"Povo de Bahá" é uma expressão frequentemente utilizada nas Escrituras Bahá'ís para designar os crentes em Bahá'u'lláh, i.e., os Bahá’ís.
quarta-feira, 31 de março de 2004
Duarte Marques Vieira
Duarte Marques Vieira era um funcionário da administração portuguesa na então província da Guiné. O seu cargo obrigava-o a várias deslocações a Lisboa. Também colaborava activamente nas actividades da Igreja em Bissau.
Numa das suas deslocações a Lisboa conheceu a Fé Bahá'í. De regresso à Guiné começa a ensinar a mensagem de Bahá'u'lláh. As pressões do clero e da polícia não se fizeram esperar. Durante vários meses, foi alvo de medidas repressivas, como despedimento da administração pública, detenções arbitrárias, violação de correspondência e confiscação de livros.
No dia 11 de Março de 1966 foi detido pela última vez, sub acusação de actividades políticas subversivas. Em 31 de Março de 1966, após vários dias de tortura e maus tratos, Duarte Marques Vieira morria numa prisão de Bissau. Foi o primeiro martir Bahá'í africano.
Numa lata de biscoitos conseguiu escrever, com algum objecto pontiagudo, uma mensagem de despedida para a sua esposa:
"Tonia: Este foi o caminho do destino. Tudo está terminado. Ama o teu semelhante e cria os teus filhos com amor. Ama a todos. Perdoa todos os erros que eu tenha cometido. Que sejas capaz de encarar a vida com naturalidade. Adeus, e desejo-te um longa vida, Duarte, 29-03-1966"
Uma breve história da sua vida encontra-se aqui.
terça-feira, 30 de março de 2004
Nos confins da Ásia...
Durante muito tempo, no Turquemenistão, para uma comunidade religiosa ser reconhecida oficialmente, a lei exigia que existissem mais de 500 membros adultos nessa comunidade.
Há duas semanas, essa lei foi revogada. Crentes de muitas religiões até agora consideradas ilegais (Protestantes, Arménios Apostólicos, Muçulmanos Xiitas, Judeus, Bahá’ís, Testemunhas de Jeová e Hare Krisha) foram apanhados de surpresa por este decreto que permite que uma comunidade religiosa seja reconhecida oficialmente independentemente da quantidade de crentes.
As reacções variam entre o cepticismo e o optimismo. As autoridades vão insistindo que actividades religiosas não reconhecidas são ilegais. Mais detalhes aqui.
Há duas semanas, essa lei foi revogada. Crentes de muitas religiões até agora consideradas ilegais (Protestantes, Arménios Apostólicos, Muçulmanos Xiitas, Judeus, Bahá’ís, Testemunhas de Jeová e Hare Krisha) foram apanhados de surpresa por este decreto que permite que uma comunidade religiosa seja reconhecida oficialmente independentemente da quantidade de crentes.
As reacções variam entre o cepticismo e o optimismo. As autoridades vão insistindo que actividades religiosas não reconhecidas são ilegais. Mais detalhes aqui.
Brasil
Em diferentes épocas e diferentes lugares há um Brasil distinto.
Existiu Brasil nordestino de Gilberto Freyre visível em "Casa Grande e Senzala" e "Sobrados e Mocambos";
Existiu um Brasil gaúcho que serviu de cenário a "O Tempo e o Vento" de Erico Veríssimo;
Existiu um um Brasil que foi palco da Guerra dos Canudos descrita por Euclides da Cunha n'"Os Sertões";
Um outro Brasil, que viveu o golpe de 1964, é apresentado num suplemento especial da revista Veja.
E depois há muitos outros: o Brasil prometido pelas agências de viagens, o Brasil dos Sem Terra, o Brasil asfixiante que é S.Paulo...
No meio de todos estes, creio que hoje há um Brasil onde deve ser bom viver!
Fica em Curitiba, lá no Paraná. É uma cidade já com mais de 300 anos de existência...
Existiu Brasil nordestino de Gilberto Freyre visível em "Casa Grande e Senzala" e "Sobrados e Mocambos";
Existiu um Brasil gaúcho que serviu de cenário a "O Tempo e o Vento" de Erico Veríssimo;
Existiu um um Brasil que foi palco da Guerra dos Canudos descrita por Euclides da Cunha n'"Os Sertões";
Um outro Brasil, que viveu o golpe de 1964, é apresentado num suplemento especial da revista Veja.
E depois há muitos outros: o Brasil prometido pelas agências de viagens, o Brasil dos Sem Terra, o Brasil asfixiante que é S.Paulo...
No meio de todos estes, creio que hoje há um Brasil onde deve ser bom viver!
Fica em Curitiba, lá no Paraná. É uma cidade já com mais de 300 anos de existência...
segunda-feira, 29 de março de 2004
Religião nos jornais de fim-de-semana
Os jornais de fim-de-semana abordaram várias vezes o tema da religião.
No Expresso (mais precisamente na revista Única), tínhamos a página de Inês Pedrosa com o título Discutir Deus; além disso, faziam parte da mesma revista um artigo sobre padres operários e outro sobre a sucessão de Bartolomeu I, o patriarca de Constantinopla.
No Público de domingo, além do habitual texto de Frei Bento Domingues (Perguntas Sobre o Terrorismo), tínhamos um artigo sobre a forma como alguns católicos vivem a Quaresma e outro sobre um grupo missionário islâmico em Portugal.
Os textos de Inês Pedrosa e de Bento Domingues merecem uma leitura cuidadosa. No entanto, em cada um dos textos houve uma frase que despertou a minha atenção. Em ambas as frases parece-me que estamos perante uma visão muito pessoal dos factos (as palavras não são os factos; são apenas uma visão dos factos). Independentemente dos comentários que tenho a fazer sobre estas duas frases, os dois textos merecem ser lidos com atenção.
MARXISMO
"Ao aumentar o seu grau de tolerância, as grandes religiões do século passado (em particular os cristianismos e o marxismo) tornaram-se me simultâneo menos impiedosas e menos populares". (Inês Pedrosa)
Acredito que classificar o marxismo como religião é absurdo; tentar reduzir as grandes religiões do século XX ao cristianismo e ao marxismo é igualmente absurdo. Será que outras grandes religiões não produziram nada de sigificativo e positivo no século passado? Poderá uma teoria política ser comparada a uma religião?
Fará sentido classificar como religião uma ideologia que considera o ser humano como um pedaço de matéria que tomou consciência de si próprio? Alguma vez Marx se proclamou mensageiro divino? Os seus ensinamentos produziram alguma civilização? O Marxismo influenciou a sociedade ocidental durante 4 ou 5 gerações; outras sociedades foram influenciadas durante menos tempo. Será isso comparável a 20 séculos de Cristianismo ou 14 séculos de Islão?
Para lá do reparo que a frase merece, o texto de Inês Pedrosa é muito interessante pois mostra como a tolerância e a dúvida podem ser mais atraentes que as certezas absolutas.
O OUTRO TERRORISMO
"Existe um outro terrorismo promovido por governos, exércitos, bancos, empresas nacionais e multinacionais, organizações, pessoas e grupos que, a céu aberto, por omissão e acção, degradam a natureza, provocam epidemias, mergulham na pobreza, na doença na fome e na morte grande parte da população mundial." (Frei Bento Domingues OP)
Nesta frase, estamos a classificar como terrorismo algo muito mais grave do que isso. Lançar o terror contra uma sociedade é diferente de destruir, saquear e lançar no desespero grandes segmentos da família humana. O primeiro pode ter um grande impacto mediático na sociedade alvo desse terror; o segundo, não obstante o menor impacto mediático, cria um processo quase sempre irreversível de aniquilação de uma parte da humanidade.
Há duas boas razões para que esta "segunda forma de terrorismo" receba outra designação que não a de terrorismo. Primeiro porque é mais grave e mais destruidora; segundo, porque ao receber uma mesma designação, pode parecer uma justificação para o verdadeiro terrorismo.
O texto de Frei Bento Domingues tem o mérito de chamar a atenção para a completa falta de escrúpulos na luta pelo domínio e pelo poder; sobre esse assunto já tinha apresentado aqui uma citação da Promessa da Paz Mundial.
No Expresso (mais precisamente na revista Única), tínhamos a página de Inês Pedrosa com o título Discutir Deus; além disso, faziam parte da mesma revista um artigo sobre padres operários e outro sobre a sucessão de Bartolomeu I, o patriarca de Constantinopla.
No Público de domingo, além do habitual texto de Frei Bento Domingues (Perguntas Sobre o Terrorismo), tínhamos um artigo sobre a forma como alguns católicos vivem a Quaresma e outro sobre um grupo missionário islâmico em Portugal.
Os textos de Inês Pedrosa e de Bento Domingues merecem uma leitura cuidadosa. No entanto, em cada um dos textos houve uma frase que despertou a minha atenção. Em ambas as frases parece-me que estamos perante uma visão muito pessoal dos factos (as palavras não são os factos; são apenas uma visão dos factos). Independentemente dos comentários que tenho a fazer sobre estas duas frases, os dois textos merecem ser lidos com atenção.
MARXISMO
"Ao aumentar o seu grau de tolerância, as grandes religiões do século passado (em particular os cristianismos e o marxismo) tornaram-se me simultâneo menos impiedosas e menos populares". (Inês Pedrosa)
Acredito que classificar o marxismo como religião é absurdo; tentar reduzir as grandes religiões do século XX ao cristianismo e ao marxismo é igualmente absurdo. Será que outras grandes religiões não produziram nada de sigificativo e positivo no século passado? Poderá uma teoria política ser comparada a uma religião?
Fará sentido classificar como religião uma ideologia que considera o ser humano como um pedaço de matéria que tomou consciência de si próprio? Alguma vez Marx se proclamou mensageiro divino? Os seus ensinamentos produziram alguma civilização? O Marxismo influenciou a sociedade ocidental durante 4 ou 5 gerações; outras sociedades foram influenciadas durante menos tempo. Será isso comparável a 20 séculos de Cristianismo ou 14 séculos de Islão?
Para lá do reparo que a frase merece, o texto de Inês Pedrosa é muito interessante pois mostra como a tolerância e a dúvida podem ser mais atraentes que as certezas absolutas.
O OUTRO TERRORISMO
"Existe um outro terrorismo promovido por governos, exércitos, bancos, empresas nacionais e multinacionais, organizações, pessoas e grupos que, a céu aberto, por omissão e acção, degradam a natureza, provocam epidemias, mergulham na pobreza, na doença na fome e na morte grande parte da população mundial." (Frei Bento Domingues OP)
Nesta frase, estamos a classificar como terrorismo algo muito mais grave do que isso. Lançar o terror contra uma sociedade é diferente de destruir, saquear e lançar no desespero grandes segmentos da família humana. O primeiro pode ter um grande impacto mediático na sociedade alvo desse terror; o segundo, não obstante o menor impacto mediático, cria um processo quase sempre irreversível de aniquilação de uma parte da humanidade.
Há duas boas razões para que esta "segunda forma de terrorismo" receba outra designação que não a de terrorismo. Primeiro porque é mais grave e mais destruidora; segundo, porque ao receber uma mesma designação, pode parecer uma justificação para o verdadeiro terrorismo.
O texto de Frei Bento Domingues tem o mérito de chamar a atenção para a completa falta de escrúpulos na luta pelo domínio e pelo poder; sobre esse assunto já tinha apresentado aqui uma citação da Promessa da Paz Mundial.
sábado, 27 de março de 2004
Pouca transparência no 4º Poder
Desde ontem à noite que a SIC e a SIC-Notícias vêm transmitindo a notícia que o Refúgio Aboim Ascenção não aceita crianças com SIDA, nem crianças deficientes. O jornalista inicia a notícia com a frase "O país está chocado!"
O responsável pelo Refúgio esclareceu que não recebia essas crianças porque não tem condições para as receber (foi o que percebi nas suas palavras). Outras pessoas responsáveis por organizações de apoio a crianças deficientes ou crianças com SIDA apareceram a dizer que se está a fazer discriminação e que isto é inaceitável.
Nas palavras de todos os entrevistados parece claro que não há condições para ter essas crianças, mas gostariam de ter essas condições. O(s) jornalista(s) vai(vão) tentado enfatizar um sentimento de revolta nas palavras dos entrevistados.
No meu entender as crianças normais, com deficiência ou mesmo com SIDA deveriam poder brincar, estudar e estar juntas. No entanto é óbvio que isso exige condições especiais; todos sabemos como as brincadeiras de crianças podem terminar com arranhões, esfoladelas, dentadas e feridas a sangrar. Seria totalmente descabido misturar estas crianças sem adoptar as necessárias condições, permitindo que a doença se espalhasse. Também a existência de escadas ou outras barreiras físicas podem ser uma forte condicionante à presença de crianças que apenas se consigam deslocar em cadeiras de rodas.
O momento da notícia e todo o tom de escandaleira e de sensacionalismo barato é estranho.
Primeiro, porque há neste momento notícias e problemas que são bem mais graves na nossa sociedade (veja-se a estranha decisão do caso da ponte de Entre-os-Rios!)
Segundo, porque recentemente Dr. Luís Villas-Boas foi objecto de uma polémica ao afirmar que aos casais homossexuais não devia ser permitido a adopção de crianças (será esta notícia uma vingança de algum lobby?).
Terceiro: será isto uma forma de pressionar a atribuição de um apoio estatal para criar condições para receber crianças com SIDA ou deficientes? Estará o poder político tão insensível para ter sido necessário armar toda esta confusão?
Estamos claramente perante uma atitude pouco transparente do 4º Poder. Que se passará nos seus meandros?
O responsável pelo Refúgio esclareceu que não recebia essas crianças porque não tem condições para as receber (foi o que percebi nas suas palavras). Outras pessoas responsáveis por organizações de apoio a crianças deficientes ou crianças com SIDA apareceram a dizer que se está a fazer discriminação e que isto é inaceitável.
Nas palavras de todos os entrevistados parece claro que não há condições para ter essas crianças, mas gostariam de ter essas condições. O(s) jornalista(s) vai(vão) tentado enfatizar um sentimento de revolta nas palavras dos entrevistados.
No meu entender as crianças normais, com deficiência ou mesmo com SIDA deveriam poder brincar, estudar e estar juntas. No entanto é óbvio que isso exige condições especiais; todos sabemos como as brincadeiras de crianças podem terminar com arranhões, esfoladelas, dentadas e feridas a sangrar. Seria totalmente descabido misturar estas crianças sem adoptar as necessárias condições, permitindo que a doença se espalhasse. Também a existência de escadas ou outras barreiras físicas podem ser uma forte condicionante à presença de crianças que apenas se consigam deslocar em cadeiras de rodas.
O momento da notícia e todo o tom de escandaleira e de sensacionalismo barato é estranho.
Primeiro, porque há neste momento notícias e problemas que são bem mais graves na nossa sociedade (veja-se a estranha decisão do caso da ponte de Entre-os-Rios!)
Segundo, porque recentemente Dr. Luís Villas-Boas foi objecto de uma polémica ao afirmar que aos casais homossexuais não devia ser permitido a adopção de crianças (será esta notícia uma vingança de algum lobby?).
Terceiro: será isto uma forma de pressionar a atribuição de um apoio estatal para criar condições para receber crianças com SIDA ou deficientes? Estará o poder político tão insensível para ter sido necessário armar toda esta confusão?
Estamos claramente perante uma atitude pouco transparente do 4º Poder. Que se passará nos seus meandros?
sexta-feira, 26 de março de 2004
Hoje é dia de "Inimigo Publico"
Nos últimos meses, as nossas sextas-feiras têm sido animadas graças ao Inimigo Público. Este suplemento do jornal "Público", tem mostrado uma incrível capacidade para nos fazer rir. "Se não aconteceu, podia ter acontecido" é o lema do jornal.
Neste dia da semana, em muitos locais de trabalho, na pausa para o café ou na hora de almoço, há sempre alguém que vai lendo para os outros; e as gargalhadas sucedem-se umas atrás das outras. Nos dias seguintes perguntamos a familiares e amigos "Viste aquela do Inimigo Público em que diziam que...?"
Nos tempos que correm, todos sentimos que a sociedade portuguesa vive oprimida e triste (sociólogos e psicólogos podem falar disso melhor que eu!), esta possibilidade de nos rirmos é importante para nossa saúde mental individual e colectiva.
Espero que os autores do Inimigo Público continuem inspirados por muitos e bons meses!
Esta situação recorda-me umas palavras de 'Abdu'l-Bahá (nos Estados Unidos em 1913), a propósito da vida de Bahá'u'lláh e Seus companheiros na prisão:
É bom rir. Rir é um relax espiritual. Quando eles [Bahá'u'lláh e companheiros] estavam na prisão, sob as maiores dificuldades e privações, cada um deles, ao final do dia, descrevia um facto engraçado que tivesse acontecido. Nem sempre era fácil descobrir algo engraçado, mas muitas vezes eles riam até lhes correrem lágrimas pelas faces.
(Howard Colby Ives, Portais para a Liberdade, p. 103)
Neste dia da semana, em muitos locais de trabalho, na pausa para o café ou na hora de almoço, há sempre alguém que vai lendo para os outros; e as gargalhadas sucedem-se umas atrás das outras. Nos dias seguintes perguntamos a familiares e amigos "Viste aquela do Inimigo Público em que diziam que...?"
Nos tempos que correm, todos sentimos que a sociedade portuguesa vive oprimida e triste (sociólogos e psicólogos podem falar disso melhor que eu!), esta possibilidade de nos rirmos é importante para nossa saúde mental individual e colectiva.
Espero que os autores do Inimigo Público continuem inspirados por muitos e bons meses!
Esta situação recorda-me umas palavras de 'Abdu'l-Bahá (nos Estados Unidos em 1913), a propósito da vida de Bahá'u'lláh e Seus companheiros na prisão:
É bom rir. Rir é um relax espiritual. Quando eles [Bahá'u'lláh e companheiros] estavam na prisão, sob as maiores dificuldades e privações, cada um deles, ao final do dia, descrevia um facto engraçado que tivesse acontecido. Nem sempre era fácil descobrir algo engraçado, mas muitas vezes eles riam até lhes correrem lágrimas pelas faces.
(Howard Colby Ives, Portais para a Liberdade, p. 103)
quinta-feira, 25 de março de 2004
Latitude Zero
Fotojornalismo on-line da revista Time mostra-nos aspectos da vida em diversos países atravessados pelo equador.
Sensacional!
Sensacional!
Onde fica Portugal?
O que fazem um português, uma holandesa de ascendência iraniana, um casal equatoriano, dois idosos do Sri Lanka, um arménio, um jovem neozelandês e uma zimbabweana numa rua de Haifa, em Israel?
Qualquer habitante de Haifa os reconhecerá e perceberá que são Bahá’ís que estão de visita aos lugares sagrados ali na cidade. Ali somos reconhecidos porque - dizem os israelitas - "andamos sempre misturados".
Quando há alguns anos fiz a minha peregrinação à Terra Santa, o grupo de peregrinos era, como sempre, bem diversificado. Os nove dias da peregrinação permitem - entre outras coisas - conhecer pessoas das mais diversas partes do mundo. Todas as pessoas ali têm algo de interessante: desde o iraniano que sabe muito bem que os portugueses foram piratas (é isso que aprenderam na escola, é assim que eles nos viram) ao nigeriano em cuja aldeia natal ainda se utilizam algumas palavras de origem portuguesa.
Numa ocasião, em que o grupo, sempre bem disposto de peregrinos se deslocava de autocarro, o neozelandês perguntou-me onde ficava Portugal. Devia ter os seus 18 anos e vivia noutro hemisfério muito, muito longe de nós. Entre a maioria dos peregrinos houve risos e espanto perante aquela afirmação de ignorância.
Disse-lhe que lamentava que ele não soubesse onde ficava o meu país. Expliquei-lhe que eu, pelo contrário, sabia muito bem onde ficava a Nova Zelândia. "A Nova Zelândia é uma das cidades mais bonitas da Austrália!" concluí.
A maioria do grupo explodiu em gargalhadas; o rapaz tentou fingir que ficava zangado, mas também só conseguia rir! Eu sabia que era a pior coisa que lhe podiam ter dito. Mais tarde expliquei-lhe onde ficava Portugal. Nunca deve ter esquecido.
Qualquer habitante de Haifa os reconhecerá e perceberá que são Bahá’ís que estão de visita aos lugares sagrados ali na cidade. Ali somos reconhecidos porque - dizem os israelitas - "andamos sempre misturados".
Quando há alguns anos fiz a minha peregrinação à Terra Santa, o grupo de peregrinos era, como sempre, bem diversificado. Os nove dias da peregrinação permitem - entre outras coisas - conhecer pessoas das mais diversas partes do mundo. Todas as pessoas ali têm algo de interessante: desde o iraniano que sabe muito bem que os portugueses foram piratas (é isso que aprenderam na escola, é assim que eles nos viram) ao nigeriano em cuja aldeia natal ainda se utilizam algumas palavras de origem portuguesa.
Numa ocasião, em que o grupo, sempre bem disposto de peregrinos se deslocava de autocarro, o neozelandês perguntou-me onde ficava Portugal. Devia ter os seus 18 anos e vivia noutro hemisfério muito, muito longe de nós. Entre a maioria dos peregrinos houve risos e espanto perante aquela afirmação de ignorância.
Disse-lhe que lamentava que ele não soubesse onde ficava o meu país. Expliquei-lhe que eu, pelo contrário, sabia muito bem onde ficava a Nova Zelândia. "A Nova Zelândia é uma das cidades mais bonitas da Austrália!" concluí.
A maioria do grupo explodiu em gargalhadas; o rapaz tentou fingir que ficava zangado, mas também só conseguia rir! Eu sabia que era a pior coisa que lhe podiam ter dito. Mais tarde expliquei-lhe onde ficava Portugal. Nunca deve ter esquecido.
quarta-feira, 24 de março de 2004
D. Pedro II na Terra Santa (1876)
Tinha aqui na minha pilha de livros por ler, uma edição do Diário da Viagem de D. Pedro II à Terra Santa, em 1876. Foi um dos vários livros que comprei no Brasil. O que me levou a comprá-lo foi o facto da viagem do Imperador se ter realizado numa altura em que Bahá'u'lláh, família e alguns companheiros já se encontravam na Terra Santa (na altura sob domínio Otomano).
Esperava encontrar uma descrição da Palestina desses tempos, ou mesmo alguma referência aos "exilados persas". Convém recordar que no ano da viagem Bahá'u'lláh estava em regime de prisão domiciliária na casa de Abud. O Imperador e sua comitiva não passaram por 'Akká nem por Haifa, apesar destas cidades serem referidas no texto.
O texto do diário é curto e constituído essencialmente por narrativas e descrições. Ressalta a preocupação do imperador em relacionar os locais visitados com passagens da Bíblia e também o pouco contacto com a população local. Mas não há qualquer referência aos "prisioneiros persas".
No entanto, na introdução encontra-se um excerto de uma carta do Imperador ao Conde Gobineau. Sabemos que este aristocrata foi dos primeiro ocidentais a ter conhecimento da Fé Bahá'í e a dilvulgá-la nos seus livros e correspondência. Teria isso sido tema de prosa entre ele e o Imperador? Talvez um dia algum investigador nos possa responder.
Um aspecto curioso que despertou a minha atenção neste diário é o contacto em Damasco com uma família de judeus de ascendência portuguesa (de nome "Lisbun"). Tratavam-se de descendentes de judeus que tinham sido expulsos de Portugal por D. Manuel I, para escapar à conversão forçada.
Esperava encontrar uma descrição da Palestina desses tempos, ou mesmo alguma referência aos "exilados persas". Convém recordar que no ano da viagem Bahá'u'lláh estava em regime de prisão domiciliária na casa de Abud. O Imperador e sua comitiva não passaram por 'Akká nem por Haifa, apesar destas cidades serem referidas no texto.
O texto do diário é curto e constituído essencialmente por narrativas e descrições. Ressalta a preocupação do imperador em relacionar os locais visitados com passagens da Bíblia e também o pouco contacto com a população local. Mas não há qualquer referência aos "prisioneiros persas".
No entanto, na introdução encontra-se um excerto de uma carta do Imperador ao Conde Gobineau. Sabemos que este aristocrata foi dos primeiro ocidentais a ter conhecimento da Fé Bahá'í e a dilvulgá-la nos seus livros e correspondência. Teria isso sido tema de prosa entre ele e o Imperador? Talvez um dia algum investigador nos possa responder.
Um aspecto curioso que despertou a minha atenção neste diário é o contacto em Damasco com uma família de judeus de ascendência portuguesa (de nome "Lisbun"). Tratavam-se de descendentes de judeus que tinham sido expulsos de Portugal por D. Manuel I, para escapar à conversão forçada.
terça-feira, 23 de março de 2004
Templo de Chicago
Descobri recentemente um site dedicado ao Templo Bahá'í de Chicago. Este templo (na terminologia Bahá'í, designam-se por "Casa de Adoração") está em funcionamento há mais de 50 anos e é já um ex-libris da cidade.
Existem poucos templos Bahá'ís no Mundo. Este tem a particularidade de ter sido o primeiro a ser construído no Ocidente. O planeamento da sua construção iniciou-se em 1903, mas as obras só se iniciaram em 1920. A construção este templo foi plena de incidentes e problemas; frequentemente as obras tiveram de ser interrompidas por falta de fundos. Apenas em 1953, o edifício ficou concluído e foi realizada a cerimónia de dedicação do templo.
Os serviços devocionais nestes templos consistem em leitura das escrituras Bahá'í e de outras religiões reveladas, e musica "à capela". Outros edifícios circundantes acolhem outras actividades da comunidade, nomeadamente actividades educativas, humanitárias e administrativas.
Para informação mais detalhada sobre os templos ver este documento.
Existem poucos templos Bahá'ís no Mundo. Este tem a particularidade de ter sido o primeiro a ser construído no Ocidente. O planeamento da sua construção iniciou-se em 1903, mas as obras só se iniciaram em 1920. A construção este templo foi plena de incidentes e problemas; frequentemente as obras tiveram de ser interrompidas por falta de fundos. Apenas em 1953, o edifício ficou concluído e foi realizada a cerimónia de dedicação do templo.
Os serviços devocionais nestes templos consistem em leitura das escrituras Bahá'í e de outras religiões reveladas, e musica "à capela". Outros edifícios circundantes acolhem outras actividades da comunidade, nomeadamente actividades educativas, humanitárias e administrativas.
Para informação mais detalhada sobre os templos ver este documento.
segunda-feira, 22 de março de 2004
Cobras
Poucas semanas após os EUA terem responsabilizado Bin Laden e a Al-Qaeda pelos terríveis atentados do 11 de Setembro questionei-me sobre a existência da Al-Qaeda. Na verdade, parece-me mais plausível que existam vários grupos do tipo da Al-Qaeda, e vários Bin Ladens. Alguma destas organizações terroristas poderão inclusive estar a competir entre si na dimensão dos estragos e do terror que lançam sobre o mundo civilizado.
No entanto, a administração americana e alguns media vão insistindo na ideia que tudo quanto seja terrorismo vindo do mundo árabe está de alguma forma associado à Al-Qaeda e a Bin Laden.
Ao reduzirem a fonte da ameaça terrorista a dois ou três dirigentes e a uma organização, poderemos estar a criar a impressão que uma vez mortos, ou capturados, esses dirigentes, a ameaça terrorista diminuirá significativamente. Por outras palavras, se dermos um golpe certeiro na cabeça da cobra, esta morre.
Creio que a ameaça terrorista não pode ser representada por uma cobra, nem por uma cobra com várias cabeças, mas sim por várias cobras. Estas cobras podem-se morder umas às outras, mas também podem disputar a mesma presa.
Deste modo, se um dia, Bin Laden e outros dirigentes da dita Al-Qaeda forem mortos ou capturados, o mundo civilizado não poderá respirar de alívio. Provavelmente outros ataques terroristas se seguirão e darão novamente a sensação de insegurança; e tudo começará de novo.
A situação que hoje vivemos hoje poderia ser comparada a um homem que está fechado num quarto às escuras com várias cobras. As cobras vão mordendo o homem e ele vai tentando matá-las. O combate pode arrastar-se durante muito tempo. Mas persistirão sempre duas questões: De onde virá o próximo ataque? Quantas cobras ainda existem?
No entanto, a administração americana e alguns media vão insistindo na ideia que tudo quanto seja terrorismo vindo do mundo árabe está de alguma forma associado à Al-Qaeda e a Bin Laden.
Ao reduzirem a fonte da ameaça terrorista a dois ou três dirigentes e a uma organização, poderemos estar a criar a impressão que uma vez mortos, ou capturados, esses dirigentes, a ameaça terrorista diminuirá significativamente. Por outras palavras, se dermos um golpe certeiro na cabeça da cobra, esta morre.
Creio que a ameaça terrorista não pode ser representada por uma cobra, nem por uma cobra com várias cabeças, mas sim por várias cobras. Estas cobras podem-se morder umas às outras, mas também podem disputar a mesma presa.
Deste modo, se um dia, Bin Laden e outros dirigentes da dita Al-Qaeda forem mortos ou capturados, o mundo civilizado não poderá respirar de alívio. Provavelmente outros ataques terroristas se seguirão e darão novamente a sensação de insegurança; e tudo começará de novo.
A situação que hoje vivemos hoje poderia ser comparada a um homem que está fechado num quarto às escuras com várias cobras. As cobras vão mordendo o homem e ele vai tentando matá-las. O combate pode arrastar-se durante muito tempo. Mas persistirão sempre duas questões: De onde virá o próximo ataque? Quantas cobras ainda existem?
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