quarta-feira, 30 de outubro de 2019
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Fotos de 6 objectos pertencentes ao Báb
Num ano que assinala o bicentenário do Nascimento
do Báb, o BWNS partilhou no site Baha’i Media Bank várias imagens
relacionadas com a vida e missão do Profeta-Mártir da Fé Bahá’í.
Entre estas fotos, destacamos seis
objectos pessoais que pertenceram ao Báb.
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O anel de sinete do Báb |
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O Alcorão pertencente ao Báb |
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Colar de Orações pertencente ao Báb |
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Boina usada pelo Bab sob o Seu turbante |
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Traje usado pelo Báb |
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Braseira e samovar pertencentes ao Báb |
sábado, 26 de outubro de 2019
A influência dos ensinamentos do Bab na Fé Bahá’í
Por Christopher Buck.
Os princípios e leis originais do Báb tiveram uma profunda influência – que ainda hoje permanece - no pensamento e vida Bahá'í. Alguns destes princípios e ideias foram levados para a Fé Bahá'í, apesar de não ser pouco conhecido que as suas origens estão no Báb.
Um caso em questão é o Bayan persa, descrito como “o maior trabalho doutrinário e principal repositório de leis estabelecidas pelo Báb”, distinguido como “o Livro-Mãe da Dispensação Babi” (The Most Holy Book, Note 108, p. 213). O termo “Livro-Mãe” é geralmente usado para designar o Livro central de uma Dispensação religiosa. (Idem, p. 220.)
O Báb revelou o Bayan persa para preparar o caminho para o advento de Bahá’u’lláh. Como tal, muitas das leis do Bayan – se não a maioria delas – nunca foram postas em prática, devido à curta duração da religião do Báb. Bahá'u'lláh anunciaria a Sua missão profética, e com isso, cumpriu as profecias do Báb.
Assim, o Bayan persa além ser o principal repositório de leis estabelecidas pelo Báb, é também “o principal trabalho doutrinário” do Báb. A Fé Bahá’í baseia-se nos ensinamentos de Bahá'u'lláh; e alguns desses ensinamentos têm as suas raízes em ideias expostas no Bayan persa e noutros livros revelados pelo Báb. É claro que Bahá'u'lláh ampliou e expandiu o conteúdo das doutrinas do Báb.
Neste pequeno artigo, apenas uma doutrina é suficiente para ilustrar este aspecto da influência das doutrinas do Báb na Fé Bahá'í. Vejamos, então, aquilo que Bahá'u'lláh identifica como a doutrina mais importante do Alcorão: alcançar a presença de Deus. Por outras palavras: o que significam as profecias do Alcorão, o livro sagrado do Islão, quando predizem o Dia em que os verdadeiros crentes irão, certamente, “encontrar-se com Deus”? Vejamos primeiro o que o Báb diz sobre este assunto no Bayan persa (num excerto traduzido de forma abreviada por Edward Granville Browne, um prestigiado professor de Cambridge):
Seguindo mesmo raciocínio, Bahá’u’lláh escreveu no Livro da Certeza:
A principal missão do Báb foi preparar o caminho para a vinda de “Aquele que Deus tornará Manifesto” – uma expressão que o Báb usava para Se referir a Bahá’u’lláh. Sobre este ponto vital, o Báb explicou no Bayan persa (3:7):
Sobre isto, aquilo que Deus revelou sobre o Encontro com Ele, ou o Encontro com o Senhor, nada mais significa salvo o Encontro com Aquele que Deus tornará Manifesto [Bahá’u’lláh], pois Deus na Sua Essência não pode ser visto.
Assim podemos perceber porque é que a doutrina do Báb sobre o significado do “encontro com Deus” é tão importante na Fé Bahá'í, e com isso deparamo-nos, mais uma vez, com a “herança viva” do Báb, tal como o próprio Bahá’u’lláh declarou inequivocamente:
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Texto original: The Influence of the Bab’s Teachings on Baha’i Belief (www.bahaiteachings.org)
Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
Os princípios e leis originais do Báb tiveram uma profunda influência – que ainda hoje permanece - no pensamento e vida Bahá'í. Alguns destes princípios e ideias foram levados para a Fé Bahá'í, apesar de não ser pouco conhecido que as suas origens estão no Báb.
Um caso em questão é o Bayan persa, descrito como “o maior trabalho doutrinário e principal repositório de leis estabelecidas pelo Báb”, distinguido como “o Livro-Mãe da Dispensação Babi” (The Most Holy Book, Note 108, p. 213). O termo “Livro-Mãe” é geralmente usado para designar o Livro central de uma Dispensação religiosa. (Idem, p. 220.)
O Báb revelou o Bayan persa para preparar o caminho para o advento de Bahá’u’lláh. Como tal, muitas das leis do Bayan – se não a maioria delas – nunca foram postas em prática, devido à curta duração da religião do Báb. Bahá'u'lláh anunciaria a Sua missão profética, e com isso, cumpriu as profecias do Báb.
Assim, o Bayan persa além ser o principal repositório de leis estabelecidas pelo Báb, é também “o principal trabalho doutrinário” do Báb. A Fé Bahá’í baseia-se nos ensinamentos de Bahá'u'lláh; e alguns desses ensinamentos têm as suas raízes em ideias expostas no Bayan persa e noutros livros revelados pelo Báb. É claro que Bahá'u'lláh ampliou e expandiu o conteúdo das doutrinas do Báb.
Neste pequeno artigo, apenas uma doutrina é suficiente para ilustrar este aspecto da influência das doutrinas do Báb na Fé Bahá'í. Vejamos, então, aquilo que Bahá'u'lláh identifica como a doutrina mais importante do Alcorão: alcançar a presença de Deus. Por outras palavras: o que significam as profecias do Alcorão, o livro sagrado do Islão, quando predizem o Dia em que os verdadeiros crentes irão, certamente, “encontrar-se com Deus”? Vejamos primeiro o que o Báb diz sobre este assunto no Bayan persa (num excerto traduzido de forma abreviada por Edward Granville Browne, um prestigiado professor de Cambridge):
A Essência Eterna não pode ser compreendida ou descrita, qualificada ou vista, apesar de todas as coisas serem compreendidas, descritas, qualificadas e vistas por Ela; e assim o que se pretende dizer nos Livros Celestiais com “encontrar-se o Senhor” é encontrar-se com o Apóstolo de Deus, pois assim foi dito sobre o verdadeiro crente : “Contemplá-Lo é contemplar o Profeta de Deus, e contemplar o Profeta de Deus é contemplar Deus.”… Ele é como o Sol, e tudo o resto é como um espelho onde aparecem reflexos do sol. Quem atingir o Encontro com Aquele que Deus manifestará, atingirá o Encontro com Deus. (The Bab, Persian Bayan 3:7, traduzido/resumido por Edward Granville Browne, “A Summary of the Persian Bayan,” in Moojan Momen’s Selections from the Writings of E. G. Browne on the Babi and Baha’i Religions, pp. 340–341)O Báb refere excertos do Alcorão semelhantes ao seguinte:
No dia em que eles serão levados à presença do seu Senhor, a sua saudação uns aos outros será “Que a paz esteja contigo.” Deus preparou uma honrosa recompensa para eles. (Alcorão 33:44)Aqui, a frase “No dia em que eles serão levados à presença do seu Senhor” está de acordo com a tradução feita por Shoghi Effendi da palavra árabe liqá (um substantivo que significa “reunião” ou “encontro”), nas suas várias formas ao longo do Alcorão.
Seguindo mesmo raciocínio, Bahá’u’lláh escreveu no Livro da Certeza:
Que estranho! Estas pessoas com uma mão agarram-se àqueles versículos do Alcorão e àquelas tradições do povo da certeza que eles consideram estar de acordo com as suas propensões e interesses, e com a outra rejeitam aquilo que é contrário aos seus desejos egoístas. “Acreditais numa parte do Livro e negais outra?” [Alcorão 2:85] Como podeis julgar aquilo que não compreendeis? Assim o Senhor do Ser no Seu livro infalível, após falar do “Selo” na sua elocução exaltada: “Maomé é o Apóstolo de Deus e o Selo dos Profetas,”[Alcorão 33:40] tinha revelado a todos os povos a promessa do “alcançar da Presença divina.” Desta chegada à presença do Rei imortal testemunham os versículos do Livro, alguns dos quais já mencionámos. O Deus uno e verdadeiro é Minha testemunha! Nada mais exaltado ou mais explícito do que “alcançar a Presença divina” foi revelado no Alcorão. Bem-aventurado aquele que a alcançou, no dia em que, como tu testemunhas, a maioria do povo se afastou dela.Bahá’u’lláh indica a importância primordial dos versículos do Alcorão que predizem o Último Dia, quando os verdadeiros crentes se irão “encontrar com Deus”, isto é, alcançar a presença de Deus, conforme indicado nesta afirmação clara: “Nada mais exaltado ou mais explícito do que «alcançar a Presença divina» foi revelado no Alcorão.”
E no entanto, através do mistério do primeiro versículo [Alcorão 33:40], eles afastaram-se da graça prometida pelo segundo [Alcorão 33:44], apesar do facto do “alcançar da Presença divina” no “Dia da Ressurreição” ser explicitamente afirmada no Livro. Foi demonstrado e provado definitivamente, através de evidências claras, que por “Ressurreição” se pretende significar o aparecimento do Manifestante de Deus para proclamar a Sua Causa, e por “alcançar da Presença Divina” se pretende significar o alcançar da presença da Sua Beleza na pessoa do Seu Manifestante. Pois, em verdade, “Nenhum olhar O percebe, mas Ele percebe todos os olhares.” [Alcorão 6:103] Não obstante todos estes factos indubitáveis e exposições claras, eles agarraram-se loucamente ao termo “selo”, e permaneceram totalmente privados do reconhecimento d’Aquele Que é o Revelador tanto do Selo como do Princípio, no dia da Sua presença. (Baha’u’llah, The Book of Certitude, ¶181-182)
A principal missão do Báb foi preparar o caminho para a vinda de “Aquele que Deus tornará Manifesto” – uma expressão que o Báb usava para Se referir a Bahá’u’lláh. Sobre este ponto vital, o Báb explicou no Bayan persa (3:7):
Sobre isto, aquilo que Deus revelou sobre o Encontro com Ele, ou o Encontro com o Senhor, nada mais significa salvo o Encontro com Aquele que Deus tornará Manifesto [Bahá’u’lláh], pois Deus na Sua Essência não pode ser visto.
Assim podemos perceber porque é que a doutrina do Báb sobre o significado do “encontro com Deus” é tão importante na Fé Bahá'í, e com isso deparamo-nos, mais uma vez, com a “herança viva” do Báb, tal como o próprio Bahá’u’lláh declarou inequivocamente:
Examinai cuidadosamente o Bayan persa revelado por Aquele que Anunciou esta Revelação e vede com olhar equitativo. Em verdade, Ele guiar-vos-á com acerto ao Seu Caminho. Neste momento, Ele proclama aquilo que a Sua língua proferiu anteriormente quando Ele estava sentado no trono do Seu mais enaltecido Nome. (Bahá’u’lláh, Tablets of Bahá’u’lláh, p. 76.)A influência das doutrinas do Báb na Fé Bahá'í não é apenas mencionada por Bahá’u’lláh; é também celebrada. A herança viva do Báb ecoa de forma vivida e vibrante com as muitas homenagens do Bahá’u’lláh ao Báb.
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Texto original: The Influence of the Bab’s Teachings on Baha’i Belief (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
sábado, 19 de outubro de 2019
Como o novo Calendário do Bab transforma o tempo
Por Christopher Buck.
O tempo, ou a maior parte do tempo, dá ordem à vida. Pelos menos, assim parece. Quantas vezes olhamos para o relógio, marcamos eventos no calendário ou planeamos as nossas actividades? Quase constantemente. O tempo é importante; e tudo é uma questão de tempo.
Mas, à sua maneira, a alma também mede o progresso e o tempo espiritual conserva ambos.
Para os Bahá’ís, as Festas de 19 Dias transformam o tempo. O tempo é mundano e está associado à realidade material. O Báb criou um novo calendário. Este “Calendário Maravilhoso (Badi)” – conhecido hoje como calendário Bahá’í – transforma o tempo, convertendo o tempo comum em “tempo sagrado”.
A noção de tempo sagrado é muito importante no estudo da religião. Os estudiosos dedicaram muito tempo e energia ao tema do tempo sagrado. O tempo sagrado adiciona uma dimensão espiritual ao tempo comum, pois o tempo é físico e o tempo sagrado é metafísico. O tempo sagrado é, em última análise, um “tempo de qualidade”. O tempo sagrado dá um propósito ao tempo comum. O tempo permite-nos progredir, crescendo espiritualmente ao amadurecer, ao servir e ao sermos transformados durante esse processo. A Fé Bahá’í foca-se, essencialmente, na transformação individual e social.
O novo calendário do Báb transforma o tempo numa experiência supramundana e espiritual. O dicionário define “supramundano” como: “que transcende a esfera mundana ou material; sublime”. O primeiro sentido aplica-se aqui e agora. Sacralizar o tempo significa torná-lo divino na sua natureza e propósito. Então como é que o Báb faz isto? O professor Nader Saiedi explica:
Não é obrigatório que assim seja, nem existem regras que indiquem que é assim que as leituras para uma determinada festa sejam escolhidas. Mas mesmo assim, esta é uma prática comum entre os Bahá’ís. O resultado é que cada comunidade Bahá’í que segue esta prática medita sobre o atributo divino “Honra” durante a festa da Honra, uma vez por ano. Desta forma, os nomes de cada um dos dezanove meses Bahá’ís recebe uma atenção considerável durante as partes devocionais das Festas Bahá’ís. E assim, a herança espiritual do Báb continua a inspirar-nos e edificar-nos.
Os nomes dos meses Bahá’ís são atributos espirituais de Deus, apesar de Deus transcender todos os nomes e atributos. Mas essas mesmas qualidades podem manifestar-se – numa escala bem menor, evidentemente - em cada um de nós. Para explicar como isto é possível, sugiro a leitura deste conjunto de artigos “Transforming Time: Turning Godly Perfections Into Goodly Actions”.
Porque o calendário do Báb funciona como parte da Sua herança viva na vida devocional Bahá’í de hoje, vamos terminar com um excerto das Escrituras Bahá’ís sobre o significado da honra, enquanto virtude espiritual, o que inclui um vasto leque de qualidades e actos nobres que cada um de nós pode potencialmente manifestar.
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Texto original: How the Bab’s New Calendar Transforms Time (www.bahaiteachings.org)
Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
O tempo, ou a maior parte do tempo, dá ordem à vida. Pelos menos, assim parece. Quantas vezes olhamos para o relógio, marcamos eventos no calendário ou planeamos as nossas actividades? Quase constantemente. O tempo é importante; e tudo é uma questão de tempo.
Mas, à sua maneira, a alma também mede o progresso e o tempo espiritual conserva ambos.
Para os Bahá’ís, as Festas de 19 Dias transformam o tempo. O tempo é mundano e está associado à realidade material. O Báb criou um novo calendário. Este “Calendário Maravilhoso (Badi)” – conhecido hoje como calendário Bahá’í – transforma o tempo, convertendo o tempo comum em “tempo sagrado”.
A noção de tempo sagrado é muito importante no estudo da religião. Os estudiosos dedicaram muito tempo e energia ao tema do tempo sagrado. O tempo sagrado adiciona uma dimensão espiritual ao tempo comum, pois o tempo é físico e o tempo sagrado é metafísico. O tempo sagrado é, em última análise, um “tempo de qualidade”. O tempo sagrado dá um propósito ao tempo comum. O tempo permite-nos progredir, crescendo espiritualmente ao amadurecer, ao servir e ao sermos transformados durante esse processo. A Fé Bahá’í foca-se, essencialmente, na transformação individual e social.
O novo calendário do Báb transforma o tempo numa experiência supramundana e espiritual. O dicionário define “supramundano” como: “que transcende a esfera mundana ou material; sublime”. O primeiro sentido aplica-se aqui e agora. Sacralizar o tempo significa torná-lo divino na sua natureza e propósito. Então como é que o Báb faz isto? O professor Nader Saiedi explica:
O Báb torna todo o conceito de tempo num processo de espiritualização. O tempo torna-se literalmente pleno de Deus. Este processo é bem evidente no novo calendário apresentado no Bayan Persa. No primeiro parágrafo do capítulo sobre calendário, o Báb explica o significado simbólico da Sua nova organização do tempo. (Nader Saiedi, Gate of the Heart, p. 327)Em lado algum é a noção de tempo sagrado mais evidente do que nos calendários sagrados. A maioria das religiões mundiais adoptou alguma forma de calendário sagrado. Reconhecendo este fenómeno religioso, a Casa Universal de Justiça, salientou:
A adopção de um novo calendário em cada dispensação é um símbolo do poder da Revelação Divina dando uma nova forma à percepção humana da realidade material, social e espiritual. Através dele, os momentos sagrados distinguem-se, o lugar da humanidade no tempo e no espaço é re-pensado e o ritmo da vida alterado. (The Universal House of Justice, To the Bahá’ís of the World, 10 July 2014)Ao adoptar o calendário que o Báb criou, Bahá’u’lláh pretendeu não só estruturar o próprio calendário a ser implementado de forma prática para acompanhamento e documentação tempo, mas também para cumprir um objectivo espiritual:
Falando de “este Nome que ofuscou toda a criação” (¶ 127), Ele [Bahá’u’lláh] aprovou o calendário Babi, que foi concebido para tornar o fluxo do tempo num símbolo de nomes divinos, com os seus dezanove meses começando e terminando em “Bahá”. Assim, a vida e a passagem do tempo tornam-se uma lembrança constante da revelação universal de Deus, um reflexo da Beleza divina, e uma manifestação da viagem espiritual. (Nader Saiedi, Logos and Civilization: Spirit, History, and Order in the Writings of Baha’u’llah, pp. 287–288)O calendário Bahá’í atribui nomes a cada dia, mês e ano, e esses nomes - Grandeza, Glória, Beleza, Luz, etc – reflectem os atributos espirituais do Criador. Actualmente, a maioria dos Bahá’ís não usa habitualmente os nomes Bahá’ís para os dias da semana, dias do mês e nomes dos anos. Os nomes dos 19 meses Bahá’ís em cada ano, porém, têm um papel importante na vida devocional Bahá’í. Frequentemente, o anfitrião de uma Festa Bahá’í escolhe para o período devocional leituras e orações de acordo com o nome, ou atributo, de um mês Bahá’í específico. Por exemplo, as leituras para a Festa do mês Bahá’í “Honra” podem incluir um conjunto de Escrituras Bahá'ís que se focam no conceito de “honra” com característica distintiva.
Não é obrigatório que assim seja, nem existem regras que indiquem que é assim que as leituras para uma determinada festa sejam escolhidas. Mas mesmo assim, esta é uma prática comum entre os Bahá’ís. O resultado é que cada comunidade Bahá’í que segue esta prática medita sobre o atributo divino “Honra” durante a festa da Honra, uma vez por ano. Desta forma, os nomes de cada um dos dezanove meses Bahá’ís recebe uma atenção considerável durante as partes devocionais das Festas Bahá’ís. E assim, a herança espiritual do Báb continua a inspirar-nos e edificar-nos.
Os nomes dos meses Bahá’ís são atributos espirituais de Deus, apesar de Deus transcender todos os nomes e atributos. Mas essas mesmas qualidades podem manifestar-se – numa escala bem menor, evidentemente - em cada um de nós. Para explicar como isto é possível, sugiro a leitura deste conjunto de artigos “Transforming Time: Turning Godly Perfections Into Goodly Actions”.
Porque o calendário do Báb funciona como parte da Sua herança viva na vida devocional Bahá’í de hoje, vamos terminar com um excerto das Escrituras Bahá’ís sobre o significado da honra, enquanto virtude espiritual, o que inclui um vasto leque de qualidades e actos nobres que cada um de nós pode potencialmente manifestar.
Então é claro que a honra e enaltecimento do homem não pode assentar apenas em coisas materiais e em benefícios mundanos. Esta felicidade material é totalmente secundária, pois a exaltação do homem assenta primeiramente em virtudes e realizações que são o adorno da realidade humana. Estas consistem em bênçãos divinas, dádivas celestiais, emoções sinceras, em amor e o conhecimento de Deus, na educação das pessoas, na percepção da mente e nas descobertas da ciência. Elas consistem na justiça e na equidade, veracidade e benevolência, coragem interior e humanidade inata, protecção dos direitos dos outros, e preservação da santidade das alianças e acordos. Elas consistem na rectidão de conduta sob todas as circunstâncias, amor à verdade sob todas a condições, espírito de sacrifício para o bem de todas as pessoas, gentileza e bondade para com todas as nações, obediência aos ensinamentos de Deus, serviço ao Reino celestial, conselhos para a humanidade, e educação para todas as raças e nações. Esta é a felicidade do mundo humano! Esta é a exaltação do homem no mundo contingente! Esta é a vida eterna e honra celestial!...
Porque o Senhor compassivo coroou a cabeça do homem com um diadema resplandecente, devemos esforçar-nos para que as suas joias possam lançar a sua luz sobre todo o mundo. (Abdu’l-Baha, Some Answered Questions, newly revised edition, pp. 89–90)
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Texto original: How the Bab’s New Calendar Transforms Time (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
sábado, 12 de outubro de 2019
A Influência do Báb nas Devoções Bahá’ís
Por Christopher Buck.
Muitas das crenças, práticas e leis espirituais da Fé Bahá’í de hoje tiveram origem no Báb, o precursor e arauto de Bahá'u'lláh.
O carácter único da Fé Bahá'í – com os seus co-fundadores, o Báb e Bahá'u'lláh, os profetas gémeos que apareceram tão próximo um do outro – significa que podemos falar justamente em “herança viva” do Báb.
A mais importante missão do Báb foi, evidentemente, anunciar Bahá’u’lláh. Conforme escrevi no artigo anterior, tanto o Báb como Bahá'u'lláh são co-fundadores da Fé Bahá’í. E isto acontece não apenas por motivos históricos (pois o Báb anunciou advento iminente Bahá'u'lláh) mas também por motivos contemporâneos. Veja-se por exemplo, a influência do Báb nas devoções Bahá'ís.
O coração da vida devocional na comunidade Bahá’í é a Festa de 19 Dias, em que os Bahá'ís, nas suas comunidades locais, se reúnem para orar, consultar e socializar. No Livro Mais Sagrado, o repositório Bahá’í de leis religiosas, Bahá'u'lláh instituiu a Festa como uma prática devocional:
A prática Bahá’í actual de realizar “reuniões devocionais” pode ser vista como um prolongamento do carácter devocional das Festas de 19 Dias. As reuniões devocionais, que se podem realizar a qualquer hora e em qualquer lugar, permitem que os participantes experimentem essa vertente devocional. Assim, a “herança viva” do Báb torna-se mais extensa, imediata e vibrante por toda a comunidade Bahá’í.
Tal como noutras religiões, os Bahá’ís usam livros de orações. Nestes encontram-se algumas que foram reveladas pelo Báb. A edição americana do livro de Orações Bahá’ís, por exemplo, tem 39 orações reveladas pelo Báb; o livro tem um total de 185 orações. Isto significa que um quinto das orações frequentemente entoadas pelos Bahá’ís tem origem no Báb; é a “herança viva” que continua connosco, todos os dias. Aqui fica um exemplo de uma oração inspiradora e fortalecedora revelada pelo Báb:
Os ensinamentos profundos do Báb, as suas belas orações, as suas poderosas leis espirituais, adoptadas e adaptadas por Bahá'u'lláh, e praticadas pelos Bahá'ís, constituem uma herança preciosa legada pelo Báb. Essa herança, parte integrante da vida e experiência Bahá’ís de hoje, é um testemunho contemporâneo da herança viva do Báb.
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Texto original: The Bab’s Influence on Baha’i Devotions (www.bahaiteachings.org)
Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
Muitas das crenças, práticas e leis espirituais da Fé Bahá’í de hoje tiveram origem no Báb, o precursor e arauto de Bahá'u'lláh.
O carácter único da Fé Bahá'í – com os seus co-fundadores, o Báb e Bahá'u'lláh, os profetas gémeos que apareceram tão próximo um do outro – significa que podemos falar justamente em “herança viva” do Báb.
A mais importante missão do Báb foi, evidentemente, anunciar Bahá’u’lláh. Conforme escrevi no artigo anterior, tanto o Báb como Bahá'u'lláh são co-fundadores da Fé Bahá’í. E isto acontece não apenas por motivos históricos (pois o Báb anunciou advento iminente Bahá'u'lláh) mas também por motivos contemporâneos. Veja-se por exemplo, a influência do Báb nas devoções Bahá'ís.
O coração da vida devocional na comunidade Bahá’í é a Festa de 19 Dias, em que os Bahá'ís, nas suas comunidades locais, se reúnem para orar, consultar e socializar. No Livro Mais Sagrado, o repositório Bahá’í de leis religiosas, Bahá'u'lláh instituiu a Festa como uma prática devocional:
Em verdade, é-vos ordenado que ofereceis uma festa, uma vez por mês, mesmo que seja servida apenas água; pois Deus pretendeu unir os corações ainda que por meios terrenos e celestiais. (¶57)“A Festa de 19 Dias é uma instituição da Causa”, segundo Shoghi Effendi, e foi “primeiramente estabelecida pelo Báb, e posteriormente confirmada por Bahá'u'lláh, e agora feita uma parte proeminente da ordem administrativa Fé”. (The Light of Divine Guidance, Volume. 1, p. 212.)
“No Bayan árabe, o Báb apelou aos Seus seguidores que se reunissem uma vez por mês para mostrar hospitalidade e amizade,” escreveu a Casa Universal de Justiça, “e Bahá'u'lláh aqui [no Livro Mais Sagrado] confirma isto e salienta o papel unificador destas ocasiões.” (The Most Holy Book, p. 202). Além disso, 'Abdu'l-Bahá explicou a importância desta actividade comunitária essencial no centro da vida devocional Bahá’í: Esta Festa foi instaurada por Sua Santidade o Báb, para acontecer uma vez em cada dezanove dias. De igual modo, [Bahá'u'lláh] ordenou-a, encorajou-a e reiterou-a. Portanto, tem a maior importância. Indubitavelmente, deveis dar a maior atenção ao seu estabelecimento e elevá-la ao ponto de máxima importância, para que possa ser contínua e constante. Os crentes em Deus devem reunir-se e associar-se com o maior amor, alergia e fragrância. Devem comportar-se (nestas Festas) com a maior dignidade e consideração, entoar os versículos divinos, ler textos instrutivos, ler Epístolas de 'Abdu'l-Bahá, encorajar e inspirar-se mutuamente com amor por toda a raça humana, invocar Deus com alegria e fragrância perfeitas, entoar versículos, glorificações e louvores ao Senhor que Subsiste por Si Próprio e proferir discursos eloquentes. O dono da casa deve servir pessoalmente os bem-amados. Ele deve tratar do conforto de todos e com a maior humildade deve mostrar bondade para com todos. Se a Festa for organizada deste modo e na forma mencionada, essa ceia será a “Ceia do Senhor”, pois o resultado é o mesmo e o efeito é o mesmo. ('Abdu'l-Bahá, Tablets of Abdul-Baha, Volume 2, pp. 468–469)Apesar do Báb ter criado e instituído a Festa de 19 Dias, esta instituição divina e espiritual evoluiu ao longo do tempo. Hoje, a Festa Bahá'i contém funções devocionais, consultivas e sociais, distribuídas por um programa com três partes distintas. A parte consultiva da Festa funciona como o equivalente Bahá’í da “reunião dos cidadãos”, em que os Bahá'ís consultam sobre os assuntos da comunidade local, e fazem sugestões e recomendação par ao conselho Bahá’í local, conhecido como Assembleia Espiritual Local. A Assembleia poderá enviar para a Festa seguinte informações para a comunidade local com a sua resposta relativa a recomendações apresentadas em Festas anteriores.
A prática Bahá’í actual de realizar “reuniões devocionais” pode ser vista como um prolongamento do carácter devocional das Festas de 19 Dias. As reuniões devocionais, que se podem realizar a qualquer hora e em qualquer lugar, permitem que os participantes experimentem essa vertente devocional. Assim, a “herança viva” do Báb torna-se mais extensa, imediata e vibrante por toda a comunidade Bahá’í.
Tal como noutras religiões, os Bahá’ís usam livros de orações. Nestes encontram-se algumas que foram reveladas pelo Báb. A edição americana do livro de Orações Bahá’ís, por exemplo, tem 39 orações reveladas pelo Báb; o livro tem um total de 185 orações. Isto significa que um quinto das orações frequentemente entoadas pelos Bahá’ís tem origem no Báb; é a “herança viva” que continua connosco, todos os dias. Aqui fica um exemplo de uma oração inspiradora e fortalecedora revelada pelo Báb:
Decreta para mim, ó meu Senhor, e para aqueles que acreditaram em Ti, aquilo que, quanto a Ti, for considerado mais próprio para nós, conforme estabelecido no Livro-Mãe, pois nas Tuas mãos seguras a medida definida de todas as coisas.E aqui temos! O Báb foi mais do que o Arauto, ou o anunciador, do advento iminente de Bahá’u’lláh. O Báb revelou um vasto leque de ensinamentos, doutrinas, orações leis religiosas e práticas devocionais. Depois de cumprir as profecias do Báb, Bahá'u'lláh adoptou algumas leis religiosas estabelecidas pelo Báb. Claro que Bahá'u'lláh fez isso de forma selectiva, e ao adoptar uma determinada lei, adaptava-a de acordo com as necessidades do tempo.
As Tuas dádivas bondosas chovem incessantemente sobre aqueles que prezam o Teu amor, e os sinais maravilhosos das Tuas bênçãos celestiais são concedidos àqueles que reconhecem a Tua Unidade divina. Entregamo-nos ao Teu cuidado, seja o que for que tenhas destinado para nós, e imploramos-Te que nos concedas o bem que o Teu conhecimento abrange.
Protege-me, ó meu Senhor, de todo o mal que a Tua omnisciência percebe, pois não há força ou poder senão em Ti, nenhum triunfo vem salvo da Tua presença, e só Tu tens o domínio. O que quer que Deus desejou, tem sido; e aquilo que Ele não desejou, não será.
Não há poder ou força excepto em Deus, o Mais Exaltado, o Mais Poderoso. (The Bab, Baha’i Prayers, pp. 130–131)
Os ensinamentos profundos do Báb, as suas belas orações, as suas poderosas leis espirituais, adoptadas e adaptadas por Bahá'u'lláh, e praticadas pelos Bahá'ís, constituem uma herança preciosa legada pelo Báb. Essa herança, parte integrante da vida e experiência Bahá’ís de hoje, é um testemunho contemporâneo da herança viva do Báb.
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Texto original: The Bab’s Influence on Baha’i Devotions (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
sábado, 5 de outubro de 2019
A influência do Báb na Vida Bahá’í de hoje
Por Christopher Buck.
O Báb - cujo bicentenário do nascimento será celebrado pelos Bahá’ís no próximo dia 19 de Outubro de 2019 - anunciou o advento de Bahá’u’lláh. E este escreveria mais tarde:
Uma Religião, Dois Mensageiros
O Báb fez muito mais do que predizer e preparar o caminho para o iminente advento de Bahá’u’lláh. O Báb apresentou leis nos Seus livros Bayan Persa e Bayan Árabe, algumas das quais foram adoptadas e modificadas por Bahá’u’lláh no Seu livro das leis, conhecido como Kitab-i-Adqas, ou Livro Mais Sagrado. Este facto notável, juntamente com a profunda influência doutrinária do Báb – conforme se pode ver no livro “Selecção das Escrituras do Báb” – valida e demonstra plenamente a verdade subjacente à expressão que Shoghi Effendi usou para designar o Báb como co-fundador da Fé Bahá’í: “…Profeta mártir e co-fundador da sua Fé.” (Shoghi Effendi, Unfolding Destiny, p. 234)
Claro que Shoghi Effendi homenageou e aclamou o Báb, não apenas como precursor, arauto e anunciador de Bahá’u’lláh - tal como João Baptista fora para Jesus Cristo - mas também como mensageiro de Deus, cujos textos foram incluídos nas escrituras Bahá’ís, e cujas leis doutrinas e princípios fazem parte da Fé Bahá’í e da vida Bahá’í de hoje.
O facto dos Bahá’ís contemporâneos reconhecerem e seguirem algumas leis originalmente estabelecidas pelo Báb - e posteriormente aprovadas por Bahá’u’lláh - demonstra a herança viva do Báb. Além disso, certas doutrinas, princípios e valores éticos que o Báb definiu servem como guias morais e espirituais para os Bahá’ís; e assim continuarão a servir. Estes princípios e valores morais do Báb ajudam a moldar a vida, a mentes e o carácter dos Bahá’ís em todo o mundo, e consequentemente têm impacto em todos ao seu redor e nas sociedades em que vivem. A herança viva do Báb cria uma dimensão importante na actual experiência Bahá’í.
Assim, por ocasião do Bicentenário do Nascimento do Báb, estes artigos servem para reconhecer e apreciar os contributos do Báb para a vida Bahá’í de hoje. Tão ampla e universal foi a influência do Báb que é difícil saber por onde começar! Aqui fica um breve e resumida visão geral sobre estas influências significativas e marcantes:
As Leis do Báb
Uma das leis mais notáveis do Báb que foi adoptada e adaptada por Bahá’u’lláh consiste no uso do calendário Badi. Badi significa “novo”, “maravilhoso” ou “único”. Este calendário foi instituído pelo Báb no seu Livro dos Nomes, que, em mais de 3000 páginas manuscritas, se presume ser o mais longo texto sagrado único do mundo:
O Centro Mundial Bahá’í explica:
Doutrinas, Princípios e Moral
Resumidamente, algumas das doutrinas apresentadas pelo Báb, que estão hoje presentes na crença e experiência Bahá’í, incluem a unicidade de Deus, a continuidade da orientação divina ao longo da história humana (que os Bahá’ís designam como “revelação progressiva”), a universalidade da orientação divina, a noção de que as mensagens proclamadas pelos vários mensageiros de Deus estão em harmonia na sua essência, a necessidade de purificação e aperfeiçoamento espiritual em todas as coisas, etc.
A influência do Báb na vida Bahá’í de hoje é parte da herança viva do Báb; e, no entanto, a extensão das raízes dos ensinamentos do Báb nas leis, doutrinas, princípios e moral Bahá’ís ainda não foi totalmente explorado ou compreendido.
Podemos dizer que o Báb é mais do que o arauto de Bahá’u’lláh. Tanto que muitas das Suas leis, princípios e moral entraram no pensamento e experiência Bahá’í de hoje e por esse motivo podemos verdadeiramente dizer que o Báb é um co-fundador da Fé Bahá’í – não apenas histórico, mas também contemporâneo.
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Texto original: The Bab’s Influence on Baha’i Life Today (www.bahaiteachings.org)
Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
O Báb - cujo bicentenário do nascimento será celebrado pelos Bahá’ís no próximo dia 19 de Outubro de 2019 - anunciou o advento de Bahá’u’lláh. E este escreveria mais tarde:
Este Ponto [o Báb] é o centro focal do círculo dos Nomes e marca o apogeu das manifestações das Letras no mundo da criação. Através dele apareceram indícios do Mistério impenetrável, o Símbolo adornado, Aquele que ficou revelado no Mais Grandioso Nome – um Nome que está registado na Epístola luminosa e inscrito no santo e abençoado Pergaminho imaculado… Depois, a eterna Luz de Deus derramou o seu esplendor, irrompeu no próprio coração do firmamento do testemunho e produziu dois Luminares. (Bahá’u’lláh, Tablets of Bahá’u’lláh, pags. 101–102)Aqui, os “dois Luminares” indicam o Báb e Bahá’u’lláh, que Shoghi Effendi designou como “Luminares gémeos da Revelação Bahá’í” (God Passes By, p. 237).
Uma Religião, Dois Mensageiros
O Báb fez muito mais do que predizer e preparar o caminho para o iminente advento de Bahá’u’lláh. O Báb apresentou leis nos Seus livros Bayan Persa e Bayan Árabe, algumas das quais foram adoptadas e modificadas por Bahá’u’lláh no Seu livro das leis, conhecido como Kitab-i-Adqas, ou Livro Mais Sagrado. Este facto notável, juntamente com a profunda influência doutrinária do Báb – conforme se pode ver no livro “Selecção das Escrituras do Báb” – valida e demonstra plenamente a verdade subjacente à expressão que Shoghi Effendi usou para designar o Báb como co-fundador da Fé Bahá’í: “…Profeta mártir e co-fundador da sua Fé.” (Shoghi Effendi, Unfolding Destiny, p. 234)
Claro que Shoghi Effendi homenageou e aclamou o Báb, não apenas como precursor, arauto e anunciador de Bahá’u’lláh - tal como João Baptista fora para Jesus Cristo - mas também como mensageiro de Deus, cujos textos foram incluídos nas escrituras Bahá’ís, e cujas leis doutrinas e princípios fazem parte da Fé Bahá’í e da vida Bahá’í de hoje.
O facto dos Bahá’ís contemporâneos reconhecerem e seguirem algumas leis originalmente estabelecidas pelo Báb - e posteriormente aprovadas por Bahá’u’lláh - demonstra a herança viva do Báb. Além disso, certas doutrinas, princípios e valores éticos que o Báb definiu servem como guias morais e espirituais para os Bahá’ís; e assim continuarão a servir. Estes princípios e valores morais do Báb ajudam a moldar a vida, a mentes e o carácter dos Bahá’ís em todo o mundo, e consequentemente têm impacto em todos ao seu redor e nas sociedades em que vivem. A herança viva do Báb cria uma dimensão importante na actual experiência Bahá’í.
Assim, por ocasião do Bicentenário do Nascimento do Báb, estes artigos servem para reconhecer e apreciar os contributos do Báb para a vida Bahá’í de hoje. Tão ampla e universal foi a influência do Báb que é difícil saber por onde começar! Aqui fica um breve e resumida visão geral sobre estas influências significativas e marcantes:
As Leis do Báb
Uma das leis mais notáveis do Báb que foi adoptada e adaptada por Bahá’u’lláh consiste no uso do calendário Badi. Badi significa “novo”, “maravilhoso” ou “único”. Este calendário foi instituído pelo Báb no seu Livro dos Nomes, que, em mais de 3000 páginas manuscritas, se presume ser o mais longo texto sagrado único do mundo:
Este trabalho, cujo texto completo tem mais de três mil páginas, é o mais extenso livro revelado na história sagrada. É composto por dezanove unidades e 361 portas (capítulos). Muitas partes do texto ainda não foram localizadas. Alguns dos capítulos foram escritos durante o encarceramento do Báb em Maku, e outras enquanto Ele estava em Chiriq. As datas são indicadas no próprio texto. Este livro descreve várias categorias de seres humanos como reflexos dos nomes e atributos divinos, e discute formas como toda a realidade pode ser espiritualizada através do reconhecimento da Fonte suprema de revelação divina. (Nader Saiedi, Gate of the Heart: Understanding the Writings of the Bab, p. 36)O falecido estudioso Ahang Rabbani identificou 32 leis do Báb que posteriormente foram incluídas por Bahá’u’lláh no Livro das Leis, o Livro Mais Sagrado. (Ahang Rabbani, Laws of the Bayan reflected in The Kitab-i-Aqdas, 2008).
O Centro Mundial Bahá’í explica:
...Bahá’u’lláh, referindo o facto do Báb ter tornado as leis do Bayan sujeitas à sua aprovação, afirma que Ele colocou algumas leis do Báb em vigor “ao integrá-las no Kitab-i-Aqdas com diferentes palavras”, enquanto outras foram postas de lado. (The Most Holy Book, p. 213)Os Bahá’ís consideram a revelação do Báb, juntamente com dispensação de Bahá’u’lláh, como constituindo uma única entidade, em que a Fé Babi é uma introdução ao advento da Fé Bahá’í. Este par único de poder profético criou uma Fé global.
Doutrinas, Princípios e Moral
Resumidamente, algumas das doutrinas apresentadas pelo Báb, que estão hoje presentes na crença e experiência Bahá’í, incluem a unicidade de Deus, a continuidade da orientação divina ao longo da história humana (que os Bahá’ís designam como “revelação progressiva”), a universalidade da orientação divina, a noção de que as mensagens proclamadas pelos vários mensageiros de Deus estão em harmonia na sua essência, a necessidade de purificação e aperfeiçoamento espiritual em todas as coisas, etc.
A influência do Báb na vida Bahá’í de hoje é parte da herança viva do Báb; e, no entanto, a extensão das raízes dos ensinamentos do Báb nas leis, doutrinas, princípios e moral Bahá’ís ainda não foi totalmente explorado ou compreendido.
Podemos dizer que o Báb é mais do que o arauto de Bahá’u’lláh. Tanto que muitas das Suas leis, princípios e moral entraram no pensamento e experiência Bahá’í de hoje e por esse motivo podemos verdadeiramente dizer que o Báb é um co-fundador da Fé Bahá’í – não apenas histórico, mas também contemporâneo.
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Texto original: The Bab’s Influence on Baha’i Life Today (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
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