O governo egípcio vai recorrer da decisão de um tribunal administrativo que decidiu a favor dos direitos da pequena minoria baha'i, afirmou o ministro dos assuntos religiosos Mahmoud Hamdi Zakzouk. Perante o Parlamento, o ministro declarou que a base do recurso seria a opinião do principal clérigo muçulmano, o Sheikh de al-Azhar, segundo o qual "o Bahaismo não é uma religião revelada reconhecida pelos muçulmanos".
Zakzouk falava num debate parlamentar em que vários deputados manifestaram a sua oposição à decisão do tribunal administrativo a favor de um casal baha'i que há dois anos vinham exigindo que o governo os registasse como baha'is. Na ocasião, diversos grupos de direitos civis acolheram a decisão do tribunal como uma vitória da liberdade de religião.
Vários membros do Parlamento atacaram os baha'is como perversos e extremistas e recordaram que a sua sede internacional está situada na cidade israelita de Haifa. Um deputado da oposição (Gamal Akl, da Irmandade Muçulmana) não hesitou mesmo em afirmar que os baha'is são infiéis que devem ser mortos devido ao facto de terem mudado de religião.
"O problema dos baha’is é que eles são movidos por mãos israelitas. Desejamos que o Ministro do Interior não seja alvo da chantagem deste grupo perverso", afirmou Mustafa Awadallah, outro deputado da Irmandade Muçulmana.
Zainab Radwan, do Partido Nacional Democrático (do governo), justificou a sua posição a favor do reconhecimento dos bahá'ís nos documentos civis de identificação: "Há interesse em saber quem eles são, de forma a impedir que se infiltrem nos diferentes níveis da sociedade e espalhem a sua doutrina extremista e perversa".
A constituição Egípcia garante liberdade religiosa, mas na prática o governo está relutante a reconhecer outras religiões que não o Islão, Cristianismo e Judaísmo, que muitos muçulmanos acreditam ter um estatuto mais elevado. O tratamento da comunidade baha'i do Egipto (cerca de 2000 pessoas) tem sido motivo de fricção entre o governo daquele país e várias organizações de direitos humanos.
LINKS:
State to appeal ruling that favours Egypt's Baha’is (notícia original)
US body criticizes religious freedom in allies
Tribunal Egípcio reconhece direitos dos Baha'is
Muslim Brotherhood (Wikipedia)
Muslim Brotherhood (site oficial em inglês)
O MEU COMENTÁRIO: 1. As declarações dos deputados egípcios – defendendo a pena de morte para os membros de uma minoria religiosa ou o controlo rigoroso dos movimentos dos seus membros – fazem lembrar os tempos das mais sombrias ditaduras europeias do século XX. Que benefícios teve a Europa com a opressão de qualquer grupo social, político ou religioso? Infelizmente, os políticos egípcios parecem não querer aprender com os erros dos europeus. E quando um representante de um partido de pretensa inspiração islâmica defende a pena de morte para os membros de uma minoria religiosa, bem nos podemos questionar: que religião é essa onde se acredita que Deus pode beneficiar com a morte de alguém? No Ocidente, este tipo de afirmações por parte de um deputado seriam motivo de enorme escândalo; provavelmente seriam um suicídio político. Mas neste caso é provavel que passem despercebidas à maioria dos media e dos políticos ocidentais. Num momento em que o Ocidente insiste em levar a democracia a países que ainda vivem sob ditaduras ou regimes autoritários, seria importante transmitir aos povos desses países que para viver num sistema democrático não é apenas necessário aceitar as regras da democracia; também se deve aceitar outro valor mais elementar: os direitos humanos. 2. O reconhecimento da religião bahá'í como religião independente há muito que é debatida no Egipto. Curiosamente, foi naquele país , em 1925, que um tribunal sunita reconheceu pela primeira vez a "Fé Bahá'í como uma nova religião, inteiramente independente" e que "portanto, nenhum baha'i pode ser considerado muçulmano". 3. O facto do Centro Mundial Bahá’í estar situado em Haifa (Israel) é ciclicamente usado pela propaganda fundamentalista islâmica para acusar os bahá’ís de serem “agentes sionistas” e aliados de Israel. O argumento é patético. Por um lado as leis bahá’is proíbem que os crentes desta religião se envolvam em actividades políticas ou em actos de subversão. Por outro lado, o Centro Mundial Baha’i está situado em Haifa porque foi para o norte da Palestina que em 1868 os governos otomano e persa exilaram Bahá'u'lláh. Além disso, o Centro Mundial Bahá’í nasceu antes do Estado de Israel. |
20 comentários:
Estes tipo de situações faz-me pensar se , contra aquilo que eu quero crer, não existirá mesmo o tal choque de civilizações!
João,
Creio estarmos mais perante um choque de culturas do que de civilizações.
A nossa civilização ocidental já foi capaz de coisas de coisas semelhantes e não há tanto tempo quanto isso.
A comunidade Bahá'í internacional tem uma dívida para com os Bahá'ís egípcios por estes terem permitido o reconhecimento da Fé bahá'í como Religião Independente em 1925 - algo que nunca aconteceu no Irão.
Esta atitude da "Irmandade Muçulmana" vem desmorecer a ideia de que os xiitas são mais intolerantes do que os sunitas.
Receio que o agudizar das tensões entre muçulmanos e EUA venha a provocar o sofrimento dos Bahá'ís nos países islâmicos. Aparentemente são duas situações desconexas na realidade mundana mas que as vejo como interrelacionadas.
""Num momento em que o Ocidente insiste em levar a democracia a países que ainda vivem sob ditaduras ou regimes autoritários, seria importante transmitir aos povos desses países que para viver num sistema democrático não é apenas necessário aceitar as regras da democracia; também se deve aceitar outro valor mais elementar: os direitos humanos.""
Mas quem encomendou o sermão aos ocidentais para irem vender as patranhas da democracia à americana aos países asiáticos?
Realmente é de louvar a "democracia" imposta no Afeganistão e no Iraque.
Isto, deste de democracias, faz-me sempre lembrar a PAX Romana, isto é a paz dos cemitérios.
Errata:
Por acaso o Egipto fica no nordeste africano.
""Num momento em que o Ocidente insiste em levar a democracia a países que ainda vivem sob ditaduras ou regimes autoritários, seria importante transmitir aos povos desses países que para viver num sistema democrático não é apenas necessário aceitar as regras da democracia; também se deve aceitar outro valor mais elementar: os direitos humanos.""
Mas quem encomendou o sermão aos ocidentais para irem vender as patranhas da democracia à americana aos países asiáticos?
Realmente é de louvar a "democracia" imposta no Afeganistão e no Iraque.
Isto, deste tipo de democracias, faz-me sempre lembrar a PAX Romana, isto é a paz dos cemitérios.
Se o Jaime Gama fosse presidente do parlamento egípcio e tivesse de aturar deputados deste calibre, dava-lhe um treco!
Elfo:
Parece-me que aqui ninguém está a defender a invasão de nenhum país.
Então tu achas que a democracia e os direitos humanos não servem para nada? Preferes as ditaduras? Achas que a democracia e os direitos humanos não são valores universais? Achas que não se deve interferir e fomentar a democracia e os direitos humanos nas sociedades que vivem sob regimes ditatoriais?
Caro gh ""Achas que não se deve interferir e fomentar a democracia e os direitos humanos nas sociedades que vivem sob regimes ditatoriais?""
Portugal viveu sob a ditadura salazarenta e marcelista durante quarenta e oito anos, e não vieram cá "os marines" para nos libertar a opressão nem para nos impedirem de explorarmos os povos africanos asiáticos e indús que tinhamos sob a "nossa" ferrada.
Afinal também não tinhamos petróleo passível de ser roubado...
Cada povo tem direito à sua autonomia e soberania;deve tomar nas suas mãos o seu próprio destino.
""Achas que não se deve interferir e fomentar a democracia e os direitos humanos nas sociedades que vivem sob regimes ditatoriais?""
Caro gh :
Portugal viveu sob a ditadura salazarenta e marcelista durante quarenta e oito anos, e não vieram cá "os marines" para nos libertar da opressão, nem para nos impedirem de explorarmos os povos africanos, asiáticos e indús que tinhamos sob a "nossa" bota ferrada.
Afinal também não tinhamos petróleo passível de ser roubado...
Cada povo tem direito à sua autonomia e soberania;deve tomar nas suas mãos o seu próprio destino.
E,não, não devemos interferir fisicamente, senão trocamos um ditador por outro fantoche manuseado à distância por quem quer que seja.
Elfo!
Abre os olhos para a realidade!
O 25 de Abril foi feito com conhecimento prévio (e aprovação tácita!) dos americanos. A instauração das democracias nos países da América do Sul foi feita sob forte influência dos EUA e de países europeus. E o mesmo se passou no leste da Europa. Não foi necessário invadir nenhum país. Capice?
Eu chamo a isso o complexo da esquerdalhada conivente com as ditaduras! Nessa conivência esquecem-se que os povos que vivem sob essas ditaduras não têm a sua autonomia nem soberania, nem têm nas suas mãos o seu próprio destino.
Fala-se em exportar a democracia e começam logo a berrar contra os americanos (como se só fosse possível democratizar um país através de uma invasão). Fala-se nos direitos humanos e começam logo a dizer que os EUA são os maus da fita (como se a situação de direitos humanos nos EUA fosse comparável a uma Arábia Saudita ou uma Coreia do Norte).
Quando é preciso lutar pelos direitos dos outros, metemos as mãos nos bolsos e dizemos perguiçosamente: "Isso é lá com eles… Não temos que nos meter nos assuntos deles..."
Muito bonito, sim senhor! E se vires um vizinho teu a espancar um filho, também dizes a mesma coisa? Nem sequer chamas a Polícia porque achas que são assuntos de outra família e que não te deves meter no assunto?
E se tivéssemos cá um deputado que dissesse que se deviam matar os bahais porque eles são hereges, também ias dizer que não se deve interferir com a liberdade de expressão desse deputado, e que não devemos condenar as pessoas por delito de opinião?
Se vocês bahais querem mudar o mundo, como é que pensam que o vão fazer assim com as mãos nos bolsos e a pensar que ninguém tem obrigação de ajudar os outros?
Gente: tenham calma!
O importante é mesmo que não devemos dissociar Democracia de Direitos Humanos.
GH,
Como baha'i sinto que tenho a obrigação moral de ajudar quem vive sob opressão (não apenas opressão política!). Mas isso não significa que me vou envolver nas intrigalhadas políticas de quem pretende substituir um opressor por outro.
Também já aqui uma vez dei o exemplo que referes, da forma como a democracia surgiu na Europa e na America Latina, e defendi esses processos.
Lembram-se do gajo da Áustria (acho que se chamava Haider)? Assim que foi eleito, os austríacos começaram a sofrer diversas pressões. Ainda houve quem achasse que aquilo era uma interferência nos assuntos internos austríacos. Mas a verdade é que ele desapareceu de cena.
Imagino que na Europa e nos EUA também existam deputados gostariam de dizer barbaridades destas. Apenas não o fazem porque têm medo de provocar o escândalo e chocar algum eleitorado.
Pergunto-me é se estes representantes do povo, não são efectivamente representantes de uma certa mentalidade do povo. No fundo são fanáticos, fundamentalistas tal como os seus eleitores. Mas o facto de eles terem sido escolhidos pelo povo, dá-lhes um estatuto diferente dos ditadores.
Meus amigos, esta discussão mostra bem a necessidade que o mundo tem do direito internacional e de organismos internacionais fortes capazes de o implementar e fazer respeitar.
Que ninguém se iluda, não é o facto de um qualquer país ser mais democrático ou mais "civilizado" que outro que lhe dá o direito de impor a sua ordem fora das suas fronteiras. Não é dessa forma que se impõe uma pretensa superioridade moral...pelo contrário, essa é a melhor forma de a perder, pois de boas intenções está o inferno cheio como se costuma dizer, para além de que no mundo de hoje os interesses egoisticos se sobrepõem às boas intenções.
O que falta neste mundo é o conhecimento e o respeito pelo outro, e isso é tão válido para os "mollahs" iranianos em relação aos bahais, como para o chamado mundo ocidental em relação ao resto do mundo...e atenção que não estou a querer dizer que o mundo dos "mollahs"´não é pior que o ocidente, claro que é!
My dear GH, today no want refuse you. Forgive me, please.
I'm not very good today, sorry.
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Elfo,
Todos temos os nossos dias.
Um abraço e bom fim-de-semana
:-)
li recentemente um artigo interessante que relacionava o crescimento do islamismo com a globalizaçao. esta tem as suas virtudes, espalha valores relacionados com os direitos das mulheres por exemplo. o que entra em choque com o islamismo. este receia que as mulheres muçulmanas queiram os mesmos diritos que os homens, que as minorias religiosas e étnicas tamb+em não queiram ser tratadas como cidadãos de segunda classe.
o islamitas podem ter muita fé e muita paixão, mas também são muito inseguros e receiam as outras religiões, outras opinioes...
espero que os paises islâmicos se tornem progressivamente um local seguro para mulheres, minorias étnicas e religiosas e homossexuais.
para bem de toda a humanidade.
acho que só nos EUA neste momento, há uma segurança total. certos países europeus estão a tornar-se locais perigosos para judeus.
...segurança total para a asneira ainda vai havendo em várias lados.
Felizmente...digo eu :-)
Ó caríssima Elise, deves ter visto filme ao contrário.
Então só os EUA é que são seguros para os judeus?
Que eu saiba os ataques às Twin Towes foram pertetrados com base, (Al-Qaeda), sediada nos states, e o governo fantoche isntalado no Iraq foi feito com o beneplácito dos mesmos. Irónicamente transferiram a Al-Qaeda dos states para os países árabes, onde hoje é um perfeito campo de tiro ao alvo... americano.
Foram os americanos quem treinou o exército de Sadam Hussain, e pasme-se o Irão também só tem o que os americanos lhes forneceram, no tempo do Xá Reza Pahlevi.
Na gurra Irão/Iraq eram os portugueses quem forneciam ambos países e só não carregavam os navios ao mesmo tempo porque há uma lei marítima que por razões de segurança o não permite.
Assim, enquanto um navio iraquiano carregava armanto e munições na base do Alfeite, o Elaham,(sonho), estava ancorado ao largo à espera da sua vez.
Pois é, somos todos bons rapazes, e os islâmicos é que são os maus da fita.
Hosama Bin Laden foi treinado, assim tipo Rambo, pela cia e pelos serviços especiais dos states para combater os russos no Afganistão, agora voltou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Pois é, os americanos são uns melanómalos perigosos que se julgam donos do mundo... mas não são, graças a Deus.
Já agora ó caro GH a que esquerdalhada é que te estavas a referir?
Então quem põe as cartas na mesa tem de ser apoiante dos regimes totalitários, tipo China, Coreia do Norte e Estados Unidos... há, desculpa os states são uma democracia sui generis, em que se param as contagens dos votos quando um dos candidatos vai à frente, como é que me fui esquecer que o Al-Gore era Democrata, tal como o Kenedy que mandou invadir Cuba.
Ali, até os democratas insultam os valores mais altos da Democracia, tal como o sr António de Inglaterra, Blair para os amigos, decidiu que agora não era tempo para democracias xochas, balofas e bolorentas e, que deviam ir para o sótão e que atirassem com a chave para o Tamisa.
Esquerdalhada???
Não me parece.
Não me meto na política partidária, mas não sou burro de todo... ainda me falta essa cadeira.
Assim seja!
Elfo,
Foi brilhante essa tua descrição!
só faltou dizer uma coisa: "Depois o Pai Natal foi com o palhaço no comboio ver o Circo!"
Tu andas a escrever isso para me provocar, certo?
Sobre isto tomei a liberdade de colocar um apontamento no meu blogue.
Um abraço
Eugénio Costa Almeida
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