quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

Natal

Um amigo de longa data enviou-me um mail com tom de provocação (bons amigos têm de ser mesmo assim): "Tenta lá explicar no blog como é que consegues ser bahá’í e celebrar do natal... Quero ver como descalças a bota! :-)"

Eu sou bahá'í e sou português. Tenho as minhas convicções religiosas (que tento pôr em prática) que são diferentes da maioria dos meus compatriotas. Tenho os hábitos comuns à maioria dos portugueses. Para mim a quadra de Natal (não apenas o dia de Natal!) é uma época destinada à vida familiar; visitam-se parentes e trocam-se lembranças. São dias em que se reforça a harmonia e coesão familiar. Quem é português dificilmente se poderia alhear disto.

Estamos, assim, a viver um momento cuja importância social não se pode negar. Quantas e quantas vezes, vemos o Natal designado como Festa da Família? Até em regimes comunistas a quadra de Natal manteve essa designação. Assim, meu caro, espero que ambos possamos viver muitos e bons anos celebrando Natal após Natal, sempre acompanhados pela família. Para os curiosos, acrescento: cá em casa há Árvore de Natal e até um presépio (que comprei há uns anos na Tanzânia).

Claro que o ideal era que todas as famílias pudessem celebrar um momento destes, que todo o ano fosse Natal, que toda a família humana sentisse essa harmonia e unidade. Lá estamos nós a cair no nosso ideal de ver a terra como um só país e a humanidade como seus cidadãos…

Quanto à importância religiosa do Natal: não existe o feriado de Natal no calendário Bahá'í. Mas porque não aproveitar um pouco do dia de Natal para reflectir sobre a vida de Jesus Cristo? Afinal, os bahá'ís defendem a divindade de Jesus. Para eles, fica aqui uma sugestão de leitura: Christ Glorified (está em inglês).

Tenham todos um bom Natal!

NOTA: Até ao dia 3 de Janeiro, este blog fica nos "serviços mínimos".

Pela 17ª vez...

Pela 17ª vez, desde 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução em que expressa "séria preocupação" sobre a situação dos direitos humanos no Irão, mencionando especificamente a actual perseguição à comunidade bahá'í. A resolução, apresentada pelo Canadá, foi aprovada por 71 votos contra 54 no passado dia 20 de Dezembro. Nela, apela-se ao Irão para "eliminar todas as formas de discriminação assente em fundamentos religiosos" e registou-se o recente ressurgimento de violações de direitos humanos contra bahá'ís do Irão.

Especificamente, a resolução salienta a "contínua discriminação contra pessoas pertencentes a minorias religiosas, incluindo Cristãos, Judeus, e Sunitas, e o aumento da discriminação contra os Bahá'ís, incluindo casos de detenção arbitrária… desrespeito pelos direitos de propriedade, destruição de lugares de importância religiosa, suspensão de actividades sociais, educativas e relacionadas com a comunidade, negação de acesso ao ensino superior, emprego, pensões de reforma e outros benefícios".

A Sr.ª Bani Dugal, representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas, depois de agradecer o apoio das várias nações envolvidas na votação, afirmou que "conforme se salienta na resolução, a situação dos Bahá'ís piorou neste ano e manifestações de preocupação pela comunidade internacional, como esta, são ainda o principal meio de protecção da comunidade bahá'í sitiada no Irão".

Notícia em inglês no BWNS.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

Nizni-Novogorod

Em 1992 fui a Nizni-Novogorod, a ex-Gorki, uma cidade interdita aos estrangeiros no tempo da União Soviética. Na, época a Comunidade Bahá'í da Rússia tinha-me pedido para acompanhar um bahá'í Americano; tratava-se de um senhor com os seus sessenta anos, antigo pioneiro nas Ilhas Cook, que viajava pela Rússia com uma série de slides sobre o Congresso Mundial de Nova Iorque (e o respectivo equipamento de projecção). Tinha duas características que despertavam a atenção: uma perna artificial e não saber falar russo.

Antes da partida, disseram-nos que em Nizni-Novgorod (em português que dizer "Cidade Nova do Sul" ou "de Baixo") estaria um bahá’í local à nossa espera, que nos levaria ao local onde iríamos ficar. Fiz a viagem de comboio com um crescendo de preocupações. Nunca tinha estado em Nizni-Novgorod, não conhecia lá ninguém, não sabia como iria reconhecer a pessoa que nos aguardava, ninguém na cidade conhecia o meu companheiro de viagem…

Quando chegámos comecei a olhar para ver se via alguém com aspecto de bahá'í (seja lá isso como for!). Rapidamente apareceu uma senhora que me cumprimentou e apresentou-se como bahá’í. Afinal o nosso encontro na estação foi mais fácil do que esperava. O meu companheiro de viagem, além das características que referi, tinha outras que dava muito nas vistas naquelas paragens: era negro e tinha mais de um metro e noventa de altura (e usava um boné de "basebol").

A nossa anfitriã foi a Sr.a Natalya, uma Engenheira Electrónica reformada, que para sobreviver vendia artigos diversos na rua. Foi uma das semanas mais interessantes da minha vida; houve uma sucessão de episódios bonitos e interessantes. O que recordo com mais facilidade foi o facto de ter conhecido um judeu convertido à Fé Bahá'í (nunca tinha conhecido nenhuma bahá’í de "origem" judaica). Chamava-se Elya (Elias) e contou-me dos horrores por ele sofridos na era Estaline nas prisões da União Soviética. Quando falava disso, conseguia ver no seu semblante a dor que passou, ele pura e simplesmente não conseguia falar daquilo com um olhar normal.

Passados 12 anos consigo recordar o olhar do Elya. E com essa recordação revivo uma mistura de sentimentos difíceis de descrever. Deve ser também "disto" que levamos para a próxima vida, a etapa seguinte do nosso desenvolvimento espiritual, algo que perdura na memória do coração durante tanto tempo, esse o sentimento de amizade e humanismo entre o nosso semelhante, entre pessoas que nunca se viram na vida mas que ao se encontrarem parece que se conhecem desde a infância.

Na foto, ao centro a nossa anfitriã, Natalya, o Elya do lado direito e eu entre os dois.



Pedro Reis

Terra da Alegria

Está aí a edição das 4ªs feiras da Terra da Alegria!

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Hilda: impressões pessoais

Depois do Elfo, aqui ficam algumas das minhas recordações pessoais sobre a Hilda Xavier Rodrigues.

Conheci a Hilda em 1984. A primeira imagem que retive dela foi o sorriso e uns olhos vivos. Falava com doçura e por vezes não conseguia esconder um sotaque ou escapava-lhe uma palavra em inglês. À medida que me fui envolvendo nas actividades bahá’ís tive a oportunidade de ir conhecendo os seus interesses, o seu caracter e a sua família.

Quando partilhava recordações comecei a perceber que ela pertencia a uma geração de bahá'ís que tinha vivido sob o antigo regime; tinham sido tempos em que era perigoso falar da religião bahá'í. O Centro Bahá'í em Lisboa tinha sido várias vezes "visitado" pela PIDE e diverso material tinha sido confiscado. Apesar de conhecer os obstáculos que o regime ia colocando, Hilda e o marido, tinham tido a coragem de responder ao apelo e instalarem-se na Guiné.

Em 1992, celebrou-se o Centenário do Falecimento de Bahá’u’lláh. Essa efeméride foi assinalada com a realização de várias celebrações. A mais tocante foi uma cerimónia realizada na Terra Santa onde bahá’ís de todo o mundo participaram nas cerimónias do Falecimento. Essas cerimónias foram também a oportunidade para homenagear aqueles que na década de 50 tinham respondido ao apelo do Guardião.

Fui um dos privilegiados da comunidade portuguesa que presenciaram essas celebrações. Seriamos cerca de 3000 crentes de todo o mundo. Nos jardins da mansão de Bahji, onde tinha sido colocadas bancadas especiais, assistimos às orações e leituras da escrituras. Depois seguiu-se os "Cavaleiros de Bahá'u'lláh" passaram à nossa frente caminhando em direcção ao Túmulo de Bahá'u'lláh. Ali ia ser depositado um pergaminho contendo os seus nomes. No meio daquele grupo de idosos que avançava calmamente, sob um sol tórrido de Maio, pude ver a Hilda. Tinha o seu habitual passo sereno, humilde, mas cheio de dignidade.

Talvez fruto do interesse com que seguia as aulas de aprofundamento que eu dirigia em Lisboa, um dia a Hilda ofereceu-me um livro. Era o The Revelation of Bahá'u'lláh, vol.I do Adib Taherzadeh. Na folha de rosto uma dedicatória: "To Marco António, in his shining path. May Bahá'u'lláh always help him. Hilda". Passados alguns meses tive a oportunidade de retribuir aquela gentileza. No Congresso Mundial Bahá’í de Nova Iorque, vi uns sacos em tecido com o logotipo do Congresso; imediatamente pensei: "Isto é o tipo de coisa que a Hilda usa...". E comprei um daqueles sacos. Nos anos seguinte notei como ela o usava orgulhosamente.

A Hilda fisicamente já não está connosco. Um dia, lá nos encontraremos novamente. Para já, posso dizer que foi um privilégio ter conhecido uma mulher assim.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

Hilda: Uma Grande Mulher

Hilda Summers nasceu a 26 de Novembro de 1916, na freguesia da Encarnação, em Lisboa. Era filha de Edward Joseph Summers (de nacionalidade inglesa) e de Carmen Deligant Summers (de nacionalidade francesa). O pai seguia a confissão anglicana e a mãe, a católica. O seu talento para línguas estrangeiras permitiu-lhe tirar facilmente um curso intensivo de secretária de administração na Pitmann School, em Londres. Ali trabalhou em grandes empresas sempre dentro deste campo e tinha muita afinidade com pessoas estrangeiras às quais se dirigia com todo o seu à-vontade.

Quis a Providência que a Hilda, quando atravessava uma fase triste da sua vida, sozinha e com a responsabilidade do seu primeiro filho ainda muito pequeno (o Michel), fosse um dia assistir a uma conferência pública no Instituto britânico; as palestrantes eram duas senhoras estrangeiras, Valerie Nichols e Louise Baker (as duas primeiras pioneiras Bahá’ís em Portugal). Foi ali que ouviu pela primeira vez a Mensagem de Bahá'u'lláh.

Não deixa de ser curioso que nesta conferência tenham pedido à Hilda para ler uma oração Bahá’í em inglês; ela leu a oração com a maior devoção. Sentiu-se apreciada e o ambiente, os princípios e a maneira de estar das pessoas fizeram-na sentir como “um peixinho dentro d’água”. Rapidamente adoptou esta nova família participando intensamente em todas as reuniões.

No dia 4 de Novembro de 1948, Hilda aceitou a religião bahá'í. Era uma das primeiras bahá’ís portuguesas.

O apartamento dos Summers, em Lisboa, tornou-se ponto de encontro e local de muitas reuniões bahá'ís. No Portugal amordaçado pela ditadura salazarista, aquela movimentação de pessoas, levou a uma denúncia por parte do porteiro do prédio. Hilda e Charlotte (uma outra jovem bahá'í) encheram-se muita coragem, livros e panfletos e, na polícia explicaram que a Fé Bahá’í não se tratava de um movimento político, mas sim de uma Religião Mundial. Na esquadra foram tratadas com toda a amabilidade e respeito; por fim, a polícia deixou-as ir em paz.

Em 17 de Dezembro de 1948, Hilda fez parte do 1º Grupo Administrativo Bahá’í de Lisboa, formado por 8 membros, sendo ela a secretária e, em 1949, foi eleita membro da 1ª Assembleia Espiritual Local de Lisboa. Nesse ano, participou (juntamente com Lucinda Baptista) numa Conferência Bahá’í em Bruxelas (onde estavam representados 10 países) e em 1950 numa outra Conferência Bahá'í na Dinamarca (também estiveram presentes Charlotte Stirrat e Alberto Dannemberg).

Em 1951, Hilda casou com José Caetano Xavier Rodrigues. E passados dois anos, após participarem na Conferência Internacional Bahá’í de Estocolmo, ofereceram-se como "pioneiros" para a Guiné Bissau. A sua decisão de se instalarem na Guiné era a resposta a um apelo aos bahá’ís para que se espalhassem pelo mundo. Naquela época existiam muitos territórios no mundo onde não residiam bahá'ís. Tinham sido identificados os países e territórios que deveriam receber esses "pioneiros" e feito um apelo geral à comunidade pedindo aos crentes que se instalassem naqueles países com o objectivo de divulgar a mensagem de Bahá'u'lláh e criar novas comunidades. Os crentes que responderam a esse apelo, e se instalaram nesses países, receberam mais tarde o título de "Cavaleiro de Bahá'u'lláh"; foi uma forma de homenagear a sua coragem e empenho na divulgação da Causa Bahá’í.

Os "Cavaleiros de Bahá'u'lláh", os crentes que levaram a mensagem bahá'í
a países e territórios onde não existiam bahá'ís. (foto de 1992)


Na Guiné (que na época era colónia portuguesa) permaneceram um ano e alguns meses. Ali nasceram as suas duas filhas, Sitárih (1953) e Stella (1954). A presença daquela família marcou o início da presença física e espiritual da comunidade bahá'í naquele país. O ambiente repressivo que se vivia naquele território condicionava e limitava profundamente qualquer actividade bahá’í. Antes de serem obrigados a abandonar a Guiné, em 1955, por ordem da polícia, deram a Mensagem de Bahá'u'lláh a Eduardo Duarte Vieira, um funcionário da antiga DGS (Direcção Geral de Segurança) que viria a tornar-se o primeiro mártir bahá’í africano.

De regresso a Portugal, pensaram em levar novamente a Mensagem Bahá'í a África; desta vez escolheram Angola. E assim, em 1956, instalaram-se em Luanda, cidade onde nasceu o filho, Kim (1957). Ali ajudaram a consolidar e a desenvolver a comunidade bahá'í de Angola. Regressariam a Portugal só no início dos anos 60, onde continuaram envolvidos em diversas actividades da comunidade Bahá'í (a Hilda foi membro da Assembleia Espiritual Nacional de Portugal durante 21 anos). Em 1963, Hilda participou no Congresso Mundial Bahá'í, realizado em Londres, juntamente com mais 16 Bahá'ís de Portugal, entre os quais: Virgínia Orbison, Celestino Silva, Mansour Masrour, Richard e Evelyn Walters e outros.

No início dos anos 80 iniciou um período de "serviço à família" - foi morar em Mira e depois em Viana do Castelo com a sua filha Stella e os netos. Este serviço à família, não a impedia de continuar envolvida em actividades bahá’ís.

Em Maio de 1992, Hilda foi a Haifa por ocasião do CENTENÁRIO DO FALECIMENTO DE BAHÁ'U'LLÁH. Aquele momento tão especial em que os bahá'ís homenageavam o Fundador da sua religião, foi considerado também o ideal para homenagear aqueles crentes que décadas antes tinham respondido ao apelo para espalha a Mensagem de Bahá'u'lláh por todo o mundo. Um pergaminho contendo o nome desses "Cavaleiros de Bahá'u'lláh" foi depositado à entrada do túmulo de Bahá'u'lláh. Hilda conta ter sido uma emoção fortíssima ao ouvir a caixa cair para dentro da terra e ao relatar este impressionante momento os seus olhos encheram-se de lágrimas.

No passado dia 4 de Dezembro, faleceu em Darque, Viana do Castelo.

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Quero deixar aqui um agradecimento à Stella por me ter fornecido os dados biográficos da sua mãe.

Terra da Alegria

Está aí mais uma edição da Terra da Alegria!

domingo, 19 de dezembro de 2004

Epístola aos Reis (4): Sacerdotes, Sábios e Filósofos

Este é o quarto, e último, post sobre temas e destinatários da Epístola aos Reis revelada por Bahá'u'lláh em Adrianópolis. Entre parêntesis rectos indica-se o nº do parágrafo citado.
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SACERDOTES SUNITAS DE CONSTANTINOPLA [108-112]


Bahá'u'lláh denuncia a negligência espiritual, o orgulho pela posição social e a vaidade do clero sunita de Constantinopla em termos inequívocos: "Parece-Me que vos apegastes às coisas exteriores e vos esquecestes das interiores, e dizeis o que não praticais. Sois amantes de nomes e pareceis vos haverdes entregues a estes."[110]. Depois de lamentar o facto dos sacerdotes não terem procurado informar-se sobre os Seus ensinamentos, anuncia-lhes o aparecimento de uma nova Revelação Divina. Revela-lhes o significado da Sua missão e adverte-os que Deus não verá nada de aceitável nas suas condutas a menos que nasçam de novo.

Sábios e Sacerdotes de Constantinopla encontram-se
entre os destinatários da Epístola aos Reis

SÁBIOS DE CONSTANTINOPLA E FILÓSOFOS DO MUNDO [113-116]

Aos sábios de Constantinopla e Filósofos do Mundo, Bahá'u'lláh começa por lançar uma advertência clara - "Acautelai-vos para que a erudição e a sabedoria humana não vos torne orgulhosos diante de Deus"[113] – e revela-lhes o que Ele considera a essência da verdadeira sabedoria. Prossegue recordando que há sábios que acreditam em Deus e outros que não acreditam; acrescenta que Deus não avalia os seres humanos pela sua sabedoria mas sim pela sua conduta, e questiona: "Por acaso sois maiores em sabedoria que Alguém que vos trouxe à existência, que moldou os céus e tudo o que ele contêm, a terra e tudo o que nela reside?"[114]
Depois de salientar que Deus "concede sabedoria a quem quer que escolha entre os homens, e dela priva a quem quer que deseje" [114], Bahá'u'lláh repreende os sábios por não terem procurado esclarecimento da parte d'Ele e aconselha-os a não ultrapassarem os limites impostos por Deus e a não seguirem os caminhos e hábitos dos homens

AOS HABITANTES DE CONSTANTINOPLA [37-55]

Aos habitantes da capital otomana, Bahá'u'lláh declara que nada teme excepto Deus, que não fala salvo por ordem de Deus, que considera os governadores e anciãos da cidade como crianças que brincam com o barro e que não vê pessoa alguma com maturidade suficiente para compreender as verdade que Deus lhe transmitiu.

Constantinopla: a população da cidade é advertida a seguir a Lei de DeusUm dos conselhos dado por Bahá'u'lláh aos "habitantes da Cidade"[37] consiste em respeitar "os sacerdotes e sábios entre vós, aqueles cuja conduta esteja em harmonia com o que professam... Sabei vós que eles são lâmpadas guias para os habitantes dos céus e da terra."[45] A este mesmo povo, Bahá'u'lláh ordena que siga fielmente os preceitos de Deus que não se orgulhe perante Ele ou Seus amados.

Em vários parágrafos, Bahá'u'lláh recorda em termos místicos as tribulações e virtudes o Iman Husayn, assim como a sua posição espiritual aos olhos de Deus. Seguidamente profetiza que em breve Deus fará surgir um povo que recordará as suas aflições e exigirá aos Seus opressores a restituição dos Seus direitos. Por fim apela-lhes que dêem ouvidos às Suas palavras, que se arrependam e voltem para Deus

POVO DA PÉRSIA [96]

Nesta epístola existe apenas um parágrafo dirigido ao povo da Pérsia em que Bahá'u'lláh afirma que se eles O matassem, Deus faria surgir outro no Seu lugar, acrescentando que Deus aperfeiçoará a Sua Luz, apesar deles, nos seus corações a abominarem.

sábado, 18 de dezembro de 2004

Epístola aos Reis (3): Os Embaixadores

Este é o terceiro de quatro posts sobre temas e destinatários da Epístola aos Reis revelada por Bahá'u'lláh em Adrianópolis. Entre parêntesis rectos indica-se o nº do parágrafo citado.
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O EMBAIXADOR FRANCÊS [17-19]

Na Epístola aos Reis existem três parágrafos dirigidos ao "ministro do rei em Paris"[17] cujo tom é tão condenatório quanto o dirigido aos ministros otomanos. Nestes parágrafos, o embaixador francês junto da Porta Sublime, Nicolas-Prosper Bourée, é denunciado por ter pactuado com o embaixador persa contra Bahá'u'lláh, sendo-lhe ainda recordado que terá de prestar contas pelos seus actos.

Nas palavras a este diplomata europeu, Bahá'u'lláh também deixa uma pergunta: "(...) não é teu dever claro investigar esta Causa, informares-te das coisas que Nos sobrevieram, julgar com equidade e segurares-te firmemente à justiça?"[17]

Bahá'u'lláh recorda que já houve embaixadores justos "que observavam o que foi prescrito nos versículos de Deus"[18] e aproveita para recordar ao diplomata francês os conselhos de Jesus Cristo registados no Evangelho de S. João; depois de enaltecer a importância da justiça, conclui aconselhando-o - e a outros do seu nível - a não fazer aos outros o que ele não gosta que lhe façam.


Constantinopla: os diplomatas ali colocados
tinham conhecimento da situação de Bahá'u'lláh e dos exilados persas.



O EMBAIXADOR PERSA [97-99 102-107]

Uma parte significativa da Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk) é dirigida a Hají Mirzá Husayn Khan, o embaixador persa em Constantinopla. Este diplomata originário da cidade de Qazvin, chefiou a Embaixada persa em Constantinopla durante mais de quinze anos (1853-1868). Foi quando ocupava esse cargo, que conseguiu influenciar o governo otomano a exilar Bahá'u'lláh primeiramente para Adrianópolis, e cinco anos mais tarde para ‘Akká. Husayn Khan foi ainda Ministro dos Negócios Estrangeiros durante algum tempo, até que caiu em desgraça. Faleceu, vitima de envenenamento, em 1881.

Ao dirigir-se ao embaixador persa em Constantinopla, nome, Bahá'u'lláh começa por lançar uma pergunta: "O que foi que cometemos que possa justificar teres-Nos difamado junto dos Ministros do Rei, teres seguido os teus desejos, perverter a verdade, e proferido as tuas calúnias contra nós?"[97]. Seguidamente, o fundador da religião bahá'í recorda que apenas se encontraram uma vez e nunca o embaixador teve conhecimento das Suas ideias e pensamentos. Bahá'u'lláh prossegue afirmando que não tem qualquer ressentimento contra o diplomata persa, e adverte-o que um dia ele será chamado à presença de Deus e questionado sobre os seus actos.

O texto refere que se o embaixador tivesse noção da enormidade dos seus actos lamentar-se-ia durante os restantes dias da sua vida. O encarceramento em Teerão e o primeiro exílio para Bagdade são recordados e os actos do Xá da Pérsia também são questionados: "Partimos de Teerão, sob ordem do Rei (Násiri'd-Dín), e com sua permissão transferimos a Nossa residência para o Iraque. Se Eu transgredi contra ele, porque Me libertou? (...) Algum dos Meus actos, após a Minha chegada ao Iraque teve uma tal natureza que pudesse subverter a autoridade do governo? Quem pode dizer ter detectado algo repreensível no Nosso comportamento?"[102]

Depois de recordar vários episódios sucedidos durante o exílio em Bagdade, Bahá'u'lláh acrescenta ao diplomata persa que lhe relata o sucedido, não para aliviar o peso das Suas aflições, mas para que ele compreenda a gravidade dos seus actos, e não repita os seus erros no futuro. As últimas palavras a este diplomata salientam novamente a importância da justiça e condenam a vaidade, o orgulho e a arrogância dos governantes.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

Epístola aos Reis (2): O Sultão e os Ministros

Este é o segundo de quatro posts sobre temas e destinatários da Epístola aos Reis revelada por Bahá'u'lláh em Adrianópolis. Entre parêntesis rectos indica-se o nº do parágrafo citado.
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Sultão 'Adbu'l-Aziz [58-83]


O Sultão Abdu'l-Aziz, lider do Império Otomano e chefe espiritual do Islão Sunita, é o único monarca a quem Bahá'u'lláh se dirige pessoalmente na Epístola aos Reis. Foram os seus decretos reais que ordenaram o exílio de Bahá'u'lláh em Adrianópolis e posteriormente em 'Akká.

Dirigindo-se ao Sultão 'Abdu'l-Aziz, Bahá'u'lláh começa por exortá-lo a ouvir as Suas palavras, aconselhando-o depois a conduzir pessoalmente os assuntos do povo (tratando todos os súbditos com justiça) e a não confiar em ministros "que seguem os desejos de um inclinação corrupta"[59]. "Sê generoso com os outros assim como Deus tem sido generoso contigo e não abandones o povo à mercê de ministros como esses"[59]. A exortação à justiça e generosidade do Sultão e a advertência relativamente aos ministros repetem-se em alguns parágrafos.

Bahá'u'lláh prossegue a instando o monarca otomano – e chefe espiritual do islão sunita - "a agir um modo que seja digno de tão eminente e augusta posição"[72], fazendo cumprir a lei de Deus entre os fieis e espalhando a justiça entre os seus súbditos; além disso o Sultão é aconselhado a não confiar nos seus tesouros e a não ultrapassar os limites da moderação.

Ao dirigir-se ao Sultão, Bahá'u'lláh coloca várias questões: "Ouviste, ó Rei, o quanto sofremos nas mãos dos teus ministros e de como fomos tratados por eles, ou és dos negligentes? E se de facto ouviste e soubeste, porque não proibiste os teus ministros de cometer tais actos?"[73] "Alguma vez, ó Rei, te desobedeci? Em algum momento transgredi qualquer uma das tuas leis? Pode algum dos teus ministros que te representavam no Iraque apresentar alguma prova que estabeleça a minha deslealdade a ti?"[82] Como veremos para outros destinatários da Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk), Bahá'u'lláh recorre várias vezes à utilização de questões como forma de resposta às acusações que Lhe eram feitas.

Ainda nas Suas palavras ao Sultão, Bahá'u'lláh relata-lhe o peso esmagador das Suas aflições, descreve as condições do Seu exílio para Adrianópolis, e conclui dizendo que ora por ele e para que Deus o ajude. "Não te esqueças da lei de Deus em qualquer coisa que queiras realizar, agora nos dias vindouros"[83]

Os Ministros Otomanos [26-32; 34-36; 55]

Nas palavras dirigidas ao Sultão, Bahá'u'lláh deixava bem claro o que pensava sobre os ministros otomanos. Na verdade, tinham sido homens como 'Ali Pashá (o Grão Vizir) e Fu'ad Pashá (o Ministro dos Negócios Estrangeiros), as principais fontes de opressão e tirania sobre o pequeno grupo de exilados persas quando estes se encontravam em território otomano. Desta forma, não admira que ao dirigir-Se a esses mesmos ministros o tom das Suas palavras seja profundamente condenatório; ao longo do texto repete-se o apelo à justiça e a exortação aos ministros para que sigam verdadeiramente a lei de Deus, juntamente com a denuncia o seu orgulho e corrupção e profetiza-se a sua punição devido aos seus actos.

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Os ministros 'Ali Pashá e Fu'ad Pashá

Bahá'u'lláh recorda-lhe que houve outros governantes que cometeram actos piores que eles actuais e que o seu destino foi trágico. Pessoalmente, os governantes assumem uma enorme responsabilidades ao entregarem-se a actos corruptos; terão de responder perante Deus pelos seu actos e a sua responsabilidade é ainda maior que a do cidadão comum. A sua situação é torna-se ainda mais grave pois muitos deles acabam de rejeitar a recém-nascida Causa Divina. Além disso, ao agarrarem-se aos seus próprios desejos e maquinações, e ao rejeitarem a Mensagem de Deus fizeram mal a si próprios.

E, tal como fez com o Sultão, Bahá'u'lláh questiona os ministros otomanos: "O que foi que cometemos que possa justificar o Nosso desterro? Qual a ofensa que deu motivo à Nossa expulsão?..."[30] "Terei eu transgredido em algum momento as vossas leis ou desobedecido a algum dos vossos ministros no Iraque? Já alguém lhes apresentou uma queixa contra Nós? Alguém entre eles ouviu de Nós uma palavra contrária àquilo que Deus revelou no Seu Livro?"[31]

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NOTAS
Sobre a relação dos Bahá'ís e Babís com a Turquia e o Império Otomano recomendo o site
Turkish Baha'i Studies.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Epístola aos Reis (1): A Proclamação

Este é o primeiro de quatro posts sobre temas e destinatários da Epístola aos Reis revelada por Bahá'u'lláh em Adrianópolis. Entre parêntesis rectos indica-se o nº do parágrafo citado.
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AOS REIS DA TERRA: PROCLAMAÇÃO E ADVERTÊNCIA [2-14; 20-23]

Nos primeiros parágrafos da Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk), Bahá'u'lláh começa por se dirigir aos "Reis da Terra", revelando-lhes a Sua posição como Mensageiro de Deus e o carácter da Sua Missão. Os "Reis da Terra" são exortados a aderir à Sua Mensagem e repreendidos pela sua indiferença perante a Sua Causa. Além disso, recorda-lhes como a mensagem do Báb mereceu a indiferença dos reis e a condenação dos sacerdotes persas.

Referindo-Se a questões de governação, o fundador da religião bahá'í aconselha os governantes a terminar com o clima de desconfiança que existe nas relações internacionais, a serem moderados na sua governação e a reduzir armamentos (devem manter apenas os necessários para protecção das suas cidades e territórios). Os gastos consequentes do clima de tensão e desconfiança, com a consequente corrida aos armamentos, provoca uma sobrecarga de impostos sobre os súbditos que é profunda injusta; e os reis devem ser símbolos de justiça!

A importância da justiça de um governante é repetidamente afirmada. Os mais desfavorecidos na sociedade devem receber uma atenção especial dos governantes. "Não coloqueis sobre nenhuma alma uma carga que não desejásseis fosse colocada sobre vós, e não desejeis para pessoa alguma o que não desejais para vós próprios. Este é o meu melhor conselho para vós..."[44] Um governante deve ter mais confiança em Deus e nos Seus Mensageiros do que nos seus poderes mundanos, exércitos e tesouros; Bahá'u'lláh adverte sobre as consequências para os governantes se estes não derem ouvidos às Suas advertências.

Ainda dirigindo-Se aos Reis, Bahá'u'lláh recorda as tribulações a que esteve sujeito, assim como a atitude dos reis perante as Suas tribulações: "Vinte anos se passaram, ó reis, durante os quais Nós, a cada dia, saboreávamos a agonia de uma nova tribulação… Embora cientes da maior parte das Nossas aflições, vós, no entanto, deixaste de deter a mão do agressor... Assim vos contamos a Nossa história e relatamos as coisas que Nos sobrevieram, para que Nos aliviásseis de Nossos sofrimentos e diminuísseis a Nossa aflição." [20,22]

AOS REIS DA CRISTANDADE [15-16]

Dirigindo-Se especificamente aos "Reis da Cristandade", Bahá'u'lláh censura-os por não terem acolhido nem se terem aproximado da Sua Mensagem e ainda persistirem nos seus "desejos corruptos". Recorda-lhe ainda que tudo o que eles são, e possuem, passará, e ele serão chamados à presença de Deus para prestar contas do seus actos. Nestes dois parágrafos, onde são citados alguns versículos dos Evangelhos, Bahá'u'lláh assume-Se claramente como sendo o retorno de Jesus Cristo. "Ó reis da cristandade! Não ouvistes as palavras de Jesus, o Espírito de Deus, «Vou embora e venho outra vez a vós»? Então porque é que quando Ele veio novamente a vós, nas nuvens do céu, fostes incapazes de vos aproximar d'Ele, de poder contemplar a Sua face e ser dos que atingiram a Sua Presença?"[15]

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Epístola aos Reis - Introdução

A confrontação entre os Profetas que fundaram grandes religiões e os governantes são um facto registado nas Escrituras. Moisés confrontou o Faraó; Jesus enfrentou Pilatos e Herodes; Maomé enviou mensagens ao Imperador Bizantino (Heraclio), ao Xá da Pérsia (Chosroes II), ao Negus da Etiópia e aos governantes do Egipto e de Damasco.

Nas religiões Babí e Bahá'í, este aspecto manteve-se. O Báb enviou epístolas ao Xá da Pérsia e ao Sultão Otomano; além disso, enfrentou as autoridades civis e religiosas da Pérsia. Bahá'u'lláh, não só enfrentou as mesmas autoridades na Pérsia e no império Otomano, como também anunciou a Sua missão a vários reis e governantes do Seu tempo. Essa proclamação foi feita através de um conjunto de epístolas dirigidas a reis e governantes: Napoleão III, o Kaiser Guilherme I, a Rainha Vitória, o Czar da Rússia, o Imperador Francisco-José, o Papa Pio IX, o Xá da Pérsia e o Sultão Otomano.

Sabemos que Bahá'u'lláh recebeu a revelação divina quando esteve na prisão em Teerão (1852); nesse local, através de uma experiência profundamente mística descrita nas Suas próprias escrituras, teve conhecimento que Ele era o Profeta prometido pelo Báb. No entanto, a Sua condição de profeta foi revelada gradualmente; só em 1863, pouco antes de abandonar Bagdade, no jardim de Ridvan, é que alguns crentes tiveram conhecimento dessa boa-nova. Durante o exílio em Adrianópolis foram várias as epístolas reveladas a membros da comunidade Babí em que Bahá'u'lláh afirmava abertamente a Sua condição.

Além dessa revelação à pequena comunidade de seguidores do Báb, Bahá'u'lláh também anunciou o Seu aparecimento a toda a humanidade. Mais uma vez os reis e governantes contemporâneos de um Profeta são vistos como representantes dos povos do mundo e escolhidos como destinatários do anúncio divino.


Como referi num post anterior, o exílio em Adrianópolis é frequentemente recordado pela revelação da Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk). Esta foi revelada em 1868, em língua árabe; o seu estilo majestático e a argumentação poderosa, os diferentes assuntos e destinatários fazem deste documento uma dos mais citadas obras de Bahá'u'lláh. Alguns autores consideram mesmo que esta epístola definiu um estilo que se aplicaria novamente noutras epístolas dirigidas a reis e governantes do século XIX.

O texto integral desta epístola foi traduzido para inglês e publicado há alguns meses atrás. Imediatamente surgiram traduções noutras línguas e vários bahá'ís deram palestras e organizaram aulas de aprofundamento sobre a mesma. Neste blog, nos próximos dias irei publicar um conjunto de posts sobre os temas e destinatários da Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk). Estes posts foram o resultado de um breve estudo e análise do texto; talvez possam ajudar quem quiser ler, pela primeira vez, um texto do fundador da religião Bahá'í.

Lembro-me que sempre senti alguma dificuldade em compreender o estilo de escrita de Bahá'u'lláh; o texto não está dividido em capítulos e os temas cruzam-se de forma natural. Entre palavras de advertência ou louvor a algum crente, podemos encontrar orações e citações das escrituras do passado. Além disso, as referências a Deus são geralmente seguidas por alguns dos Seus títulos (exemplo: "o Omnisciente", "o Omnipotente", "o Amparo no Perigo", "o que Subsiste por Si Próprio").

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NOTAS


Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk):
Texto integral em inglês.

Para quem quiser compreender um pouco melhor todos os acontecimentos durante o exílio em Adrianópolis e as circunstâncias que rodearam a revelação desta epístola, recomendo:
- God Passes By, de Shoghi Effendi (
Chapter X)
-
The Revelation of Bahá'u'lláh, Vol II, de Adib Taherzadeh (capítulo 15)
-
Bahá'u'lláh, The King of Glory, de H.Balyuzi (capítulos 26, 27, 2 e 29).
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Baha'u'llah's Tablets to the Rulers, By Juan R.I. Cole

Guias de Estudo sobre a Epístola aos Reis (Súriy-i-Mulúk):
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Súratu'l-Mulúk: : Tablet Study Outline
-
Súriy-i-Mulúk
-
A Study of the Tablets of Baha'u'llah to the Kings

Terra da Alegria

Está aí a edição das 4ª feiras da Terra da Alegria!

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

16 meses

Intolerância em Nakhichevan

No Cáucaso continuam a verificar-se problemas de intolerância e perseguição religiosa por parte das autoridades. Desta vez foi no Azerbaijão. Segundo o Forum 18 News Service, os dirigentes da comunidade Adventista no Nakhichevan (um enclave entre a Arménia, Turquia e Irão) afirmaram que a sua comunidade foi "esmagada". Esta organização informou ainda ter registado casos de detenção de dez muçulmanos e um bahá'í. O Professor Ali Abasov, presidente delegação azeri da International Religious Liberty Association afirmou: "Não há democracia, não há comunicação social independente, não há direitos humanos em Nakhichevan. As autoridades não querem". E acrescentou que naquele enclave, as autoridades fazem o que o governo central do Azerbaijão gostaria de fazer em todo o país.

A comunidade bahá'í em Nakhichevan foi reconhecida oficialmente desde 1997, mas esse reconhecimento oficial foi anulado. Os motivos das autoridades para retirar esse reconhecimento baseia-se no facto de um dos seus membros fundadores não ser bahá'í; por seu lado, os bahá’ís afirmam que a pessoa em causa foi obrigada, sob pressão, a assinar um documento que declarava que ele não era bahá'í.

Ainda segundo a comunidade bahá'í, um dos seus membros, Tavachur Aliev, esteve detido durante 10 dias no passado mês de Setembro. Depois de libertado, foi advertido a não falar da sua religião. Há registo de um bahá'í que foi multado por organizar reuniões não autorizadas (descritas pelas autoridades como "ilegais"). Em 2002 houve uma casa particular que foi arrombada e invadida ela polícia. "Desde então não temos realizado reuniões em Nakhichevan. Estamos a tentar resolver o assunto com as autoridades" disse um bahá'í.

Os bahá'ís parecem determinados em resolver o assunto, e neste momento procuram ajuda do governo central em Baku. O reconhecimento oficial da Comunidade Bahá'í do Azerbeijão – como entidade nacional - pelo Governo Central em Setembro de 2004, permite, naturalmente, a realização de actividades bahá'ís em Nakhichevan, apesar das autoridades do enclave rejeitarem essa pretensão.

Mais detalhes sobre perseguições a outras comunidades religiosas em Nakhichevan aqui.

Actualização:

AZERBAIJAN: Jailed or sharing Faith, "non-constructive teaching" and "creating tensions between family members"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

Ma-Schamba

Se fosse Álbum de uma banda rock, estaria no top durante muitas semanas.
Se fosse Livro, encontrar-se-ia com facilidade e até se via nas montras.
Se fosse Jogador, seria titular da equipa do Sporting no anos 80 (na que deu os 7-1!).
Se fosse Banda Desenhada, era Corto Maltese.
Se fosse Programa de TV, estaria na RTP2.
Mas como é um blog, é local de visita diária.

Agora que está a comemorar o seu primeiro aniversário, aqui ficam as minhas felicitações ao JPT pelo Ma-Schamba, um dos melhores portugueses.

Terra da Alegria

Está aí a Terra da Alegria!

domingo, 12 de dezembro de 2004

Há 141 anos: a chegada a Adrianópolis

"Lembra-te de Minha angústia e Meu exílio nesta remota prisão."
A frase anterior é bem conhecida da maioria dos bahá'ís. Encontra-se numa das mais conhecidas epistolas de Bahá'u'lláh: a Epístola de Ahmad. A prisão a que o fundador da religião bahá'í é a cidade de Adrianópolis, o palco do Seu terceiro exílio (1863-1868).

Esta cidade, actualmente conhecida por Edirne, está situada nas margens do rio Tunca. A sua localização na principal via de comunicação entre a Ásia Menor e os Balcãs fizeram-na, desde sempre, uma cidade estrategicamente importante. Recebeu o nome de Orestias sob domínio Macedónio; quando o imperador Adriano, no século II DC, ordenou a sua reconstrução, recebeu o nome de Adrianópolis. Depois foi palco de numerosos confrontos entre bizantinos e outros povos até à sua captura pelos Otomanos em 1362. Chegou a ser capital do império Otomano entre 1413 e 1458; Após a transferência da capital para Istambul, continuou a ser um importante centro comercial e administrativo, recebendo frequentes visitas de sultões e príncipes.

A partir do século XVIII vários incidentes, como terramotos, incêndios, motins, ocupações estrangeiras, alteraram o progresso da cidade. Quando Bahá'u'lláh ali esteve exilado , a sua população rondaria os 100.000 habitantes e era uma capital provincial.

Logo após a sua chegada, no dia 12 de Dezembro de 1863, os exilados persas, sentiram o inverno particularmente agreste da cidade. Se pensarmos que eles tinham vivido cerca de dez anos em Bagdade, onde os invernos são amenos, e que a maioria destes não dispunha de vestuário adequado a invernos severos, é fácil perceber que o primeiro ano em Adrianópolis deve ter sido particularmente duro para aquela pequena comunidade.

Adrianópolis foi palco de vários episódios significativos na vida desta comunidade religiosa recém-nascida. Foi aqui que Bahá'u'lláh começou a assumir abertamente a Sua missão, como Prometido anunciado pelo Báb e fundador de uma nova religião; até então, isso era do conhecimento apenas de alguns crentes mais próximos. Foi também aqui que a palavra Babí (que identificava os seguidores do Báb), foi sendo gradualmente substituída pela palavra Bahá'í (que identificava os seguidores de Bahá'u'lláh). É também aqui que, entre os bahá’ís, a saudação muçulmana Alláh'u'Akbar (Deus é o Mais Grandioso) começou a ser substituída pela saudação Alláh'u'Abhá (Deus é o Mais Glorioso)

Dias de Tensão

Um dos aspectos mais tristes do exílio em Adrianópolis foi a separação entre Bahá'u'lláh e o Seu meio-irmão, Mirzá Yahyá. O Báb tinha anunciado o aparecimento iminente do "Prometido de todas as Religiões"; desde o Seu martírio, tinham aparecido vinte e cinco pretendentes a esse título; entre esses contava-se Mirzá Yahyá. Com Bahá'u'lláh a assumir abertamente a pretensão a esse mesmo título, deu-se a crise referida por Bahá'u'lláh como "os Dias de Tensão" (Ayyam-i-Shidad) e "a maior separação".

Este cisma assentava essencialmente em várias intrigas e boatos postos a circular por Yahyá e seus apoiantes mais próximos; alguns desses boatos sugeriam que Bahá'u'lláh pretendia usar a causa do Báb para derrubar os governos persa e otomano. Alguns crentes dessa época deixaram escritas algumas memórias onde relatam as conversas que Yahyá tinha com eles e a forma como isso os perturbava. Houve ainda quem tentasse organizar um debate entre Bahá'u'lláh e Yahyá, mas este último não compareceu. Além dos boatos postos a circular, deram-se tentativas de envenenamento de Bahá'u'lláh e seus familiares mais próximos.

Os rumores espalhavam-se e iam chegando aos ouvidos das autoridades otomanas, dos consulados europeus e dos crentes. A confusão instalou-se e a imagem da nova religião ficou seriamente perturbada aos olhos dos seus admiradores Ocidentais, como Edward G. Browne e A.M. Nicolas. O clímax das intrigas levantadas por Yahyá e alguns dos seus seguidores mais próximos levou a que, em 1868, as autoridades otomanas decidissem exilar Bahá'u'lláh para 'Akká e o Seu meio-irmão para Chipre.




Escrituras reveladas em Adrianópolis

Mas Adrianópolis pode também ser recordada como o local onde Bahá'u'lláh revelou muitas epístolas e livros: a Epístola de Ahmad, a Epístola do Sangue, a Epístola do Espírito, a Epístola de Ridvan. A mais significativa obra dessa época deve ser a Epístola aos Reis (Surih-i-Muluk), onde Bahá'u'lláh se dirige a todos os monarcas dos Ocidente e Oriente de forma colectiva, e individualmente ao Sultão Otomano e seus ministros, aos Reis da Cristandade, aos embaixadores francês e persa acreditados na Porta Sublime, aos lideres eclesiásticos muçulmanos de Constantinopla, aos povos da Pérsia e filósofos do mundo.

Também nesta época foram reveladas a primeira epístola a Napoleão III e a epístola ao Xá da Pérsia; nestas epístolas os propósitos e princípios da Fé de Bahá'u'lláh são expostos e a validade da Sua Missão é demonstrada. Também em Adrianópolis foi revelado o Kitab-i-Badí, a apologia e defesa da revelação do Báb.

As escrituras ao serem reveladas era registadas por um secretário; posteriormente eram transcritas por familiares e crentes mais próximos. Este trabalho de transcrição ocupava várias pessoas.

Pessoalmente parece-me que a presença de Bahá'u'lláh em Adrianópolis tem ainda um aspecto mais curioso: foi a primeira vez que o Profeta fundador de uma religião revelada pisou solo europeu. Esse facto deixou-O mais exposto à curiosidade ocidental, como testemunham vários documentos de missionários e diplomatas que viviam em Adrianopolis e Constantinopla durante aqueles anos.

sábado, 11 de dezembro de 2004

Carta ao Sr. Presidente Khatami

Ciclicamente tenho colocado aqui posts que referem perseguições aos bahá'ís no Irão. Confesso que, por vezes, eu próprio fico surpreendido com a frequência com que essas notícias são divulgadas na imprensa. A verdade é que estes últimos vinte e cinco anos têm sido muito duros para a comunidade bahá'í do Irão; gostava de acreditar que alguma coisa pode mudar.

No mês passado, essa mesma comunidade enviou ao presidente iraniano, o Hojjatoleslam Siyyid Mohammad Khatami, uma carta apelando para que os bahá'ís tenham naquele país os mesmos direitos que qualquer outro cidadão iraniano. Não se trata de pedir direitos especiais, ou alguns favores; apenas se apela para que a justiça seja igual para todos, independentemente da sua religião.

A carta, reveladora de uma grande coragem por parte dos seus autores, expõe as expectativas criadas com a revolução islâmica, descreve o tipo de perseguições e atropelos sofridos pelos bahá'ís, e assinala como esses actos foram contrários à própria Constituição Iraniana e a várias Convenções Internacionais de que o Irão é signatário. Sempre num estilo respeitoso e cordial, a carta mostra ainda como os actos das autoridades iranianas são contrários ao próprio Islão. Citando o Alcorão, demonstra-se que ninguém tem o direito de atacar e violar as propriedades, a vida e a dignidade daqueles que vivem sob a bandeira do Islão; numa perspectiva islâmica, as pessoas devem ser livres para escolher e seguir a sua própria religião e ninguém tem o direito de impor a sua religião aos outros.

A carta é bastante extensa (quatro páginas) mas não resisto publicá-la aqui. Coloquei a bold os excertos que me parecem mais relevantes. O texto está em inglês (não tive tempo para traduzir para português) e é uma tradução provisória da carta original em persa. Segundo a Radio Free Europe, a carta teria chegado às mãos do presidente no passado dia 2 de Dezembro.


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[PROVISIONAL TRANSLATION FROM PERSIAN]

[Translator's notes appear in square brackets [ ].]


1383/8/25 [15 November 2004]


The Esteemed Presidency of the Islamic Republic of Iran Mr. Khatami

For more than 161 years, the Baha'is have been exposed, in the sacred land of Iran--the native soil of their forefathers in whose name they take pride--to a series of abuses, tortures, murders and massacres and have tolerated numerous forms of persecution, tragedy and deprivation, for no other reason than believing in God and following their Faith, the largest religious minority in Iran. Contrary to all religious, legal and moral standards, and supported by existing official documentation, they have been, individually and collectively, the subject of unwarranted discrimination and various injustices. Every time a political and social turmoil has occurred in this country, new machinations have been devised against this religious minority, and, in one way or another, their inalienable rights have been violated.

For instance, at the onset of the Islamic Revolution in 1357 [1979], when the [Iranian] Constitution was drafted and ratified, even though no explicit mention was made of the rights of the Baha'i community, yet considering the fact that that document was defined on the basis of faith in one true God and the Day of Judgement; belief in His sovereignty and His Laws; the necessity of submission to His Will and Divine Justice; lofty human values and moral behaviour; and rejection of every form of injustice and supremacy, it was expected that the era of injustice and prejudice against the Baha'is had come to an end, and the age of fairness and freedom had set in so that they could live under a just government inspired by God's commands. Alas, this did not happen.

Day after day, the pressure against this wronged community became more intense and the scope of the injustice and infringement of their rights in various aspects of their lives more overt, such that their possessions, their homes, their jobs and their very existence were the target of attacks. The homes of the Baha'is in villages and a number of towns were broken into, and they were forced to flee their homes in the dark of the night seeking a secure place in which to hide. Then the official courts of the country, under the guise of "rejected properties", confiscated their possessions and even offered them up for sale. Hundreds of Baha'is were convicted, based on unfounded and absurd allegations, were condemned to execution and had their properties confiscated. Thousands of honest, civil servants were expelled from their work, without any valid reason, and many of them were forced, under the pain of imprisonment, to refund the hard-earned salaries they had been paid over the duration of their service. Workers were expelled from factories and companies without compensation in lieu of notice, medical insurance benefits, or any unemployment compensation. Even the pensions of the elderly, which had been contributed to the pensions and insurance funds over many years of service, were suspended. At times, Baha'i students were expelled from schools, and gifted students were barred from entering special schools or scholastic contests--a situation that continues to this day. Similarly, Baha'i students were prevented from continuing their education in universities and other institutions of higher learning. Baha'i cemeteries were seized and destroyed, and the bodies were moved to unknown locations. Baha'i holy sites, revered by Baha'is throughout the world, were confiscated and some of them destroyed. All forms of injustice, for which ample documentation exists, have thus been inflicted upon the Baha'is.

This trend continued, and the Baha'is, in compliance with their beliefs, appealed, on numerous occasions, to the government under which they live, both orally and in writing, and brought to the attention of the authorities the strategy and actions [against the Baha'is] that were contrary to Islam, the Constitution and to international norms and standards. They emphasized that, despite these pressures and the infringements on their rights, Baha'is would never commit any act contrary to the law of the land; they are well-wishers of the people and the state; they do not involve themselves with any political party; and they tenaciously uphold their Faith's principles, which call on them to love and serve the entire human race and to bring about peace, amity and unity of religion. Alas, no attention has been paid to these appeals, and no step has been taken to uphold the rights of the followers of the Baha'i Faith and to emancipate this community.

When we examine these atrocities in the light of the verses of the Quran and the laws of Islam, we realize that God has established the holy religion of Islam on the foundation of brotherhood and equality, with no regard to colour, creed, ethnicity and the like, and has only deemed virtue and righteousness worthy of consideration. The following noble verse from the Quran bears witness to this truth:
O mankind! We created you from a single (pair) of a male and a female, and made you into nations and tribes, that ye may know each other (not that ye may despise each other). Verily the most honoured of you in the sight of God is (he who is) the most righteous of you. And God has full knowledge and is well acquainted (with all things). [1]

From the perspective of the holy religion of Islam, people are free to choose and follow their own religion, and no one has the right to impose his religion on another. The following noble verses "Let there be no compulsion in religion..."[2] and "To you be your Way, and to me mine"[3] confirm this point. From the perspective of the holy religion of Islam, no one has the right to attack and violate the properties, the life and the dignity of those who live under the banner of this religion, which is to be secure and protected: "...if anyone slew a person - unless it be for murder or for spreading mischief in the land--it would be as if he slew the whole people..."[4]

Islam is the religion of mercy, peace and concord. The verses "My mercy extendeth to all things"[5] and "We sent thee not, but as a Mercy for all creatures"[6] are indicative of God's mercy to all tribes, nations and the entire human race regardless of ethnicity, race, colour, religion and belief.

As we examine these events within the framework of the [Iranian] Constitution, Articles 14, 19, 20, 22 and 23, and paragraphs 8, 9 and 14 of Article 3 portray a picture that that document clearly recognizes equality before the law; freedom of belief and protection of life, property and shelter, freedom and security in employment; social security; the right to seek justice and due process; participation in the management of the general affairs of the nation; and the right to education and the like--regardless of any ethnic, linguistic, or religious affiliation. Moreover, it confirms that these are the rights of all citizens, without discrimination.

The equality, the freedom and the inalienable rights of all members of the human family, without discrimination as to race, gender, language and religion, have been unequivocally specified in all international covenants, especially in the Universal Declaration of Human Rights: [specifically in] the introduction and Articles 13, 55 and 76 of the United Nations' charter and Article 2 of the Universal Declaration of Human Rights (to which Iran was a signatory in 1324 [1945/6]).

Articles 2, 18, 19, 24, 25 and 26 of the International Covenant on Civil and Political Rights (to which Iran was a signatory in 1354 [1975/76]); the Convention against Discrimination in Education (to which Iran was a signatory in 1346 [1967/8]); and the Discrimination (Employment and Occupation) Convention, Convention 111, adopted by the International Labour Organization (to which Iran was a signatory in 1363 [1984/85]) all point to the discrimination against the Baha'i community in Iran as being unjustifiable.

For instance, in the Universal Declaration of Human Rights in Islam, which was ratified by the members of the Islamic conference in 1990, the legal foundation of the following rights has been recognized for the entire body of humanity, and non-compliance is considered a grievous religious error: 1) the right to life, 2) the right to human dignity, 3) the right to education, 4) the right to judicious freedom, and 5) the right to equality before the law.

Notwithstanding the Divine Standards and social and legal norms, to which brief reference has been made, certain decisions which have baffled humanity were made at the beginning of the [Islamic] Revolution, under authority of the Islamic Republic of Iran. Under the rubric of Cultural Revolution, the authorities of the [Ministry of] Culture and Education decided to expel Baha'i students, some of whom were completing their last term, from universities and other institutions of higher learning in which they were studying. Others were barred from entering these institutions solely because of their adherence to the Baha'i Faith. Then in 1369 [1990/91], the Council of Cultural Revolution, with reference to a well-planned agenda, openly deprived Baha'i youth from higher education, thereby denying a number of the youth of this land the opportunity to realize their potential. This situation continued for some 20 years until in Adhar of 1382 [December of 2003] "Peykesanjesh" (the publication of the Ministry of Science) officially announced that for the first time the religious affiliation of applicants would not be included in the application for the [university] national examination, and, instead, applicants would be asked to choose the subject of religious studies in which they would wish to be examined. Owing to the limitation cited in Article 13 of the Constitution, Baha'i applicants necessarily chose Islamic studies for this examination.

Having received their entrance identification cards and subsequently taking this national examination, the success of Baha'i youth, based on the government announcement of results in the first phase, was significant in that some 800 students were qualified to choose their fields of study, of whom hundreds ranked in the one to four digit range [a ranking scale extending to 200,000]. After receiving their test result forms, however, the Baha'i applicants were surprised to see that their religion was specified as Islam. This duplicity astounded the Baha'i community.

Alas, the joyful news that the question about the religion of the applicants had been omitted from the national university entrance examination, which was a reflection of freedom of belief and a sign that the government of the Islamic Republic of Iran was moving toward establishing the foundation of human rights and eliminating discrimination in education, was quite short-lived.

The Baha'i students whose successful passing of the entrance examination was announced in the first phase refused to select their fields of study and attend university because compliance with [the false information on their religious affiliation] in their test result forms would be tantamount to recanting their Faith. Instead, following the procedure practiced in the Baha'i community, they chose to send letters of protest appealing to relevant authorities. Having received these letters, [authorities from the] Education Measurement and Evaluation Organization (EMEO) telephoned a handful of the students informing them that their appeals had been considered, and the reference to religion had been removed from their test result forms. The authorities asked them to inform other Baha'i students of the action taken, summoning them to the office of the EMEO in order that their test result forms be corrected and their fields of study chosen. Another glimmer of hope was thus kindled in the hearts of the Baha'i youth, who immediately proceeded to meet with the authorities in order to choose their fields of study. Again, with great regret, it was discovered that in the announcement to declare successful candidates, only a small handful of Baha'i applicants had been accepted in the field of English language, an action which seemed to have been taken as a deliberate ploy to appease the international community, whereas ample and indisputable documentation exists that reveals that most of the Baha'i applicants, who had been recognized to have successfully passed the National Entrance Examination, should have been accepted to enter universities
in Iran.

Questions continue to preoccupy the minds of the members of the Baha'i community in Iran and throughout the world as well as free thinkers and advocates of human rights: Does such unfair decision-making, such resorting to strategies whose direction is obvious and whose aim is to create prejudice and to violate the indisputable rights of a community, conform to standards of justice and equity? Should those who seek progress be barred from acquiring knowledge and deprived of actualizing their God-given potentialities because of their religious belief?

By now, a quarter of a century has elapsed in the reign of the Islamic government. To every act of injustice, Baha'is have responded with magnanimity. Faced with widespread and intense persecutions and multi-faceted iniquities, the Baha'is have never deviated, even by a hair's breadth, from the straight divine path, and they continue to hold fast onto the cord of patience and tolerance as dictated by their Faith and belief. They fain would expect that, over such a long period of time, which should have been sufficient to remove suspicions and misunderstandings, the esteemed authorities would have realized that the Baha'is firmly believe in the oneness of God and the divine nature of all religions and prophets, as well as the realm beyond as confirmed in all the divine scriptures; they obey the laws and regulations of their country in accordance with the principles of their religion; they strive to preserve the interests of their homeland by offering cultural, social, economic and developmental assistance; and they would never refuse any service to establish human virtues and perfections which fulfil such universal visions as world peace and the oneness of humanity.

It is now hoped that [that respected authority], based on the Constitution, will take immediate action to ensure the emancipation of the Iranian Baha'i community, reinstating their human rights and restoring the privileges of which they have been deprived.


Respectfully,
The Iranian Baha'i community

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NOTAS
[1] - Yusuf Ali, Abdullah, "The Holy Qur'an, Text, Translation and Commentary", (Al-Riyadh--Saudi Arabia: Dar El-Liwaa Publishing and Distributing), 49:13, Al-Hujurat [the Inner Apartments], verse 13, page 1407.
[2] - Ibid, 2:256, page 103.
[3] - Ibid, 109:6, page 1800.
[4] - Ibid, 5:35, page 252.
[5] - Ibid, 7:156, page 388.
[6] - Ibid, 21:107, page 846.


Persian version of this Letter

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

Hoje devia ser feriado

No dia 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Se fizermos um pequeno balanço do que foram estes 56 anos, temos de reconhecer que a Declaração Universal dos Direitos Humanos chegou à meia idade com alguns excelentes frutos: moldou comportamentos, definiu responsabilidades, criou laços de solidariedade, dissecou às últimas consequências temas vitais como dignidade humana, justiça, liberdade e segurança colectiva. Mas em alguns de seus aspectos fundamentais ainda é apenas uma carta de boas intenções.

Pessoalmente considero-o uma das datas mais importantes do Século XX. Aquele documento formaliza um denominador comum no entendimento dos povos do mundo; contém um conjunto de princípios que podemos considerar inquestionáveis. Reflecte valores morais comuns a todos os povos, culturas e religiões. A importância desta Declaração é tanto mais importante se considerarmos que há muitos assuntos em que as pessoas não se entendem e dificilmente chegam a um acordo. Mas os direitos humanos e a utilização de métodos democráticos na escolha dos nossos dirigentes políticos são dois temas em que a humanidade parece estar de acordo (a pequena maioria que se opõem serão os regimes ditatoriais que ainda subsistem...)

Se calhar, hoje devia ser feriado em todo o planeta.

1898: Os Primeiros Peregrinos Ocidentais

Em 1891 um bahá'í persa, Ibrahim Khayru'llah, instalou-se nos Estados Unidos e começou a viajar por várias cidades divulgando a Mensagem de Bahá'u'lláh. Graças ao seu trabalho, no final do séc. XIX, existiam já os primeiros grupos bahá'ís no continente americano. Alguns dos primeiros crentes são recordados e referidos com respeito e admiração pelos bahá'ís de hoje. Nomes como Thornton Chase (o primeiro americano a aceitar a Causa de Bahá'u'lláh) e Lua Getsinger (uma das mais dedicadas crentes americanas, a quem 'Abdu'l-Bahá atribuiu o titulo de Liva – "Estandarte"), encontram-se com facilidade na literatura bahá'í.

Entre as pessoas que tomaram conhecimento da religião Bahá'í devido aos esforços de Lua Getsinger estava a Sra Phoebe Hearst, esposa do senador George Hearst. Em 1898, a Sra Hearst decidiu ir à Terra Santa para se encontrar com 'Abdu'l-Bahá; também resolveu convidar alguns bahá'ís – entre os quais Edward e Lua Getsinger - para a acompanhar nessa viagem.

Este pequeno grupo incluia Helen Goodall, Isabella Brittingham, Lillian Kappes, Arthur Dodge, Edward Getsinger, Howard MacNutt, Paul Dealy, Chester Thatcher, e ainda Robert Tuner, um empregado negro da Sra Hearst. 'Abdu'l-Bahá mostrou sempre um enorme carinho por este último e Tuner tornar-se-ia o primeiro bahá'í afro-americano. Em Paris, um pequeno número de americanos juntou-se aos peregrinos: duas sobrinhas da Sra Hearst, a Sra Thornburgh e a sua filha e também May Bolles. No Egipto, houve ainda outros crentes que se juntaram ao grupo.

No dia 10 de Dezembro de 1898 - passam hoje 106 anos - este pequeno grupo de peregrinos ocidentais chegou a Haifa. Foi a primeira vez que crentes bahá'ís provenientes do Ocidente estiveram frente-a-frente com 'Abdu'l-Bahá; um momento histórico, poucas vezes recordado entre os bahá'ís.


Podemos avaliar o impacto desta peregrinação naqueles crentes, lendo as suas memórias e notas de viagem[1]. São descrições carregadas de emoção e onde transparece o fascinio que 'Abdu'l-Bahá lhes causava. A Sra. Thornburgh escreveu:
«Tomámos, então, um pequeno e miserável barco até Haifa[2]. Também aqui houve uma tempestade e fomos sacudidos sem piedade naquele vapor antiquado. Após a chegada fomos para um hotel, onde permanecemos até anoitecer, pois era muito perigoso - para nós e para 'Abdu'l-Bahá – que estrangeiros fossem vistos a entrar na cidade do sofrimento.

Quando a noite caiu, tomámos uma carruagem que nos levou ao longo da areia dura junto ao «mar para lá do Jordão» que nos levou às portas da cidade-prisão. Ali, o nosso condutor, que era de confiança, arranjou maneira de entrarmos. Lá dentro encontrámos os amigos à nossa espera e subimos umas escadas irregulares que nos levaram até Ele. À nossa frente seguia alguém com uma vela cuja luz projectava sombras estranhas nas paredes daquele local silencioso.

De repente, a luz incidiu sobre uma forma que inicialmente parecia uma visão de luz e bruma. Era o Mestre que a luz nos revelava. O Seu manto branco, o cabelo longo e prateado, e os olhos azuis brilhantes davam a impressão de um espírito em vez de um ser humano. Tentamos dizer-Lhe o quão profundamente gratos estávamos por Ele nos receber. "Não", respondeu Ele, "vocês foram simpáticos por terem vindo..."

Então sorriu e nós reconhecemos a Luz que Ele possuía e o esplendor que emanava da Sua face nobre e elegante. Foi uma experiência espantosa. Nós, quatros visitantes do mundo ocidental, sentimos que a nossa viagem, com todos os seus inconvenientes tinha sido um pequeno preço a pagar por um tal tesouro, enquanto recebiamos o espírito e as palavras do Mestre; para isto tinhamos atravessado montanhas, mares e nações para o encontrar. Assim começou o nosso trabalho de «espalhar os ensinamentos», de «mencionar o nome de Bahá'u'lláh e dar a Sua Mensagem a conhecer ao Mundo» [3]
Alguns peregrinos ficaram com um tão grande fascínio por 'Abdu'l-Bahá que afirmavam ser Ele o regresso de Jesus Cristo. O Mestre corrigiu-os; Ele era apenas o "Servo de Bahá". Passado uns anos a Sra. Phoebe Hearst, que tinha organizado a peregrinação, fez a seguinte descrição:


«Apesar da minha estadia em Acca ter sido muito curta – estive ali apenas três dias – garanto-lhe que esses três dias foram os mais memoráveis da minha vida; e, no entanto, ainda me sinto incapaz de os descrever mesmo que ligeiramente.

Do ponto de vista material tudo era muito simples, mas a atmosfera espiritual que prevalecia no local e se manifestava nas vidas e actos dos crentes, foi verdadeiramente maravilhosa e algo que nunca tinha experimentado. É necessário vê-los para saber que eles são umas pessoas santas.

Não tentarei descrever o Mestre. Afirmo apenas que acredito com todo o meu coração que Ele é o Mestre e que a minha maior benção é ter sido privilegiada por ter estado na Sua presença e ter visto o Seu rosto santificado. A Sua vida é uma vida de Cristo, e todo o Seu ser irradia pureza e santidade.

Sem dúvida que 'Abbas Effendi é o Messias deste dia e desta geração e não necessitamos de procurar outro.» [4]
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NOTAS
[1] - An Early Pilgrimage de May Bolles Maxwell e In Galilee de Thorton Chase são, talvez os mais conhecidos.
[2] – Vinham do Egipto.
[3] – Chosen Highway, pag. 235-236
[4] – Bahá'í World, vol.VII, pag. 801

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

Colóquios sobre Macau

Ao longo dos últimos anos a Universidade Lusófona, de Lisboa, tem vindo a realizar os colóquios "Macau e a Ásia Oriental". Estes encontros, que têm merecido a atenção da Presidência da Republica e da membros e diferentes do governos, têm servido como plataforma de diálogo entre diversas personalidades e instituições cuja actividade e interesses estão ligados às relações entre Portugal e a China.

Este ano, o encontro terá lugar nos dias 14 e 15 de Dezembro. Os colóquios a realizar centram-se em três grandes áreas científicas: Cultos e Culturas, Economia e Sociedade; Ciência e Tecnologia. Transversalmente a estas áreas científicas, o tema de referência dos colóquios deste ano será "Macau como local de paz e de refúgio numa região conturbada".

Como nota de curiosidade – e a propósito deste tema de referência – diga-se que o mais conhecido refugiado que passou por Macau foi o Dr. Sun-Yat-Sen. Natural de uma pequena aldeia a 30 km de Macau, foi nesta cidade que passou a sua infância. Em adolescente viajou para os Estados Unidos onde estudou Medicina. De regresso à China foi alvo de perseguições políticas, tendo procurado refúgio em Macau. Ali, valeram-lhe muitas amizades e cumplicidades, que permitiram frequentes mudanças de domicílio e frustraram as buscas policiais.




Algumas notas históricas

A cidade de Macau foi construída pelos portugueses em torno do santuário da deusa A-Ma, onde existiam algumas cabanas de pescadores. A sua fundação oficial refere a data de 1543, quando foi nomeado pelo governo imperial o primeiro mandarim para a cidade, na qualidade de "Senhor do Porto". Conforme o modelo de administração confuciana, havia dois governadores chineses em Macau, que enviavam relatórios independentes para a capital, não havendo habitualmente governador português. A comunidade não-chinesa era governada pelo Senado da Cidade.

Todos os anos invernava em Macau, a caminho de Nagazaki, a "nau do trato", que fazia comércio com o Japão. O comandante daquele navio exercia funções de governador enquanto permanecia na cidade.

Os portugueses faziam nessa época o comércio entre a China e o Japão, proibido aos nacionais dos dois países, e para isso fundaram no sul do Japão, em 1570, a cidade de Nagazaki. Ao contrário de Macau, onde a permanência portuguesa foi sempre precária, pagando anualmente o chamado "foro do chão", o território de Nagazaki foi oferecido pelo "daimio" local aos portugueses, e a cidade planeada de raiz. Embora a velha Nagazaki tenha desaparecido na II Guerra Mundial, o plano renascentista da sua urbanização pode ainda hoje ser consultado nos arquivos portugueses em Lisboa.

O comércio entre a China e o Japão foi, durante vários anos, feito exclusivamente entre as cidades de Macau e Nagazaki, facto que gerou enorme prosperidade e riqueza para ambas.

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

RFE: Baha'is Face Continuing Harassment In Iran

De um artigo publicado ontem, na Radio Free Europe:

"Os Bahá'ís não têm direitos na República Islâmica, nem sequer os direitos que outras minorias religiosas usufruem no Irão", afirmou Abdolkarim Lahji, vice-presidente da International Federation of Human Rights Leagues. "Por exemplo, um adolescente bahá'í não pode entrar nas universidades do Irão; terá de mentir e dizer que não é bahá'í, ou, caso contrário, ficará privado do direito ao ensino superior. A comunidade bahá'í do Irão, utilizando sistemas de computador, tinha organizado aulas de correspondência para jovens; as autoridades têm repetidamente atacados estas [aulas], confiscam os materiais de ensino e, de uma forma geral, tornam difícil a vida da comunidade bahá'í".

O artigo completo (em inglês) está aqui.

Abelhas e Aranhas

Uma newsletter da minha empresa surpreendeu-me recentemente com uma citação de Nietzsche: "Os leitores extraem dos livros, consoante o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno".

Isto também se aplica aos blogs, aos seus autores, leitores e comentadores. Há posts e comentários que são só doçura; outros tresandam a veneno. Mas curiosamente cada autor, comentador ou leitor, pode ser alternadamente abelha ou aranha. Creio que depende não só do carácter, mas também da sua experiência de vida, dos seus interesses, ambições e preocupações de cada momento.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Le Figaro: Les infidèles d'Iran

Uma reportagem do Le Figaro do passado sábado tenta descrever o que é a vida das minorias religiosas no país do mullás. Na República Islâmica do Irão, judeus, cristãos, zoroastrianos praticam livremente a sua religião. Mas... (há sempre um "mas"!) no final do artigo lá vem a referência do costume:
Reste le problème des Bahá'is, une communauté religieuse de 350 000 membres qui n'est pas reconnue par l'Etat. Si, depuis la fin des années 80, sous la pression de la communauté internationale, les emprisonnements et exécutions ont considérablement diminué (la dernière date de 1998), la pratique religieuse demeure un véritable problème, les lieux de culte leur étant interdits. Et les Bahà'is dénoncent aussi la destruction au bulldozer des tombeaux de leurs personnages historiques et la confiscation de leurs cimetières. Mais ce sont essentiellement les difficultés d'accès à l'éducation et l'hypocrisie du gouvernement qui les agacent : «Pour la dernière rentrée universitaire, le gouvernement a supprimé la mention religieuse présente sur les formulaires d'inscription au concours, explique Diane Ala'i, représentante de la communauté internationale Bahà'ie auprès des Nations unies. Nous y avons vu une grande avancée. Plusieurs centaines de Bahá'is se sont donc inscrits pour la première fois à l'Université. Sur le relevé de notes du concours, ils furent surpris de trouver la mention «musulman». Tentant de faire modifier cette dernière, on leur répondit que c'était impossible. Qu'ils devraient renoncer à leur foi ou partir.» Ce qu'ils ont fait. Ils sont partis. Tristes, une fois de plus, d'avoir été poussés de l'autre côté du mur.
Vale a pena ler todo o artigo.

Terra da Alegria

Está aí a Terra da Alegria!

domingo, 5 de dezembro de 2004

1912: Adeus, America

No dia 5 de Dezembro de 1912 'Abdu'l-Bahá deixava a América. Tinham passado duzentos e trinta e nove dias durante os quais viajara pelas principais cidades americanas, divulgando a Mensagem de Seu Pai. Nem o facto de ter passado praticamente toda a Sua vida preso e exilado o inibia de falar perante o mais diverso tipo de audiências: igrejas, sinagogas, mesquitas, congregações, associações filantrópicas.

Além destas actividades os bahá'ís americanos, nas cidades que visitava, organizavam com regularidade encontros e festejos de recepção ao Mestre. Vários livros de memórias dos crentes desse tempo relatam centenas de episódios reveladores do Seu carácter e do que é o mais perfeito exemplo de vida Bahá'í [1].


Naquele dia 5 de Dezembro de 1912, no porto de Nova Iorque, num dos salões do S.S. Celtic, onde se apinhavam mais de 100 crentes, falou pela última vez aos bahá'ís americanos[2]:

Este é o meu último encontro convosco. Estas são as minhas palavras finais de exortação. Repetidamente vos tenho chamado à causa da unidade do mundo da humanidade anunciando que todos os seres humanos são servos do mesmo Deus... Deveis mostrar a maior generosidade e amor a todas as nações do mundo, pondo de lado o fanatismo, e abandonando os preconceitos de religião, raça e nação… Quem ofende o próximo, ofende a Deus. Deus ama a todos igualmente. Sendo isto verdade, porque deverão as ovelhas lutar entre si? Elas devem agradecer a Deus e manifestar-Lhe gratidão. E o melhor método de agradecer a Deus é pelo amor: deveis amar-vos uns aos outros. Acautelai-vos para que não ofendeis coração algum, nem faleis mal de qualquer pessoa na sua ausência… Fazei todos os esforços para levar alegria aos desanimados, alimentar os famintos, vestir os pobres e glorificar os humildes. Ajudai os desamparados e manifestai benevolência para com os vossos semelhantes...

Empenhai-vos de coração e alma para que, graças aos vossos esforços, a luz da paz universal possa brilhar e as trevas da hostilidade e inimizade se dispersem de entre os homens; que todos os homens se tornem uma só família e convivam em amor e generosidade; que o Oriente possa ajudar o Ocidente e o Ocidente possa levar ajuda ao Oriente; pois todos são habitantes de um só planeta, povo de uma raiz comum, e ovelhas do mesmo rebanho...
[3]


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NOTAS
[1] - O mais conhecido entre nós talvez seja
Portais para a Liberdade de Colby Yves. Mas existem outros como o Diário de Juliet Thompson e Memories of 'Abdu'-Bahá, de Ramona Allen Brown.
[2] - A despedida de 'Abdu'l-Bahá no salão do S.S. Celtic é descrita por Colby Yves no livro "Portais para a Liberdade" (
capítulo 14)
[3] - O texto completo (em inglês) das palavras de despedida de 'Abdu'l-Bahá encontra-se no
Promulgation of Universal Peace.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Reflectindo...

Um dia para breves reflexões sobre a vida.

A vida pode ser bela ou horrível; mas acima de tudo, é extremamente frágil. Também é demasiado curta para hesitarmos, por um momento que seja em dizermos às pessoas o quanto gostamos delas. Outra sensação curiosa que vou tendo é que acabo sempre por receber de volta aquilo que faço (ou desejo) para os outros.

Mas se fizer um pequeno balanço, tenho de ser honesto: não sei como agradecer a Deus pela família que tenho, pela esposa que encontrei, pelo filho que recebemos, por todas as oportunidades que tenho tido.

Hoje é aquele dia em que me apetece fazer a minha oração preferida vezes sem conta.

Tenham um bom dia!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

A Palavra do Ano 2004

Segundo os editores do dicionários Merriam-Webster a palavra "Blog" foi a mais procurada durante o ano de 2004. Esta palavra será incluída na próxima edição deste dicionário (apesar de já existir em edições impressas do Oxford English Dictionary). Trata-se de um reflexo da popularidade da blogosfera. Outras palavras muito procuradas estão relacionadas com os principais eventos referidos pelos media, nomeadamente as eleições presidenciais nos EUA e desastres naturais que atingiram aquele país.

Aqui fica a definição:

BLOG noun [short for Weblog] (1999) : a Web site that contains an online personal journal with reflections, comments, and often hyperlinks provided by the writer
A notícia completa está na BBC on-line.

Os meninos da rua, em Teerão



Uma faceta triste e pouco conhecida de Teerão: os meninos que vivem na rua. Estima-se que sejam cerca de 200.000 em todo o Irão e mais de 25.000 só na capital. Fugiram de casa, de famílias destroçadas, de abusos... Vão sobrevivendo com biscates e aguentando o inverno do planalto iraniano. As autoridades tentam levá-los de volta às respectivas famílias, mas é difícil convencê-los a voltar a casa.

Uma foto-reportagem do serviço persa da BBC.