sábado, 15 de março de 2025

4 Conselhos para ler os Livros Sagrados de todas as Religiões

Por David Langness.


Não leia, como fazem as crianças, para se divertir, ou como os ambiciosos, com o propósito de instrução. Não, leia para viver. – Gustave Flaubert

Pensas que a tua dor e o teu desgosto não têm precedentes na história do mundo, mas depois lês. Foram os livros que me ensinaram que as coisas que mais me atormentavam eram exactamente aquelas que me ligavam a todas as pessoas que estavam vivas, ou que já viveram. – James Baldwin

Sente-se numa sala e leia, leia e leia. E leia os livros certos, pelas pessoas certas. A sua mente é levada a esse nível e sentirá um êxtase agradável, suave e lento o tempo todo. – Joseph Campbell

E tudo o que está na Sagrada Escritura foi escrito para nosso ensinamento, a fim de termos esperança por meio da paciência e da coragem que nos vêm da mesma Escritura. – Romanos 15:4

Assim, talvez, depois de ler os três primeiros artigos desta série sobre as Escrituras Sagradas, tenha decidido começar a ler os documentos base das grandes religiões do mundo. Como foi isso?

Isto não é uma pergunta simples.

O acto de nos sentarmos e lermos estes livros sequencialmente, do princípio até ao fim, pode nem sempre funcionar para todos. Porquê? Porque são escritos em estilos com os quais talvez não estejamos habituados; porque a linguagem arcaica que usam pode inicialmente confundir-nos; porque as histórias complexas que contam podem confundir-nos; porque podem parecer vêm de outro tempo e outra época. À partida, ler as Escrituras Sagradas pode parecer um trabalho árduo, entre termos, nomes e conceitos desconhecidos. À partida, as Escrituras podem parecer opacas, onde é difícil perceber facilmente o seu significado. A princípio, ler as Escrituras sagradas todos os dias pode causar indigestão espiritual, como comer rapidamente muita comida rica muito.

Mas não deixe que isso o impeça de começar, uma vez que as Escrituras sagradas têm muito para oferecer:

O propósito de Deus ao criar o homem sempre foi, e sempre será, permitir-lhe conhecer o seu Criador e alcançar a Sua Presença. Deste propósito excelso, deste objectivo supremo, dão testemunho inequívoco todos os livros celestiais e todas as poderosas Escrituras divinamente reveladas. (Bahá’u’lláh, Gleanings, XXIX)

A mensagem dos profetas, as revelações das sagradas Escrituras não têm outro objetivo senão o conhecimento de Deus e a unidade da humanidade. (Bahá’u’lláh, citado por 'Abdu'l-Bahá, Star of the West, Volume 1, p. 5)

Ao começar, pode querer considerar estes quatro conselhos para a leitura das escrituras sagradas dos ensinamentos Bahá’ís. Em primeiro lugar, não tente ler demasiado rápido:

Não vos orgulheis da muita leitura dos versículos ou de uma infinidade de actos piedosos, de noite e de dia; pois se um homem lesse um único versículo com alegria e esplendor, seria melhor para ele do que ler com lassidão todos os Livros Sagrados de Deus, o Amparo no Perigo, o Subsiste por Si Próprio. Lede os versículos sagrados com tal medida que não sejais dominados pela languidez e pelo desânimo.

Não coloqueis sobre as vossas almas algo que as canse e oprima, mas sim aquilo que as ilumine e eleve, para que possam voar nas asas dos versículos Divinos em direcção ao Lugar de Alvorada dos Seus sinais manifestos; isso aproximá-la-á de Deus, se apenas o compreendêsseis. (Baha’u’llah, The Most Holy Book, pp. 73-74)

O primeiro requisito é o desejo intenso e o amor das almas santificadas pela leitura da Palavra de Deus. Ler um versículo, ou mesmo uma palavra, com espírito de alegria e de brilho, é preferível à leitura de muitos livros. (Baha’u’llah, The Most Holy Book, pp. 126-127)

Em segundo lugar, leia o significado interior das palavras, e não o seu significado exterior:

...em todas as eras, a leitura das Escrituras e dos livros sagrados, não tem outro propósito salvo permitir ao leitor perceber o seu significado e deslindar os seus mistérios mais profundos. De outra forma, a leitura sem compreensão não tem qualquer proveito duradouro para o homem. (Bahá'u'lláh, Kitab-i-Iqan, ¶185)

Não vos contenteis com palavras. Procurai compreender os significados das Escrituras ocultos no coração das palavras. É difícil compreender as palavras até de um filósofo; então, podeis ver como é difícil compreender a palavra de Deus. ('Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 7, pp. 147-148)

Em terceiro lugar, leia bastante e procure cuidadosamente temas e ensinamentos comuns – tente não concentrar toda a sua atenção num livro ou numa religião:

Lede o evangelho e os outros livros sagrados. Vereis que os seus fundamentos são os mesmos. (‘Abdu’l-Bahá, Foundations of World Unity, p. 50)

Pedistes para adquirir conhecimento: lede os Livros e as Epístolas de Deus, e os artigos escritos para demonstrar a verdade desta Fé. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, nº 160)

Em quarto lugar, tente compreender os livros sagrados com o coração e com a mente:

É fácil ler as Sagradas Escrituras, mas só com um coração limpo e uma mente pura se pode compreender o seu verdadeiro significado. Peçamos a ajuda de Deus para nos capacitar a compreender os Livros Sagrados. Rezemos para que os olhos vejam e os ouvidos ouçam , e pelos os corações que anseiam pela paz… O Espírito que respira através das Sagradas Escrituras é alimento para todos os que têm fome. Deus, que deu a revelação aos Seus Profetas, dará certamente o seu abundante pão de cada dia a todos aqueles que Lhe pedirem fielmente. (‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, pp. 57-58)

Quando começar a ler e a compreender as Escrituras sagradas, vai querer fazer disto uma prática para toda a vida.

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Texto original: 4 Guidelines for Reading the Sacred Books of All Faiths (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA

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