubro de 2016

O Cristianismo é a mãe da Ciência Moderna?

Por Maya Bohnhoff.

Suposições teológicas únicas ao Cristianismo explicam porque é que a ciência nasceu apenas na Europa Cristã. Ao contrário da sabedoria transmitida, a ciência e a religião não só eram compatíveis, mas também eram inseparáveis… A teologia Cristã foi essencial para o surgimento da ciência. (Rodney Stark, For the Glory of God [2003])
Parafraseando Newton, o ensaísta Noah Efron (da cadeira de Ciência, Tecnologia e Sociedade na Universidade Bar-Ilan, em Israel) nota que “para cada mito existe um mito igual e oposto”. E prosseguindo o seu raciocínio, produz um mito que nunca tinha ouvido antes: o Cristianismo não apenas deu à luz a ciência moderna, mas também – supõe Rodney Stark – seria o único antepassado possível para essa disciplina.

Mas ele não está só na defesa desta ideia. O Pe. Stanley L. Jaki – professor de Física em Seton Hall – tem afirmado que a ciência foi um nado-morto em todas as culturas antigas e apenas teve um nascimento bem-sucedido na Europa Cristã.

Qualquer pessoa conhecedora de história da ciência na Europa tem motivos para questionar esta afirmação, apesar de reconhecer que os ensinamentos Bíblicos encorajam (em vez de desencorajar) o tipo de investigação racional que está no âmago da ciência moderna:
Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Um dia passa ao outro esta mensagem e uma noite dá conhecimento à outra noite.
Não são palavras nem discursos cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra, e a sua palavra, até aos confins do mundo.
(Salmos 19:2-5)
Este trecho da Bíblia dá-nos um convite aberto para explorar o mundo, o cosmos e o nosso ser interior. O Universo físico “passa a mensagem” e “dá conhecimento” sem palavras. Esta ideia – de que o Universo físico fala eloquentemente sobre o seu Criador – é um conceito fundamental em todas as religiões reveladas. Igualmente é a expectativa de que a humanidade use as suas múltiplas e únicas faculdades para “ouvir” o que universo tem a dizer.

Jesus Cristo explica que devemos julgar as coisas pelo seus “frutos” ou resultados (Mat 7:17-20). Posteriormente, Ele reforça esta ideia usando a metáfora que sabemos que o verão está próximo ao observar as evidências dos fenómenos naturais (Mat 24:32). Estas são apenas dois dos muitos trechos em que Cristo invoca a prática da observação e da faculdade racional humana para compreender o mundo e tomar decisões.

Os ensinamentos originais do Judaísmo e do Cristianismo promovem claramente a exploração do universo através da observação e da razão. Assim, não deveria ser surpresa o facto de muitos eruditos Cristãos terem estudado história natural. De Descartes a Newton, de Occam a LeMaitre, os homens da fé Cristã mergulharam de cabeça no estudo do universo que acreditavam ter sido criado por Deus. Mas será correcto dizer que apenas o Cristianismo poderia ter dado origem às ciências físicas?

Sábios Muçulmanos
Tal como Noah Efron salienta no seu ensaio, as ideias Cristãs sobre o universo não são exclusivamente Cristãs. Têm as suas raízes no Judaísmo, foram partilhadas por outras religiões tão diversas como o Budismo ou o Zoroastrismo, e emergiram em culturas tão díspares como a Chinesa e a Grega. Eruditos Muçulmanos como Ibn Sina, Ibn Rushd e outros também tiveram influência na ciência e na cultura.

De facto, todas as pessoas envolvidas no desenvolvimento da ciência dependeram de outros eruditos que existiram anteriormente. Nenhuma ciência surgiu completamente formada numa cultura, religião ou filosofia. Na realidade, os sábios Cristãos da Europa medieval devem muito da sua ciência ao trabalho que os antepassados indianos, persas e gregos herdaram e expandiram. No séc. IX existiam mais livros sobre temas científicos escritos em Árabe do que em Latim ou qualquer outra língua.

A afirmação de que o Cristianismo é a mãe da ciência moderna é significativa numa era em que a unidade na diversidade se tornou uma técnica de sobrevivência. O Dr. Efron nota que quando as pessoas expressam esta ideia, não estão apenas a dizer qualquer coisa sobre o Cristianismo e “os outros”; também estão a dizer algo sobre a ciência. Esta afirmação pretende – na sua essência – que a ciência teve apenas uma história, um único ponto de origem e apenas pode ser entendida de uma única perspectiva.

Esta afirmação sobre o caminho da ciência lembra-me outra semelhante feita por um amigo Evangélico sobre o caminho para Deus. Ele perguntou como é que eu e o meu marido nos tornámos crentes. Eu fui educada como Cristã e o meu marido como Agnóstico; ambos chegámos à Fé Bahá’í – que inclui a aceitação de Cristo – através do amor à razão. O meu amigo evangélico insistiu que isto estava errado. Apenas havia uma maneira de chegar a Deus e esse era através do temor e reconhecimento da nossa própria inutilidade. Esse era o caminho que ele tinha seguido para chegar à fé e nada nas Escrituras que evidenciasse o contrário podia convencê-lo que se podia encontrar Deus por outro caminho.

Basta um breve momento de reflexão para perceber que este conceito particular de Cristianismo está a anos-luz da crença e da fé que inspiraram os primeiros cientistas e filósofos cristãos. Esse conceito reduz a religião e a ciência de sábios não-cristãos a uma admirável insignificância, privada da qualidade intelectual que supostamente apenas os eruditos Cristãos possuem.

Jesus Cristo pediu que os Seus seguidores que avaliassem as afirmações de verdade com a medida da razão - julgar as coisas pelos seus frutos ou resultados. Qualquer olhar objectivo para a história da ciência revela que ela, antes de mais, é um esforço humano e que os humanos que lhe deram forma – para o bem e para o mal – surgiu em todos os cenários possíveis. É certo que podemos afirmar houve contributos mais significativos realizados nos primeiros anos das ciências por crentes de diversas religiões; mas a partir do séc. XIX, o número de cientistas sem religião, agnósticos e ateus tem vindo a crescer.

No entanto, independentemente do sistema de crenças do cientista (e é importante ter presente que a ciência em si não é um sistema de crença), a ciência pode ser usada de forma maligna se não tiver um enquadramento moral que que se aproxime da regra de ouro de Jesus (“O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também”) e do triplo filtro de Sócrates (“É verdade? É bom? É útil?”).

Tanto a ciência como a religião podem ser, e têm sido, veículos de interesses humanos dogmáticos. No coração da Fé Bahá’í está a firme convicção que devemos fazer o nosso máximo para impedir que isso aconteça. Tal como disse 'Abdu’l-Bahá numa palestra em Nova Iorque em 1912:
A Razão é a primeira faculdade humana e a religião de Deus está em harmonia com ela. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 231)

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Texto original: Did Christianity Give Birth to Modern Science? (www.bahaiteachings.org)

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Maya Bohnhoff é Baha'i e autora de sucesso do New York Times nas áreas de ficção científica, fantasia e história alternativa. É também compositora/cantora (juntamente com seu marido Jeff). É um dos membros fundadores do Book View Café, onde escreve um blog bi-mensal, e ela tem um blog semanal na www.commongroundgroup.net.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Bahá'í: Fé ou Religião?

Numa entrevista a um programa de rádio chilena, Juan Guillermo Prado (um especialista em religiões e seitas) afirma que a Fé Bahá'í por enquanto é apenas uma fé e que ainda não se tornou uma religião.

Uma interessante perspectiva sobre os princípios e ensinamentos Bahá'ís.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Inauguração do Templo Bahá'í da América do Sul

-- Cerimónia de Inauguração


-- Conferência: 1ª Sessão



-- Conferência: 2ª Sessão



-- Conferência: 3ª Sessão


-- Conferência: Sessão de Encerramento

sábado, 15 de outubro de 2016

O que acontece às nossas almas quando morremos?

Por Dan Gebhardt.


Para os seguidores de religiões recentes, uma das coisas mais surpreendentes sobre as escrituras Judaicas - conhecidas como Tanakh ou Antigo Testamento - é o seu silêncio relativo sobre a alma humana e a vida depois da morte. Este silêncio aparente leva a uma ideia errada de que o Judaísmo nada ensina sobre a vida depois da morte.

O mesmo facto levou os primeiros Protestantes a inclinarem-se para o conceito de “descanso da alma” ou “imortalidade condicional”. Na sua forma mais simples, esta doutrina sustenta que a morte física equivale à não-existência e que a vida é uma dádiva de Deus. A doutrina defende que os humanos morrem devido aos seus pecados e deixarão de existir até que sejam ressuscitados por Deus. O castigo dos condenados no fim dos tempos não é o tormento do fogo eterno, mas a morte eterna - a aniquilação total. Várias denominações, incluindo os Adventistas (herdeiros dos Milleritas do séc. XIX, cujas expectativas messiânicas se centram no ano 1844) mantêm estas crenças.

Esta perspectiva coincide parcialmente com os ensinamentos Bahá’ís, apesar de Bahá’u’lláh tornar claro que a nossa realidade espiritual sobrevive à morte do corpo. No entanto, esta alma não pode existir independente de Deus; pelo contrário, pertence a Deus e é um sinal dos Seus atributos. Neste sentido, Bahá’u’lláh escreveu, que a sua imortalidade é condicional ou contingente:
Quando a alma atinge a Presença de Deus, assumirá a forma que melhor convenha à sua imortalidade e seja digna da sua habitação celestial. Essa existência é contingente e não é uma existência absoluta, pois a primeira é precedida de uma causa, enquanto a segunda é independente disso. A existência absoluta está estritamente confinada a Deus, exaltada seja a Sua glória. (SEB, LXXXI)
No pensamento Bahá’í, a situação dos ímpios após a morte pode ser descrita como um tipo de não-existência relativa:
Quanto à questão da aniquilação e destruição dos Espíritos… Não se pretendeu transmitir a ideia de que as almas descrentes são aniquiladas de forma absoluta. Não. Em vez disso, pretendeu-se dizer que a existência de espíritos malignos em comparação de almas santificadas era semelhante a uma aniquilação. Como podes observar de forma clara, a existência do mineral em comparação com a existência do homem é semelhante a uma não-existência… (Tablets of Abdul-Baha, Volume 1, pp. iv-v)
Através dos ensinamentos Bahá’ís, sabemos que a misericórdia de Deus actua no outro mundo (comparar com Mat 12:32) e que até o maior cego, as almas mais não-existentes, podem ser redimidas através da Sua graça.

Mas voltemos aos ensinamentos da Bíblia Hebraica sobre a alma e a vida depois da morte: a sua reserva sobre estes assuntos significa uma negação dos mesmos? Os profetas hebreus ensinaram que não existe alma espiritual no homem, e que a existência termina com a morte física?

Muitos excertos da Bíblia excluem esta possibilidade. Um dos mais explícitos excertos é a afirmação de que o profeta Samuel apareceu postumamente ao primeiro rei israelita Saul, e profetizou a morte de Saul no dia seguinte (I Samuel 28: 11-20).

As circunstâncias deste caso justificam uma nota especial. A Torá proíbe a bruxaria e a necromância (comunicação com os mortos). Os antigos pagãos de Canaã adoravam os seus antepassados, e isso violava o monoteísmo rigoroso dos profetas: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é uno” (Deut. 6:4; 18:11; Lev. 19:31).

Saul visita a vidente de En-dor
O aparecimento de Samuel ocorreu no decorrer de uma visita de Saul a uma necromante conhecida como a vidente de En-Dor (I Samuel 28: 3-25). Por causa disso, por vezes pensa-se que não poderia ter sido Samuel, o profeta de Deus a aparecer a Saul, mas alguma entidade demoníaca que personificava Samuel. Como poderia uma vidente chamar realmente o espírito de um dos profetas de Deus? O problema com esta conjectura é que a narrativa bíblica não afirma que foi um espírito maligno que personificou Samuel. Descreve de forma clara a aparição de Samuel, exactamente como em vida, e cita-o profetizando a Saul em nome de Deus. Se isto fosse um caso de identidade trocada, o erro não seria apenas de Saul, mas também do autor bíblico.

No contexto mais amplo da escritura, o aparecimento de Samuel a Saul nesta situação não valida o uso de meios ocultos para comunicar com os mortos. As escrituras Judaicas afirmam que Deus pode usar até as práticas que Ele condena para julgar aqueles que se afastaram do Seu caminho.

Existe uma passagem na Torá que discute a possibilidade de um falso profeta, ou idólatra, produzir sinais e milagres. Deus afirma que nesse caso, os milagres vêm de Si próprio, como um teste à fé dos israelitas: “...porque o Senhor, vosso Deus, vos põe à prova para verificar se realmente O amais com todo o vosso coração e com toda a vossa alma” (Deut. 13:4)

Ao profeta Ezequiel, Deus disse que responderia aos idólatras de acordo com as suas expectativas:
Todo o homem da casa de Israel que pôs em seu coração ídolos e ergueu diante de si o escândalo que o faz pecar, quando vier ter com o profeta, a esse darei Eu, o Senhor, uma resposta, de acordo com a multidão dos seus ídolos, para chamar à responsabilidade a casa de Israel, que se afastou de mim, por causa dos seus ídolos. (Ezequiel 14:4-5)
A narrativa de I Samuel afirma que a própria vidente reagiu ao aparecimento de Samuel com choque (I Sam 28:12) , sugerindo que o aparecimento pós-morte de Samuel era inesperado e resultado de uma intervenção divina.

Provavelmente por todas estas razões, os antigos Judeus acreditavam no valor literal deste relato. O livro de Ben-Sira declara:
Samuel... mesmo depois de morrer, profetizou e anunciou ao rei o seu fim; levantou a voz do seio da terra, para profetizar a destruição da impiedade do povo. (Ben-Sira 46:13,20)
À luz deste evento surpreendente, podemos ver que a Bíblia Hebraica não ensina que a morte física é o fim da nossa existência. Ainda temos a questão do que é que ensina sobre a alma humana, e porque é difícil encontrar nas suas páginas informação detalhada sobre a vida depois da morte.

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Texto Original: What Happens to Our Souls When We Die? (www.bahaiteachings.org)

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Dan Gebhardt é professor de filosofia e religião na Universidade de Nevada-Reno (EUA).

sábado, 8 de outubro de 2016

O Islão e o Renascimento Científico

Por Maya Bohnhoff.


Do piedoso muçulmano... esperava-se que evitasse... as ciências [racionais] com muito cuidado, pois eram consideradas perigosas para a sua fé... (Ignaz Goldziher, 1916)

... a posse de toda esta "iluminação" [de pensamento grego] não impulsionou muito progresso intelectual no Islão, muito menos resultou numa ciência Islâmica. (Rodney Stark, 2003)

Infelizmente, Islão voltou-se contra a ciência no século XII. (Steve Weinberg, 2007)
Hoje, muitas pessoas tendem a pensar em Bagdade como um lugar tenebroso com uma população lutando e tremendo de medo de atentados terroristas. No entanto, no século X Bagdade era a capital do Império Abássida com uma população superior a um milhão de pessoas, um centro cultural onde se desenvolviam avidamente actividades científicas e filosóficas.

Uma das actividades "perigosas" exercidas por muçulmanos piedosos foi um grandioso projecto de tradução de textos sânscritos, persas e gregos para o árabe. No século XII - época em que, segundo Weinberg, o Islão se tinha voltado contra a ciência - estes textos árabes foram traduzidos para latim para consumo na Europa Cristã. Os tradutores latinos trabalhavam com textos árabes, em vez dos textos gregos, porque os sábios Abássidas tinham adicionado anotações e comentários desafiadores, completando e corrigindo alguns dos textos gregos originais.

Apesar de este processo estar bem documentado, ainda persiste o mito de que os sábios língua árabe não deram qualquer contributo para o trabalho que traduziram e foram apenas papagaios sem criatividade. Assim é irónica, a acusação de Goldziher contra o Islão de que este era inerentemente hostil a estas escolas do conhecimento. Se isso for verdade, como podiam os "muçulmanos piedosos" permitir sequer a tradução destes textos, quanto mais o seu estudo, a sua divulgação e a aplicação do conhecimento que eles continham? O acto de tradução só por si (apoiado monetariamente por Muçulmanos de todos os estratos sociais) é suficiente para acabar com o mito.

As contribuições árabes para o pensamento científico e matemático podem ser vistas na tradução de obras como Arithmética de Diofanto de Alexandria até à Arte Árabe da Álgebra (a palavra "álgebra" é uma latinização da frase árabe al-jabr, i.e. "a restauração"). Neste trabalho, Qusta ibn Luqa (820-912) define as operações matemáticas dos gregos em termos de uma nova disciplina, que tinha sido desenvolvida pelo matemático Al-Khwarizmi - de cujo nome deriva a palavra algoritmo.

Texto árabe sobre Álgebra
A alegação de que esses sábios muçulmanos nada acrescentaram de novo ou original é facilmente desacreditada: quando o texto árabe foi traduzido de novo para o grego, isso não resultou no texto grego original.

Na verdade, os sábios muçulmanos dominaram o campo da ciência (especialmente, a matemática e a astronomia) entre 800 e 1300 EC. Eles não viam a sua ciência como estando em guerra com a sua fé. O campo da astronomia era importante por razões de fé e razão (ou seja, o cálculo dos momentos de oração e o estudo da força e perfeição de Deus, bem como as causas naturais de fenómenos cósmicos). O primeiro observatório construído por astrónomos muçulmanos foi construído em Bagdade, em 828 EC, enquanto que no séc. XIV, Ibn al-Shatir (cronometrista numa mesquita de Damasco) propôs o modelo lunar usado por Copérnico, no seu trabalho de 1534, De Revolutionibus.

As universidades europeias que referi anteriormente usaram vários textos árabes que tinham sido traduzidos para o latim. A medicina não seria o que é hoje sem o trabalho enciclopédico de Ibn-Sina (Avicena) - O Cânone da Medicina. Este texto foi usado durante séculos nas faculdades de medicina europeias. Outro exemplo no campo da medicina é a descoberta da circulação sanguínea pulmonar por um médico e teólogo sírio, Ibn al-Nafis. No campo da física, podemos citar o trabalho de al-Haytham (Alhazen) que uniu matemática e física e que, de acordo com o historiador de ciência David Lindberg -autor de Teorias de visão de al-Kindi de Kepler - era "a mais figura importante na história da óptica desde a antiguidade até ao século XVII".

Obviamente, a situação não é tão linear quanto Steven Weinberg e companhia sugerem. Assim, podemos questionar, o que deu origem à ideia de que o Islão não contribuiu em nada para a ciência (ou pelo menos nada de original) e, como Weinberg propõe, "virou-se contra a ciência" desde o século XII em diante?

A resposta de Weinberg é que o Islão foi influenciado por um filósofo chamado Abu Hamid al-Ghazali que argumentou contra o conceito de leis estáticas da natureza argumentando que a existência dessas leis amarraria as mãos de Deus. Tal como Ignaz Goldziher (citado anteriormente), Weinberg afirmou que as filosofias de al-Ghazali levaram a ciência islâmica a um impasse. Quão correcta é esta afirmação?

George Saliba - professor de Ciência Árabe e Islâmica na Universidade de Columbia – aponta alguns problemas nesta avaliação, principalmente, o facto do místico sufi, supostamente não-cientista, não só ter apoiado o estudo e uso da lógica e da matemática (algo que até Goldziher admite), mas também ter lamentado que os sábios muçulmanos não estivessem a fazer o máximo que podiam nas disciplinas da anatomia e da medicina. Por esse motivo, ele próprio escreveu sobre esses assuntos:
Se olharmos apenas para os documentos científicos sobreviventes, podemos perceber claramente uma actividade muito florescente em quase todas as disciplinas científicas nos séculos seguintes a Ghazali. (George Saliba, Islamic Science and the Making of the European Renaissance, p. 21)
No fundo, qual a plausibilidade de um único muçulmano erudito - não pertencente à principal corrente da teologia Islâmica - poder influenciar o pensamento, as atitudes e as práticas de uma parcela significativa do mundo muçulmano? O Islão, ao contrário da Igreja Católica ou da Fé Bahá'í, não tem nenhuma autoridade central, muito menos uma que defina uma agenda para todo o corpo de crentes. Em vez disso, várias escolas de pensamento têm evoluído dentro dos dois ramos principais. Os sufis são uma das tradições mais místicas e, como tradição, são reconhecidos como tendo inspirado uma Idade de Ouro na sabedoria Islâmica que se iniciou - ironicamente - por volta de 1300.

A ponderada opinião do Dr. Haq - partilhado por um número crescente de estudiosos – é que:
... durante séculos, enquanto a ciência no Ocidente Latino ficava no marasmo, nenhuma cultura no mundo proporcionou um lar mais hospitaleiro para ciência do que o Islão. E nenhum grupo de muçulmanos cultivou a ciência mais do que os religiosos. (Syed Haq, Galileo Goes to Jail, p. 41)
Na ficção, nós chamamos isso de "trabalhar contra o modelo." O clérigo académico que ama a ciência não é uma personagem que alguns de nós esperam encontrar nas páginas da história; no entanto, à medida que aprendemos mais sobre as interacções entre a fé e a ciência durante e depois da Idade Média, somos forçados a vê-lo como representativo em vez de raro. Como os ensinamentos Bahá’ís salientam, essa combinação equilibrada de ciência e religião concede-nos a capacidade para investigar verdadeiramente a realidade:
Deus deu ao homem a visão da investigação, através da qual ele pode ver e reconhecer a verdade. Ele dotou o homem com ouvidos que possa ouvir a mensagem da realidade e conferiu-lhe o dom da razão pela qual ele pode descobrir as coisas por si próprio. Este é o seu dom e equipamento para a investigação da realidade. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 293)
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Texto original: Islam and Science Redux (www.bahaiteachings.org)

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Maya Bohnhoff é Baha'i e autora de sucesso do New York Times nas áreas de ficção científica, fantasia e história alternativa. É também compositora/cantora (juntamente com seu marido Jeff). É um dos membros fundadores do Book View Café, onde escreve um blog bi-mensal, e ela tem um blog semanal na www.commongroundgroup.net.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Uma ausência temporária para Mahvash Sabet


Mahvash Sabet, um dos sete líderes Bahá’ís, que se encontra a cumprir uma longa pena de prisão, obteve autorização para uma ausência temporária da prisão. A Sra. Sabet é professora e tem dois filhos; foi presa no dia 5 de Março de 2008 e está agora a cumprir o nono ano de prisão.

Dois meses depois da sua detenção, em 14 de Maio, os outros seis líderes Bahá’ís foram presos em rusgas nas suas residências. Inicialmente foram condenados a 10 anos de prisão; esta pena foi depois aumentada para 20 anos, e posteriormente reduzida para 10 anos de prisão.

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FONTE: Mahvash Sabet begins 5-day prison furlough (Sen’s Daily)

domingo, 2 de outubro de 2016

Explicar a Morte às Crianças

Por Kamelia.


A morte é uma parte inevitável da vida. É frequente as crianças terem consciência da morte desde cedo nas suas vidas quando ouvem falar disso nos contos de fadas, vêem na televisão ou encontram animais mortos. Algumas crianças podem já ter experimentado a morte de um animal de estimação ou membro da família, ou podem ter sido diagnosticadas com uma doença terminal.

No meu caso, a minha filha tinha 4 anos quando reparou num pássaro morto no passeio. O que se seguiu foi um bombardeamento com perguntas sobre a morte. Ela andava obcecada com o tema há alguns meses, tentando perceber o problema de várias perspectivas. Perguntei a outros pais se tinham tido alguma experiência semelhante; fiquei interessada ao saber que a maioria das crianças, a determinado momento, fica curiosa sobre a morte.

Ao responder às perguntas da minha filha sobre a morte tentei alinhar as minhas respostas com os Ensinamentos Bahá’ís. Shoghi Effendi, dá a seguinte explicação sobre a morte:
Você pede uma explicação sobre o que nos acontece depois de deixarmos este mundo: Esta é uma pergunta a que nenhum dos profetas alguma vez respondeu detalhadamente, muito simplesmente porque não se pode transmitir à mente de uma pessoa algo completamente diferente de tudo ela já experimentou. 'Abdu'l-Bahá deu o exemplo maravilhoso da comparação desta vida com a vida do além como sendo semelhante à vida da criança no útero; desenvolve olhos, ouvidos, mãos, pés, uma língua, e ainda assim não tem nada para ver ou ouvir, não pode caminhar, compreender as coisas ou falar; todas estas capacidades são desenvolvidas para usar neste mundo. Se tentasse explicar a um embrião como é este mundo, ele nunca poderia entender; mas entende quando nasce e as suas capacidades podem ser usadas. Portanto, não podemos imaginar o nosso estado no mundo do além. Tudo o que sabemos é que a nossa consciência, a nossa personalidade, perdura num novo estado, e que esse mundo é tão melhor do que o actual, quanto este é melhor que do que o do ventre escuro da nossa mãe...(Lights of Guidance, From a letter written on behalf of Shoghi Effendi to an individual believer, October 3, 1943)
Considero a comparação com a criança no ventre uma analogia poderosa., pois é um modelo prático e intuitivo para responder às questões da minha filha. Elaborei uma lista de perguntas e respostas. Apesar deste assunto vasto poder ser abordado de diferentes formas, espero que as minhas respostas possam ajudar e constituam um ponto de partida para quem deseja explorar com as crianças o tema da morte.

QUESTÃO: O que acontece quando as pessoas morrem?

RESPOSTA: As pessoas nascem para o outro mundo. Quando os bebés estão no ventre das mães, estão ligados a uma coisa chamada placenta. A placenta tem um cordão que se liga ao umbigo do bebé e através disso ele come e respira., pois não pode usar a boca. Quando o bebé nasce, já não precisa da placenta, porque pode usar a boca para comer e respirar. Os nossos corpos são como a placenta; quando nascemos para o outro mundo não necessitamos mais dos nossos corpos e a nossa alma (que é como o bebé no ventre) nasce no outro mundo.

Tal como o bebé que tem de crescer no ventre para estar pronto para este mundo, nós também precisamos de alimentar a nossa alma, e garantir que ela fica forte e saudável para o outro mundo. Alimentamo-la mostrando generosidade, bondade e todas as virtudes de Deus.

QUESTÃO: Voltamos a este mundo?

RESPOSTA: Imagina que alguém te dizia para voltares para a barriga da tua mãe, onde não há luz, não podes correr nem ver coisas? Voltavas para lá? Claro que não! Tal como o bebé que nasce e não volta ao ventre, nós também não voltamos a este mundo.

PERGUNTA: Que aspecto tem o outro mundo?

RESPOSTA: Ninguém sabe. Bahá’u’lláh diz-nos que o outro mundo é um lugar belíssimo onde as nossas almas serão livres. No entanto, é-nos dito que não conseguimos sequer imaginar que aspecto tem o outro mundo. Imaginem o que seria explicar a um bebé na barriga da mãe o que são as árvores e o que é a luz. O bebé apenas conhece o mundo escuro no ventre e nunca conseguiria imaginar o mundo exterior.

PERGUNTA: E se eu morrer não conhecer ninguém no outro mundo?

RESPOSTA: Quando a criança está no ventre da mãe, não conhece ninguém. Quando nasce, Deus dá-lhe uma família amorosa e amigos. Se um bebé tivesse muito medo e dissesse “Não quero nascer!” perderia a oportunidade de conhecer toda a sua família e amigos. Existem muitas almas esplendorosas no outro mundo à espera de conhecer todos os que nascem.

'Abdu'l-Bahá, que era amoroso e generoso para todos aqueles que O encontravam, tomará conta de qualquer pessoa que no outro mundo tenha medo ou esteja só. Ele ficará com ela à espera que a sua família e amigos cheguem

PERGUNTA: Quando é que eu vou morrer?

RESPOSTA: Ninguém sabe quando vai nascer para o outro mundo. Deus decide quando uma alma tem saúde e está pronta para o outro mundo; ou se Deus vê que uma alma não está a progredir correctamente neste mundo, Ele leva-a para o outro mundo para a ajudar a crescer. A maioria das pessoas morrer quando está velha.

PERGUNTA: E se a minha família morrer?

RESPOSTA: Quando eras um bebé no ventre da mãe, não podias ver a tua família; mas eles estavam sempre contigo, cuidando de ti e esperando pacientemente que tu nascesses. Se eles morrerem, tal como quando tu estavas no ventre da mãe e não podias vê-los, eles continuarão contigo, tomarão conta de ti e estarão à espera que tu nasças no outro mundo. Podes sempre comunicar com eles através da oração.

PERGUNTA: Os animais vão para o outro mundo?

RESPOSTA: Os animais não têm alma; portanto, ao contrário dos seres humanos, não nascem no outro mundo. No entanto, todas as coisas, incluindo os animais, têm com eles um atributo de Deus, e estes atributos de Deus são eternos.

Estas são algumas ideias sobre a vida depois da morte que partilhei com minha filha. Se procura mais informação sobre como falar com crianças sobre a morte, a obra The Light World de Heather Niderost é um livro pequeno e belíssimo, escrito com esse propósito. Se estiver interessado em ler algumas reflexões sobre o outro mundo, Preethi escreveu Contemplating Death e Iko também explorou alguns princípios Bahá’ís sobre o assunto. Como é que você descreveria a morte a uma criança ou a alguém que não estivesse familiarizado com estas crenças?

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Texto original: Explaining Death to Children (www.bahaiblog.net)

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Kamelia é Bahá’í e mãe de duas crianças. Estudou Direito, Contabilidade e Apoio Infantil. Tem um interesse especial em Estudos Bahá’ís e Educação Infantil.