Ó FILHO DO HOMEM!
Se te fosses precipitar pela imensidão do espaço e atravessar a vastidão do céu, nem assim encontrarias descanso, salvo na submissão ao Nosso mandamento e na humildade perante a Nossa Face. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #41)
O nosso imenso universo contém tantos mistérios.
Na semana passada, eu e a minha esposa vimos um filme maravilhoso chamado Einstein e Eddington. Era sobre a relação entre o grande cientista alemão Einstein e seu colega britânico do qual provavelmente nunca ouviram falar, Sir Arthur Stanley Eddington. Ver este filme (uma produção conjunta da HBO e da BBC) fez-me querer saber mais e reacendeu o meu desejo nascente, mas persistente, de estudar física. Assim, fiz uma pequena pesquisa elementar e descobri que Eddington foi um verdadeiro cientista. Ele colaborou com Einstein na teoria da relatividade; tornou-se o primeiro a realmente provar que a gravidade desvia a luz; teorizou correctamente o primeiro entendimento verdadeiro sobre o que acontece dentro de uma estrela; e escreveu livros didáticos sobre física e astronomia que ainda hoje são usados.
Arthur Stanley Eddington |
Perceberam?
Eu também não, mas acho isto fascinante. Tal como centenas de milhares de pessoas naqueles tempos anteriores à TV, aos jogos de vídeo e ao Facebook, que acorriam às palestras de Eddington, tornando-o imensamente popular entre o público na Inglaterra e noutros países. Eddington também escreveu e deu palestras sobre as implicações filosóficas e religiosas da nova física da relatividade e da teoria quântica. Escreveu livros populares, deu entrevistas para jornais e rádios e, em geral, fez a ligação, durante toda a sua vida, entre as fronteiras da ciência e as verdades mais significativas da fé. Tal como 'Abdu'l-Bahá quando visitou a Inglaterra uma década antes, Eddington proclamou a harmonia essencial entre a investigação científica e o misticismo religioso:
A religião e a ciência estão interligadas e não podem ser separadas. Estas são as duas asas com as quais a humanidade deve voar. Uma asa não é suficiente. Toda religião que não se preocupa com a ciência é uma mera tradição, e isso não é o essencial. Portanto, a ciência, a educação e a civilização são as necessidades mais importantes para a vida religiosa plena. ('Abdu'l-Bahá in London [1911], pp. 28-29)
Interpretar a religião do homem para a ciência do homem não apenas em termos mutuamente inteligíveis, mas mutuamente interdependentes, permanece, como acredito, a grande tarefa do nosso tempo se quisermos ver qualquer ordem estável nos eventos ou ter algum sentido consistente de experiência. (Eddington, The Gifford Lectures, 1927).
Como muitos físicos quânticos, o trabalho de Eddington levou-o às questões essencialmente espirituais do universo:
No sentido místico da criação ao nosso redor, na expressão da arte, no anseio por Deus, a alma eleva-se e encontra a realização de algo plantado na sua natureza. O desejo pela verdade tão proeminente na busca da ciência, um alargar do espírito do seu isolamento para algo mais além, uma resposta à beleza na natureza e na arte, uma Luz Interior de convicção e orientação! O espírito humano pertence ao mundo invisível. A alma alcança o mundo invisível. (Eddington, The Gifford Lectures, 1927).
Na frase citada das Palavras Ocultas, Bahá'u'lláh torna esta poderosa observação ainda mais profunda – “precipitar pela imensidão do espaço”, diz Ele, não daria descanso ao nosso espírito até que desenvolvêssemos “humildade perante a Nossa face”.
Bahá'u'lláh usa o pronome "Nosso" duas vezes neste aforismo místico. Ele quer dizer, presumivelmente, que Deus e os Profetas falam com uma única voz para a humanidade. Eles dizem-nos que nossa felicidade e descanso finais só podem vir quando começamos a ver além dos aspectos físicos da existência e a discernir a face de Deus em toda a criação. Assim, tal como a vastidão do céu nos olha com a sua imensidão quando olhamos para o universo, Deus olha para nós quando alcançamos interiormente o mundo invisível.
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Texto original: Speeding Through the Immensity of Space (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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