Artigo de Homa Sabet Tavangar, publicado no Huffington Post.
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Em vésperas do feriado de Martin Luther King, quis mostrar às minhas filhas o Boletim do St. Francis College, de 1976, que continha uma foto da minha mãe a estudar com a sua amiga, Joetta. A imagem do seu rosto jovem atento fez-me reviver as emoções da minha infância, do amor, do orgulho e alguma tensão porque a minha mãe começava a Faculdade após o nascimento da minha irmã mais nova enquanto eu já estava na escola primária. Ela conseguia fazer-nos um jantar quente todas as noites e tinha sorte se conseguia dormir quatro horas, pois ela só começava a estudar a sério depois de nós irmos dormir.
Quando encontrei a foto, telefonei à minha mãe. "A Joetta era a tua melhor amiga na faculdade?" Eu perguntei. "Ela era a minha única amiga", ela respondeu de uma forma prosaica. "Ninguém queria ser meu amigo e ninguém queria ser amigo dela - éramos ambas demasiado diferentes; por isso tinhamo-nos uma à outra."
Esta não era a minha única recordação. Eu não podia imaginar a minha mãe - quase esplendorosa - ser rejeitada pelos colegas. Enquanto cresci em nossa casa, parecia que tínhamos sempre mais pessoas, e em particular pessoas de diferentes origens raciais e étnicas. Os meus pais eram activos na comunidade Bahá’í local, que era constituída por professores, empresários, comerciantes, artistas, estudantes e crianças da década de 70. Distinguia-se porque Foi distinguido por representar mais etnias do que pessoas pensaram que existiam em Fort Wayne, Indiana, naqueles dias, e particularmente para as amizades que existiam entre as raças.
Quase tão natural como aprender a dizer 'por favor' e 'obrigado', enquanto crianças eram-nos incutidas ideias existentes nas Escrituras Baha'is, como: "Amai todas as religiões e raças com um amor que seja verdadeiro e sincero e mostrai amor através de acções". E "O tabernáculo de unidade foi erguido; não vos olheis uns aos outros como estranhos. Vós sois os frutos de uma única árvore, e as folhas do mesmo ramo.."
Cresci a ouvir as conversas dos adultos à cerca da frase "o racismo é a questão mais desafiadora que a América enfrenta"; usávamos símbolos nos nossos casacos, com frase como "Um planeta, um só povo... por favor!" e "No meu coração não há espaço para preconceito "; e lá no cimo, entre os nossos heróis de todos os tempos favorito estava, e está, o Dr. Martin Luther King.
Quando a Revolução Iraniana ocorreu em 1979, seguida rapidamente pela tomada de reféns dos norte-americanos durante 444 dias intermináveis, eu era um chefe da claque do 8º ano em Fort Wayne, e fiquei espantada quando começaram a chamar-me terrorista e “Sand N-word”. Eles não sabiam sobre o perigo da minha família enfrentava no Irão por ser Bahá'í, onde meu primo, com pouco mais de 20 anos, foi executado por possuir livros Baha'is.
Eles também não sabiam que os princípios que os nossos parentes - e ainda hoje muitos mais indivíduos - se dedicavam, davam forma às palavras pelas quais o Dr. King viveu e morreu. Escrito pouco antes da eclosão da Guerra Civil Americana, enquanto exilado para Bagdade em meados do Séc. XIX, Bahá'u'lláh advertiu: "Não sabeis porque vos criamos a todos do mesmo pó? Que ninguém se enalteça acima do outro..."
Embora pouco conhecidos, os paralelos entre a mensagem de que o Profeta do Século XIX, que morreu como prisioneiro na Palestina (hoje, Israel), e a do Dr. King do Séc. XX nos Estados Unidos são impressionantes. Esse é o motivo pelo qual os Baha'is nos EUA assinalam o "Dia da Unidade Racial" no segundo domingo de Junho, porque eles serviram na Comissão que estabeleceu o primeiro federal Dr. Martin Luther King Jr., e porque tantos de nós crescemos com a bênção de ter amigos e familiares de todas as raças.
No ano passado voltei a Fort Wayne, Indiana, para falar na celebração da cidade Dia Internacional da Mulher, e a primeira pessoa na audiência a estender a mão apresentou-se como uma amiga do liceu: "Sou a LaTonia Lembras-te como nós nos chamávamos «Salada Mista» porque unimos pretos e brancos quando começou o transporte escolar? "
Fiquei tão sensibilizada por LaTonia partilhado os nossos esforços esperançosos, que me lembrei que o sonho do Dr. King assumia forma nos nossos pequenos passos: Convidar pessoas de diversas origens para partilhar uma refeição para a "Ceia de Domingo" contactar um velho amigo com quem costumava estudar, e fazer uma pausa no serviço, perto ou longe. Juntos, com alguma coragem, as nossas acções positivas podem começar um processo de cura que o nosso mundo necessita urgentemente.
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FONTE: Dr. King's Dream and a Prisoner in Baghdad 150 Years Ago (Huffington Post)
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