sábado, 15 de abril de 2023

Faze menção de Mim na Minha Terra

Por David Langness.



Ó FILHO DO HOMEM!
Magnifica a Minha Causa para que possa revelar-te os mistérios da Minha grandeza e fazer brilhar sobre ti a luz da eternidade.

Ó FILHO DO TRONO!
Torna-te humilde perante Mim, para que Eu possa graciosamente visitar-te. Levanta-te para o triunfo da Minha Causa para que enquanto ainda na terra possas alcançar a vitória.

Ó FILHO DO SER!
Faze menção de Mim na Minha terra, para que no Meu paraíso Eu possa lembrar-Me de ti, e assim os Meus olhos e os teus sejam consolados.
(Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #43-#45)

Magnifica Minha causa”, “Torna-te humilde perante Mim” e “Faze menção de Mim” – o que será que Bahá'u'lláh quer dizer quando nos fala desta maneira?

Para entender esta forma de comunicação, é útil conhecer as duas maneiras importantes pelas quais Bahá'u'lláh proclama a Sua mensagem n’As Palavras Ocultas.

Primeiro: quando Bahá’u’lláh usa um pronome pessoal com maiúscula como "Eu" ou "Meu", refere-se directamente a Deus. Com este modo de discurso espiritual, Bahá’u’lláh fala como o Manifestante de Deus – o Profeta de uma nova Fé – e, através dessa exaltada posição, como o porta-voz do Criador.

Segundo: apesar dos Fundadores das grandes religiões falarem as verdades de Deus, os ensinamentos Bahá'ís de forma alguma misturam ou confundem esses Profetas com Deus. Para os Bahá'ís, a posição de Deus, muito acima de qualquer entendimento ou compreensão humana, estará sempre absolutamente incognoscível – e é por isso que Deus nos envia novos mensageiros como intermediários.

Aqui, Bahá'u'lláh refere a vasta distância que separa o Criador da criação:

“Quão desconcertante é para mim, insignificante que sou, tentar sondar as profundezas sagradas do Teu conhecimento! Quão fúteis os meus esforços para visualizar a magnitude do poder inerente à Tua obra - a revelação do Teu poder criador!” “Quando contemplo, ó meu Deus, a relação que me liga a Ti, sou levado a proclamar a todas as coisas criadas ‘em verdade, Eu sou Deus’; e quando considero o meu próprio ser, eis que o considero mais vulgar que o barro!” (citado por Shoghi Effendi, The World Order of Baha’u’llah, p. 113)

Uma das formas místicas e metafóricas de entender a relação entre Deus e os Profetas envolve a relação do sol com um espelho – podemos ver o reflexo brilhante do sol num espelho perfeitamente polido, mas não podemos nem imaginar o poder daquele sol. 'Abdu'l-Bahá explica:

Vêde como o sol brilha sobre toda a criação, mas apenas as superfícies que são puras e estão polidas podem reflectir a sua glória e luz. A alma obscura não tem uma parte da revelação do esplendor glorioso da realidade; e o solo do ego, incapaz de aproveitar essa luz, não produz uma colheita. Os olhos do cego não conseguem ver os raios do sol; apenas os olhos puros com vista sã e perfeita os podem receber. As árvores vivas e verdejantes podem absorver a dádiva do sol; as raízes mortas e os ramos secos são destruídos por ela.

Por isso, o homem deve procurar aptidão e desenvolver prontidão. Enquanto ele for insensível às influências divinas, será incapaz de reflectir a luz e assimilar os seus benefícios. O solo estéril nada produz, mesmo que as nuvens da misericórdia derramem as suas chuvas sobre ele durante mil anos. Devemos tornar o solo dos nossos corações férteis e receptivos, lavrando-o, para que a chuva da misericórdia divina possa refrescá-lo e que produza rosas e jacintos do jardim celestial. Devemos ter olhos perspicazes para ver a luz do sol. Devemos limpar as narinas para podermos sentir as fragrâncias do jardim de rosas divino. Devemos tornar os nossos ouvidos atentos para escutar os chamamentos do Reino supremo. Por muito bela que seja a melodia, o ouvido surdo não pode escutá-la, não pode receber o chamamento da Assembleia Suprema. As narinas obstruídas pelo pó não podem inalar os odores perfumados das flores. Por isso, devemos sempre esforçar-nos em melhorar a nossa capacidade e presteza. Enquanto permanecermos insensíveis, as belezas e graças de Deus não nos podem atingir. (The Promulgation of Universal Peace, pp. 148-149)

Assim, quando Bahá'u'lláh pede à humanidade para “Magnificar a Minha causa” e “Fazer menção de Mim na Minha terra”, Ele na verdade pede a cada um de nós que promova e faça crescer o espírito de amor, unidade e harmonia de Deus neste mundo. Ele pede-nos para aprender que a proximidade com Deus acontece através da devoção, da unidade e do serviço aos outros. Ele quer que saibamos que podemos tornar-nos espelhos da luz do sol investigando a verdade, adquirindo virtudes e características humanas louváveis, e trabalhando pela causa da paz universal.

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Texto original: Make Mention of Me on My Earth (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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