O debate, organizada pela Comunidade Internacional Bahá'í e co-patrocinada pela ATD Forth, centrou-se no tema da Comissão, “a erradicação da pobreza” e reuniu diplomatas de topo da ONU, funcionários das agências da ONU e representantes de organizações não-governamentais.
Na sua intervenção, o embaixador Jorge Valero - representante Permanente da Venezuela na ONU e presidente da Comissão para o Desenvolvimento Social - culpou os excessos do capitalismo global pelo aumento da desigualdade, acrescentando que a "desigualdade e a pobreza, as mudanças climáticas e a destruição dos ecossistemas são questões pendentes na agenda internacional".
"Essas calamidades só podem ser tratadas eficazmente se forem atacadas as causas estruturais que as geram: um consumismo egoísta e predatório do sistema global, que se baseia na mercantilização do homem e da natureza" - concluiu.
Ming Hwee Chong (ao centro) participando no debate realizado na ONU como parte da sessão anual da Comissão para o Desenvolvimento Social. |
Jomo Kwame Sundaram, secretário-geral Adjunto da ONU para o Desenvolvimento Económico, disse que, enquanto a questão da desigualdade for examinada apenas do ponto de vista nacional, dois terços da desigualdade global tem origem nas diferenças entre os países.
As diferenças internacionais são "muito, muito fortes", afirmou, salientando que essas desigualdades têm aumentado ao longo das últimas três décadas. "A grande promessa da globalização financeira era que, se as restrições fossem aliviadas, haveria um fluxo livre do capital, que o faria passar dos ricos para os pobres. Isso não aconteceu. O capital fluiu em sentido contrário, dos pobres para os ricos", acrescentou.
Entre os outros participantes do painel estavam Isabel Ortiz, directora adjunta de Políticas e Práticas da UNICEF, Christine Bockstal, da Organização Internacional do Trabalho, e Sara Burke, analista da Política Sénior do Friedrich-Ebert-Stiftung.
A Dra. Ortiz informou que, aos 20 por cento da população mais rica do mundo, cabem mais de 80 por cento do rendimento global - mas os 20% mais pobres têm menos de um por cento desse rendimento. "A redistribuição nacional não é suficiente para combater a desigualdade", declarou. "Há uma forte ligação entre a desigualdade dos altos rendimentos, a agitação social e a instabilidade económica."
Nas suas observações, Ming Chong Hwee, da Comunidade Internacional Bahá'í (BIC) chamou a atenção para as observações recentes feitas pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon sobre o aumento da desigualdade de rendimentos, a todos os níveis, ao longo dos últimos 25 anos, o que representa um sério obstáculo em todo o mundo para a erradicação da pobreza e a integração social. O Sr. Chong acrescentou que é tempo de fazer algumas perguntas críticas a respeito da relação entre a erradicação da pobreza e as diferenças económicas que existem hoje no mundo.
Apresentando uma declaração da BIC, o Sr. Chong observou que as relações de dominação - uma nação sobre outra, uma raça sobre outra, ou uma classe ou sexo em detrimento de outro - contribuem para o acesso desigual aos recursos e ao conhecimento.
A declaração também expressa a preocupação de que uma "visão materialista do mundo, que sustenta grande parte do pensamento económico moderno, reduz o conceito de valores, de objectivos, e de interacções humanas, a uma busca egoísta de riqueza material."
O Sr. Chong acrescentou que - apesar da muita atenção que tem sido dada às dimensões políticas, diplomáticas e transaccionais da crise actual - o objectivo da discussão foi tentar encontrar colaboração para "criar um espaço para cavar mais fundo, a fim de trazer à superfície alguns dos pressupostos subjacentes que moldam a nossa realidade económica e social".
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FONTE: Inequality between rich and poor highlighted by UN panel (BWNS)
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