sábado, 20 de setembro de 2025

A Economia determina a História Humana?

Por David Langness.


Karl Marx disse: "A história de todas as sociedades existentes até hoje é a história da luta de classes." Você concorda? A história é um registo de guerras económicas?

Marx, Engels e Lenine definiram as classes sociais segundo características económicas, separando o opressor e o oprimido, a burguesia e o proletariado, em termos puramente financeiros:

Por burguesia entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores de trabalho assalariado. Por proletariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, não dispondo de meios de produção próprios, são reduzidos a vender a sua força de trabalho para sobreviver. (Friedrich Engels)

A liberdade na sociedade capitalista permanece sempre a mesma que era nas antigas repúblicas gregas: liberdade para os proprietários de escravos. (Vladimir Lenin)

O homem livre e o escravo, o patrício e o plebeu, o senhor e o servo, o mestre de guilda e o jornaleiro, numa palavra, o opressor e o oprimido, estavam em constante oposição um ao outro, travando uma luta ininterrupta, ora oculta, ora aberta, que terminava sempre, quer na reconstituição revolucionária da sociedade no seu todo, quer na ruína comum das classes em conflito. (Karl Marx)

Os marxistas definem a história como a batalha permanente entre as diferentes classes sociais, uma luta constante entre os grupos poderosos que controlam a riqueza e os recursos e os grupos impotentes que lutam para sobreviver sob o seu jugo económico. O mundo actual, com as suas enormes e inéditas disparidades entre riqueza e pobreza, poderá servir de modelo a essa teoria.

Assim, na perspectiva marxista, a economia torna-se o factor determinante na história, porque as teorias marxistas da história negam completamente os aspectos espirituais da humanidade, afirmando que todas as pessoas agem principalmente por interesse económico, e a religião apenas oprime ainda mais as massas. O comunismo tentou transformar esta filosofia da história numa sociedade sem classes e irreligiosa, mas na maioria dos casos esta tentativa falhou no palco mundial.

Os ensinamentos Bahá’ís reconhecem a existência de classes sociais e condenam os preconceitos económicos e de classe que lhes estão associados:

É o preconceito racial, patriótico, religioso e de classe que tem sido a causa da destruição da Humanidade. (‘Abdu’l-Bahá in London, p. 28)

A ordem mundial só pode ser fundada sobre uma consciência inabalável da unidade da humanidade, uma verdade espiritual que todas as ciências humanas confirmam. A antropologia, a fisiologia e a psicologia reconhecem apenas uma espécie humana, embora infinitamente variada nos aspectos secundários da vida. O reconhecimento desta verdade exige o abandono de preconceitos — preconceitos de toda a espécie — de raça, classe, cor, credo, nação, sexo, grau de civilização material, tudo o que permite às pessoas considerarem-se superiores às outras. (A Casa Universal de Justiça, The Promise of World Peace, p. 4)

Mas os ensinamentos Bahá’ís também alertam a humanidade para não criar “falsos deuses” a partir de algumas das teorias mais destrutivas da história, como o nacionalismo, o racismo e o comunismo:

O próprio Deus foi, de facto, destronado dos corações dos homens, e um mundo idólatra saúda e adora apaixonada e clamorosamente os falsos deuses que as suas próprias fantasias fúteis criaram fatuamente e as suas mãos mal guiadas tão impiamente exaltaram. Os principais ídolos no templo profanado da humanidade não são senão os triplos deuses do nacionalismo, do racismo e do comunismo, em cujos altares governos e povos, sejam democráticos ou totalitários, estejam em paz ou em guerra, sejam do Oriente ou do Ocidente, cristãos ou islâmicos, estão, de várias formas e em diferentes graus, agora a adorar. Os seus sumo-sacerdotes são os políticos e os doutores mundanos, os chamados sábios da época; o seu sacrifício, a carne e o sangue das multidões massacradas; os seus encantamentos, pregões antiquados e fórmulas insidiosas e irreverentes; o seu incenso, o fumo da angústia que emana dos corações dilacerados dos despojados, dos estropiados e dos desabrigados. (Shoghi Effendi, The Promised Day is Come, p. 113)

Na perspectiva Bahá’í, nenhuma teoria histórica do progresso da civilização que deixe completamente de fora o espírito humano e o seu Criador pode descrever completa e precisamente o passado, o presente ou o futuro:

Qualquer que seja o progresso feito pelo homem, ele necessita sempre do Poder do Espírito Santo, pois o poder do homem é limitado e o Poder Divino é ilimitado. (Bahá’u’lláh, citado por ‘Abdu’l-Bahá em Star of the West, Volume 2, p. 6)

Então, agora que já analisámos todas as seis teorias predominantes da história humana — a Teoria Cíclica, a Teoria Linear, a Teoria do Grande Homem, a Teoria do Povo, a Teoria Geográfica e a Teoria Marxista — qual delas acha que se enquadra com a realidade? Qual delas descreve melhor o longo caminho da nossa espécie até à civilização actual?

Antes de decidir qual destas teorias históricas mais gosta, ou se gosta de alguma delas, aqui fica uma pergunta. Voltemos ao conceito de Carlyle e pensemos um pouco mais sobre a questão do Grande Homem: de todos os indivíduos que já viveram — as pessoas mais influentes, homem ou mulher, na nossa história partilhada — quais tiveram o impacto mais duradouro e profundo na humanidade?

Entendeu? Agora, qual delas teve maior impacto em si pessoalmente? Pense nisso por uns tempos e voltaremos a falar do assunto.

Portanto, embora os Bahá’ís acreditem que a economia e a geografia têm um impacto profundo na história humana, os ensinamentos Bahá’ís afirmam que o espírito humano teve um impacto muito mais significativo ao longo do tempo. No próximo artigo desta série, examinaremos uma nova teoria Bahá’í da história que se baseia na importância da alma e do seu Criador.

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Texto original: Does Economics Determine Human History? (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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