Quando a intelectualidade cristã do século IV começou a definir Deus como três pessoas - Deus, Cristo e o Espírito Santo - eclodiu um enorme conflito e foi derramado muito sangue.
Na sua obra de 11 volumes intitulada The Story of Civilization, os historiadores Will e Ariel Durant dedicaram um livro, com o título The Age of Faith, ao período medieval entre 325-1300 dC. Neste livro, os Durants explicam que houve mais cristãos mortos por outros cristãos durante as controvérsias sobre a Trindade do que martírios de cristãos durante a Roma pagã.
A maioria dos livros de história deixa esse período de intensas guerras religiosas intestinais fora das suas descrições.
Os ensinamentos Bahá’ís condenam e proíbem a guerra religiosa, sempre provocada pelo poder, pelo dogma, e por interpretações e tradições incompatíveis.
Se um homem deseja ser bem-sucedido na busca da verdade, deverá, em primeiro lugar, fechar os olhos a todas as superstições tradicionais do passado.
Os judeus têm superstições tradicionais, os budistas e os zoroastrianos não estão livres delas, nem os cristãos! Todas as religiões têm-se tornado apegadas à tradição e ao dogma.
Todos se consideram que são os únicos guardiões da verdade e que as restantes religiões são feitas de erros. Eles próprios estão com a razão e os outros estão errados! Os Judeus acreditam que são os únicos detentores da verdade e condenam todas as outras religiões. Os Cristãos afirmam que a sua religião é a única verdadeira e que todas as outras são falsas. O mesmo fazem budistas e muçulmanos; todos se limitam a si próprios. Se todos se condenam mutuamente, onde podemos procurar a verdade? Se todos se contradizem uns aos outros, não podem ser todos verdadeiros. Se cada um acredita que a sua religião é a única verdadeira, então fecha os olhos para a verdade das outras. Se, por exemplo, um judeu está limitado à prática exterior da religião de Israel, ele não se permite perceber que a verdade pode existir em qualquer outra religião; esta deve estar totalmente contida na sua própria!
Assim, devemos desprender-nos das práticas e formas exteriores da religião. Devemos compreender que essas formas e práticas, por muito belas que sejam, são apenas ornamentos que cobrem o coração zeloso e os membros vivos da Verdade Divina. Devemos abandonar os preconceitos da tradição se queremos obter sucesso na procura da verdade que está no âmago de todas as religiões. (‘Abdu’l-Baha, Paris Talks, pp. 135-136)
Atanásio de Alexandria |
Mais tarde, outro Concílio Ecuménico, convocado pelo imperador em Constantinopla, em 381 dC, produziu o chamado de "Credo Niceno-Constantinopolitano". Este reafirmou a crença em "um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis"; proclamou que Jesus era "consubstancial (homoousia) ao Pai" e que o Espírito Santo era "o Senhor que dá a vida, que procede do Pai e do Filho, e que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado,… que falou pelos profetas". Também reafirmou que o Filho "desceu dos céus, e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem."
Isso tornou-se o dogma oficial, e tornou a interpretação de homens poderosos igual às palavras de Jesus, e, como sempre, tornou-se um prelúdio para a corrupção e queda da religião.
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Texto Original: The Trinity Wars (bahaiteachings.org)
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Tom Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas A & M University e investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e também de uma introdução bíblica à Fé Bahai: Thy Kingdom Come, da Kalimat Press
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