Tradução de um excerto de um artigo de opinião de Thomas Friedman, intitulado The Power in 11/9, e publicado no New York Times no passadio dia 17 de Outubro.
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O problema que temos em lidar com o mundo árabe-muçulmano de hoje é a ausência ou fraqueza geral do poder desse povo. Há uma guerra civil de baixa intensidade acontecendo no interior do mundo árabe-muçulmano de hoje; em muitos casos é "Sul contra o Sul " - más ideias contra más ideias, amplificadas pela violência, em vez de más ideias contra boas ideias amplificadas pelo poder do povo.
Em lugares como Egipto, Síria, Arábia Saudita, Afeganistão ou o Paquistão temos violentos movimentos extremistas religiosos combatendo com os serviços de segurança do Estado. E apesar dos regimes destes países estarem empenhados em esmagar os seus extremistas, eles raramente enfrentam as suas ideias extremistas, oferecendo alternativas progressistas. Isso é em grande parte porque a ideologia puritana islâmica do Estado saudita ou segmentos das forças armadas paquistanesas não é assim tão diferente da ideologia dos extremistas. E quando esses extremistas atingem outros lugares – sejam a Índia, os xiitas ou israelitas - estes regimes ficam indiferentes. É por isso que não há verdadeira guerra de ideias no interior desses países – há apenas uma guerra.
Esses estados não estão a promover uma interpretação inclusivista, progressista e tolerante do Islão, que poderia ser o alicerce do poder do povo. E quando as pessoas descem às ruas, é geralmente contra outro povo, em vez de unificar as suas próprias fileiras em torno das boas ideias. Houve muito mais marchas para denunciar caricaturas dinamarquesas do profeta Maomé do que para denunciar que os homens-bomba muçulmanos que mataram civis inocentes, muitos deles muçulmanos.
Os mais promissores movimentos progressistas de poder popular foram a Revolução dos Cedros no Líbano, o Despertar Sunita no Iraque e a Revolução Verde no Irão. Mas a Revolução do Cedro foi constrangida pelo poder sírio e por divisões internas. A revolta de Teerão foi esmagada pelo punho de ferro do regime iraniano, alimentada por petro-dólares. E não é claro se os iraquianos vão pôr o seu tribalismo de parte em troca de um poder popular partilhado.
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2 comentários:
O que o Thomas Friedman pensa é sensivelmente o mesmo que o João Moutinho ou (arrisco-me a dizê-lo) o Marco António.
Só que a opinião dele conta um bocadinho mais.
É mais ou menos isso...
:-)
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