sábado, 16 de abril de 2022

Nunca Caluniar Outra Pessoa

Por David Langness.


Ó FILHO DO SER!
Como pudeste esquecer as tuas próprias falhas e ocupar-te com as falhas dos outros? Quem assim fizer, será amaldiçoado por Mim.

Ó FILHO DO HOMEM!
Não sussurres os pecados alheios enquanto tu próprio fores um pecador. Se transgredisses este mandamento, amaldiçoado serias, e disso dou testemunho.
(Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #26 e #27)

Nessas duas Palavras Ocultas, Bahá’u’lláh usa a linguagem mais forte e enfática possível para condenar a maledicência e a calúnia. Ecoando o mandamento bíblica - “Quem não tem pecado que atire a primeira pedra” - estas duas Palavras Ocultas proíbem falar mal de outra pessoa. A poderosa palavra "amaldiçoar" só aparece nas Escrituras Bahá’ís neste contexto, onde Bahá’u’lláh descreve a difamação de outras pessoas pelas costas. A Fé Bahá’í não tem clero, dogma e tem poucas regras - mas as calúnias estão proibidas para os Bahá’ís:

Em verdade, digo: a língua é para mencionar o que é bom; não a conspurqueis com conversa indecorosa. Deus perdoou o passado. Doravante todos devem proferir o que é bom e digno, e evitar a difamação, as injúrias e tudo o que causa tristeza nos homens. (Bahá’u’lláh, The Kitab-i-Aqdas, p. 181)

Alguma vez sentiu a sua alma profundamente magoada por difamação, bisbilhotice ou calúnia vindas de alguém que você conhece? Provavelmente sim - esta experiência triste infelizmente parece comum entre todos os seres humanos. É uma característica que os ensinamentos Bahá’ís dizem que devemos tentar eliminar completamente dos nossos carácteres.

Algumas pessoas fazem bisbilhotices, difamam e insultam outras na sua ausência para se exaltar. Outros usam essas táticas por vingança. Mas, por alguma razão, o comportamento a que chamamos caluniar, difamar, e vilipendiar é errado porque prejudica o coração e a alma de outra pessoa. Bahá’u’lláh descreve a nossa melhor reacção possível a esse comportamento - decidir nunca fazê-lo:

Ele nunca deve procurar exaltar-se acima de qualquer pessoa, deve limpar da placa do seu coração todo o vestígio de orgulho e vanglória, deve apegar-se à paciência e à renúncia, manter silêncio e abster-se de conversas fúteis. Pois a língua é um fogo latente e o excesso de palavras um veneno mortal. O fogo material consome o corpo, mas o fogo da língua devora o coração e a alma. A força do primeiro dura um tempo, enquanto os efeitos do último persistem por um século. Esse buscador deve considerar a maledicência como um erro penoso, e manter-se distante do seu domínio, pois a maledicência apaga a luz do coração e extingue a vida da alma. (The Kitab-i-Iqan, ¶213-214)

No Livro Mais Sagrado de Bahá’u’lláh, o Kitab-i-Aqdas, a calúnia é considerada um crime. Outros textos das Escrituras Bahá'ís descrevem a calúnia como a pior qualidade humana. E podemos perceber porquê depois de ler a citação anterior, que descreve a calúnia em termos sem paralelo nas Escrituras Bahá'ís. Bahá’u’lláh diz-nos que a calúnia apaga "a luz do coração" e extingue "a vida da alma".

As palavras podem fazer assim tanto? Quem já foi magoado por palavras cruéis dirá que sim - podem magoar e muitas vezes magoam. Toda a criança que já sentiu a profunda dor espiritual de um insulto mordaz conhece o sentimento de traição e dor que ele pode causar. A solução: lembre-se primeiro das suas próprias falhas. Bahá’u’lláh diz-nos:

Se o fogo do ego te subjugar, lembra-te das tuas próprias falhas e não das falhas das Minhas criaturas, pois cada um de vós conhece o seu próprio ser melhor do que aos outros. (As Palavras Ocultas, do persa, #66)

Mesmo que as suas palavras sobre outra pessoa sejam verdade, ainda assim podem magoar - e prejudicar o seu próprio coração e alma. Quando pensamos nas falhas de outra pessoa, os ensinamentos Bahá’ís recomendam, que nos concentremos nas boas qualidades dessa pessoa. E, tal como Bahá’u’lláh nos aconselha, lembremo-nos das nossas próprias falhas antes de pensar nas falhas dos outros. Cada ser humano percorre um caminho difícil nesta vida, e todos nós temos falhas e fraquezas. Mas ver o que há de bom nos outros, e nunca mencionar as suas falhas, garante que o nosso caminho espiritual fica livre de obstáculos criados por nós próprios - que tantas vezes colocamos à nossa frente, para nós próprios acabarmos por tropeçar.

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Texto original: Never Speak Ill of Another Person (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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