quarta-feira, 29 de maio de 2019
sábado, 25 de maio de 2019
Onde está o Reino de Deus?
Por Greg Hodges.
Então o que é, e onde está, o Reino de Deus? As escrituras de Bahá’u’lláh esclarecem esta questão.
Tradicionalmente no Cristianismo, o reino de Deus tem duas interpretações: uma considera-o como uma ordem política e social que num determinado momento se irá impor aos governos e facções que governam o mundo. Para alguns isto pode significar uma utopia socialista, uma teocracia Cristã, ou um cenário pós-apocalíptico em que Jesus assume o governo da Terra. Outra forma de pensar no Reino de Deus é entendendo que se trata de uma presença espiritual nas nossas almas que nos une ao Criador. Neste perspectiva, a forma como a sociedade funciona pode ser uma distração para a mais importante das nossas tarefas: a transformação das nossas almas.
O Livro da Certeza, um dos mais relevantes textos sagrados da Fé Bahá’í, apresenta uma visão sobre este tópico que engloba estas duas perspectivas. No Livro da Certeza, Bahá’u’lláh não apresenta o social e o espiritual, o interior e o exterior, o individual e o colectivo como estando em oposição entre si, mas antes como diferentes dimensões do plano de Deus para a humanidade.
A questão da soberania divina está presente ao longo de todo o Livro da Certeza. Apesar de expressões como “Reino de Deus” e a sua variante “Reino do Céu” não aparecerem com frequência no texto, Bahá’u’lláh ao descrever a forma como Deus governa e afirma o Seu domínio sobre o mundo, esclarece amplamente o significado a promessa de Jesus dobre o Reino de Deus. Apesar de ter sido proferida há muitos séculos atrás, esta promessa tem hoje uma enorme importância.
No Livro da Certeza, Bahá’u’lláh afirma que a soberania que Deus detém no Seu reino não se assemelha à soberania mundana e temporal exercida por dirigentes políticos. Bahá’u’lláh salienta que todos os Profetas de Deus foram perseguidos pelos seus inimigos, sentiram a apatia da população em geral, e até foram traídos por alguns dos que lhes eram mais próximos:
Cada um de nós tem capacidade para aceitar ou rejeitar voluntariamente a mensagem de Deus. Os profetas ao transmitir as palavras divinas à humanidade não usam a tremenda soberania irresistível de Deus para forçar as pessoas à submissão. Em vez disso, esses profetas são reis no espírito, e não reis na sociedade para quem se dirigem. Os que ouvem e lêem as palavras de Deus devem pô-la em prática por sua própria iniciativa, exemplificando-a nas suas próprias vidas, e num contexto social mais amplo isso poderá tornar-se um verdadeiro Reino de Deus:
O Livro da Certeza e outras Escrituras Bahá’ís apresentam uma visão do Reino de Deus que se refere à vida interior da alma e à ordem social que envolve todas as pessoas.
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Texto original: Where Can We Find the Kingdom of God? (www.bahaiteachings.org)
Greg Hodges é um apaixonado pela combinação da mudança social com a renovação espiritual. Vive com a sua esposa no Maine (EUA).
Assim, com passos firmes podemos percorrer o Caminho da certeza, para que talvez a brisa que sopra dos prados da complacência de Deus nos possa trazer suavemente os doces aromas da aceitação divina, e nos faça, mortais efémeros que somos, alcançar o Reino da glória perpétua. (Bahá’u’lláh, The Book of Certitude, ¶146)O conceito de Reino de Deus pode ser uma importante ponte de entendimento entre os ensinamentos de Jesus e os ensinamentos de Bahá’u’lláh. As seguintes citações permitem-nos perceber o que Jesus queria dizer quando usava esta expressão:
O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho. (Mc 1:15)
O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; O qual é, realmente, a mais pequena de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. (Mt 13: 31-32)
E em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus. (Lc 9:27)
Então o que é, e onde está, o Reino de Deus? As escrituras de Bahá’u’lláh esclarecem esta questão.
Tradicionalmente no Cristianismo, o reino de Deus tem duas interpretações: uma considera-o como uma ordem política e social que num determinado momento se irá impor aos governos e facções que governam o mundo. Para alguns isto pode significar uma utopia socialista, uma teocracia Cristã, ou um cenário pós-apocalíptico em que Jesus assume o governo da Terra. Outra forma de pensar no Reino de Deus é entendendo que se trata de uma presença espiritual nas nossas almas que nos une ao Criador. Neste perspectiva, a forma como a sociedade funciona pode ser uma distração para a mais importante das nossas tarefas: a transformação das nossas almas.
O Livro da Certeza, um dos mais relevantes textos sagrados da Fé Bahá’í, apresenta uma visão sobre este tópico que engloba estas duas perspectivas. No Livro da Certeza, Bahá’u’lláh não apresenta o social e o espiritual, o interior e o exterior, o individual e o colectivo como estando em oposição entre si, mas antes como diferentes dimensões do plano de Deus para a humanidade.
A questão da soberania divina está presente ao longo de todo o Livro da Certeza. Apesar de expressões como “Reino de Deus” e a sua variante “Reino do Céu” não aparecerem com frequência no texto, Bahá’u’lláh ao descrever a forma como Deus governa e afirma o Seu domínio sobre o mundo, esclarece amplamente o significado a promessa de Jesus dobre o Reino de Deus. Apesar de ter sido proferida há muitos séculos atrás, esta promessa tem hoje uma enorme importância.
No Livro da Certeza, Bahá’u’lláh afirma que a soberania que Deus detém no Seu reino não se assemelha à soberania mundana e temporal exercida por dirigentes políticos. Bahá’u’lláh salienta que todos os Profetas de Deus foram perseguidos pelos seus inimigos, sentiram a apatia da população em geral, e até foram traídos por alguns dos que lhes eram mais próximos:
E agora pondera isto no teu coração: se soberania significasse a soberania terrena e o domínio mundano, se implicasse a sujeição e a lealdade aparente de todos os povos e famílias da terra – com a qual os Seus amados devem ser exaltados e viver em paz, e os Seus inimigos devem ser humilhados e atormentados – essa forma de soberania não seria verdadeira do Próprio Deus, a Fonte de todo o domínio, Cuja majestade e poder todas as coisas testemunham. (Bahá’u’lláh, The Book of Certitude, ¶133)Em vez disso, os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a soberania de Deus se refere ao poder criativo que envolve tudo o que existe na criação e reflecte Deus como Criador. Através deste poder criativo, Deus apresenta instrumentos adequados para orientação da humanidade; são os profetas de Deus: Jesus, Maomé, Buda, Bahá’u’lláh e outros. Como Criador transcendente e invisível do Universo, Deus está separado da sociedade humana. Mas falando através dos Seus profetas e mensageiros, Ele guia, dirige e participa nos eventos e assuntos que ligam as vidas individuais e colectivas dos seres humanos.
Cada um de nós tem capacidade para aceitar ou rejeitar voluntariamente a mensagem de Deus. Os profetas ao transmitir as palavras divinas à humanidade não usam a tremenda soberania irresistível de Deus para forçar as pessoas à submissão. Em vez disso, esses profetas são reis no espírito, e não reis na sociedade para quem se dirigem. Os que ouvem e lêem as palavras de Deus devem pô-la em prática por sua própria iniciativa, exemplificando-a nas suas próprias vidas, e num contexto social mais amplo isso poderá tornar-se um verdadeiro Reino de Deus:
E, no entanto, não é o objectivo de toda a Revelação efectuar uma transformação em todo o carácter da humanidade, uma transformação que se manifestará, exteriormente e interiormente, que afectará tanto a sua vida interior como as suas condições externas? Se o carácter da humanidade não mudasse, a inutilidade dos Manifestantes universais de Deus seria evidente. (Baha’u’llah, The Book of Certitude, ¶270)Deus deixa que as pessoas construam e reflictam o Seu reino na Terra.
O Livro da Certeza e outras Escrituras Bahá’ís apresentam uma visão do Reino de Deus que se refere à vida interior da alma e à ordem social que envolve todas as pessoas.
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Texto original: Where Can We Find the Kingdom of God? (www.bahaiteachings.org)
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Greg Hodges é um apaixonado pela combinação da mudança social com a renovação espiritual. Vive com a sua esposa no Maine (EUA).
sexta-feira, 24 de maio de 2019
“Versículo” ou “verso”?
Recentemente, a minha atenção caiu na
seguinte tradução de um excerto das escrituras Bahá’ís:
Fosse Eu relatar todos os versos que foram revelados com relação a este
tema glorioso, cansaríamos o leitor e desviar-Nos-íamos do Nosso propósito. O
verso seguinte bastar-Nos-á… (Bahá’u’lláh, Jóias dos Mistérios Divinos)
A utilização da palavra “verso” (tradução literal
de “verse”, no inglês) nesta tradução parece-me incorrecta e descontextualizada.
Infelizmente, não é a primeira vez que detecto este erro numa tradução de
escrituras Bahá’ís.
Na literatura religiosa em língua
portuguesa, chamamos versículos às pequenas frases ou parágrafos que constituem
um texto sagrado. O dicionário da Porto-Editora apresenta os seguintes
significados para a palavra “versículo”:
- (RELIGIÃO) cada uma das divisões de um capítulo da Bíblia
- palavras extraídas da Escritura, seguidas de responso, que se rezam ou cantam nos ofícios divinos, verseto
- subdivisão de um artigo, parágrafo, etc.
A palavra “verso”, por seu lado, refere-se
a textos poéticos, cujas linhas tradicionalmente obedecem a certas normas
rítmicas.
Acrescente-se ainda que os dicionários
Inglês-Português da Porto Editora e da Collins sugerem que a palavra “verse” –
num contexto religioso – seja traduzido como “versículo”.
Penso que é óbvio para todos que, no texto acima traduzido, Bahá’u’lláh
refere-Se a excertos das escrituras; por esse motivo, a tradução – respeitando a
língua e cultura portuguesa, e mantendo-se fiel ao sentido original da tradução
em inglês – deveria usar a palavra “versículo”.
quarta-feira, 22 de maio de 2019
sábado, 18 de maio de 2019
Porque é que os Bahá’ís não votam em função dos partidos políticos
Por Peter Gyulay.
Como é sabido, os Bahá’ís não participam na política partidária, nem em debates políticos:
Com este propósito, os Bahá’ís envolvem-se no desenvolvimento social através de um discurso colectivo em vez de apoiar facções.
Assim, os Bahá’ís que vivem em países democráticos participam nos processos eleitorais, votando para escolher quem os deve representar e liderar o seu país. Na verdade, ‘Abdu’l-Bahá afirmou que era importante que todos os cidadãos votassem:
Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í, também afirmou que os Bahá’ís “… podem votar, se o puderem fazer, sem se identificar com um ou outro partido.” (Directives from the Guardian, pag. 81)
Então os Bahá’ís votam, mas não apoiam qualquer partido político. Como é que isso funciona?
Então como é possível aos Bahá’ís votar se não se envolvem na política partidária? A atitude dos Bahá’ís é de votar na pessoa e nas suas políticas, mas não no partido. Se as leis do país permitem, os Bahá’ís registam-se para votar e mantêm a sua independência.
Antes da eleição, cada Bahá’í que deseja votar, compara cuidadosa e conscienciosamente cada candidato, as suas políticas, o seu carácter e experiência, e depois escolhe a pessoa que acredita ser o líder mais competente. Isto significa que a sua preferência pode alternar entre candidatos de diferentes partidos, porque o Bahá’í não é seguidor fiel de qualquer partido ou dirigente partidário.
Apesar do processo eleitoral secular se realizar de forma diferente do processo eleitoral Bahá’í – onde não existem filiações políticas, candidaturas ou campanhas eleitorais – cada Bahá’í ao votar pode adoptar algumas das abordagens das eleições Bahá’ís, escolhendo as políticas que têm mais aspectos em comum com os princípios Bahá’ís: a promoção da unidade mundial, a igualdade entre homens e mulheres, o fim da discriminação racial e religiosa, a redução das diferenças entre ricos e pobres.
Mas apesar dos Bahá’ís decidirem individualmente em quem votar, eles esforçam-se por não se deixar levar por cultos de personalidade que varrem muitos países durante as campanhas eleitorais. Os Bahá’ís tentam fazer uma escolha ponderada e imparcial, ignorando as mensagens distorcidas tantas vezes transmitidas pela comunicação social.
Os Bahá’ís que decidem votar – apesar de escolherem o candidato que consideram mais adequado para o cargo – devem esforçar-se por se distanciar dos resultados. Os Bahá’ís respeitam a decisão da maioria; por esse motivo, não consideram que um líder recém-eleito foi uma escolha errada, nem criticam essa escolha. Os Bahá’ís respeitam o governo e abstêm-se de espalhar a discórdia com opiniões políticas negativas ou críticas públicas.
Os Bahá’ís obedecem aos governos, a menos que esses governos lhes exijam que violem princípios Bahá’ís fundamentais. Os Bahá’ís, por exemplo, nunca obedeceriam a uma ordem governamental que lhes exigisse que rejeitassem as suas crenças ou negassem os seus princípios. Nessas situações, os Bahá’ís têm a liberdade - e até a obrigação - de falar contra essas exigências e expor a verdade. E convém sempre lembrar que apesar dos Bahá’ís poderem participar na eleição de dirigentes que acreditam poder dar um contributo positivo, no fundo, dedicam as suas energias e esperanças aos princípios regeneradores da sua religião.
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Texto original: Why Baha’is Don’t Vote Based on Party (www.bahaiteachings.org)
Peter Gyulay é escritor, músico e educador da Austrália. Interessa-se pela exploração dos aspectos mais profundos da vida. Tem um site com a sua escrita e música e um blog chamado The nooks and crannies of existence.
Como é sabido, os Bahá’ís não participam na política partidária, nem em debates políticos:
Os assuntos religiosos não se devem misturar com a política, na actual situação do mundo, pois os seus interesses não são idênticos. A religião interessa-se por assuntos do coração, do espírito e da moral.Para os Bahá’ís, este princípio do não envolvimento na política partidária emerge do princípio básico da Fé Bahá’í: a unidade. Bahá’u’lláh escreveu: “Tão poderosa é a luz da humanidade que pode iluminar toda a terra.” (Epistle to the Son of the Wolf, p. 14)
A política ocupa-se com as coisas materiais da vida. Os mestres da religião não devem invadir o campo da política; devem preocupar-se com a educação espiritual do povo; devem dar sempre bons conselhos aos homens, tentar servir Deus e a espécie humana; devem esforçar-se por tentar despertar uma ambição espiritual, e trabalhar para alargar a compreensão e conhecimento da humanidade, para melhorar a moral, e aumentar o amor pela justiça. (‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, pags. 158-159)
Com este propósito, os Bahá’ís envolvem-se no desenvolvimento social através de um discurso colectivo em vez de apoiar facções.
Assim, os Bahá’ís que vivem em países democráticos participam nos processos eleitorais, votando para escolher quem os deve representar e liderar o seu país. Na verdade, ‘Abdu’l-Bahá afirmou que era importante que todos os cidadãos votassem:
… como o governo da América é uma forma republicana de governo, é necessário que todos os cidadãos participem na eleição dos seus dirigentes e participem nos assuntos da república. (Tablets of Abdu’l-Baha, Volume 2, p. 342)Isto mostra que cada cidadão de um país democrático tem a importante responsabilidade de expressar a sua opinião através do seu voto.
Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í, também afirmou que os Bahá’ís “… podem votar, se o puderem fazer, sem se identificar com um ou outro partido.” (Directives from the Guardian, pag. 81)
Então os Bahá’ís votam, mas não apoiam qualquer partido político. Como é que isso funciona?
Nenhum Bahá’í pode ser considerado republicano ou democrata. Ele é, acima de tudo, um apoiante dos princípios enunciados por Bahá’u’lláh, com os quais - estou firmemente convicto – nenhum programa partidário é completamente harmonioso… (Shoghi Effendi, dirigido à Assembleia Nacional dos Estados Unidos e Canadá, 26 de Janeiro de 1933: Baha’i News, No. 85, July, 1934, p. 2)Claro que um partido político pode ter políticas que promovam alguns princípios Bahá’ís, mas haverá sempre outros aspectos que estarão em conflito. Os Bahá’ís não se querem filiar em qualquer grupo que rejeite qualquer dos princípios e ensinamentos da sua Fé.
Então como é possível aos Bahá’ís votar se não se envolvem na política partidária? A atitude dos Bahá’ís é de votar na pessoa e nas suas políticas, mas não no partido. Se as leis do país permitem, os Bahá’ís registam-se para votar e mantêm a sua independência.
Antes da eleição, cada Bahá’í que deseja votar, compara cuidadosa e conscienciosamente cada candidato, as suas políticas, o seu carácter e experiência, e depois escolhe a pessoa que acredita ser o líder mais competente. Isto significa que a sua preferência pode alternar entre candidatos de diferentes partidos, porque o Bahá’í não é seguidor fiel de qualquer partido ou dirigente partidário.
Apesar do processo eleitoral secular se realizar de forma diferente do processo eleitoral Bahá’í – onde não existem filiações políticas, candidaturas ou campanhas eleitorais – cada Bahá’í ao votar pode adoptar algumas das abordagens das eleições Bahá’ís, escolhendo as políticas que têm mais aspectos em comum com os princípios Bahá’ís: a promoção da unidade mundial, a igualdade entre homens e mulheres, o fim da discriminação racial e religiosa, a redução das diferenças entre ricos e pobres.
Mas apesar dos Bahá’ís decidirem individualmente em quem votar, eles esforçam-se por não se deixar levar por cultos de personalidade que varrem muitos países durante as campanhas eleitorais. Os Bahá’ís tentam fazer uma escolha ponderada e imparcial, ignorando as mensagens distorcidas tantas vezes transmitidas pela comunicação social.
Os Bahá’ís que decidem votar – apesar de escolherem o candidato que consideram mais adequado para o cargo – devem esforçar-se por se distanciar dos resultados. Os Bahá’ís respeitam a decisão da maioria; por esse motivo, não consideram que um líder recém-eleito foi uma escolha errada, nem criticam essa escolha. Os Bahá’ís respeitam o governo e abstêm-se de espalhar a discórdia com opiniões políticas negativas ou críticas públicas.
Os Bahá’ís obedecem aos governos, a menos que esses governos lhes exijam que violem princípios Bahá’ís fundamentais. Os Bahá’ís, por exemplo, nunca obedeceriam a uma ordem governamental que lhes exigisse que rejeitassem as suas crenças ou negassem os seus princípios. Nessas situações, os Bahá’ís têm a liberdade - e até a obrigação - de falar contra essas exigências e expor a verdade. E convém sempre lembrar que apesar dos Bahá’ís poderem participar na eleição de dirigentes que acreditam poder dar um contributo positivo, no fundo, dedicam as suas energias e esperanças aos princípios regeneradores da sua religião.
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Texto original: Why Baha’is Don’t Vote Based on Party (www.bahaiteachings.org)
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Peter Gyulay é escritor, músico e educador da Austrália. Interessa-se pela exploração dos aspectos mais profundos da vida. Tem um site com a sua escrita e música e um blog chamado The nooks and crannies of existence.
quarta-feira, 15 de maio de 2019
sexta-feira, 10 de maio de 2019
Bahá’ís mobilizam-se em Moçambique após passagem do ciclone
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Mapa da província de Sofala, em Moçambique. |
O ciclone foi um dos piores alguma vez registados no hemisfério sul. Atingiu a costa perto da cidade da Beira com ventos de 165 km/h e depois avançou 30 km para o interior, atingindo a cidade do Dondo. Quando o ciclone se dissipou, houve chuvas torrenciais durante dias, que fizeram transbordar os rios e criaram um enorme “mar interior”, conforme descrito por um funcionário da ONU. Mais de 1000 pessoas morreram devido a esta gigantesca tempestade. E muitos milhares ficaram desalojados em Moçambique, Zimbabwe e Malawi.
No Dondo, a comunidade Bahá’í usou a sua experiência em organização de actividades comunitárias para contribuir para a recuperação da região. Encontros devocionais e ênfase na educação moral e espiritual fomentaram um sentimento de solidariedade que se alargou a todos os grupos sociais. E por fim, o espírito de serviço e a acção colectiva estimularam o desejo crescente esquecer os problemas pessoais e ajudar os outros.
Imediatamente após a tempestade, e antes de começar a chegar ajuda do exterior, a Assembleia do Dondo agiu de acordo com duas prioridades: garantir que as pessoas tinham um tecto e combater as especulações com preços dos alimentos. “Percebemos que tínhamos uma equipa de jovens que podiam ajudar”, explicou Erick Mhiriri, um Bahá’í residente no Dondo e membro da Assembleia Nacional dos Bahá’ís de Moçambique.
Os jovens adultos que participavam em diversas actividades educativas, ajudaram na reparação e reconstrução de casas danificadas pelo ciclone. “Trabalharam juntos. Comiam juntos. Oravam juntos. E depois do trabalho reflectiam e planeavam as tarefas do dia seguinte”, afirmou o Sr. Mhiriri, acrescentando que estes jovens consideravam o seu trabalho como um serviço à comunidade.
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Membros da Comunidade Baha'i do Dondo trabalham na reconstrução de uma casa. |
“As pessoas consideram que é um privilégio ajudar os outros que perderam mais do que nós”, afirmou Arild Drivdal, o secretário da AEN dos Bahá’ís de Moçambique, que visitou o Dondo pouco depois do ciclone. “A Assembleia do Dondo teve um papel importante. Não usaram uma fórmula genérica. Ajudaram as famílias caso a caso, consoante as suas necessidades.”
A Comunidade Internacional Bahá’í forneceu apoio financeiro, logístico e orientação à AEN dos Baha’is de Moçambique para actuar nas zonas afectadas. Este apoio baseia-se na experiência de outras comunidades que recuperam em zonas afectadas por calamidades naturais.
Um mês após a passagem do ciclone, as pessoas no Dondo mostram-se resilientes, retomando as suas actividades diárias. Mas ainda há perigos a superar, nomeadamente a disseminação de doenças infecciosas, nomeadamente a cólera.
O governo moçambicano e várias organizações internacionais têm respondido às necessidades das regiões afectadas pelo ciclone, incluindo o Dondo. As Nações Unidas atribuíram 20 milhões de dólares em fundos de emergência poucos dias após a tragédia; a Cruz Vermelha Moçambicana e os seus parceiros distribuíram pacotes de apoio a pessoas necessitadas e várias organizações lançaram campanhas de vacinação contra a cólera. A organização Médicos Sem Fronteiras informou em 15 de Abril que a epidemia de cólera estava contida e que os números de novos casos estavam a diminuir.
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FONTE: In Mozambique, Community Mobilizes after Cyclone (BWNS)
quarta-feira, 8 de maio de 2019
terça-feira, 7 de maio de 2019
Hossein Amanat será o arquitecto do Santuário de ‘Abdu’l-Bahá
O recente anúncio da Casa Universal deJustiça sobre a construção do Santuário de ‘Abdul-Bahá despertou o entusiasmo
da comunidade Baha’i. Hoje - numa carta dirigida a todas as Assembleias
Espirituais Nacionais - foi anunciado que Hossein Amanat será o nome arquitecto
responsável pela obra. Recorde-se que o sr. Hossein Amanat é autor dos
projectos de três dos edifícios do Arco no Monte Carmelo (em Haifa) e também da
Torre Azadi (em Teerão)
Na mesma carta foi também anunciada a criação
de um fundo para apoiar este projecto histórico. Este fundo permitirá que todos
os Bahá’ís possam contribuir para a construção do Santuário de ‘Abdu’l-Bahá.
Este Santuário será construído próximo do Jardim de Ridvan em Akka, um lugar que Bahá’u’lláh
visitou em várias ocasiões nos últimos anos da Sua vida.
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sábado, 4 de maio de 2019
Ressurreição dos Mortos: Entre a Fé e a Razão
Por Christopher Buck.
Os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a razão e a religião devem estar em harmonia entre si:
A metafísica da ressurreição inclui uma teoria da pessoa humana. Para que fique claro, a “ressurreição” é a base da fé Cristã e refere-se ao triunfo de Jesus sobre a morte; foi com esta perspectiva Cristã que eu fui educado. Depois há a ressurreição dos mortos que deve acontecer no Dia do Juízo. Foi-me ensinado na catequese que, se Jesus conseguiu ressuscitar dos mortos, então nós também conseguiríamos, se fossemos Cristãos fiéis.
Esta promessa era apelativa especialmente para nós, jovens, pois o apego aos nossos corpos físicos era forte e vibrante. A típica doutrina Cristã sobre a ressurreição no fim-dos-tempos tem mais a ver com receber um corpo perfeito e com a juventude eterna aqui na Terra, do que com noções incorpóreas de vida depois da morte. Deste modo, a doutrina da ressurreição física não tem apenas uma natureza sobrenatural (em que as leis da natureza não se aplicam), mas também é uma doutrina algo materialista, pelo menos no seu apelativo carnal. Também é contrária à ciência, como sabemos.
Se o ser humano tem uma alma e é essencialmente um ser espiritual, porque é que o corpo é necessário para além da vida física aqui na Terra? Porque é que a junção de corpo e alma é tão popular nas crenças populares Cristãs sobre o Dia do Juízo? Isto pode dever-se à identidade pessoal e ao apego ao corpo físico.
Assim, a doutrina Cristã sobre ressurreição é problemática, não só do ponto de vista da razão e da ciência, mas também numa perspectiva espiritual. No âmago de tudo isto, o que está em causa é a definição e a doutrina sobre a pessoa humana.
Basicamente, os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a alma é imortal e que o corpo é mortal. Por outras palavras, a alma é espiritual e o corpo é físico.
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns de entre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” disse S. Paulo aos Coríntios. “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1 Cor 15:12-14) Lutei com este critério básico das minhas crenças Cristãs quando conheci a Fé Bahá’í.
Quando me ensinaram sobre a ressurreição na catequese, a consciência individual de uma pessoa não era o único critério da personalidade humana. A consciência exigia a instrumentalização dos sentidos. A sua actuação, num determinado momento após a morte, era garantida pela ressurreição de Cristo enquanto “Deus feito carne”, o que era o mistério central da encarnação. Mas as escrituras Bahá’ís rejeitam a ideia de que Deus possa encarnar:
Assim, podem imaginar a minha surpresa e espanto quando li pela primeira vez a seguinte explicação, sábia e serena, de ‘Abdu’l-Bahá:
Nunca tinha percebido antes que os fundamentos das minhas anteriores crenças em Jesus se baseavam primariamente no milagre da ressurreição de Jesus, o que significava, em termos grosseiros, que eu poderia voltar a ter o meu corpo no Dia do Juízo Final.
Assim, depois de ler esta notável explicação de ‘Abdu’l-Bahá, percebi subitamente que a minha “fé era vã”, tal como S. Paulo assegurava – mas por uma razão completamente diferente. Eu acreditava em Cristo por motivos “vãos” (nomeadamente, o meu apego ao corpo físico, juntamente com a promessa da ressurreição física). A minha concepção sobre a pessoa e a obra de Cristo tinham de ser totalmente reconstruídas e reformuladas.
Eu tinha “nascido de novo”, com uma nova compreensão de todas as coisas Cristãs, com um entendimento mais profundo sobre aquilo que Cristo tinha ensinado e realizado – numa forma em que essas crenças já não estavam em contradição com a razão ou a ciência. Para mim, isto foi o triunfo do discernimento – inspirado e ajudado pelos ensinamentos Bahá’ís.
Nesta fase avançada da vida, não tenho muito orgulho em dizer que estou eternamente grato por este importante avanço na natureza fundamental e minha fé e crença em Jesus Cristo, que não só ficou reforçada com a minha adesão à Fé Bahá’í, mas também foi grandemente aprofundada pelos ensinamentos espirituais das escrituras Bahá’ís, e tremendamente ampliada com os princípios universais dos ensinamentos Bahá’ís.
A verdade e o mistério do Dia do Juízo – e a doutrina da “ressurreição dos mortos” que lhe está associada – exige uma nova compreensão, baseado num acto individual de discernimento, com o exercício de um juízo pessoal e independente.
Que isto seja um testemunho de fé – e da razão.
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Texto original: Reason and the Resurrection: Can Faith Stand the Test of Science? (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
Os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a razão e a religião devem estar em harmonia entre si:
Se a religião se opõe à razão e à ciência, a fé é impossível; e quando a fé e a confiança na religião divina não se manifestam no coração, não pode haver realização espiritual. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 299)Vamos aplicar este princípio fundamental da Fé Bahá’í a um assunto importante do Cristianismo, e também do Judaísmo e do Islão: a ressurreição da humanidade no Dia do Juízo. Como acontecerá isto? Ou melhor: Como é que isso poderá acontecer, se é que alguma vez acontecerá!
A metafísica da ressurreição inclui uma teoria da pessoa humana. Para que fique claro, a “ressurreição” é a base da fé Cristã e refere-se ao triunfo de Jesus sobre a morte; foi com esta perspectiva Cristã que eu fui educado. Depois há a ressurreição dos mortos que deve acontecer no Dia do Juízo. Foi-me ensinado na catequese que, se Jesus conseguiu ressuscitar dos mortos, então nós também conseguiríamos, se fossemos Cristãos fiéis.
Esta promessa era apelativa especialmente para nós, jovens, pois o apego aos nossos corpos físicos era forte e vibrante. A típica doutrina Cristã sobre a ressurreição no fim-dos-tempos tem mais a ver com receber um corpo perfeito e com a juventude eterna aqui na Terra, do que com noções incorpóreas de vida depois da morte. Deste modo, a doutrina da ressurreição física não tem apenas uma natureza sobrenatural (em que as leis da natureza não se aplicam), mas também é uma doutrina algo materialista, pelo menos no seu apelativo carnal. Também é contrária à ciência, como sabemos.
Se o ser humano tem uma alma e é essencialmente um ser espiritual, porque é que o corpo é necessário para além da vida física aqui na Terra? Porque é que a junção de corpo e alma é tão popular nas crenças populares Cristãs sobre o Dia do Juízo? Isto pode dever-se à identidade pessoal e ao apego ao corpo físico.
Assim, a doutrina Cristã sobre ressurreição é problemática, não só do ponto de vista da razão e da ciência, mas também numa perspectiva espiritual. No âmago de tudo isto, o que está em causa é a definição e a doutrina sobre a pessoa humana.
Basicamente, os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a alma é imortal e que o corpo é mortal. Por outras palavras, a alma é espiritual e o corpo é físico.
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns de entre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” disse S. Paulo aos Coríntios. “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1 Cor 15:12-14) Lutei com este critério básico das minhas crenças Cristãs quando conheci a Fé Bahá’í.
Quando me ensinaram sobre a ressurreição na catequese, a consciência individual de uma pessoa não era o único critério da personalidade humana. A consciência exigia a instrumentalização dos sentidos. A sua actuação, num determinado momento após a morte, era garantida pela ressurreição de Cristo enquanto “Deus feito carne”, o que era o mistério central da encarnação. Mas as escrituras Bahá’ís rejeitam a ideia de que Deus possa encarnar:
Sabe tu com certeza que o Invisível não pode, de forma alguma, encarnar a Sua Essência e revelá-la aos homens. Ele está, e sempre esteve, imensamente exaltado para lá de tudo o que possa ser narrado ou compreendido. Do Seu retiro de glória, a Sua voz está sempre a proclamar: “Em verdade, Eu sou Deus; não há outro Deus além de Mim, o Omnisciente, o Sapientíssimo. Manifestei-Me aos homens e enviei Aquele que é a Alvorada dos sinais da Minha Revelação. Através dele fiz com que toda a criação testemunhasse que não há outro Deus salvo Ele, o Incomparável, o Informado de tudo, o Omnisciente. Ele Que está eternamente oculto dos olhos dos homens nunca poderá ser conhecido salvo através do Seu Manifestante, e o Seu Manifestante não poderá aduzir maior prova da verdade da Sua Missão do que a prova da Sua própria Pessoa. (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, XX).A unidade psicossomática – corpo e alma – é destruída com a morte. Então como é que os corpos físicos que tivemos aqui na Terra se podem alguma vez reunir com as nossas almas? Isto é um problema de identidade. Quando estava a investigar a Fé Bahá’í, cheguei a um momento em que tive de repensar a minha identidade pessoal, assim como a base da minha identidade enquanto Cristão. Também tive que repensar o meu entendimento da identidade de Jesus Cristo.
Assim, podem imaginar a minha surpresa e espanto quando li pela primeira vez a seguinte explicação, sábia e serena, de ‘Abdu’l-Bahá:
Ó tu que acreditas no Espírito de Cristo, no Reino de Deus!Quando li, pela primeira vez, a frase “Aquele que procura Cristo na perspectiva do Seu corpo, na verdade, rebaixou-O e afastou-se d’Ele”, fiquei atordoado. Foi algo que desafiou a minha identidade Cristã. Nesse momento decidi que se queria ser um verdadeiro Cristão, tinha de me tornar Bahá’í, em vez de permanecer Cristão. Ao abraçar a Fé Bahá’í, eu não estava apenas a aceitar o cumprimento das profecias de Cristo sobre o reconhecimento de Bahá’u’lláh como “regresso” do espírito e poder de Cristo, mas também a reafirmar a minha anterior identidade como seguidor de Jesus Cristo, com uma compreensão totalmente nova.
O corpo é constituído, em verdade, por elementos corpóreos e toda a composição está necessariamente sujeita à decomposição; mas o espírito é uma essência simples, pura, espiritual, eterna, perpétua e divina. Aquele que procura Cristo na perspectiva do Seu corpo, na verdade, rebaixou-O e afastou-se d’Ele; mas aquele que procura Cristo na perspectiva do Seu espírito, crescerá dia após dia em alegria, atracção, zelo, proximidade, percepção e visão.
Tu tens que procurar o Espírito de Cristo neste dia maravilhoso. O céu para onde Cristo ascendeu não é um espaço infinito. O Seu céu é, em vez disso, o reino do Seu Senhor, o Magnânimo. Assim Ele disse, “O Filho do Homem está no céu”. É sabido, portanto, que o Seu céu está para lá dos limites que cercam a existência e que Ele está elevado para as pessoas que adoram.
Reza a Deus para ascender a este céu, provar a sua comida – e sabe que as pessoas ainda não perceberam até hoje o mistério das Sagradas Escrituras. Acreditam que Cristo esteve privado do Seu céu quando esteve neste mundo, que desceu dos cumes da Sua elevação e posteriormente ascendeu a este cume elevado – isto é, em direcção ao céu que não existe, pois existe apenas espaço. Esperam que Ele desça deste céu sentado numa nuvem. Eles acreditam que há no céu uma nuvem na qual Ele se senta, e na qual descerá; mas, na realidade, as nuvens são vapores que se erguem da terra e que não descem dos céus. A nuvem mencionada nas Sagradas Escrituras é o corpo humano, porque é um véu para eles, tal como uma nuvem, que os impede de ver o sol da verdade que brilha no horizonte de Cristo.
Rezo a Deus para abra perante a tua face os portões da revelação e da visão, de tal maneira que percebas os mistérios de Deus neste dia conhecido. ('Abdu’l-Bahá, Tablets of Abdu’l-Baha, pp. 316–317)
Nunca tinha percebido antes que os fundamentos das minhas anteriores crenças em Jesus se baseavam primariamente no milagre da ressurreição de Jesus, o que significava, em termos grosseiros, que eu poderia voltar a ter o meu corpo no Dia do Juízo Final.
Assim, depois de ler esta notável explicação de ‘Abdu’l-Bahá, percebi subitamente que a minha “fé era vã”, tal como S. Paulo assegurava – mas por uma razão completamente diferente. Eu acreditava em Cristo por motivos “vãos” (nomeadamente, o meu apego ao corpo físico, juntamente com a promessa da ressurreição física). A minha concepção sobre a pessoa e a obra de Cristo tinham de ser totalmente reconstruídas e reformuladas.
Eu tinha “nascido de novo”, com uma nova compreensão de todas as coisas Cristãs, com um entendimento mais profundo sobre aquilo que Cristo tinha ensinado e realizado – numa forma em que essas crenças já não estavam em contradição com a razão ou a ciência. Para mim, isto foi o triunfo do discernimento – inspirado e ajudado pelos ensinamentos Bahá’ís.
Nesta fase avançada da vida, não tenho muito orgulho em dizer que estou eternamente grato por este importante avanço na natureza fundamental e minha fé e crença em Jesus Cristo, que não só ficou reforçada com a minha adesão à Fé Bahá’í, mas também foi grandemente aprofundada pelos ensinamentos espirituais das escrituras Bahá’ís, e tremendamente ampliada com os princípios universais dos ensinamentos Bahá’ís.
A verdade e o mistério do Dia do Juízo – e a doutrina da “ressurreição dos mortos” que lhe está associada – exige uma nova compreensão, baseado num acto individual de discernimento, com o exercício de um juízo pessoal e independente.
Que isto seja um testemunho de fé – e da razão.
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Texto original: Reason and the Resurrection: Can Faith Stand the Test of Science? (www.bahaiteachings.org)
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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.
quarta-feira, 1 de maio de 2019
Mais 67 textos de ‘Abdu’l-Bahá disponíveis online
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'Abdu'l-Bahá em 1920, na Terra Santa |
Os textos - 34 traduções em inglês e 33
originais persas – incluem várias epístolas que fazem referência às
comunicações com Leon Tolstoy – famoso escritor russo e admirador da Fé Bahá’í
- e Isabella Grinevskaya, uma Bahá’í russa que escreveu peças sobre as vidas de
Bahá’u’lláh e do Báb.
As Epístolas a Haia foram escritas, após a
Primeira Guerra Mundial, para a Organização Central para uma Paz Duradoura, em
Haia. A primeira epístola, que tem uma extensão considerável, inclui a análise
de 'Abdu’l-Bahá sobre criação da paz internacional no contexto da necessidade
de mudanças políticas, económicas e culturais mais amplas. Cerca de metade da
primeira carta, escrita em 17 de Dezembro de 1919, foi traduzida e publicada no
livro Seleções dos Escrituras de
'Abdu'l-Bahá. Agora está integralmente publicada. Uma tradução provisória
da segunda carta, mais curta - escrita em 1 de Julho de 1920 como réplica à resposta
da Organização à primeira Epístola - tinha sido publicada na revista Star of the West em janeiro de 1921.
Quando 'Abdu’l-Bahá escreveu as duas
cartas, a Conferência de Paz de Paris reunia líderes mundiais para discutir as condições
da paz, após o final da Primeira Guerra Mundial. A conferência levou à criação da
Sociedade das Nações. Apesar de elogiar os objectivos da Sociedade, 'Abdu’l-Bahá
foi franco ao explicar que estava muito condicionada para criar a paz. Explicou
que a paz exigiria uma transformação profunda na consciência humana e também um
compromisso com as verdades espirituais expostas por Bahá’u’lláh. Na primeira
mensagem, 'Abdu'l-Bahá também identifica muitos princípios Bahá’ís importantes,
tais como a abolição de todas as formas de preconceito, a harmonia entre
ciência e religião, a igualdade entre mulheres e homens, e a religião como
causa de amor.
Na segunda Epístola, 'Abdu'l-Bahá retoma a
ideia da importância da fé religiosa para o estabelecimento da paz, afirmando
que o Seu “desejo de paz não é devido apenas ao intelecto: é uma questão de convicção
religiosa e um dos fundamentos eternos da Fé de Deus.”
Na Sua mensagem para Isabella Grinevskaya,
'Abdu'l-Bahá elogiou os seus esforços para encenar peças teatrais sobre Báb e
Bahá'u'lláh, mas lembrou-lhe que a atenção das pessoas naquele momento estava
focada na “guerra e na revolução”. Acrescentou: "Virá o tempo para a encenar"
e "terá um impacto considerável" na Europa.
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Texto
original: 67 selections from Baha’i writings published online (BWNS)
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