Na verdade, esta questão dominou a história da maioria das religiões. Cismas, seitas e até guerras religiosas foram o resultado de divergências profundas e desastrosas sobre a sucessão e a autoridade. Muitos destes conflitos tornaram-se lutas pelo poder, demasiado trágicas, provocando carnificinas, ódio, fanatismo e a consequente perda do espírito original que os fundadores dessas religiões ensinaram. No mínimo, estes confrontos internos enfraqueceram cada religião onde ocorriam, e reduziam a sua capacidade de ensinar o amor, a harmonia e a unidade do mundo.
Os ensinamentos Bahá’ís, ao contrário das tradições religiosas do passado, abordam esta questão de forma clara, directa e imutável – de uma forma verdadeiramente única.
Quando Bahá’u’lláh - o profeta e fundador da Fé Bahá’í - faleceu em 1892, Ele deixou um Testamento chamado "O Livro da Aliança". Ali, Ele nomeou 'Abdu'l-Bahá, o Seu filho mais velho - a quem Se referiu como "O Mais Poderoso Ramo" - como Seu sucessor e líder da Fé Bahá'í:
Ó vós que habitais na terra! A religião de Deus é para o amor e a unidade; não a façais causa de inimizade e dissensão…
Conflito e discórdia são categoricamente proibidos no Seu Livro. Este é um decreto de Deus nesta Mais Grandiosa Revelação. Está divinamente preservado de anulação e está investido por Ele com esplendor da Sua confirmação. Em verdade, Ele é o Omnisciente, o Sapientíssimo…
A Vontade do Testador divino é esta: Incumbe aos … Meus parentes – a todos – voltar as suas faces para o Mais Poderoso Ramo. Considerai o que revelámos no nosso Mais Sagrado Livro: "Quando o oceano da Minha presença tiver vazado e quando o Livro da Minha Revelação estiver terminado, voltai as vossas faces para Aquele proposto por Deus, Aquele que ramificou desta Raiz Antiga". O objecto deste versículo sagrado não é nenhum outro senão o Mais Poderoso Ramo ['Abdu'l-Bahá].
Devido a esta aliança explícita por escrito, a Fé Bahá'í, mais de um século após o falecimento do Seu fundador, é a única grande religião mundial que manteve a sua unidade e resistiu com sucesso à divisão sectária. Em momentos da sua história, alguns indivíduos tentaram criar cismas e divisões entre a comunidade, mas nenhum conseguiu - porque os Bahá'ís entendem o que a Aliança significa e seguem as suas disposições.
Assim, nos dias 24 ou 25 de Novembro, os Bahá’ís de todo o mundo celebram a unidade da sua Fé – e a unidade essencial de todas as religiões – como um dia sagrado a que chamam Dia da Aliança.
Neste Dia Sagrado especial reconhecemos e celebramos a nomeação de ‘Abdu’l-Bahá como o Centro da Aliança de Bahá’u’lláh, representando a linha contínua e unificada de orientação espiritual que protege a Fé Bahá’í da divisão e da desunião. Também reconhece a Aliança maior e mais ampla que existe entre Deus e a humanidade, que se expressa nas relações proféticas que ligam cada fé.
Quando os novos mensageiros aparecem para cumprir esta promessa, Eles conduzem a humanidade repetidamente de regresso à sua realidade espiritual. Esta aliança eterna entre Deus e a humanidade convida todos a reconhecer e aceitar o próximo profeta, formando um processo de educação divina chamado revelação progressiva. ‘Abdu’l-Bahá escreveu que os Bahá’ís veem esta unidade da religião como uma cadeia ininterrupta e orgânica de mensageiros de Deus, que ensinaram a mesma Fé essencial:
E constitui um princípio básico da Lei de Deus em toda a Missão Profética, que Ele celebre uma Aliança com todos os crentes – Aliança essa que dura até o fim daquela Missão, até ao dia prometido, quando a Personagem especificada no início da Missão se torna manifesta. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l‑Bahá, #181)
A Aliança Bahá’í, claramente delineada na Vontade e Testamento de Bahá’u’lláh, continua essa cadeia ininterrupta de orientação divina e amor - não só prometendo à humanidade que outro mensageiro divino virá no futuro, mas também nomeando ‘Abdu’l-Bahá como sucessor de Bahá’u’lláh. Essa nomeação proporciona o princípio organizador para a expansão dos ensinamentos Bahá’ís e a administração da comunidade Bahá’í, em crescimento em todo o mundo; e além disso, responde às questões de sucessão e liderança que perturbaram tantas religiões do passado. Numa palestra que realizada em Nova Iorque em 1912, ‘Abdu’l-Bahá explicou:
Quanto à principal característica da revelação de Bahá'u'lláh, existe um ensinamento específico não proclamado por qualquer um dos Profetas do passado: trata-se da ordenação e nomeação do Centro da Aliança. Através dessa nomeação e provisão, Ele salvaguardou e protegeu a religião de Deus contra divergências e cismas, tornando impossível a qualquer um criar uma nova seita ou facção de crença. Para assegurar a unidade e a concórdia, Ele estabeleceu uma Aliança com todas as pessoas do mundo, incluindo o intérprete e explicador dos Seus ensinamentos, para que ninguém pudesse interpretar ou explicar a religião de Deus de acordo com o seu próprio ponto de vista ou opinião, e assim criar uma seita baseada no seu entendimento individual das Palavras divinas. (The Promulgation of Universal Peace, #135)
A nomeação de Bahá’u’lláh conferiu a ‘Abdu’l-Bahá a autoridade para agir como o único intérprete das Escrituras Bahá'ís, e nomeou-o como aquele que executaria o propósito de Bahá’u’lláh no estabelecimento da ordem administrativa Bahá’í. A nomeação de 'Abdu'l-Bahá como o Centro da Aliança também reconheceu que na Sua vida pessoal, nas Suas palavras e actos, 'Abdu'l-Bahá exemplificou perfeitamente as qualidades e ideais de um verdadeiro Bahá’í.
Depois, após a morte de ‘Abdu’l-Bahá, a Aliança Bahá’í continuou quando a Sua própria Vontade e Testamento nomeou Shoghi Effendi como o Guardião da Fé Bahá’í e tomou providências para a eleição global da Casa Universal de Justiça. Esta Aliança contínua preparou o caminho para a transição da sucessão hereditária para a administração com processos democráticos da comunidade Bahá’í. A primeira eleição para a Casa Universal de Justiça ocorreu em 1963, cem anos depois de Bahá’u’lláh ter proclamado a Sua mensagem.
Esta Aliança Bahá’í, uma linha clara de sucessão que manteve a unidade da Fé Bahá’í intacta e inviolável, serve para unir os corações dos Bahá’ís em todo o mundo – e também mostra a humanidade que podemos alcançar uma unidade mais global que inclua todas as pessoas e nações.
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Texto original: Why Do Baha’is Celebrate the Day of the Covenant? (www.bahaiteachings.org)
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