A preocupação e a valorização das pessoas que nos protegem - militares, bombeiros e policias - é comum e por bons motivos. A nossa segurança é sua principal prioridade.
Eles protegem a nossa integridade física e os nossos bens; e porque o medo pode ter efeitos prejudiciais, as suas acções também servem como protecção para nossa saúde psicológica e emocional.
Poucos de nós têm o mesmo apreço pelos jornalistas - mas devíamos ter. Jornalistas de investigação e fotojornalistas colocam-se frequentemente em perigo para manter as nossas mentes livres e informadas - e também, para manter as nossas sociedades livres de mentiras e corrupção.
Um repórter que conheço, David Leeson, trabalhou como fotógrafo (para um jornal) e como fotojornalista de 1977 a 2008. Mesmo depois de ter sido ferido quando cobria os protestos no Panamá durante o período que antecedeu a queda de Manuel Noriega, Leeson continuou a cobrir acontecimentos em todo o mundo, e também aqui nos EUA. Recebeu prémios famosos, incluindo o Pulitzer em 2004 para Reportagem Fotográfica pela sua cobertura da guerra no Iraque, da qual a sua esposa e amigos ficaram aliviados quando ele regressou vivo e ileso.
No Arizona, onde eu vivo, basta dizer o nome Don Bolles e as pessoas fecham os olhos e abanam a cabeça, lembrando o seu assassinato. A maioria dos leitores pode não conhecer a história de Bolles; aqui fica um breve resumo do AZCentral.com:
Em 2 de Junho de 1976, uma bomba explodiu debaixo do carro do jornalista do Arizona Republic Don Bolles. Onze dias depois, ele morreu. Hoje, ainda há quem acredite que o assassinato de Bolles é um mistério. Os procuradores dizem que ele foi morto devido às suas histórias que atacavam o poderoso empresário Kemper Marley. Outros pensam que ele morreu devido ao que escreveu sobre o crime organizado. E há ainda quem acredite que o crime foi combinado pelos dois. A verdade está enterrada nas mentes, ou nos túmulos, dos que estiveram envolvidos.Em numerosos países, os jornalistas geralmente não podem escrever ou filmar nada que não esteja de acordo com a posição oficial do governo; é o governo que decide aquilo que as pessoas podem (ou não) saber. Há criminosos que não querem que os seus crimes sejam divulgados; e também há políticos corruptos com a mesma atitude.
Os ensinamentos Bahá’ís elogiam o jornalismo e enaltecem o seu papel numa sociedade livre e desenvolvida:
Podemos determinar o progresso, ou retrocesso, de uma nação pelo seu jornalismo... Os jornalistas devem escrever artigos relevantes, artigos que fomentem o bem-estar público. Se o fizerem, serão os primeiros agentes do desenvolvimento da comunidade. (‘Abdu’l-Bahá, from the Pennsylvania Public Ledger. Texto de Mina Yazdani’s no livro Abdu’l-Baha’s Journey West)Em todo o mundo, os jornalistas que concordam com estas palavras de ‘Abdu'l-Bahá e que arriscam as suas vidas para descrever factos reais aos seus leitores, por vezes acabam na prisão ou são executados. Morrem em guerras. Arriscam tudo para nos trazer a verdade.
Mesmo aqui nos Estados Unidos, há muitas pessoas poderosas que tentam subverter o trabalho dos jornalistas. E há jornalistas que enfrentam perigos para descobrir segredos incómodos que o público deve - e precisa - conhecer.
David Gilkey |
O general do exército dos EUA, John W. Nicholson, comandante da missão de apoio dos EUA-NATO no Afeganistão emitiu uma declaração sobre os jornalistas mortos. Dizia: "Temos o maior respeito pelo seu trabalho, bem como o de outros que suportam as dificuldades que surgem quando se faz cobertura noticiosa em zonas de conflito".
Gilkey, que fazia a cobertura noticiosa da situação no Afeganistão desde os ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos, e que começou a trabalhar para a NPR em 2007, recebeu a honra de ser eleito Fotógrafo do Ano de 2011 pela Associação de Fotógrafos da Casa Branca.
Funcionários da NPR também falaram sobre a importância do trabalho feito por estes jornalistas e pelos seus colegas. "Ele dedicou-se a ajudar o público a ver essas guerras e as pessoas apanhadas por elas", disse Michael Oreske, vice-presidente e director da NPR. “Ele morreu mantendo esse compromisso... Como homem e como fotojornalista, o David trouxe a humanidade de todos ao seu redor. Ele permitiu-nos ver o mundo e ver-nos uns aos outros através dos seus olhos. ”
Jarl Mohn, presidente e CEO da NPR, afirmou: “Eventos horríveis como este lembram-nos o papel importante que os jornalistas têm na vida cívica dos Estados Unidos. Eles ajudam-nos a entender além dos cabeçalhos e títulos, e a ver a humanidade nos outros”.
Pessoas como Gilkey, Tamanna e os seus colegas jornalistas merecem o nosso mais profundo respeito e apreço. Os seus esforços mostram que o custo da guerra afecta as pessoas, especialmente as inocentes. Eles partilham as suas histórias para que o mundo preste atenção e entenda.
As escrituras Bahá’ís dizem-nos:
Incumbe a cada alma gastar estes poucos dias de vida na veracidade e justiça... (Bahá’u’lláh, Bahá’í Scriptures, p. 85)
… Devemos falar a verdade; de outra forma não agiremos com sabedoria… Os maiores talentos do homem são a razão e a eloquência de expressão. ('Abdu'l-Bahá, Divine Philosophy, p. 103)Falar a verdade no jornalismo também pode ajudar a:
(…) extinguir, através do poder da sabedoria e da força da vossa palavra, o fogo da inimizade e do ódio que arde no coração dos povos do mundo. (Bahá’u’lláh, Epistle to the Son of the Wolf, p. 12)Assim, gostaria de agradecer a todos os jornalistas de investigação e fotojornalistas: vocês merecem a nossa mais profunda gratidão. A vossa coragem e integridade ajudam-nos a manter a nossa independência e ajudam-nos a dar-nos os factos que usamos para formar as nossas próprias opiniões e tomar as nossas decisões.
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Texto original: Thanking Journalists: First Responders for the Truth (www.bahaiteachings.org)
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Jaine Toth é actriz, escritora e formadora. Vive no Arizona (EUA), perto do Desert Rose Baha'i Institute. É autora de uma coluna semana num jornal.
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