2ª sessão do curso "Evangelhos: Perspectivas Histórica e Bahá'í"
Povo de Bahá
"Povo de Bahá" é uma expressão frequentemente utilizada nas Escrituras Bahá'ís para designar os crentes em Bahá'u'lláh, i.e., os Bahá’ís.
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
terça-feira, 28 de outubro de 2025
Seis mulheres Bahá'ís iniciam penas de prisão no Irão
As mulheres - Neda Mohebi, Farideh Ayoubi, Zarrindokht Ahadzadeh, Zhaleh Rezaei, Atefeh Zahedi e Noora Ayoubi - foram detidas depois de terem sido convocadas para comparecer num tribunal em Hamadan. O Tribunal Revolucionário de Hamadan condenou Mohebi a sete anos e oito meses de prisão e as outras cinco mulheres a seis anos e três meses cada.
As mulheres foram condenadas por "propaganda contra a República Islâmica" e "organização de aulas e grupos Bahá'ís ilegais".
Foram anteriormente detidos a 7 de novembro de 2023 e libertadas sob fiança em dezembro desse ano, tendo ficado a aguardar julgamento.
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FONTE: Six Baha'i Women Arrested and Sent to Prison in Iran (IranWire) 
sábado, 25 de outubro de 2025
As Nossas Dúvidas Legítimas sobre Deus
Por Tom Tai-Seale.
Há muitas razões para não acreditar em Deus. Muitas pessoas boas e honestas simplesmente não conseguem compreender como é que o universo tal como o conhecem pode ser conciliado com os conceitos populares de um Ser Supremo.
Um conceito desafiador – um Deus pessoal – pode parecer absurdo. Existe uma distância enorme e intransponível entre uma pessoa que recebeu a vida (e necessita de uma série de outros dons para sobreviver) e um Criador independente de qualquer necessidade. De facto, parece que o conceito de um Deus semelhante a uma pessoa foi herdado dos gregos e romanos clássicos, cujos múltiplos deuses míticos eram demasiado parecidos com pessoas. Em última análise, e por definição, seja quem for ou o que for Deus, esse Deus deve estar muito além da nossa compreensão. O fundador da Fé Bahá’í, Bahá’u’lláh, talvez se tenha expressado melhor, explicando:
Dez mil Profetas, cada um deles um Moisés, estão estupefactos no Sinai da sua busca, perante Sua [de Deus] Voz proibitiva: "Nunca Me contemplarás!"; enquanto uma miríade de Mensageiros, cada um tão grandioso como Jesus, estão consternados, nos seus tronos celestiais, pela interdição: "A Minha Essência jamais a perceberás!" (Bahá’u’lláh, Gleanings, XXVI)
Mas o Deus revelado nestas palavras de Bahá'u'lláh ainda parece uma pessoa, expressa com o pronome "Me" no versículo anterior. Portanto, mesmo para aqueles que compreendem o quão incompreensível Deus deve ser, há algum sentido em que Deus deve ser como nós – ou melhor, nós devemos ser como o Deus que nos criou. Na tradição judaico-cristã-islâmica-bahá’í, somos feitos à imagem de Deus, e na tradição hindu também o somos – porque o nosso eu se dissolve no Eu do Supremo e faz parte da mesma substância, como explica o Adhyatma Upanishad.
Não precisamos de acreditar em nada literal quando consideramos um Deus pessoal – em vez disso, podemos conceber Deus como semelhante a nós apenas no sentido em que podemos experimentá-Lo como algo familiar, íntimo. Neste sentido, Deus está próximo, imanente, dentro de nós.
Mas geralmente entendemos a noção de um Deus pessoal como um contraste com um Criador impessoal ou transcendente – e os filósofos há muito que compreenderam que Deus deve ser tanto pessoal como impessoal. Um Ser Supremo deve ser imanente, porque estamos ligados a Deus; e transcendente, porque Deus é maior do que nós. Embora possamos ter pensamentos inspirados sobre Deus, no fundo são apenas pensamentos humanos limitados. De facto, a Bíblia explica que Deus declara: “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos…” – Isaías 55:8-9. Portanto, Deus é – e não é - como nós – um mistério e um enigma para além da nossa capacidade de compreensão.
A noção de um Deus pessoal induz também (entre nós que usamos a língua portuguesa, e outras igualmente sobrecarregadas por distinções de género) o hábito de atribuir um pronome de género a Deus – geralmente "Ele". Mas poucos pensam realmente em Deus como masculino, e qualquer preferência por representá-lo como masculino é facilmente contrariada pela consciência de que o Deus dentro de nós também pode ser representado como feminino. Mas, embora esteja claramente para além do género, ocasionalmente, Deus precisa de ser referenciado sob a forma de género para reproduzir ou corresponder à tradição literária, ou simplesmente para seguir as regras de uma língua específica.
Para além das limitações que a linguagem impõe quando consideramos um Deus pessoal, outros problemas se colocam. Como conciliar a noção de um Deus pessoal que cuida de nós, como pessoa, com a destruição impessoal que vemos infligida a inocentes a todo o momento no mundo natural? Isto não parece algo que um Deus pessoal permitiria – se esse Criador se preocupasse com a criação.
| Liebniz e Voltaire | 
De facto, não é difícil imaginar um mundo mais perfeito. Por exemplo, um mundo sem inundações, tornados e terramotos seria óptimo. O que é difícil de prever, no entanto, são os efeitos de viver num mundo onde nada pode correr mal. De facto, a possibilidade de acontecimentos aterradores, como as inundações, desperta em nós o espírito de resolução de problemas e eleva-nos, por vezes literalmente, mas sempre social e tecnologicamente.
Pode ser, então, que estes desastres naturais nos convoquem a participar na construção deste mundo, o melhor de todos os mundos possíveis – e o Criador que adoramos colocou em nós este desejo de perfeição. Somos, como a Bíblia nos informa desde o princípio, feitos à imagem de Deus, e parte dessa imagem parece manifestar-se em nós como um desejo contínuo de perfeição. Se você acredita nisto, que este desejo reflecte perfeitamente o Criador – então uma prova da obra de Deus em nós e é, portanto, uma prova da existência de Deus.
Certamente, as pessoas também fazem coisas más, causando por vezes um enorme sofrimento. O mundo teria sido melhor se Hitler tivesse encontrado uma ocupação na sua arte, a sua primeira intenção, em vez da política nacional. Então, os inclinados à descrença perguntam: como pode um Deus pessoal e compassivo permitir tal farsa?
No entanto, eliminar a possibilidade de os humanos fazerem coisas más pode não tornar o mundo num lugar melhor.
Um mundo sem escolhas, um mundo completamente prescrito e seguro, não seria claramente um mundo perfeito. Seríamos autómatos. O livre-arbítrio, ao que parece, é necessário para que possamos assumir qualquer uma das nossas escolhas.
Por fim, pode ser, como argumentou Leibniz, que simplesmente não estejamos em condições de saber o que é justo ou bom na perspectiva do Criador. Até a morte de inocentes, na perspectiva do Criador, pode ser um bem, um alívio do sofrimento. Para sermos justos, temos de admitir que não temos todos os factos. Não sabemos se, ao morrer, nos perdemos ou nos encontramos, se somos destruídos, transformados ou libertados.
A mensagem da religião é que a morte não é um fim, mas para os inocentes e os justos o início de uma existência diferente e mais maravilhosa. Isto não está fora do campo das possibilidades. Mesmo nesta vida, temos indícios de que a morte pode não ser um fim – temos dificuldade em conceber o não-ser e reconhecemos em sonhos e reflexões que a nossa alma não está permanentemente presa ao nosso corpo. A morte não poderá ser libertação, como dizem os ensinamentos Bahá’ís?
Ó FILHO DO SUPREMO! Fiz da morte uma mensageira de alegria para ti. Porque te lamentas? Fiz a luz para derramar sobre ti o seu esplendor? Porque te ocultas dela? (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #32)
Se somos mais do que apenas os nossos corpos, mais, como disse Whitman, do que o que está entre o nosso chapéu e as nossas botas, e se existe um Deus, então outros mundos de Deus podem abrir-se diante de nós na morte e acolher-nos.
Mais uma coisa: pode ser, como Jefferson e os deístas propuseram, que Deus criou a Terra e depois nos deixou aqui para descobrirmos como lidar com ela. Desta forma, um Deus pessoal não pode ser culpado pelos nossos erros – uma vez que Ele já não está por perto. O problema com isto, no entanto, são as Escrituras – qualquer Escritura, pois o ponto principal das Escrituras é que Deus não nos deixou sozinhos. Em vez disso, Deus deixou-nos recordações, registos e livros contendo uma orientação insuperável. As Escrituras são a história da intervenção de Deus, da melhor forma que a entendemos, para nos salvar. Mesmo nas formas de Budismo em que Deus raramente é referenciado, as Escrituras ainda prescrevem um modo de vida espiritual. Portanto, os nossos problemas sociais não são uma justificação adequada para a nossa incapacidade de ver a obra de Deus na história. De facto, os nossos problemas são a razão pela qual Deus deve intervir continuamente, lembrando-nos do passado e respondendo também a novas contingências.
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Texto Original: Our Legitimate Doubts about God (www.bahaiteachings.org) 
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Tom Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas AM University e investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e também de uma introdução bíblica à Fé Bahá’í: Thy Kingdom Come, da Kalimat Press.
terça-feira, 21 de outubro de 2025
sábado, 18 de outubro de 2025
A Humanidade precisa de um Educador?
Por David Langness.
Quando estava na faculdade, trabalhei durante dois anos num grande abrigo público que acolhia 1200 crianças com deficiências de desenvolvimento, incluindo um rapaz selvagem.
Existem muitos mitos e histórias sobre crianças selvagens, o chamado fenómeno da "criança selvagem". Os mitos romanos contam as histórias de Rómulo e Remo, criados por lobos em vez de pais humanos. Todos conhecemos Tarzan, Mogli e Peter Pan, as figuras selvagens mais familiares da literatura e do cinema contemporâneos. O Livro dos Reis iraniano conta a história de uma criança selvagem chamada Zal, criada pelo Simurgh, a ave mítica semelhante à Fénix. O herói do romance clássico de Robert Heinlein, "Um Estranho numa Terra Estranha", Valentine Michael Smith, é um humano criado por marcianos. Todas estas personagens, criadas sem contacto humano normal, ilustram a importância do cuidado e da educação na primeira infância.
Mas o rapaz que eu conheci não se parecia com nenhuma destas encantadoras criações míticas ou literárias — era um caso muito triste, com graves distúrbios psicológicos e de desenvolvimento devido a uma infância profundamente negligente e abusiva, com pouca ou nenhuma interação humana, uma vez que os seus pais eram ambos toxicodependentes graves. Ninguém sabia muito mais sobre a sua história, mas eu trabalhava frequentemente na ala onde estava internado, por isso conheci-o. Quando o conheci, ele tinha seis anos e parecia ter uma inteligência normal, mas ainda não conseguia falar e só conseguia formar sons em vez de palavras. Tinha frequentes explosões emocionais incontroláveis; era tão insociável, frustrado, perturbado e violento que precisava de ser isolado das outras crianças porque podia magoá-las. Precisava de contacto físico humano, mas temia-o profundamente.
Nos dois anos em que o conheci, apesar do esforço de muitas pessoas, penso que nunca fez qualquer progresso real. A equipa profissional disse-me que a falta de educação na primeira infância e as fases cruciais do desenvolvimento regular não lhe permitiam amadurecer ou ter sequer um vislumbre de normalidade.
Penso nele agora, quarenta anos depois, e pergunto-me se sobreviveu até à idade adulta e se algum dia cresceu.
Penso também na enorme importância da educação para nós, humanos, porque o rapaz selvagem que conheci mostrou-me aquilo em que uma criança sem o cuidado de pais carinhosos e atenciosos se poderia tornar.
Aquele menino selvagem ajudou-me a compreender que nós, seres humanos, precisamos de educadores. Desde os nossos primeiros momentos como bebés completamente indefesos, precisamos de uma enorme quantidade de cuidados, atenção e educação. As nossas mentes, corações e almas, abertos e receptivos a toda a informação desde o primeiro dia, clamam por alimentos nutritivos, tal como os nossos corpos. Se os bebés recebem estímulo, atenção e amor, crescem e tornam-se adultos funcionais — mas sem estas coisas não podem progredir nem evoluir.
Os ensinamentos Bahá’ís dizem que a humanidade, como um todo, também precisa de um educador:
Quando consideramos a existência, observamos que os reinos mineral, vegetal, animal e humano, todos eles necessitam de um educador.
Se a terra estiver privada de um lavrador, tornar-se-á um matagal de ervas daninhas viçosas, mas se houver um agricultor a cultivá-la, a colheita resultante proporcionará sustento aos seres vivos. Portanto, é evidente que a terra necessita ser cultivada pelo agricultor. Considerai as árvores: se não forem tratadas, não darão fruto e, sem fruto, não terão qualquer utilidade. Mas, quando entregues aos cuidados de um jardineiro, a árvore estéril torna-se frutífera e, através do tratamento, cruzamento e enxerto, a árvore com frutos amargos produz frutos doces...
Considerai também os animais: se um animal é treinado, torna-se domesticado, enquanto o homem, se for deixado sem educação, torna-se como um animal. De facto, se o homem for abandonado à lei da natureza, desce ainda mais baixo que o animal, enquanto se for educado, torna-se mesmo como um anjo. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, newly revised edition, p. 8.)
Então, quem educa a humanidade? Se os nossos pais nos educam enquanto bebés e crianças, quem desempenha esse papel para a humanidade em geral? Os Bahá’ís acreditam — e esta crença constitui a chave essencial para a visão Bahá’í da história humana — que os educadores da humanidade são os profetas e mensageiros de Deus, todos fundadores das grandes religiões do mundo:
... o Educador universal deve ser um educador material, humano e espiritual, e, elevando-se acima do mundo da natureza, e simultaneamente deve possuir um outro poder, para que possa assumir a posição de mestre divino. Se Ele não exercesse esse poder celestial, não seria capaz de educar, pois Ele próprio seria imperfeito. Como poderia, então, promover a perfeição? Se fosse ignorante, como poderia tornar os outros sábios? Se fosse injusto, como poderia tornar os outros justos? Se fosse terreno, como poderia tornar os outros celestiais?
Assim, devemos considerar com justiça se estes Manifestantes divinos que apareceram possuíam todos estes atributos ou não. Se estivessem privados destes atributos e perfeições, então não eram verdadeiros educadores.
Portanto, é através de argumentos racionais que devemos provar às mentes racionais o estatuto de profeta de Moisés, de Cristo e dos outros Manifestantes divinos…
Assim, foi demonstrado com argumentos racionais que o mundo da existência necessita urgentemente de um educador e que a sua educação deve ser alcançada através de um poder celestial. Não há dúvida de que este poder celestial é a revelação divina e que o mundo deve ser educado através deste poder que transcende o poder humano. (Idem, pags. 12-13)
No próximo artigo desta série, iremos explorar mais a fundo este tema único, examinando os ensinamentos Bahá’ís que explicam o desenvolvimento progressivo da história humana e questionaremos: quem foram os maiores e mais influentes indivíduos da história?
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Texto original: Does Humanity Need an Educator? (www.bahaiteachings.org) 
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
sábado, 11 de outubro de 2025
Modernidade: o declínio da empatia e da compaixão
Vivemos numa época da história em que a civilização material ofuscou a civilização espiritual. A Fé Bahá'í procura reverter este desequilíbrio.
Com o avanço da ciência, assistimos a uma explosão de conhecimento e a um progresso tecnológico sem precedentes, incluindo a comunicação digital e a ascensão das redes sociais. Este progresso material trouxe prosperidade, riqueza e modernização à humanidade – mas não nos tornámos proporcionalmente mais felizes, empáticos, unidos ou solidários.
Em vez disso, muitas pessoas tornaram-se materialmente mais ricas, mas espiritualmente mais pobres e decadentes.
O Dalai Lama disse: “O amor e a compaixão são necessidades, não luxos. Sem eles, a humanidade não pode sobreviver”. Os investigadores demonstraram que as redes sociais e a tecnologia digital têm um impacto negativo nestes aspectos essenciais da nossa vida diária, diminuindo a nossa capacidade de atenção e afastando-nos do envolvimento com os aspectos mais significativos e essenciais da vida.
Uma das consequências foi que algumas pessoas se tornaram mais indiferentes ao sofrimento alheio devido ao declínio da empatia e da compaixão. A ampla e penetrante influência das redes sociais e da tecnologia, por mais importantes que sejam, afectou negativamente o nosso desejo e capacidade de expressar empatia e boa vontade em relação à situação dos marginalizados, dos doentes e dos desamparados. Não admira, por isso, que, apesar dos notáveis benefícios da modernidade, experimentemos uma crescente solidão, isolamento, descontentamento e depressão em muitas partes do mundo.
Bahá’u’lláh escreveu: “… o propósito pelo qual os homens mortais, vindos do nada absoluto, entraram no reino do ser, é que possam trabalhar para a melhorar do mundo e viver juntos em concórdia e harmonia.”
A empatia e a compaixão, as características mais nobres da realidade humana, são fundamentais nas relações interpessoais. Representam ingredientes essenciais para fomentar a cooperação e criar fraternidade e unidade, especialmente no campo da cura e da medicina. O papel da empatia é comparado a uma "ponte emocional" que liga os indivíduos entre si e reforça o seu sentido de humanidade. A médica e autora Helen Riess, em "A Ciência da Empatia", afirmou: "A nossa capacidade de perceber e lembrar o sofrimento dos outros permite-nos sentir e compreender a sua dor. O sofrimento pessoal experimentado ao observar a dor dos outros motiva-nos frequentemente a responder com compaixão".
Responder com Compaixão
A definição de compaixão, escrita por Emma Seppala no livro Compassionate Mind, Healthy Body (Mente Compassiva, Corpo Saudável):
... é muitas vezes confundida com a empatia. A empatia, tal como definida pelos investigadores, é a experiência visceral ou emocional dos sentimentos de outra pessoa. É, em certo sentido, um espelhar automático da emoção de outra pessoa, como chorar a tristeza de um amigo. O altruísmo é uma ação que beneficia outra pessoa. Pode ou não ser acompanhada de empatia ou compaixão, por exemplo, no caso de fazer um donativo para efeitos fiscais. Embora estes termos estejam relacionados com a compaixão, não são idênticos. A compaixão envolve com frequência e naturalmente, uma resposta empática e um comportamento altruísta. No entanto, a compaixão é definida como a resposta emocional à percepção do sofrimento. É de notar que a compaixão está enraizada mais profundamente no cérebro do que a empatia e existe um sentido de intencionalidade e motivação associado a esta. Existe também uma diferença entre empatia e simpatia, esta última caracterizada pela compreensão de um sentimento. A empatia, por outro lado, envolve a experiência de uma pessoa com os sentimentos de outra. Finalmente, a compaixão, uma experiência mais profunda da dor de outra pessoa, vai para além da empatia e da simpatia.
A compaixão, uma resposta emocional autêntica à tristeza e ao sofrimento humano, acontece sem expectativa de benefício ou recompensa. Um fenómeno multidimensional, frequentemente desencadeado pelo sofrimento alheio, pode também ser acompanhado por um sentimento de perdão, embora nem sempre seja esse o caso. A compaixão pode fazer com que uma pessoa se levante para ajudar os outros, mesmo em situações de risco de vida, como incêndios, tempestades e terramotos.
Os socorristas compassivos que correm para ajudar e salvar vidas arriscam tudo. Durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19, por exemplo, sem tratamento ou vacina ainda disponíveis, milhões de profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, arriscaram as suas próprias vidas para salvar as vidas dos seus doentes. Alguns deles morreram no cumprimento do dever.
Ensinar a Compaixão
Será que todos temos a capacidade para ser compassivos? Os ensinamentos Bahá’ís dizem que sim. No seu livro "Respostas a Algumas Perguntas", 'Abdu'l-Bahá disse: "A capacidade é de dois tipos: inata e adquirida". Os investigadores constatam frequentemente que a compaixão é um fenómeno que evoluiu e se adaptou em prol da sobrevivência humana. No entanto, é também uma capacidade espiritual que pode ser ensinada às crianças pelos pais, figuras-modelo e educadores.
A empatia é uma construção complexa que consiste em dois componentes: um é o reconhecimento cognitivo ou intelectual da existência de outro ser; o outro é um componente emocional – uma capacidade que permite a uma pessoa perceber e reflectir as emoções dos outros. Embora no passado se assumisse que a empatia era uma característica inata, estudos recentes mostram que também é provável que seja um comportamento aprendido. Existe também um fenómeno chamado "auto-empatia" – que se refere à capacidade de cuidar do seu próprio bem-estar. Se o bem-estar pessoal for negligenciado, por exemplo, por um profissional de saúde, este pode ser incapaz de sentir empatia pelos doentes ou por outras pessoas.
O conceito de empatia e o seu significado surgiram pela primeira vez na Europa, no século XIX. Em alemão, era designado por "Einfrühlung", que significa o "conhecimento emocional" de uma obra de arte a partir do interior, pelo reflexo emocional que dela emana. Mais tarde, o psicólogo Theodore Lipps expandiu este conceito para significar "sentir-se na experiência do outro". Segundo Helen Reiss, o conceituado filósofo Martin Buber acrescentou uma textura mais profunda ao conceito de empatia, descrevendo-o como uma preocupação humana com os sentimentos dos outros indivíduos.
Quando a Compaixão é Injustificada
No entanto, embora a empatia e a compaixão sejam qualidades humanas louváveis, existem circunstâncias em que tratar as pessoas com compaixão é injustificado e pode até ter consequências perigosas. Quando um adversário é um agressor implacável com um historial de brutalidade e violência, oferecer-lhe compaixão seria como deitar achas para a fogueira, encorajando o comportamento destrutivo dessa pessoa. Este é o lado negativo da empatia e da compaixão. Durante as guerras entre nações e a violência entre indivíduos, a empatia e a compaixão entre aqueles que lutam declinam para o nível mais baixo, e inúmeras pessoas inocentes são mortas ou incapacitadas por conflitos e agressões políticas. 'Abdu'l-Bahá escreveu que:
… o Reino de Deus assenta na equidade e na justiça, e também na misericórdia, na compaixão e na bondade para com toda a alma viva. Esforçai-vos, pois, de todo o coração, por tratar com compaixão toda a humanidade — excepto aqueles que têm algum motivo egoísta, privado, ou alguma doença da alma. A bondade não pode ser demonstrada ao tirano, ao impostor ou ao ladrão, porque, longe de os despertar para o erro dos seus caminhos, fá-los continuar na sua perversidade como antes. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l‑Bahá, #139)
Apesar de 'Abdu'l-Bahá nos recordar: "Sois os frutos de uma árvore e as folhas de um ramo; sede compassivos e bondosos com toda a raça humana", também comenta: "A compaixão demonstrada aos animais selvagens e vorazes é crueldade para com os pacíficos — e, portanto, é preciso tratar dos perigosos". (Idem)
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Texto original: Modernity: the Decline of Empathy and Compassion (www.bahaiteachings.org)
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Dr. Abdu'l-Missagh Ghadirian é professor jubilado Faculdade de Medicina de Montreal, na da Universidade McGill. Como médico, autor e investigador, publicou muitos artigos em revistas científicas e abordou sobre questões sociais e psicológicas em todo o mundo. Entre as suas publicações encontram-se catorze livros, incluindo “Steadfastness in the Covenant”, “Creative Dimensions of Suffering” e, mais recentemente, a segunda edição de “Materialism: Moral and Social Consequences”, 2017. O seu trabalho de investigação também incluiu a relevância dos ensinamentos Bahá’ís para questões da sociedade contemporânea. Fundou e dirige um curso sobre a integração da espiritualidade na prática da medicina. O seu interesse actual é o estudo da relação entre espiritualidade e ciência no avanço da civilização.
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Tribunal iraniano confirma penas de 90 anos de prisão para 10 mulheres Bahá'ís
Um Tribunal de Última Instância de Isfahan (Irão) confirmou os veredictos de penas de prisão para 10 mulheres Baha’is. A informação foi divulgada pela Organização Hengaw para os Direitos Humanos.
Oito mulheres — Negin Khademi, 34 anos; Shana Shoghi-Far, 27 anos; Yeganeh Agahi, 31 anos; Parastoo Hakim, 47 anos; Mojgan Shahrzayi, 32 anos; Yeganeh Rouhbakhsh, 19 anos; Arezoo Sobhaniyan, 48 anos; e Neda Badakhsh, de 60 anos — receberam penas de 10 anos de prisão e diversas multas.
Outras duas, Bahareh Lotfi, de 27 anos, e Neda Emadi, de 42 anos, receberam penas de cinco anos e diversas multas.
Todas as 10 mulheres enfrentam também proibições de viagem e restrições de utilização das redes sociais.
As mulheres foram acusadas de "propaganda contra a República Islâmica do Irão", "proselitismo desviante e actividades educativas contrárias ao Islão através da promoção e ensino das crenças Bahá'ís entre os muçulmanos" e "colaboração com grupos hostis contra o governo".
As mulheres foram detidas a 23 de outubro de 2023 e libertadas sob fiança após dois meses de detenção. Os veredictos foram emitidos à revelia e comunicados apenas verbalmente aos representantes legais, alegando a segurança e a natureza confidencial do caso.
De acordo com a Hengaw, as mulheres relataram ter sido torturadas durante interrogatórios pelo Departamento de Inteligência de Isfahan, incluindo ameaças de violação, agressão sexual e outros abusos. Também afirmaram que os interrogadores tentaram extrair confissões forçadas contra elas próprias, outros detidos e as suas famílias.
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FONTE: Iranian Court Upholds 90-Year Prison Sentences for 10 Baha'i Women (IranWire)
sábado, 4 de outubro de 2025
O Significado Espiritual e o Simbolismo da Lua
Por Radiance Talley.
Sempre que olhamos para o céu nocturno, não conseguimos deixar de voltar a nossa atenção para a lua — especialmente quando está cheia e brilhante. Seja uma lua azul, uma lua da colheita, uma lua da neve, uma super-lua ou uma lua do lobo, o tamanho e o brilho da lua cheia deixam-nos maravilhados.
Por isso, não é de admirar que a lua cheia seja frequentemente retratada como magia na literatura e no cinema, e até tenha significado espiritual e simbolismo em muitas crenças e religiões.
As Escrituras Bahá’ís dizem:
Com os termos “sol e “lua”, mencionados nas Escrituras dos Profetas de Deus, não se quer dizer apenas o sol e a lua do universo visível. Pelo contrário, são múltiplos os significados que eles pretendiam com estes termos. Em cada ocasião eles atribuíram-lhes um significado particular. (Bahá’u’lláh, Kitab-i-Iqan, ¶31)
De facto, a lua tem um significado espiritual nas orações Bahá’ís e em todas as Escrituras Bahá’ís.
O Significado Espiritual da Lua nas Orações Bahá’ís
Acreditando que Deus enviou muitos profetas ao longo dos tempos para transmitir a Sua mensagem única para a humanidade, os Bahá’ís honram a verdade e a sabedoria de todas as religiões. Em algumas orações Bahá’ís, o brilho da lua é utilizado para simbolizar a iluminação que os muitos profetas de Deus trouxeram a este mundo.
Por exemplo, numa oração afirma-se:
Para onde foram os Sóis resplandecentes? Para onde se foram aquelas Luas brilhantes e Estrelas cintilantes?
Bahá’u’lláh, o profeta e fundador da Fé Bahá’í, escreveu “que os termos «sol», «lua» e «estrelas» significam primeiramente os Profetas de Deus, os santos e os seus companheiros, esses Luminares, Cuja luz do conhecimento ilumina os mundos do visível e do invisível.” (Kitab-i-Iqan, ¶33)
E tal como a lua física começa a desaparecer da nossa vista à medida que a luz do sol começa a crescer, também "o luminar do conhecimento mundano, da sabedoria e da compreensão se desvanece no nada quando colocada face a face com as glórias resplandecentes do Sol da Verdade, o astro do esclarecimento divino" – destes profetas. Pois como podem as nossas inteligências humanas comparar-se ao conhecimento do nosso Criador?
O Simbolismo Espiritual da Lua nos Textos Bahá'ís
Noutros textos Bahá’ís, a lua é usada para simbolizar leis religiosas, como a necessidade de fazer uma oração obrigatória diária. Bahá'u'lláh escreveu:
Em boa verdade, a religião de Deus é semelhante ao céu; o jejum é o seu sol e a oração obrigatória é a sua lua. Em verdade, eles são os pilares da religião pelos quais os justos se distinguem daqueles que transgridem os Seus mandamentos.
Tal como o sol e a lua sustentam a vida na Terra, os Bahá’ís acreditam que a oração e o jejum são dois pilares que sustentam a religião porque são essenciais para nos ajudar a crescer e a desenvolver espiritualmente e a aproximarmo-nos de Deus.
A lua não poderia dar uma luz brilhante no nosso céu nocturno sem a iluminação que recebe do sol. Ao comparar o jejum ao sol e a oração obrigatória à lua, Bahá'u'lláh quer também dizer que "o jejum é iluminação, [e] a oração é luz".
É claro que estes são apenas alguns dos muitos significados espirituais da lua nas Escrituras Bahá'ís. Por ser uma das luzes mais visíveis no nosso céu, não é de admirar que seja frequentemente usada para simbolizar a proximidade com Deus e a iluminação divina. Como dizem as Escrituras Bahá'ís:
Este é o século da Manifestação, a era do Sol dos Horizontes e a bela primavera de Sua Santidade, o Eterno!
A terra está em movimento e em crescimento; as montanhas, as colinas e as planícies estão verdes e agradáveis; a abundância transborda; a misericórdia é universal; a chuva desce da nuvem da misericórdia; o Sol resplandecente brilha; a lua cheia ornamenta o horizonte do éter; a grande maré oceânica inunda cada pequeno riacho; as dádivas são sucessivas; os favores consecutivos; e a brisa refrescante sopra, trazendo o perfume fragrante das flores. Um tesouro sem limites está nas mãos do Rei dos Reis! Levanta a orla da tua veste para o receberes.
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Texto original: The Spiritual Meaning and Symbolism of the Moon (www.bahaiteachings.org)
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Radiance Talley é licenciada em comunicação pela Universidade de Maryland. Além da escrita, do desenho, e da comunicação em público, Radiance tem um profundo conhecimento da teoria da construção, técnicas de negociação, gestão de conflitos, comunicação organizacional e intercultural, antropologia e sociologia..
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
sábado, 27 de setembro de 2025
Deus causa o sofrimento dos inocentes?
Por John Hatcher.
Mais cedo ou mais tarde, todos nós colocamos a questão antiga: um Deus omnipotente e omnisciente provoca — ou pelo menos não consegue impedir — o sofrimento dos inocentes?
Vários princípios importantes nas Escrituras Bahá’ís impelem-nos a encontrar uma solução para este dilema fundamental. Por exemplo, Deus não se restringe a esta vida física para corrigir as injustiças que sofremos nas nossas vidas individuais, nem se limita a um determinado período de tempo para exercer justiça na história.
Esta observação pode parecer óbvia, mas é o factor mais crucial para se chegar a um acordo sobre a teodiceia — a importante questão de por que razão um Criador bom permite que o mal exista. Isto significa que não podemos avaliar ou julgar o que nos acontece (ou a qualquer outra pessoa) em termos do que suportamos nesta vivência terrena. Se o sofrimento, em última análise, resulta em justiça ou injustiça, algo benéfico ou prejudicial, seria semelhante a tentar avaliar como alguém se irá sair na sua profissão enquanto ainda se encontra numa fase formativa dentro do útero materno.
Como o nosso desenvolvimento está destinado a outro plano de existência, dificilmente podemos avaliar o que beneficia ou não este processo, tal como uma árvore de fruto não poderia avaliar os resultados benéficos da sua própria poda. Do nosso ponto de vista limitado, a morte de uma criança parece inútil e injusta, tal como o sofrimento de um inocente. No entanto, é claro nas Escrituras Bahá’ís que estas crianças são cuidadas, assim como todos os que sofrem inocentemente:
Estas crianças permanecem à sombra da Providência Divina e, como não cometeram qualquer pecado e não estão contaminadas pelas impurezas do mundo natural, tornar-se-ão manifestações da generosidade divina e os olhos da misericórdia divina estarão voltados para elas. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, newly revised edition, pp. 277-278)
Quanto ao assunto dos bebés, crianças e fracos que são atormentados pelas mãos dos opressores: isto contém uma grande sabedoria e é de importância primordial. Em síntese, para estas almas existe uma recompensa noutro mundo e muitos pormenores estão relacionados com este assunto. Para estas almas, este sofrimento é a maior misericórdia de Deus. Em verdade, esta misericórdia do Senhor é muito melhor e preferível a todo o conforto deste mundo e ao crescimento e desenvolvimento deste lugar de mortalidade. (Tablets of Abdu’l-Baha, Volume 2, pp. 336-337)
Por outras palavras, enquanto aqueles de nós que têm a oportunidade de fazer uso da nossa existência física são encorajados, até mesmo obrigados a fazê-lo, aqueles que por qualquer razão são privados dessa oportunidade recebem outros meios de serem preparados para a sua existência contínua no reino do espírito.
Compreendido correctamente, então, o verdadeiro sofrimento em relação ao que consideramos a "morte prematura" ou o "sofrimento injusto" de outras almas é vivenciado por aqueles de nós que ficam para trás, privados da sua companhia. Na sua perspectiva, a justiça foi realizada porque progridem sem impedimentos. Não são de forma alguma prejudicados por terem sido impedidos de participar plenamente nesta vida. Da mesma forma, temos a garantia de que aqueles que, devido a doenças mentais ou físicas, já não nos parecem estar a progredir espiritualmente, na verdade não são negativamente afectados por essa experiência:
… o homem está enaltecido acima de tudo e é independente de todas as enfermidades do corpo ou da mente. O facto de uma pessoa doente apresentar sinais de fraqueza deve-se aos obstáculos que se interpõem entre a sua alma e o seu corpo, pois a própria alma permanece inalterada por quaisquer enfermidades corporais. (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, LXXX)
Não perceber este conceito essencial do paradigma Bahá’í de que a vida é um continuum e não se limita ao mundo físico é ver como ridículos os sofrimentos e todas as indignidades que os próprios profetas suportam voluntariamente:
Como poderiam essas Almas ter consentido em entregar-se aos seus inimigos se acreditassem que todos os mundos de Deus estavam reduzidos a esta vida terrena? Teriam elas sofrido de bom grado tamanhas aflições e tormentos como nenhum homem jamais experimentou ou testemunhou? (Idem)
Mas ainda temos um dilema quanto à intervenção de Deus. Se Deus previu o nosso sofrimento, não seria Ele de alguma forma responsável? Porque é que Ele não intervém para evitar o nosso sofrimento, para que possamos colher os benefícios da sala de aula metafórica que Ele tão criativamente concebeu para a nossa educação?
Já vimos que a presciência divina de algo não é a causa da sua ocorrência, tal como o nosso conhecimento da operação de uma lei física não faz com que essa lei seja aplicada. Mas, se Deus previu o nosso sofrimento, porque não o impede?
A resposta mais importante a esta questão essencial da teodiceia é que Deus intervém!
Intervém repetidamente, consistentemente, progressivamente, até mesmo diariamente, a título pessoal, se optarmos por estar conscientes dessa intervenção e aproveitar ao máximo as oportunidades que ela nos oferece. Por exemplo, no contexto mais amplo da história humana neste planeta, Deus dirige precisamente o rumo da história, enviando sucessivos Manifestantes de acordo com a antiga Aliança entre Deus e a humanidade, não porque mereçamos tais dádivas, mas porque Deus é amoroso, perdoador e tem a intenção de nos ajudar a desenvolvermo-nos como indivíduos e como comunidade global.
Os ensinamentos Bahá’ís asseguram-nos também que a mesma assistência está disponível nas nossas vidas pessoais se a pedirmos:
Deus é misericordioso, e na Sua misericórdia responde às orações de todos os Seus servos quando, de acordo com a Sua suprema sabedoria, é necessário. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 247)
As Escrituras Bahá’ís confirmam esta perspectiva ao afirmarem que a história humana é uma dinâmica espiritual e que, sem a intervenção de Deus através dos intermediários que são os mensageiros de Deus, não existiria história humana:
… os santos Manifestantes de Deus são os Centros focais da luz da verdade, as Fontes dos mistérios ocultos e a Fonte das efusões do amor divino. Lançam o Seu esplendor sobre o reino dos corações e das mentes, e concedem a graça eterna ao mundo dos espíritos. Conferem vida espiritual e brilham com o esplendor das verdades e significados interiores. A iluminação do reino do pensamento provem destes Centros de luz e Expoentes de mistérios. Não fosse a graça da revelação e da instrução destes Seres santificados, o mundo das almas e o reino do pensamento tornar-se-iam trevas sobre trevas. Não fossem os ensinamentos sólidos e verdadeiros destes Expoentes de mistérios, o mundo tornar-se-ia a arena das características e qualidades animais, toda a existência tornar-se-ia uma ilusão evanescente e a verdadeira vida perder-se-ia. É por isso que se diz no Evangelho: “No princípio era o Verbo”, isto é, era a fonte de toda a vida. (‘Abdu’l-Bahá, Some Answered Questions, newly revised edition, pp. 184-185)
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Texto original: Does God Cause the Suffering of the Innocent? (www.bahaiteachings.org)
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John S. Hatcher é formado em Literatura Inglesa pela Universidade de Vanderbilt e Doutorado em Literatura Inglesa pela Universidade da Georgia (EUA). É professor Emérito na Universidade de South Florida (Tampa, EUA). É também conhecido como poeta, palestrante e autor de numerosos livros sobre literatura, filosofia e teologia e escrituras Baha’is. Entre as suas obras contam-se Close Connections; From the Auroral Darkness: The Life and Poetry of Robert E. Hayden; A Sense of History: The Poetry of John Hatcher; The Ocean of His Words: A Reader's Guide to the Art of Baha'u'llah; and The Purpose of Physical Reality; The Kingdom of Names.
 



