Povo de Bahá
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
sábado, 9 de novembro de 2024
Com o Fogo testamos o Ouro
Por David Langness.
Estes três excertos do livro místico de Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, centram-se na enorme diferença entre a riqueza mundana e as verdadeiras riquezas, entre a atracção temporária pelo ouro e o brilho permanente da alma pura.
Vivo no sopé da Sierra Nevada, no norte da Califórnia, na região conhecida como Gold Country, onde houve a histórica corrida ao ouro no final da década de 1840. Estudando essa época da história, aprendi que os incontáveis de mineiros e exploradores que em meados de 1800 que vieram para o oeste em busca de ouro, encontraram grupos de índios nativos americanos que sabiam há séculos sobre as brilhantes pepitas de metal que cobriam o chão. Para os índios aquelas pepitas de ouro não tinham qualquer valor; mas para os mineiros, a riqueza material representada pelo ouro fez com que morressem aos milhares quando chegaram à Califórnia; e depois mataram à fome e massacraram os índios que eram um obstáculo na sua “febre do ouro”. Como resultado, seguiram-se massacres e fome em massa, com a população nativa da Califórnia a cair a pique – de 150.000 pessoas em 1845 para 30.000 em 1870. Os historiadores concordam agora que a Corrida ao Ouro se transformou num genocídio.
Após a criação de um estado em 1850, o primeiro governador da Califórnia, Peter Burnett, declarou o Estado como um campo de batalha entre brancos e índios, dizendo: “É de esperar que uma guerra de extermínio continuará a ser travada entre as duas raças até que a raça indígena seja extinta”.
Ainda se pode ver o brilho das manchas douradas incrustadas entre o granito e o quartzo nas montanhas aqui próximas. Estas grandes pepitas de ouro, outrora encontradas no solo à vista de todos, desapareceram, tal como a maioria dos povos nativos, cujas culturas, se tivessem prosperado, poderiam ter temperado e moderado o materialismo desenfreado do Estado Dourado de hoje.
As Escrituras Bahá’ís dizem: “Tu desejas o ouro e eu desejo que te libertes dele.” Cada profeta de todas as grandes religiões reiterou este tema do desprendimento da riqueza material para a humanidade:
Este tema consistente, que está presente em todas as religiões, pede-nos que olhemos para além da riqueza material transitória deste mundo e em direcção à riqueza espiritual duradoura do mundo da alma.
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Texto original: With Fire We Test the Gold (www.bahaiteachings.org)
David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
Ó Filho do Ser! Não te ocupes com este mundo, pois com fogo testamos o ouro, e com ouro testamos os nossos servos.
Ó Filho do Homem! Tu desejas o ouro e eu desejo que te libertes dele. Tu consideras-te rico ao possuí-lo, e eu reconheço a tua riqueza ao santificares-te dele. Pela Minha vida! Este é o Meu conhecimento, e essa é a tua fantasia; como pode a Minha vontade estar em harmonia com a tua?
Ó Filho do Homem! Concede a Minha riqueza aos Meus pobres, para que no céu possas obter abundância de esplendor imperecível e tesouros de glória imortal. Mas pela Minha vida! Ofereceres a tua alma é a coisa mais gloriosa, se apenas o pudesses ver com os Meus olhos. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, #55, #56, #57)
Estes três excertos do livro místico de Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, centram-se na enorme diferença entre a riqueza mundana e as verdadeiras riquezas, entre a atracção temporária pelo ouro e o brilho permanente da alma pura.
Vivo no sopé da Sierra Nevada, no norte da Califórnia, na região conhecida como Gold Country, onde houve a histórica corrida ao ouro no final da década de 1840. Estudando essa época da história, aprendi que os incontáveis de mineiros e exploradores que em meados de 1800 que vieram para o oeste em busca de ouro, encontraram grupos de índios nativos americanos que sabiam há séculos sobre as brilhantes pepitas de metal que cobriam o chão. Para os índios aquelas pepitas de ouro não tinham qualquer valor; mas para os mineiros, a riqueza material representada pelo ouro fez com que morressem aos milhares quando chegaram à Califórnia; e depois mataram à fome e massacraram os índios que eram um obstáculo na sua “febre do ouro”. Como resultado, seguiram-se massacres e fome em massa, com a população nativa da Califórnia a cair a pique – de 150.000 pessoas em 1845 para 30.000 em 1870. Os historiadores concordam agora que a Corrida ao Ouro se transformou num genocídio.
Após a criação de um estado em 1850, o primeiro governador da Califórnia, Peter Burnett, declarou o Estado como um campo de batalha entre brancos e índios, dizendo: “É de esperar que uma guerra de extermínio continuará a ser travada entre as duas raças até que a raça indígena seja extinta”.
Ainda se pode ver o brilho das manchas douradas incrustadas entre o granito e o quartzo nas montanhas aqui próximas. Estas grandes pepitas de ouro, outrora encontradas no solo à vista de todos, desapareceram, tal como a maioria dos povos nativos, cujas culturas, se tivessem prosperado, poderiam ter temperado e moderado o materialismo desenfreado do Estado Dourado de hoje.
As Escrituras Bahá’ís dizem: “Tu desejas o ouro e eu desejo que te libertes dele.” Cada profeta de todas as grandes religiões reiterou este tema do desprendimento da riqueza material para a humanidade:
A vida do além nunca surge diante dos olhos da criança descuidada, iludida pela ilusão da riqueza. “Este é o mundo”, pensa, “não há outro”. Assim, cai repetidamente sob o meu domínio. (A Morte a Falar, do Katha Upanishad Hindu)
Quem ama o dinheiro nunca tem dinheiro suficiente; quem ama a riqueza nunca está satisfeito com o seu rendimento. (Ecclesiastes 5:10)
Há pessoas que é necessário considerar ricas - uma é aquela que é perfeita em sabedoria; a segunda é aquela cujo corpo é saudável e vive sem medo; a terceira é a que está contente com o que aconteceu; a quarta é aquela cujo destino é um ajudante na virtude; a quinta é aque é famosa aos olhos das coisas sagradas, e pelas línguas dos bons; a sexta é aquela cuja confiança está na religião pura e boa … e a sétima é aquela cuja riqueza provém da honestidade. (Zoroastro, Zend-Avesta.)
Fé é riqueza! Obediência é riqueza! Modéstia também é riqueza! Ouvir é riqueza e caridade também! (Gautama Buddha, The Dhammapada)
Porém os que desejam enriquecer caem na tentação e na armadilha, e são vítimas de muitos desejos insensatos e prejudiciais, fazendo com que se afundem na ruína e na perdição. A raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. (1 Timóteo 6:9-10)
É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. (Mateus 19:24)
As riquezas não provêm de uma abundância de bens materiais, mas de uma mente satisfeita. É difícil a um homem carregado de riquezas subir o caminho íngreme que conduz à felicidade. (The Sayings of Muhammad)
O mérito do homem reside no serviço e na virtude e não na ostentação de bens e riquezas. (Tablets of Baha’u’llah, p. 138)
Este tema consistente, que está presente em todas as religiões, pede-nos que olhemos para além da riqueza material transitória deste mundo e em direcção à riqueza espiritual duradoura do mundo da alma.
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Texto original: With Fire We Test the Gold (www.bahaiteachings.org)
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quarta-feira, 6 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
Livro “Religiões de Angola”, de Eduardo dos Santos (1969)
Recentemente num alfarrabista online reparei num livro intitulado “Religiões de Angola”, de Eduardo dos Santos. O livro foi publicado em Lisboa, em 1969, pela Junta de Investigações do Ultramar. Mas uma citação do texto de introdução chamou a minha atenção. Dizia: “Guardamos para o fim o estudo do bahá’ismo, não só por ser muito recente na Província mas também por se apresentar totalmente alheio à tradição, ao modo de ser e às preocupações, pelo menos por ora, dos Africanos”.
Como é óbvio, ao ver uma referência à Fé Bahá’í em Angola num livro de 1969, não hesitei em comprar o livro.
Trata-se de uma obra extensa (536 páginas) dedicado à história das diferentes religiões e organizações religiosas que se foram instalando no território angolano até ao final da década de 1960. Contem uma longa história do Catolicismo (170 pags), do Protestantismo [incluindo Evangélicos, Metodistas, Adventistas, Testemunhas de Jeová e diversas organizações americanas, inglesas e canadianas] (110 pags), das Religiões Arcaicas [teísmos, deísmos, totenismos, ancestrologias] (140 pags), dos Movimentos Sincréticos [tocoísmo, amicalismo, etc] (50 pags) e do “Baha’ismo” (15 pags). A introdução e a conclusão também contêm referências à Fé Bahá’í (por vezes com críticas subtis).
Para escrever o capítulo sobre a Fé Bahá’í, o autor parecer ter-se baseado essencialmente no livro “Bahá’u’lláh e a Nova Era”, apresentado uma descrição histórica onde destaca os aspectos que lhe pareceram mais relevantes. Percebe-se que o autor fez um esforço para ser objectivo, apesar de existirem pequenos erros pontuais. São citados vários textos de Shoghi Effendi e ‘Abdu’l-Bahá, onde naturalmente estão presentes as traduções brasileiras dos anos 1950/1960. Na descrição da história da Fé e nos ensinamentos Bahá’ís (referidos como “Princípios filosóficos” e “Moral”), o autor usa recorrentemente terminologia Bahá’í, ficando a parecer que não está a usar as suas próprias palavras, mas a transcrever textos de outros autores.
As conclusões (do capítulo Bahá’í e do livro como um todo) resumem a Fé Bahá’í como uma religião que ainda não amadureceu, tendo diversos ensinamentos estranhos e desajustados da realidade africana, insinuando a ingenuidade de alguns ensinamentos Bahá’ís e o possível perigo que podem representar no contexto político da época (ex: pan-africanismo), chegando mesmo a ser condescendente para com os africanos (o problema do alcoolismo).
Com todas as suas virtudes e defeitos, o livro é um reconhecimento da presença Bahá’í em Angola durante os tempos coloniais. Pela bibliografia indicada, percebe-se que o autor fez um significativo trabalho de investigação. Ali encontramos referências aos seguintes livros Bahá’ís:
Encontrei alguma informação dispersa sobre o autor, Eduardo dos Santos. Consegui saber que nasceu em 1930, em Moimenta da Serra (Gouveia), foi funcionário administrativo em Angola, colaborador do Centro de Estudos de Etnologia Ultramarina e investigador da Junta de Investigações do Ultramar). Colaborou em várias revistas e jornais, publicou vários livros e artigos sobre diversas religiões de Angola. Os seus trabalhos mereceram destaque e diversos prémios. Este link apresenta uma biografia mais completa:
Para os interessados, coloquei um documento com todas as partes do livro que referem a Fé (introdução, capítulo Bahá’í, conclusões, bibliografia) neste link. Este documento também tem algumas anotações da minha autoria.
Como é óbvio, ao ver uma referência à Fé Bahá’í em Angola num livro de 1969, não hesitei em comprar o livro.
Trata-se de uma obra extensa (536 páginas) dedicado à história das diferentes religiões e organizações religiosas que se foram instalando no território angolano até ao final da década de 1960. Contem uma longa história do Catolicismo (170 pags), do Protestantismo [incluindo Evangélicos, Metodistas, Adventistas, Testemunhas de Jeová e diversas organizações americanas, inglesas e canadianas] (110 pags), das Religiões Arcaicas [teísmos, deísmos, totenismos, ancestrologias] (140 pags), dos Movimentos Sincréticos [tocoísmo, amicalismo, etc] (50 pags) e do “Baha’ismo” (15 pags). A introdução e a conclusão também contêm referências à Fé Bahá’í (por vezes com críticas subtis).
Para escrever o capítulo sobre a Fé Bahá’í, o autor parecer ter-se baseado essencialmente no livro “Bahá’u’lláh e a Nova Era”, apresentado uma descrição histórica onde destaca os aspectos que lhe pareceram mais relevantes. Percebe-se que o autor fez um esforço para ser objectivo, apesar de existirem pequenos erros pontuais. São citados vários textos de Shoghi Effendi e ‘Abdu’l-Bahá, onde naturalmente estão presentes as traduções brasileiras dos anos 1950/1960. Na descrição da história da Fé e nos ensinamentos Bahá’ís (referidos como “Princípios filosóficos” e “Moral”), o autor usa recorrentemente terminologia Bahá’í, ficando a parecer que não está a usar as suas próprias palavras, mas a transcrever textos de outros autores.
As conclusões (do capítulo Bahá’í e do livro como um todo) resumem a Fé Bahá’í como uma religião que ainda não amadureceu, tendo diversos ensinamentos estranhos e desajustados da realidade africana, insinuando a ingenuidade de alguns ensinamentos Bahá’ís e o possível perigo que podem representar no contexto político da época (ex: pan-africanismo), chegando mesmo a ser condescendente para com os africanos (o problema do alcoolismo).
Com todas as suas virtudes e defeitos, o livro é um reconhecimento da presença Bahá’í em Angola durante os tempos coloniais. Pela bibliografia indicada, percebe-se que o autor fez um significativo trabalho de investigação. Ali encontramos referências aos seguintes livros Bahá’ís:
- Excertos da Última Vontade e Testamento de ‘Abdu’l-Bahá (1954)
- Foundations of World Unity, ‘Abdu’l-Bahá (1936)
- Kitab-i-Iqan, O Livro da Certeza (1957)
- A Revelação Bahá’í [compilação de Escrituras Bahá’ís] (1957)
- Seleção de Orações Bahá’ís (1958)
- Bahá’u’lláh e a Nova Era (1962)
- A Fé Mundial Bahá’í [do Esselmont, publicado em Lisboa] (1963)
Encontrei alguma informação dispersa sobre o autor, Eduardo dos Santos. Consegui saber que nasceu em 1930, em Moimenta da Serra (Gouveia), foi funcionário administrativo em Angola, colaborador do Centro de Estudos de Etnologia Ultramarina e investigador da Junta de Investigações do Ultramar). Colaborou em várias revistas e jornais, publicou vários livros e artigos sobre diversas religiões de Angola. Os seus trabalhos mereceram destaque e diversos prémios. Este link apresenta uma biografia mais completa:
Para os interessados, coloquei um documento com todas as partes do livro que referem a Fé (introdução, capítulo Bahá’í, conclusões, bibliografia) neste link. Este documento também tem algumas anotações da minha autoria.
sábado, 2 de novembro de 2024
As Bem-Aventuranças de Bahá'u'lláh
Na Lawh-i-Aqdas (também conhecida como Epístola aos Cristãos), Bahá’u’lláh dirige-Se principalmente àqueles que estão familiarizados com os ensinamentos de Jesus Cristo. Essa Epístola termina com vinte e uma bem-aventuranças. Estas evocam obviamente as bem-aventuranças de Jesus e o sermão da montanha, e apresentam muitas semelhanças. Mas há também uma clareza e uma sonoridade diferentes. Quando Jesus falou há dois mil anos, preparou os Seus seguidores – aqueles que verdadeiramente aspiravam a uma vida cristã – para o sofrimento, aconselhando os Seus seguidores a verem para além das realidades exteriores de um mundo ilusório.
Embora Bahá’u’lláh também chame a atenção para a perseguição no Seu caminho e o Seu chamamento seja também para o despertar de uma vida espiritual, o aspecto principal das Suas bem-aventuranças é de regozijo. É o momento da realização. É a hora do Reino. Quando ‘Abdu’l-Bahá visitou Paris em 1911, falou em termos como estes.
Que os vossos olhos se abram para ver os sinais do Reino de Deus, e que os vossos ouvidos sejam desobstruídos para que possam ouvir com perfeita compreensão a Proclamação Celestial que se ouve entre vós. (Paris Talks, p.95)
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Bem-aventurado o adormecido que é despertado pela Minha Brisa.Noutros textos revelados por Bahá’u’lláh podemos encontrar outras bem-aventuranças.
Bem-aventurado o desfalecido que é vivificado através dos Meus sopros revivificadores.
Bem-aventurados os olhos que se consolam ao contemplar a Minha beleza.
Bem-aventurado o caminhante que dirige os seus passos em direcção ao Tabernáculo da Minha glória e majestade.
Bem-aventurado o angustiado que procura abrigo à sombra do Meu pálio.
Bem-aventurado o sedento que se apressa para as águas suaves da Minha benevolência.
Bem-aventurada a alma insaciável que abandona os seus desejos egoístas por amor a Mim, e toma o seu lugar na mesa do banquete que enviei do céu da generosidade divina para os Meus eleitos.
Bem-aventurado aquele que se agarra firmemente à corda da Minha glória, e o necessitado que entra à sombra do Tabernáculo da Minha riqueza.
Bem-aventurado o ignorante que procura a fonte do Meu conhecimento, e o negligente que se agarra à corda da Minha memória.
Bem-aventurado a alma que foi chamada à vida através do Meu sopro vivificador e conseguiu entrar no Meu Reino celestial.
Bem-aventurado o homem a quem os doces aromas do encontro Comigo despertaram e fizeram aproximar-se do Alvorecer da Minha Revelação.
Bem-aventurados os ouvidos que ouviram e a língua que deu testemunho e os olhos que viram e reconheceram o próprio Senhor, na Sua grande glória e majestade, investido de grandeza e domínio.
Bem-aventurados aqueles que alcançaram a Sua presença.
Bem-aventurado o homem que procurou a luz do Sol da Minha Palavra.
Bem-aventurado aquele que adornou a cabeça com o diadema do Meu amor.
Bem-aventurado aquele que ouviu falar da Minha dor e se levantou para Me auxiliar no meio do Meu povo.
Bem-aventurado aquele que entregou a sua vida no Meu caminho e suportou múltiplos infortúnios por causa do Meu nome.
Bem-aventurado o homem que, seguro da Minha Palavra, ressuscitou dos mortos para celebrar o Meu louvor.
Bem-aventurado aquele que foi arrebatado pelas Minhas maravilhosas melodias e rasgou os véus através da força do Meu poder.
Bem-aventurado aquele que se manteve fiel à Minha Aliança e a quem as coisas do mundo não impediram de alcançar a Minha Corte de santidade.
Bem-aventurado o homem que se desligou de tudo, excepto de Mim, que se elevou na atmosfera do Meu amor, que conseguiu ser admitido no Meu Reino, contemplou os Meus domínios de glória, sorveu as águas vivas da Minha generosidade, bebeu até se fartar do rio celestial de Minha amorosa providência, ficou a conhecer a Minha Causa, compreendeu aquilo que Eu escondi no tesouro das Minhas Palavras e brilhou no horizonte do conhecimento divino empenhado no Meu louvor e glorificação. Em verdade, ele é dos Meus. Sobre ele esteja a Minha misericórdia, a Minha benevolência, a Minha generosidade e a Minha glória.
Bem-aventurado aquele que neste Dia atingiu a Sua presença e em quem o olhar de Deus, o Auxílio no Perigo, o que Subsiste por Si Próprio, se fixou. Diz: celebrámos este Festival na Mais Grandiosa Prisão numa época em que os reis da terra se ergueram contra Nós. (Days of Rememberance)
Bem-aventurado aquele que, com humildade e submissão, volveu o seu rosto para o Alvorecer dos versículos do seu Senhor. (Days of Rememberance)
Bem-aventurado quem prefere seu irmão antes de si próprio. (Tablets of Baha’u’llah, p. 71)
Bem-aventurado quem Dele se aproximar, e ai dos que estão afastados. (Epistola ao Czar da Rússia)
Bem-aventurado e feliz é aquele que se levanta para promover os melhores interesses dos povos e raças da terra. (Gleanings, CXVII)
Bem-aventurado é o lugar, a casa e o coração, e bem-aventurada a cidade, a montanha, o refúgio, a caverna e o vale, a terra e o mar, o prado e a ilha, onde se haja feito menção de Deus e celebrado Seu louvor.
Bem-aventurado o homem que, com um rosto radiante de luz, se volveu para Ele [Jesus]. (Gleanings, XXXVI)
Bem-aventurado quem se adorna com as Minhas virtudes. (As Palavras Ocultas, #49, do persa)
Bem-aventurado o rei que mantém firmes as rédeas da sua paixão, domina a sua raiva, e prefere a justiça e a imparcialidade à injustiça e à tirania. (Tablets of Baha’u’llah, Words of Paradise, p. 65)
Bem-aventurado o governante que socorre o cativo, o rico que cuida do pobre, o justo que protege o espezinhado do malfeitor, e feliz o responsável que observa aquilo que o Ordenador, o Ancião dos Dias prescreveu. (Words of Paradise)
Bem-aventurado aquele que a alcançou [a presença divina] , no dia em que, como tu testemunhas, a maioria do povo se afastou dela. (Kitab-i-Iqan, ¶181)
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Traduzido e adaptado de: The Beatitudes of Bahá’u’lláh de Michael Curtotti (beyondforeignness.org)
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
sábado, 26 de outubro de 2024
A Firmeza, a Paciência e o Amor
Por David Langness.
Nesta série de artigos sobre As Palavras Ocultas, a obra mística de Bahá’u’lláh, explorámos os mistérios da linguagem elevada do livro, a compreensão espiritual dos Seus conselhos nobres e os significados das Suas metáforas e alusões.
Ficámos a saber que cada frase deste belo livro poético tem múltiplos significados. Vimos como as leituras mais literais d’ As Palavras Ocultas não estão à altura da elevada paisagem verbal das muitas camadas simbólicas de consequências e intenção do livro. Tentámos descobrir algumas destas camadas de significados e compreender pelo menos parte do que a voz profética de Bahá’u’lláh nos deu.
Mas aqui, nestes dois aforismos simples e curtos, o significado místico das palavras de Bahá’u’lláh parece tão profundo que resiste a qualquer explicação.
“O sinal do amor é a firmeza sob o Meu decreto e a paciência sob as Minhas provações” e “O verdadeiro amante anseia pela tribulação”, ambas ligam o amor às dificuldades, às provações e à tolerância.
No mundo material, nem sempre pensamos no amor desta forma. Muitas pessoas têm uma visão romântica do amor como um mar calmo e tranquilo de estabilidade emocional. Mas, na verdade, o amor pode trazer turbulência, problemas e lágrimas. O verdadeiro amor por outra pessoa significa, geralmente, que o amante sacrificaria qualquer coisa – paz, prosperidade, vida – pela pessoa amada:
O amor traz consigo mais do que apenas um pequeno incómodo, diz-nos Bahá’u’lláh. Em vez disso, produz provações e tribulações, sofrimento, dor e agitação emocional.
Buda afirmou que existir é sofrer. De muitas maneiras, a existência moderna aparentemente mitigou grande parte do sofrimento físico da vida – com a nossa electrónica, os nossos transportes, a forma como obtemos os nossos alimentos, os milagres da medicina moderna, a relativa tranquilidade da nossa vida quotidiana.
Mas cada um de nós, não importa quem somos ou como vivemos, sofre por dentro. Nenhuma vida prossegue sem dor. Espiritualmente, esta dor faz-nos ansiar por uma ligação profunda para além deste plano físico. Estimula-nos na nossa busca por significado e faz-nos desejar uma compreensão duradoura das nossas próprias almas.
Então, o nosso sofrimento tem significado?
Os ensinamentos Bahá’ís dizem que sim – que a tristeza e o sofrimento encontram o seu significado no poder de transformar a alma individual de um ser material num ser espiritual. O nosso sofrimento, se o olharmos à luz de um processo educativo, tem o potencial de nos refazer.
Os grandes poetas sufis, Hafez e Rumi, recordavam-nos constantemente esta poderosa verdade metafórica: “O amor vem com uma faca, não com uma pergunta tímida”, e também “O amor é um louco, a trabalhar nos seus esquemas loucos”.
Bahá’u’lláh utiliza um conceito ainda mais surpreendente quando diz: “O verdadeiro amante anseia pela tribulação”.
Os ensinamentos Bahá'ís encaram as provações e o sofrimento como uma dádiva para o espírito humano:
A nossa atracção e amor pelo divino, pelo espiritual, pelo transcendente e pelo semelhante a Deus, irão inevitavelmente testar-nos, parecem dizer estas Palavras Ocultas. Se verdadeiramente amamos a realidade espiritual da vida, desejaremos prová-lo. Assim, o fogo destas provações revelará, tal como o ouro faz quando aquecido pelo fogo, a verdadeira natureza e pureza do nosso amor.
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Texto original: Fortitude, Patience and Love (www.bahaiteachings.org)
David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
Ó Filho do Homem! Para tudo há um sinal. O sinal do amor é a firmeza sob o Meu decreto e a paciência sob as Minhas provações.
Ó Filho do Homem! O verdadeiro amante anseia pela tribulação, tal como o rebelde pelo perdão e o pecador pela misericórdia. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #48, #49)
Nesta série de artigos sobre As Palavras Ocultas, a obra mística de Bahá’u’lláh, explorámos os mistérios da linguagem elevada do livro, a compreensão espiritual dos Seus conselhos nobres e os significados das Suas metáforas e alusões.
Ficámos a saber que cada frase deste belo livro poético tem múltiplos significados. Vimos como as leituras mais literais d’ As Palavras Ocultas não estão à altura da elevada paisagem verbal das muitas camadas simbólicas de consequências e intenção do livro. Tentámos descobrir algumas destas camadas de significados e compreender pelo menos parte do que a voz profética de Bahá’u’lláh nos deu.
Mas aqui, nestes dois aforismos simples e curtos, o significado místico das palavras de Bahá’u’lláh parece tão profundo que resiste a qualquer explicação.
“O sinal do amor é a firmeza sob o Meu decreto e a paciência sob as Minhas provações” e “O verdadeiro amante anseia pela tribulação”, ambas ligam o amor às dificuldades, às provações e à tolerância.
No mundo material, nem sempre pensamos no amor desta forma. Muitas pessoas têm uma visão romântica do amor como um mar calmo e tranquilo de estabilidade emocional. Mas, na verdade, o amor pode trazer turbulência, problemas e lágrimas. O verdadeiro amor por outra pessoa significa, geralmente, que o amante sacrificaria qualquer coisa – paz, prosperidade, vida – pela pessoa amada:
Um dos requisitos do verdadeiro amor é a prontidão para suportar todo o sofrimento e tribulação que ocorreu no passado ou que possa ocorrer no futuro. Consequentemente, um amante apaixonado está sempre manchado de sangue, e aquele que anseia por encontrar o Amado é um peregrino constante. (Bahá’u’lláh, Fire and Light, p. 25)
O amor traz consigo mais do que apenas um pequeno incómodo, diz-nos Bahá’u’lláh. Em vez disso, produz provações e tribulações, sofrimento, dor e agitação emocional.
Buda afirmou que existir é sofrer. De muitas maneiras, a existência moderna aparentemente mitigou grande parte do sofrimento físico da vida – com a nossa electrónica, os nossos transportes, a forma como obtemos os nossos alimentos, os milagres da medicina moderna, a relativa tranquilidade da nossa vida quotidiana.
Mas cada um de nós, não importa quem somos ou como vivemos, sofre por dentro. Nenhuma vida prossegue sem dor. Espiritualmente, esta dor faz-nos ansiar por uma ligação profunda para além deste plano físico. Estimula-nos na nossa busca por significado e faz-nos desejar uma compreensão duradoura das nossas próprias almas.
Então, o nosso sofrimento tem significado?
Os ensinamentos Bahá’ís dizem que sim – que a tristeza e o sofrimento encontram o seu significado no poder de transformar a alma individual de um ser material num ser espiritual. O nosso sofrimento, se o olharmos à luz de um processo educativo, tem o potencial de nos refazer.
Os grandes poetas sufis, Hafez e Rumi, recordavam-nos constantemente esta poderosa verdade metafórica: “O amor vem com uma faca, não com uma pergunta tímida”, e também “O amor é um louco, a trabalhar nos seus esquemas loucos”.
Bahá’u’lláh utiliza um conceito ainda mais surpreendente quando diz: “O verdadeiro amante anseia pela tribulação”.
Os ensinamentos Bahá'ís encaram as provações e o sofrimento como uma dádiva para o espírito humano:
Para a alma leal, um teste não é mais do que a graça e o favor de Deus; pois o valente avança alegremente para a batalha furiosa no campo da angústia, quando o cobarde, chorando de medo, ficará agitado e estremecerá. Da mesma forma, o aluno hábil, que com grande competência dominou as suas matérias e as memorizou, exibirá alegremente as suas capacidades perante os seus examinadores no dia dos seus testes. Da mesma forma, o ouro maciço brilhará maravilhosamente e ficará resplandecnete no fogo do ensaiador.
É claro, portanto, que os testes e as provações são, para as almas santificadas, apenas a generosidade e a graça de Deus… ('Abdu’l-Bahá, Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, pp. 181-182)
A nossa atracção e amor pelo divino, pelo espiritual, pelo transcendente e pelo semelhante a Deus, irão inevitavelmente testar-nos, parecem dizer estas Palavras Ocultas. Se verdadeiramente amamos a realidade espiritual da vida, desejaremos prová-lo. Assim, o fogo destas provações revelará, tal como o ouro faz quando aquecido pelo fogo, a verdadeira natureza e pureza do nosso amor.
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Texto original: Fortitude, Patience and Love (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
quarta-feira, 23 de outubro de 2024
sábado, 19 de outubro de 2024
O físico ou o espiritual – escolher o que prevalece
Por David Langness.
Na faculdade, conheci um rapaz a quem todos chamavam monogâmico em série. Dizendo de uma forma simpática, ele era agressivamente solteiro. Cada vez que o via estava com uma moça diferente e raramente faltava a uma festa. Vamos chamar-lhe Cliff.
Eu vez perguntei-lhe sobre disso. Ele riu-se e deu-me uma variante do velho lugar-comum: “A variedade é o tempero da vida, e eu estou apenas a jogar em campo”.
Durante algumas aulas de literatura, percebi que o Cliff não costumava falar em lugares-comuns; ele conseguia mesmo pensar. As perguntas que ele fazia aos nossos professores durante as aulas revelavam uma pessoa mais profunda e atenciosa do que eu poderia imaginar. Fiquei também a perceber que o Cliff não parecia muito feliz, apesar de todas as festas.
Depois da faculdade, estive alguns anos sem ver o Cliff, até que um dia o encontrei numa loja.
“Cliff, como estás?”, disse eu, enquanto reparava que ele usava uma aliança de casamento. Se tivesse entrado na loja a passear um leão pela trela, talvez não me tivesse surpreendido tanto.
“Casei-me”, disse, com um grande sorriso.
“Parabéns”, respondi, apertando-lhe a mão. “Não pensei que fosses do tipo de pessoa que iria casar...”
“Nem eu”, retorquiu.
“O que é que mudou?” perguntei-lhe.
“Bem, tive uma epifania. Percebi que, com toda aquela corrida frenética atrás de mulheres, estava apenas a tentar negar a minha própria mortalidade.”
A visão filosófica e espiritual de Cliff sobre si próprio pareceu-me bastante profunda.
Mais tarde, dei ao Cliff esta citação das Escrituras Bahá’ís:
Para mim, este pequeno excerto e a frase das Palavras Ocultas de Bahá’u’lláh acima exemplificam o cerne da verdadeira religião.
São duas citações que exprimem e examinam a própria raiz da condição humana: vivemos e respiramos hoje, mas amanhã morreremos. A certeza absoluta da nossa morte obriga todos os seres humanos a responder a uma questão fundamental sobre as nossas vidas: O que é que prevalece?
Quem acredita – como Cliff fez durante da fase da folia – que a vida termina quando o corpo morre, então será levado a concluir que nada tem muito valor duradouro. Por outras palavras, poderia concluir que tudo morre, e que somos todos apenas mamíferos sem alma, destinados ao esquecimento eterno no final das nossas vidas físicas. Perante esta opinião, a maioria das pessoas tenta simplesmente encontrar o máximo de prazer, satisfação e conforto material possíveis.
Mas quem percepcionar a presença de algo mais na vida, uma realidade mística e imortal que se estende para além do túmulo, então vai querer planear a longo prazo e não focar toda a sua vida no mundo material.
As pessoas que acreditam que a nossa consciência humana continua após a morte biológica, evocam frequentemente essa fase seguinte da existência vida após a morte. Mas a expressão pode ser enganadora, pois sugere que este mundo físico é onde temos a nossa vida real; e o mundo espiritual que se segue é apenas uma nota de rodapé.
Os ensinamentos Bahá’ís descrevem-no de forma diferente.
Esta fase terrena da nossa existência, diz-nos Bahá’u’lláh, é uma “soberania mortal e efémera”. Transcender essa soberania temporária e livrar os nossos corações do apego a ela, diz Ele, requer reorientar os nossos afectos para a eternidade. Em vez de amar o mundo físico, que acabará por perecer, deveríamos estender o nosso amor aos aspetos espirituais da vida – o infinito e o imperecível. Em vez de nos agarrarmos a este mundo, onde permanecemos apenas por um curto período de tempo, o nosso olhar deve contemplar o horizonte mais amplo e procurar uma visão mais longa.
Os ensinamentos Bahá’ís dizem que cada uma de nós é uma alma imortal, uma essência indestrutível. Esta existência física, que dura algumas dezenas de anos, serve apenas como a primeira fase do nosso crescimento espiritual – mas é uma fase muito importante. Aqui, neste plano material da realidade, devemos escolher entre focar-nos no que é efémero ou no que é duradouro.
Escolham bem.
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Texto original: The Physical or the Spiritual–Choosing What Lasts (www.bahaiteachings.org)
David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
Ó Filho do Ser! Se o teu coração estiver voltado para este domínio eterno e imperecível e para esta vida antiga e eterna, abandona esta soberania mortal e efémera. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, #54)
Na faculdade, conheci um rapaz a quem todos chamavam monogâmico em série. Dizendo de uma forma simpática, ele era agressivamente solteiro. Cada vez que o via estava com uma moça diferente e raramente faltava a uma festa. Vamos chamar-lhe Cliff.
Eu vez perguntei-lhe sobre disso. Ele riu-se e deu-me uma variante do velho lugar-comum: “A variedade é o tempero da vida, e eu estou apenas a jogar em campo”.
Durante algumas aulas de literatura, percebi que o Cliff não costumava falar em lugares-comuns; ele conseguia mesmo pensar. As perguntas que ele fazia aos nossos professores durante as aulas revelavam uma pessoa mais profunda e atenciosa do que eu poderia imaginar. Fiquei também a perceber que o Cliff não parecia muito feliz, apesar de todas as festas.
Depois da faculdade, estive alguns anos sem ver o Cliff, até que um dia o encontrei numa loja.
“Cliff, como estás?”, disse eu, enquanto reparava que ele usava uma aliança de casamento. Se tivesse entrado na loja a passear um leão pela trela, talvez não me tivesse surpreendido tanto.
“Casei-me”, disse, com um grande sorriso.
“Parabéns”, respondi, apertando-lhe a mão. “Não pensei que fosses do tipo de pessoa que iria casar...”
“Nem eu”, retorquiu.
“O que é que mudou?” perguntei-lhe.
“Bem, tive uma epifania. Percebi que, com toda aquela corrida frenética atrás de mulheres, estava apenas a tentar negar a minha própria mortalidade.”
A visão filosófica e espiritual de Cliff sobre si próprio pareceu-me bastante profunda.
Mais tarde, dei ao Cliff esta citação das Escrituras Bahá’ís:
Tendo, nesta viagem, mergulhado no oceano da imortalidade, libertado o seu coração do apego a qualquer coisa que não seja Ele, e alcançado os mais sublimes cumes da vida eterna, o buscador não verá aniquilação nem para si nem para qualquer outra alma. Beberá do cálice da imortalidade, pisará a sua terra, voará na sua atmosfera, associar-se-á àqueles que são as suas encarnações, tomará os frutos imperecíveis e incorruptíveis da árvore da eternidade, e será contado para sempre nos sublimes cumes da imortalidade, entre os habitantes do reino eterno. (Baha’u’llah, Gems of Divine Mysteries, p. 72)
Para mim, este pequeno excerto e a frase das Palavras Ocultas de Bahá’u’lláh acima exemplificam o cerne da verdadeira religião.
São duas citações que exprimem e examinam a própria raiz da condição humana: vivemos e respiramos hoje, mas amanhã morreremos. A certeza absoluta da nossa morte obriga todos os seres humanos a responder a uma questão fundamental sobre as nossas vidas: O que é que prevalece?
Quem acredita – como Cliff fez durante da fase da folia – que a vida termina quando o corpo morre, então será levado a concluir que nada tem muito valor duradouro. Por outras palavras, poderia concluir que tudo morre, e que somos todos apenas mamíferos sem alma, destinados ao esquecimento eterno no final das nossas vidas físicas. Perante esta opinião, a maioria das pessoas tenta simplesmente encontrar o máximo de prazer, satisfação e conforto material possíveis.
Mas quem percepcionar a presença de algo mais na vida, uma realidade mística e imortal que se estende para além do túmulo, então vai querer planear a longo prazo e não focar toda a sua vida no mundo material.
As pessoas que acreditam que a nossa consciência humana continua após a morte biológica, evocam frequentemente essa fase seguinte da existência vida após a morte. Mas a expressão pode ser enganadora, pois sugere que este mundo físico é onde temos a nossa vida real; e o mundo espiritual que se segue é apenas uma nota de rodapé.
Os ensinamentos Bahá’ís descrevem-no de forma diferente.
Esta fase terrena da nossa existência, diz-nos Bahá’u’lláh, é uma “soberania mortal e efémera”. Transcender essa soberania temporária e livrar os nossos corações do apego a ela, diz Ele, requer reorientar os nossos afectos para a eternidade. Em vez de amar o mundo físico, que acabará por perecer, deveríamos estender o nosso amor aos aspetos espirituais da vida – o infinito e o imperecível. Em vez de nos agarrarmos a este mundo, onde permanecemos apenas por um curto período de tempo, o nosso olhar deve contemplar o horizonte mais amplo e procurar uma visão mais longa.
Os ensinamentos Bahá’ís dizem que cada uma de nós é uma alma imortal, uma essência indestrutível. Esta existência física, que dura algumas dezenas de anos, serve apenas como a primeira fase do nosso crescimento espiritual – mas é uma fase muito importante. Aqui, neste plano material da realidade, devemos escolher entre focar-nos no que é efémero ou no que é duradouro.
Escolham bem.
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Texto original: The Physical or the Spiritual–Choosing What Lasts (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
sábado, 12 de outubro de 2024
Como a Alma lida com o Sofrimento
Por David Langness.
Ninguém escapa ao sofrimento e à tragédia nesta existência física.
Nas relações familiares, nas preocupações relacionadas com a saúde, na pobreza ou na prosperidade, nenhum de nós está imune à dor e ao sofrimento. Como seres humanos, todos partilhamos a experiência de lidar com adversidades, problemas e tragédias. Este mundo físico apresenta-nos constantemente provações e tribulações; é uma parte inevitável da condição humana.
A verdadeira religião reconhece esta realidade e tenta ensinar-nos a lidar com o sofrimento inevitável da vida.
O Budismo, por exemplo, preocupa-se quase inteiramente em aliviar o impacto do sofrimento na alma humana. As Quatro Nobres Verdades do Budismo dizem-nos que o sofrimento existe; que a causa do nosso sofrimento é o desejo e a ignorância; e que a cura para o sofrimento humano passa pelo desenvolvimento da capacidade da mente para a compreensão e o discernimento; depois, deve-se percorrer o caminho das acções espirituais (a que Buda chamou Caminho Óctuplo) para procurar a verdadeira iluminação. A essência do remédio Budista para o sofrimento, tal como o remédio Bahá’í, envolve o desprendimento do mundo material, que Buda disse ser a fonte de todo o sofrimento:
Nas quatro citações das Palavras Ocultas acima, Bahá’u’lláh apresenta-nos um conjunto de ensinamentos espirituais com beleza e nuances semelhantes. “Se a prosperidade te sobrevier…” ou “Se a pobreza te atingir”, afirma Ele, devemos esforçar-nos por reconhecer que este mundo de impermanência acabará por desaparecer; e realmente devemos acolher as adversidades e calamidades pessoais como advertências, provações e desafios constantes para permanecermos desprendidos destas condições temporárias.
No sânscrito original dos ensinamentos Budistas, Buda utilizou a palavra dukkha – que não significa apenas sofrimento ou dor, mas também impermanência (viparinama) ou estados de ser condicionais e mutáveis (samkhara). Exactamente da mesma forma, as Palavras Ocultas de Bahá’u’lláh advertem-nos contra o apego dos nossos corações e almas a essas coisas, estados e condições transitórias que “passarão e não mais existirão”.
Bahá’u’lláh e Buda pedem-nos que compreendamos e interiorizemos que este mundo e as suas mudanças não duram. A nossa tarefa, através da dor e do sofrimento que estas mudanças trazem, passa por mudar o nosso foco, o nosso amor e a nossa lealdade deste mundo temporário e impermanente para o mundo espiritual eterno:
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Texto original: How the Soul Deals with Suffering (www.bahaiteachings.org)
David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
Ó Filho do Homem! Se a adversidade não te sobrevier no Meu caminho, como poderás seguir os caminhos daqueles que estão satisfeitos com o Meu agrado? Se as provações não te afligirem no teu desejo de Me encontrares, como alcançarás a luz no teu amor pela Minha beleza?
Ó Filho do Homem! A Minha calamidade é a Minha providência, exteriormente é fogo e vingança, mas interiormente é luz e misericórdia. Apressa-te para que te possas tornar uma luz eterna e um espírito imortal. Este é o meu mandamento para ti, cumpre-o.
Ó Filho do Homem! Se a prosperidade te sobrevier, não te regozijes, e se a humilhação cair sobre ti, não te lamentes, pois, ambas passarão e não mais existirão.
Ó Filho do Ser! Se a pobreza te atingir, não te entristeças; pois com o tempo o Senhor da prosperidade te visitará. Não temas a humilhação, pois a glória um dia repousará sobre ti. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, #50, #51, #52, #53)
Ninguém escapa ao sofrimento e à tragédia nesta existência física.
Nas relações familiares, nas preocupações relacionadas com a saúde, na pobreza ou na prosperidade, nenhum de nós está imune à dor e ao sofrimento. Como seres humanos, todos partilhamos a experiência de lidar com adversidades, problemas e tragédias. Este mundo físico apresenta-nos constantemente provações e tribulações; é uma parte inevitável da condição humana.
A verdadeira religião reconhece esta realidade e tenta ensinar-nos a lidar com o sofrimento inevitável da vida.
O Budismo, por exemplo, preocupa-se quase inteiramente em aliviar o impacto do sofrimento na alma humana. As Quatro Nobres Verdades do Budismo dizem-nos que o sofrimento existe; que a causa do nosso sofrimento é o desejo e a ignorância; e que a cura para o sofrimento humano passa pelo desenvolvimento da capacidade da mente para a compreensão e o discernimento; depois, deve-se percorrer o caminho das acções espirituais (a que Buda chamou Caminho Óctuplo) para procurar a verdadeira iluminação. A essência do remédio Budista para o sofrimento, tal como o remédio Bahá’í, envolve o desprendimento do mundo material, que Buda disse ser a fonte de todo o sofrimento:
Não sigais uma vida de maldade; não vivais na negligência; não tenhais opiniões falsas; não valorizeis as coisas mundanas. Desta forma podeis livrar-vos do sofrimento. (Gautama Buda, Dhammapada, v.)
Nas quatro citações das Palavras Ocultas acima, Bahá’u’lláh apresenta-nos um conjunto de ensinamentos espirituais com beleza e nuances semelhantes. “Se a prosperidade te sobrevier…” ou “Se a pobreza te atingir”, afirma Ele, devemos esforçar-nos por reconhecer que este mundo de impermanência acabará por desaparecer; e realmente devemos acolher as adversidades e calamidades pessoais como advertências, provações e desafios constantes para permanecermos desprendidos destas condições temporárias.
No sânscrito original dos ensinamentos Budistas, Buda utilizou a palavra dukkha – que não significa apenas sofrimento ou dor, mas também impermanência (viparinama) ou estados de ser condicionais e mutáveis (samkhara). Exactamente da mesma forma, as Palavras Ocultas de Bahá’u’lláh advertem-nos contra o apego dos nossos corações e almas a essas coisas, estados e condições transitórias que “passarão e não mais existirão”.
Bahá’u’lláh e Buda pedem-nos que compreendamos e interiorizemos que este mundo e as suas mudanças não duram. A nossa tarefa, através da dor e do sofrimento que estas mudanças trazem, passa por mudar o nosso foco, o nosso amor e a nossa lealdade deste mundo temporário e impermanente para o mundo espiritual eterno:
Ó amigo, o coração é a morada dos mistérios eternos, não faças dele o lar das fantasias fugazes; não desperdices o tesouro da tua preciosa vida envolvido com este mundo que passa depressa. Tu vens do mundo da santidade – não ligues o teu coração à terra; és um morador da corte da proximidade – não escolhas a pátria do pó. (Bahá’u’lláh, The Seven Valleys, p. 34)
Embora os cataclismos exteriores sejam difíceis de compreender e suportar, ainda assim existe uma grande sabedoria por detrás deles, que aparecerá mais tarde. Todos os acontecimentos materiais visíveis estão inter-relacionados com forças espirituais invisíveis. Os infinitos fenómenos da criação são tão interdependentes como os elos de uma corrente.
Quando certos elos enferrujam, eles são quebrados por forças invisíveis, para serem substituídos por outros mais novos e melhores. Existem certos acontecimentos colossais que ocorrem no mundo da humanidade e que são exigidos pela natureza dos tempos. Por exemplo, as exigências do inverno são o frio, a neve, o granizo e a chuva – mas as aves e os animais que vivem durante seis meses, desfrutando de um curto período de vida, não se apercebendo da sabedoria do inverno, repreendem e lamentam e ficam descontentes, dizendo: “Porquê esta geada horrível? Porquê este granizo e esta tempestade? Porque não o clima ameno? Porque não a eterna primavera? Porquê esta injustiça por parte do Criador? Porquê este sofrimento? O que fizemos para enfrentar esta catástrofe?
Contudo, aquelas almas que viveram muitos anos e adquiriram muita experiência e resistiram a muitos invernos rigorosos, percebem que, para aproveitarem a primavera que se aproxima, devem passar pelo frio do inverno. (‘Abdu’l-Bahá, Divine Philosophy, p. 115)
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Texto original: How the Soul Deals with Suffering (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA
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